⛽ Com petróleo em queda, gasolina desce 7,5 cêntimos e o diesel 6,5 cêntimos para a semana

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,522 euros por litro de gasóleo simples e 1,669 euros por litro de gasolina simples 95.

Na próxima semana os preços dos combustíveis vão sofrer uma forte queda. A gasolina deverá descer 7,5 cêntimos e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, 6,5 cêntimos, segundo os dados do ACP. Já fonte do mercado, avançou ao ECO que, com base nas cotações desta manhã, as decidas podem ser um pouco menos pronunciadas: a gasolina desde sete cêntimos e o gasóleo seis. Em qualquer dos casos, há mais de dois anos que os combustíveis não tinham uma queda tão acentuada. O trambolhão dos mercados e a a forte descida dos preços da matéria-prima explicam esta descida.

Quando for abastecer, usando por base os dados do ACP, passará assim a pagar 1,522 euros por litro de gasóleo simples e 1,669 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Caso esta tendência se venha a confirmar, é preciso recuar à semana de 10 de julho de 2023 para encontrar o litro do gasóleo mais barato (1,519) e não se assistia a uma quebra tão significativa do preço do diesel desde 30 de janeiro de 2023. Já em relação à gasolina a queda é a maior desde 14 de novembro de 2022 e o preço não estava tão baixo desde 30 de setembro do ano passado (1,659).

Os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent esta sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, o gasóleo desceu 1,1 cêntimos e a gasolina 0,1 cêntimos, um desempenho próximo das expectativas do mercado, que apontava para uma estabilização dos preços da gasolina e uma descida de 1,5 cêntimos dos preços da gasolina. Não era certo se os operadores no mercado iam optar por tomar uma decisão “mais comercial do que tecnocrática”, ou seja, antecipar um pouco a descida da próxima semana, que já se antecipava muito significativa.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, estava esta sexta-feira a descer 0,24% pelas 10h32, para os 63,18 dólares por barril, e caminhava para a segunda perda semanal consecutiva, em torno 4%, de acordo com a Reuters, uma queda significativa, mas não tão impressionante como os 11% da semana anterior. Os mercados reagiram mal à ofensiva tarifária de Trump, embora tenham estabilizado um pouco depois de o Presidente dos EUA ter anunciado uma pausa de 90 dias nas taxas.

“Embora a pausa ofereça algum alívio aos mercados, ainda há muita incerteza na frente comercial”, frisam os analistas de matérias-primas do ING, Warren Patterson e Ewa Manthey. Esta incerteza poderá prejudicar o crescimento global, e consequentemente a procura de petróleo. O principal fator a pressionar os preços do crude continua a ser o receio de uma recessão global, uma vez que o efeito da pausa das tarifas ainda não foi totalmente processado pelos agentes do mercado e a os acontecimentos na frente de batalha tarifária estão longe de terminados. Esta sexta-feira a China aumentou de 84% para 125% as taxas impostas sobre produtos oriundos dos Estados Unidos, mantendo a política de retaliar os aumentos das tarifas sobre bens chineses decretados por Washington.

Os analistas do ANZ estimaram que se o crescimento mundial cair para um nível inferior a 3%, o consumo de petróleo cairá 1%.

(Notícia atualizada às 11h08 com as previsões de fonte do mercado)

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Maior cliente da Spinumviva no top de financiadores do PSD

  • ECO
  • 11 Abril 2025

Família Barros Rodrigues, dona de uma gasolineira em Braga, foi o cliente responsável pelo salto de faturação da empresa de Montenegro em 2022, tendo feito vários donativos ao PSD nos últimos anos.

A família Barros Rodrigues, que detém uma gasolineira em Braga responsável pelo pico de faturação da Spinumviva em 2022 e por cerca de metade da faturação enquanto Luís Montenegro liderava a empresa, doou 30.500 euros ao PSD desde 2018, revela o Expresso (acesso pago). Ao todo, seis pessoas da família fizeram donativos ao partido ao longo dos últimos anos: Jorge Barros Rodrigues, o dono da gasolineira; o filho João Rodrigues e a nora (que chegou a trabalhar na Spinumviva); dois irmãos de João Rodrigues; e outra nora.

A esmagadora maioria dos donativos, porém, foi feita desde 2021, sendo que 14.500 euros foram entregues em apenas dois anos, desde que Luís Montenegro anunciou a sua candidatura à liderança dos sociais-democratas. Só João Rodrigues, vereador da Câmara Municipal de Braga desde 2017 e agora candidato à presidência do município, fez quatro donativos nos seis anos em análise: em 2018 no valor de 2 mil euros, em 2019 e 2021 de 1.500 euros e no verão de 2022 de 2.500 euros.

João Rodrigues, no entanto, recusa que haja uma relação entre os donativos ao PSD e a liderança de Luís Montenegro. O donativo “não é feito ao PSD nacional”, pois os “donativos das secções são atribuídos em apoios às respetivas secções e não são ‘retidos’ pela nacional”, afirmou, esclarecendo que, na secção de Braga, “angariar donativos de forma transparente e legal junto dos simpatizantes e autarcas é uma prática já muito antiga”.

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Bruxelas estima impacto das tarifas de até 0,6% do PIB na União Europeia até 2027

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

Numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%, Comissão Europeia prevê que impacto económico seria cinco vezes pior nos EUA.

A Comissão Europeia estima um impacto económico de até 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia por novos direitos aduaneiros norte-americanos permanentes, que seria cinco vezes pior nos Estados Unidos pela ‘guerra’ tarifária iniciada pelo país.

“De acordo com as nossas últimas simulações de modelos sobre o impacto dos direitos aduaneiros nos Estados Unidos, o PIB norte-americano seria reduzido entre 0,8 a 1,4% até 2027, enquanto o impacto negativo na UE seria menor, de cerca de 0,2% do PIB”, começou por dizer esta sexta-feira o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, em Varsóvia, na Polónia.

Falando no final da reunião informal dos ministros das Finanças do euro e antes do encontro esta tarde dos governantes europeus da tutela, Valdis Dombrovskis acrescentou: “Se os direitos aduaneiros forem considerados permanentes ou se forem tomadas novas contramedidas, as consequências económicas seriam mais negativas, podendo atingir 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e 0,5% a 0,6% para a UE e 1,2% para o PIB mundial”.

Ao mesmo tempo, “o comércio mundial diminuiria 7,7% em três anos”, destacou, numa das primeiras previsões de Bruxelas sobre as atuais tensões comerciais transatlânticas, baseadas na taxa de 25%.

Valdis Dombrovskis salvaguardou, porém, que “estas simulações não têm em conta a perda adicional de confiança dos investidores e das empresas na economia dos Estados Unidos, o que poderia aumentar o impacto negativo no PIB”.

Além disso, “dada a extraordinária incerteza e a rápida mudança das suas decisões, as nossas simulações de modelo não podem ser totalmente precisas, mas mostram a tendência geral de que as tarifas são prejudiciais para a economia e para a prosperidade”, adiantou.

Bruxelas avisa EUA que retaliará se não houver “soluções mutuamente aceitáveis”

O comissário europeu avisou também que a UE avançará com um primeiro conjunto de direitos aduaneiros se, na atual pausa nas tarifas dos Estados Unidos, os dois blocos não chegarem a “soluções construtivas e mutuamente aceitáveis”.

“Do lado da UE, estamos dispostos a trabalhar connosco e a encontrar soluções construtivas, soluções mutuamente aceitáveis e, para tal, também suspendemos por 90 dias o nosso primeiro conjunto de direitos aduaneiros. Mas, obviamente, também estamos a passar a mensagem de que, se não virmos movimento do lado dos Estados Unidos e vontade de se afastar deste tipo de política, não hesitaremos a defender a nossa economia, ajudaremos a defender as nossas empresas”, avisou Valdis Dombrovskis.

Em declarações à chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o responsável apontou que “o tema mais urgente” em cima da mesa está relacionado com “as tarifas de Trump [Presidente norte-americano] e as suas implicações macroeconómicas, bem como a resposta da UE para, de certa forma, minimizar o contributo económico negativo”.

“Em todo o caso, vemos o efeito macroeconómico negativo na economia da UE e dos Estados Unidos. E, na verdade, na economia norte-americana, os efeitos negativos são maiores do que na UE, uma vez que os Estados Unidos estão a aplicar amplamente essas tarifas”, observou, sem quantificar.

Valdis Dombrovskis admitiu tratar-se de uma “situação muito volátil e incerta” e reforçou que a UE está “pronta para defender os seus interesses económicos e as suas empresas, se for necessário, se não vir qualquer movimento por parte dos Estados Unidos”.

Numa entrevista publicada no jornal britânico Financial Times, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, admitiu taxas às empresas digitais norte-americanas, caso não se consiga chegar a um acordo nestes 90 dias que reduza a vaga de tarifas de Donald Trump contra a Europa.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem esta sexta-feira o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pelo bloco comunitário.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo — dos ministros do euro — acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios de Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

 

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“Estamos confiantes que manteremos superávites nos próximos anos”. Governo desvaloriza previsões do CFP

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou esta sexta-feira estar “confortável” e “confiante” em excedentes neste e nos próximos anos.

O Governo desvalorizou esta sexta-feira a previsão de saldo orçamental nulo para este ano e um regresso aos défices em 2026 do Conselho de Finanças Públicas (CFP), apontando estar “confortável” e “confiante” em excedentes neste e nos próximos anos.

“Estamos confortáveis, [mas] naturalmente atentos. Naturalmente, a incerteza sobre a economia gera maior dificuldade, mas com crescimentos na ordem dos 2% [do Produto Interno Bruto – PIB], que é também a projeção do Conselho de Finanças Públicas e a projeção de todas as entidades que seguem a economia portuguesa, nós estamos confiantes que manteremos superávites nos próximos anos”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, à margem da reunião informal do Eurogrupo, em Varsóvia.

Um dia após o CFP ter previsto um saldo orçamental equilibrado este ano e o regresso a uma situação de défices orçamentais a partir de 2026, o governante reagiu: “Posso garantir que, com estas condições económicas, com a informação que temos hoje, nós projetamos excedentes orçamentais para os próximos anos”.

“E recordo que em outubro nós entregámos um plano orçamental médio prazo a Bruxelas, […] que prevê superávites nos próximos anos – menos em 2026, é verdade, por causa do efeito dos empréstimos PRR –, mas prevê superávites nos próximos anos e prevê um crescimento da despesa líquida primária dentro daquilo que era o teto assumido pela Comissão Europeia”, elencou ainda Joaquim Miranda Sarmento.

Na quinta-feira, o CFP também anteviu que a economia portuguesa cresça 2,2% em 2025, revendo em baixa as projeções feitas em setembro.

Sobre esta questão, o ministro das Finanças lembrou as projeções “robustas” do Governo, mas admitiu que, “naturalmente a incerteza internacional prejudica as previsões de crescimento e as decisões dos agentes económicos”.

“Nós estamos muito comprometidos em manter o equilíbrio das contas públicas. Superámos as expectativas em 2024, temos uma posição orçamental robusta em 2025 e temos confiança que, obviamente, com o crescimento económico de 2% ou até acima de 2% as contas públicas continuarão equilibradas”, concluiu.

No Orçamento do Estado para este ano, o Governo estimou um excedente orçamental de 0,3% do PIB em 2025 e de 0,1% do PIB no ano seguinte. Em 2024, Portugal registou um excedente de 0,7% do PIB, superando a previsão de 0,4%.

Segundo dados divulgados na quinta-feira, o Conselho de Finanças Públicas antecipa um excedente orçamental de 0,1% do PIB em 2026 devido ao impacto de medidas aprovadas, como o IRS Jovem.

Também o Banco de Portugal já veio prever um défice orçamental de 1% do PIB em 2026, assentando esta estimativa num aumento da despesa pública.

Por seu lado, o Governo tem vindo a garantir que mantém o compromisso com o equilíbrio orçamental, desvalorizando previsões de défice.

As previsões macroeconómicas estão a ser influenciadas por uma combinação de fatores, incluindo as políticas protecionistas dos Estados Unidos devido à imposição de tarifas elevadas, que têm desencadeado tensões comerciais e instabilidade nos mercados financeiros, com receios de desaceleração económica e inflação persistente.

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China volta a retaliar. Sobe para 125% as tarifas para os produtos dos EUA

Novo episódio na guerra comercial com Pequim a aumentar de 84% para 125% as taxas aduaneiras sobre produtos norte-americanos, que já não têm "qualquer possibilidade de aceitação" pelos consumidores.

A China vai subir as tarifas sobre os produtos norte-americanos de 84% para 125%. A medida vai entrar em vigor a 12 de abril, segundo anunciou esta sexta-feira o Ministério das Finanças chinês, acrescentando que Pequim vai ignorar futuros aumentos das taxas que visem o país asiático por parte da administração liderada por Donald Trump.

A decisão chinesa acontece depois de, na quarta-feira, a Casa Branca ter voltado a aumentar as tarifas sobre a China para 125% com efeito imediato — ao mesmo tempo que declarou uma trégua de 90 dias na aplicação da maioria das tarifas anunciadas a 2 de abril aos restantes países do mundo — e de no dia seguinte ter esclarecido que, afinal, cada produto importado da China está a ser taxado a 145% à entrada da maior economia do mundo, uma vez que teve de ser acrescentada a tarifa de 20% que tinha sido antes imposta à China devido à crise do fentanil.

Esta nova subida das taxas surge 24 horas depois a China, entre avisos a Trump de que iria “fracassar” na guerra comercial, ter advertido que não teme que os Estados Unidos continuem com as ameaças tarifárias e avisado que “não se vai acomodar nem deixar que os direitos e os interesses legítimos do povo chinês sejam violados”.

Porém, no comunicado emitido esta manhã, assinala que “dado já não existir qualquer possibilidade de aceitação pelo mercado dos produtos americanos exportados para a China com os atuais níveis de tarifas”, se os EUA continuarem a impor direitos aduaneiros sobre os produtos chineses exportados para os EUA, “a parte chinesa não prestará qualquer atenção a esse facto”.

Por outro lado, o Ministério das Finanças assinalou na mesma nota que “a imposição de tarifas anormalmente altas pelos EUA à China viola seriamente as regras comerciais internacionais, as leis económicas básicas e o bom senso, além de ser uma forma completamente unilateral de intimidação e coerção”.

A China assinala ainda que Washington deve “assumir toda a responsabilidade” pela “turbulência” económica mundial, com o Ministério do Comércio a resumir que as taxas alfandegárias anunciadas por Trump causaram “graves choques na economia global, nos mercados mundiais e no sistema comercial multilateral”.

A imprensa oficial chinesa assinala que o país asiático diversificou os destinos das suas exportações nos últimos cinco anos, pelo que já não é agora tão vulnerável a uma guerra comercial com os Estados Unidos como foi durante a primeira presidência de Donald Trump, entre 2017 e 2021.

Entretanto, a missão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) já apresentou uma queixa adicional relativamente às tarifas dos EUA. “A 10 de abril, os Estados Unidos emitiram uma ordem executiva, anunciando um novo aumento da chamada tarifa recíproca sobre produtos chineses. A China apresentou uma queixa na OMC contra as últimas medidas tarifárias dos EUA”, referiu um porta-voz na organização.

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Espanhóis da Naturgy cobiçam EDP. Já abordaram a maior acionista e o Governo português

  • ECO
  • 11 Abril 2025

CriteriaCaixa, que detém 26,7% da energética espanhola Naturgy, já abordou a China Three Gorges para avaliar a abertura à operação na elétrica portuguesa. Governo remeteu o tema para os acionistas.

A CriteriaCaixa — maior acionista da energética espanhola Naturgy, com uma participação de 26,7% — voltou a explorar a possibilidade de uma fusão com a EDP, no atual contexto de desvalorização bolsista e de insatisfação com a gestão de Miguel Stilwell d’Andrade. De acordo com o Jornal Económico (acesso pago), o grupo espanhol contactou acionistas da elétrica portuguesa, nomeadamente a China Three Gorges (CTG), que detém 21,8% do capital da EDP e é a sua maior acionista, para avaliar a abertura para uma operação de aquisição da empresa.

Fontes com conhecimento do processo dizem que o Governo português também terá sido abordado informalmente, mas terá dito que a aquisição da EDP é um tema dos acionistas, que se reuniram na quinta-feira em assembleia geral. A possibilidade de uma oferta pública de aquisição (OPA) à EDP ainda não está decidida. Já dentro da EDP discute-se mais o cenário de retirar a Renováveis de bolsa, protegendo-a de um momento turbulento.

A chegada de Donald Trump à Casa Branca criou instabilidade num dos principais mercados da EDP e incerteza, em particular, quanto ao futuro das energias renováveis, tecnologias que servem de pilar ao negócio da cotada portuguesa. Segundo dados do mais recente inquérito interno, respondido por 90% dos trabalhadores, o índice de confiança na administração deteriorou-se substancialmente em 2024.

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Miranda Sarmento promete pacote anti tarifas “operacional dentro de algumas semanas”

  • Lusa
  • 11 Abril 2025

Ministro das Finanças diz que falta o "diálogo com a Comissão Europeia e verificar qual é o resultado final das decisões sobre tarifas" e depois avançará a "operacionalização mais administrativa".

O pacote de cerca de 10 mil milhões de euros do Governo para apoiar as empresas exportadoras portuguesas face às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos estará em vigor “dentro de algumas semanas”, anunciou hoje o ministro das Finanças.

“Ontem [quinta-feira] tivemos a oportunidade de responder com um programa muito ambicioso de apoio às empresas – cerca de 10 mil milhões de euros, 3% do PIB, muito maior do que o que Espanha tinha apresentado há uns dias – e esse pacote de medidas “estará operacional dentro de algumas semanas”, disse o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

Na chegada à reunião informal dos ministros das Finanças do euro, em Varsóvia, o governante apontou que estão em causa “cerca de 10 mil milhões de euros que empréstimos, linhas de seguros e fundos europeus” que permitirá “responder de forma firme” à incerteza comercial relacionada com as decisões da administração norte-americana.

Para estar operacional, “falta sobretudo, por um lado, o diálogo com a Comissão Europeia e verificar qual é o resultado final das decisões sobre tarifas e depois, obviamente, a operacionalização mais administrativa”, especificou Joaquim Miranda Sarmento, assegurando que “rapidamente estes apoios chegarão às empresas portuguesas”.

Segundo o ministro, este “foi um trabalho feito em colaboração com as associações empresariais e responsável, pensado e preparado ao longo do tempo e não uma resposta rápida e imediata, sem ponderação que alguns exigiram logo”.

Saudando a pausa de 90 dias anunciada pelos Estados Unidos nas novas tarifas recíprocas à UE, passo que foi também depois dado pelo bloco comunitário, Joaquim Miranda Sarmento adiantou que “agora é o momento de encontrar pontos comuns e de manter unido o maior bloco comercial que existe no mundo”.

E, apesar dos eventuais impactos na economia portuguesa, que ainda estão a ser calculados, a zona euro tem um quadro orçamental “estável”, garantiu ainda, tal como havia feito minutos antes o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, que salientou a estabilidade da área da moeda única.

Os ministros das Finanças da zona euro discutem esta sexta-feira o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pela UE.

Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Eurogrupo – dos ministros do euro – acontece num momento de acentuadas tensões comerciais após anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump, de taxas de 25% ao aço, alumínio e automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas entretanto suspensas por 90 dias.

Esta suspensão acalmou os mercados, que têm vindo a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos que havia aprovado na quarta-feira em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial na UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal. Bruxelas quer, neste período de pausa de 90 dias, conseguir negociar com Washington, após ter já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

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CCP quer por Portugal a refletir estrategicamente o seu lugar na Europa

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  • 11 Abril 2025

Inspirada nas conclusões do Relatório Draghi, a Confederação do Comércio e Serviços reuniu personalidades da economia, da sociedade civil e da academia para construir uma agenda de ação.

A adaptação das conclusões do Relatório Draghi à realidade europeia e portuguesa foi o mote para debater, quarta-feira, cerca de meia centena de personalidades para refletir sobre “O Futuro da Europa… e de Portugal: riscos e desafios”. O debate, organizado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), visou discutir as soluções para os desafios estruturais que a Europa e Portugal enfrentam, nomeadamente em termos de políticas económicas, geopolíticas e sociais, bem como lançar as bases para um documento estratégico com impacto real na economia portuguesa e na competitividade das empresas.

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal

Na sessão de abertura, o presidente da CCP, João Vieira Lopes, explicou que a iniciativa surge num momento particularmente desafiante, num mundo marcado por mudanças rápidas e constantes, referindo-se a uma “época de sobressaltos permanentes”. Após uma retrospetiva histórica, o responsável sublinhou que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Ocidente viveu num quadro de relativa estabilidade, assente em alianças como a NATO, em parceiros internacionais como os Estados Unidos da América e na construção europeia. “Construímos um Estado social que muitos consideram o mais avançado da humanidade”, disse, referindo também o conforto energético e de defesa que a Europa teve durante décadas. No entanto, alertou que esse modelo está hoje em crise. O “velho continente” enfrenta desafios estratégicos e perdeu claramente a guerra tecnológica e digital, “em especial no que toca à inteligência artificial”.

Neste contexto, a CCP decidiu abrir um debate interno, tendo elaborado um documento de base para reflexão coletiva. “Portugal tem limitações, mas precisa de perceber como se posicionar neste xadrez internacional, explorando os seus potenciais.” José António Cortez, do Gabinete de Estudos e diretor do Observatório da CCP, abordou o tema “Que Futuro para a Europa”, sublinhando que o momento vigente, apesar de caracterizado por uma aceleração constante de acontecimentos, pode ser uma oportunidade para a União Europeia (UE) mas que não se pode descartar a hipótese de se desintegrar, defendendo mudanças substantivas na sua política externa e nas orientações da sua política económica ao nível interno.

A conjuntura atual é, por isso, simultaneamente uma oportunidade e um risco: a UE pode renovar-se e ganhar novo fôlego, ou “fracassar e colapsar”

O responsável apontou que a Europa atravessa um período de “recessão estrutural”, com crescimento baixo e necessidade de reformular os pilares do projeto europeu, que estão hoje sob escrutínio: o financeiro, baseado em regras rígidas sobre défices e dívida pública; o da coesão e convergência entre Estados e regiões; o modelo económico, fortemente influenciado pelo paradigma industrial alemão; o modelo social europeu, agora sujeito a novas pressões; e, por fim, a política externa, hoje confrontada com o declínio do multilateralismo. A conjuntura atual é, por isso, simultaneamente uma oportunidade e um risco: a UE pode renovar-se e ganhar novo fôlego, ou “fracassar e colapsar”.

O diretor do Observatório da CCP destacou ainda a complexidade do equilíbrio entre maior centralização das decisões e a autonomia dos Estados-membros, num espaço europeu marcado por assimetrias. Em Portugal, lamentou que o debate político sobre estas questões seja ainda “claramente frouxo”, mesmo no contexto da campanha eleitoral.

A propósito do modelo económico, destacou a fragilidade do “neomercantilismo” alemão, assente na criação de excedentes comerciais e exportações, cuja sustentabilidade está agora em causa. Observou que a Europa perdeu protagonismo na economia global, sendo notória a ausência de empresas europeias entre as maiores do mundo, já que “não tem nenhuma empresa entre as 25 maiores”.

Relatório Draghi: a urgência de uma nova competitividade para a UE

José António Cortez disse que o relatório de Mario Draghi — economista e antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE) —, publicado em setembro, constitui o diagnóstico mais recente da situação europeia, o qual rompe com a visão otimista da Comissão e afirma que a Europa está a perder competitividade. Sublinha-se, neste relatório, a necessidade de passar de uma competitividade baseada em setores tradicionais para uma lógica de “criação de valor”, associada às novas atividades económicas, como as tecnologias digitais, além de defender que “o modelo económico atual está esgotado”. A Comissão Europeia, através da “Bússola para a Competitividade”, seguiu parte das propostas de Draghi, mas com menor ênfase na rutura e maior insistência na aceleração — ou seja, na gestão mais eficiente do que já existe, sem mudanças estruturais profundas.

José António Cortez, do Gabinete de Estudos e diretor do Observatório da CCP

Nas novas orientações estratégicas, destacam-se duas linhas principais: a promoção de uma nova política económica orientada para a competitividade através do aumento do investimento, e o reforço da “autonomia estratégica” da Europa, incluindo a capacidade produtiva interna e a adoção de medidas protecionistas quando necessário. A este respeito, Cortez assinalou que a UE, ao adotar esta postura, antecipou alguns dos traços da política do Presidente dos EUA, Donald Trump, e que poderá tirar partido do “tiro no pé” norte-americano ou, pelo contrário, agravar a sua própria fragilidade. Acrescem prioridades com a defesa e o respetivo aumento significativo das despesas com armamento, que podem impactar na gestão dos recursos financeiros, obrigando a um maior endividamento, a uma redistribuição de recurso comunitários por países e objetivos e a uma redução das trocas da UE com o exterior.

José Cortez concluiu que, embora a Comissão Europeia tenha acolhido parte do espírito do relatório de Draghi, o discurso oficial permanece “moderado” e hesitante quanto a mudanças de fundo.

Desafios da Europa no novo contexto global

A debate nos cinco painéis desta conferência da CCP estiveram outros temas relacionados, entre eles “As dinâmicas geopolíticas e geoeconómicas à escala global e o seu impacto no futuro da Europa (UE)”. O novo contexto global está sobretudo marcado por três grandes fatores que o têm vindo a delinear. O primeiro diz respeito ao enfraquecimento da posição dos EUA, iniciado com a crise financeira de 2008 e consolidado ao longo das presidências seguintes, resultou numa estratégia de retraimento. Isso tem afetado a ordem internacional, com os EUA a focarem-se principalmente na China e no Indo-Pacífico, diminuindo a sua intervenção em outras regiões, como a Europa; por seu lado, a China deixou de ser apenas uma potência económica e passou a ser vista pelos EUA como a maior ameaça à sua segurança internacional.

A questão é saber se a Alemanha tem a capacidade e a vontade política para liderar a integração europeia, dado o histórico de resistência à maior autonomia e à nuclearização.

Na análise do segundo grande tema que finalizou a parte da manhã da sessão de debate, “A economia europeia (UE): diagnóstico e desafios de um reposicionamento competitivo“, foi abordada a evolução do pensamento económico, desde a necessidade de intervenção política para corrigir falhas de mercado, até à valorização de um equilíbrio entre o funcionamento do mercado e das políticas públicas.

A transição para um novo modelo de produção de riqueza e governação foi outro dos assuntos, referindo-se a posição dos Estados Unidos, que enfrentam desafios devido à sua função como emissor da moeda de reserva mundial, e a Europa, que se construiu como um projeto de paz e bem-estar, mas agora se vê confrontada com a necessidade de redefinir o seu papel global, especialmente no que diz respeito à moeda única e à sua afirmação no mercado internacional. A questão da coesão e convergência dentro da UE também foi levantada, destacando-se os desafios de garantir o crescimento económico sem sacrificar a coesão territorial. A globalização tem mostrado sinais de desaceleração desde 2015, com a maior queda no investimento internacional em indústria transformadora. O futuro económico da Europa passa, portanto, por uma adaptação a uma economia centrada no valor, e não em volume.

A economia portuguesa no quadro europeu

O primeiro painel da tarde, sobre “A economia portuguesa no quadro da nova política da UE: fragilidades, pontos fortes e mudanças necessárias“, desenhou um retrato da economia portuguesa nos últimos 20 anos, durante os quais cresceu 22%, o que corresponde a uma taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto, em média, de 1% ao ano. Entre 2014 e 2024, o país cresceu, em média, 2,1% por ano, ou seja, o desempenho foi melhor na segunda década.

Num contexto económico internacional complexo e desafiante para o mundo e para Portugal em particular, os países de língua portuguesa estão a registar um crescimento populacional significativo, representando potenciais economias de escala para o nosso país, ganhando maior relevância económica, social e política. Apesar das fragilidades da economia portuguesa, o contexto orçamental e externo do presente são uma oportunidade única para imprimir um novo dinamismo à economia portuguesa.

Por outro lado, os intervenientes no painel defenderam que “não podemos continuar na mesma”, olhando para a Europa como uma mera origem de fundos e não como uma forma de transformação estrutural, sendo necessárias mudanças ao nível da autonomia de recursos, simplificação administrativa e consensos “duros”. Portugal tem um conjunto de pontos fortes e de ativos estratégicos de que deve tirar valor, pelo que já “é tempo de começarmos a pensar o que podemos fazer pela Europa e não apenas no que a Europa pode fazer por nós”.

A sessão continuou com a apresentação do documento “O Futuro de Portugal: impactos e desafios”, com propostas da CCP para debate e reflexão, chamando a atenção para as fragilidades e as valências e capacidades de Portugal e questionando até que ponto é possível ao país ter uma estratégia própria e quais os recursos financeiros de que pode dispor. O documento analisa também os efeitos na economia portuguesa de um “novo ciclo” de políticas europeias e os seus aspetos potencialmente positivos e negativos; as orientações com efeito estruturante que Portugal deve adotar, inclusive o seu posicionamento no debate e em defesa de alguma autonomia, além das prioridades estratégicas ao nível do modelo económico; e a política seletiva de investimentos que privilegie projetos integrados e colaborativos.

Para José António Cortez, a atratividade é talvez o conceito que melhor define hoje aquilo que são as grandes valências do nosso país, a que se junta a sua capacidade de ser competitivo e de afirmar o seu próprio percurso que em parte passa por atrair investimentos, mas também competências e talentos. “Esse é um dos desafios mais importantes. As pessoas são o verdadeiro ativo que permite fazer uma coisa que é cada vez mais decisivo para haver a tal mudança, que é o empreendedorismo, que é a criação de startups, que é a criação de coisas novas e não apenas fazer mais do mesmo”, apontou.

Na política externa, uma saída para o país é procurar uma resposta no plano da diversificação. “Já temos uma concentração, nomeadamente, das nossas trocas, demasiado concentrada na Europa. Temos um potencial, até geográfico, geoeconómico, que nos permite virar para fora da Europa, diversificar mais as nossas relações económicas. Penso que isso tem de ser feito, que responda à nossa situação geoeconómica, que responda à nossa história. Há um conjunto de valências que Portugal pode potenciar nesse domínio”, acrescenta o diretor do Observatório do CCP.

No tema final, “Que respostas e prioridades de política pública deve Portugal ter?”, os contributos dos participantes sublinharam a importância de reforçar o papel da iniciativa privada, através da redução da carga fiscal sobre as empresas, da eliminação progressiva dos incentivos ao endividamento e da simplificação dos processos fiscais. Destacaram ainda a necessidade de fortalecer a capacidade industrial em cadeias de valor com relevância geoestratégica, intensificando o investimento na economia azul, aperfeiçoando os modelos de transição energética e consolidando setores onde o país já possui competências comprovadas, como as indústrias tradicionais, a extração mineral e o turismo. A valorização do rendimento líquido das famílias e o desenvolvimento de instrumentos que aumentem a liquidez dos ativos e incentivem a assunção de risco foram igualmente apontados como eixos estratégicos para o futuro.

José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP

Perante as incertezas que hoje marcam o futuro da União Europeia, Portugal encontra uma oportunidade para redefinir a sua posição no espaço europeu, passando da periferia para uma maior centralidade.

"Podemos, por exemplo, ter centros de investigação e de apoio à inovação e explorar mais oportunidades na área energética”

José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP

Entre os caminhos identificados pelos participantes, ganha relevo a aposta nos serviços de valor acrescentado e na capacidade de tirar partido da política industrial europeia para captar investimento direto estrangeiro, com o objetivo de consolidar novas áreas de especialização com elevado potencial de crescimento. “Podemos, por exemplo, ter centros de investigação e de apoio à inovação e explorar mais oportunidades na área energética”, aponta José Félix Ribeiro, economista e consultor da CCP.

Organizada sob as regras de Chatham House, de forma a assegurar um debate aberto e reservado entre os participantes, esta iniciativa assinala o início das comemorações dos 50 anos da CCP. “Serviu de ponto de partida para aprofundarmos perspetivas sobre o futuro da economia portuguesa”, conclui João Vieira Lopes, adiantando que está já em preparação uma nova iniciativa para os próximos meses: “Vamos continuar a estruturar esta luta”.

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Hoje nas notícias: Donativos ao PSD, venda da EDP e eleições

  • ECO
  • 11 Abril 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A família Barros Rodrigues, uma das principais clientes da Spinumviva, doou 30 mil euros ao PSD desde 2018. A CriteriaCaixa, maior acionista da energética espanhola Naturgy, contactou a China Three Gorges para avaliar a abertura para uma operação de aquisição da EDP. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Maior cliente de Montenegro no top de financiadores do PSD

A família Barros Rodrigues, que detém uma gasolineira em Braga responsável pelo pico de faturação da Spinumviva em 2022 e por cerca de metade da faturação enquanto Luís Montenegro liderava a empresa, doou 30.500 euros ao PSD desde 2018, sendo que a maior parte deste dinheiro foi doada a partir de 2021. Vários familiares de Jorge Barros Rodrigues, o dono da gasolineira, fizeram donativos ao partido ao longo dos últimos anos, desde o filho João Rodrigues à nora (que chegou a trabalhar na Spinumviva) aos dois irmãos de João Rodrigues e uma cunhada.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

EDP alvo de cobiça pelos espanhóis da Naturgy

A CriteriaCaixa — maior acionista da energética espanhola Naturgy, com uma participação de 26,7% — voltou a explorar a possibilidade de uma fusão com a EDP, no atual contexto de desvalorização bolsista e de insatisfação com a gestão de Miguel Stilwell d’Andrade. O grupo espanhol contactou acionistas da elétrica portuguesa, nomeadamente a China Three Gorges (CTG), que detém 21,8% do capital da EDP e é a sua maior acionista. Fontes com conhecimento do processo dizem que o Governo português também terá sido abordado informalmente, mas terá dito que a aquisição da EDP é um tema dos acionistas.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Sondagem: PS cresce, mas não descola e mantém-se empate técnico

O mais recente barómetro da Intercampus revela um crescimento de 1,3 pontos percentuais das intenções de voto no PS, para os 24,4%, o que deixa os socialistas virtualmente em primeiro lugar, à frente da coligação Aliança Democrática (23%, menos 3,5 pontos percentuais). Seguem-se o Chega (14,5%) e a Iniciativa Liberal (5,7%), enquanto a CDU subiu do oitavo para o quinto lugar, recolhendo 5% das intenções de voto. O Livre (4,3%) fica à frente do PAN (2,9%) e do BE (2,5%). A percentagem de indecisos, por sua vez, aumentou de 13,9% para 15,4% face a março.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

AD quer proibir telemóveis nas escolas até ao 6.º ano

O programa eleitoral da coligação Aliança Democrática (AD) às eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, que vai ser apresentado esta sexta-feira, prevê a proibição da utilização de telemóveis e smartphones até ao 6.º ano de escolaridade. O objetivo é implementar a medida já no próximo ano letivo (2025-26), que arranca no mês de setembro. No início do atual ano letivo, o Ministério da Educação apresentou um plano que incluía apenas um conjunto de recomendações relativas à utilização de telemóveis nas escolas, sendo que até ao 6.º ano era recomendada “a proibição do uso e/ou a entrada de smartphones nos espaços escolares”.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Governo e ANA rejeitam ampliação do aeroporto Sá Carneiro

O Governo quer reforçar a capacidade do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, ao nível do transporte de passageiros e de mercadorias, além da operação da TAP. Nesse sentido, a ANA – Aeroportos está a preparar um plano de investimentos para ser concretizado nos próximos anos, mas que exclui, porém, o alargamento para duas pistas, conforme tem vindo a ser reclamado pelo setor do turismo. O plano será apresentado até ao final do corrente semestre.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

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O dia em direto nos mercados e na economia – 11 de abril

  • ECO
  • 11 Abril 2025

Ao longo desta sexta-feira, 11 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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EUA cortam apoios a faculdades portuguesas e enviam questionário com 36 perguntas “intoleráveis”

  • Lusa e ECO
  • 11 Abril 2025

Estados Unidos cancelam financiamento aos "American Corners" que funcionam em seis faculdades portuguesas. Universidades receberam questionário sobre as "agendas climáticas" ou "ideologias de género".

O Governo dos Estados Unidos cancelou ao Instituto Superior Técnico (IST) um programa que permitia ter nas suas instalações um espaço de divulgação da cultura americana, tendo a instituição portuguesa sido questionada sobre ligações a organizações terroristas.

O presidente do IST, Rogério Colaço, disse à Lusa que recebeu em 5 de março a comunicação do cancelamento com “efeito imediato” do programa “American Corner” e, no mesmo dia, um inquérito com “questões bastante desadequadas” sobre se o IST colaborava ou não, ou era citado ou não em acusações ou investigações envolvendo associações terroristas, cartéis, tráfico de pessoas e droga, organizações ou grupos que promovem a imigração em massa.

“O Técnico respondeu que não iria responder ao questionário porque não se adequava a uma instituição de ensino superior pública sujeita a escrutínio público e legal de um país democrático membro da União Europeia”, afirmou Rogério Colaço.

Segundo o presidente do IST, a comunicação do cancelamento do programa, seguida de um questionário, cita uma determinação emanada do Departamento de Estado norte-americano.

O Técnico respondeu que não iria responder ao questionário porque não se adequava a uma instituição de ensino superior pública sujeita a escrutínio público e legal de um país democrático membro da União Europeia.

Rogério Colaço

Presidente do IST

Há seis “espaços americanos” ou “american corners” em Portugal, que são financiados pelo Governo norte-americano e que a Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa descreve como “centros de informação e cultura”.

Além do IST, as universidades dos Açores, Aveiro, Porto (Faculdade de Letras), Lisboa (Faculdade de Letras) e Nova de Lisboa (Faculdade de Ciências e Tecnologia) têm estes espaços.

Rogério Colaço, presidente do Instituto Superior TécnicoInstituto Superior Técnico

No caso do IST, o “American Corner” funcionava há mais de dez anos e, de acordo com Rogério Colaço, promovia palestras, encontros e atividades de “divulgação e de cariz científico”. O financiamento anual rondava os 20 mil euros.

O diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Hermenegildo Fernandes, disse à Lusa que recebeu o mesmo questionário, que o deixou estupefacto pela “dimensão do descaramento” das perguntas, nomeadamente sobre “agendas climáticas”, se a instituição tinha “contactos com partidos comunistas e socialistas” ou “relações com as Nações Unidas, República Popular da China, Irão e Rússia” e o “que fazia para preservar as mulheres das ideologias de género”.

A faculdade optou igualmente por não responder ao questionário, notando que “a sua dependência é com as políticas científicas de Portugal e da União Europeia”, adiantou o diretor da FLUL, sem clarificar se o programa “American Corner” foi cancelado ou não à faculdade, que tem um “espaço americano” a partilhar instalações próximas com o Instituto Confúcio, entidade oficial da China que promove a cultura e a língua do país.

Contactada a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a direção da instituição indicou à Lusa, sem mais detalhes, que o “American Corner” é “um projeto anual que terminará em setembro”. “Estamos a avaliar a hipótese de nos candidatarmos à continuação do projeto ou não”, acrescentou a faculdade numa breve declaração.

Como o ECO avançou em primeira mão, a embaixada norte-americana em Lisboa enviou também cartas às empresas portuguesas com contratos públicos com os Estados Unidos, de forma a forçá-las a abandonar as políticas de diversidade, equidade e inclusão.

Questionado sobre se esta atitude não representa uma intromissão na economia portuguesa, o ministro Pedro Reis foi evasivo e não quis tomar uma posição firme sobre o tema, com o governante a preferir “encontrar pontos de discórdia”. Pelo contrário, como sublinharam também na quinta-feira, os empresários portugueses recusam “ir a reboque dos humores” dos EUA.

Reitores denunciam perguntas “intoleráveis”

Segundo Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro e presidente do Conselho de Reitores, as seis universidades portuguesas que até agora têm beneficiado de financiamento dos EUA, através do programa “American Corner”, receberam uma inesperada comunicação da embaixada norte-americana, com a rescisão unilateral das subvenções em vigor, caso não fosse preenchido um formulário com perguntas tidas como “inadequadas”.

Do mesmo figuravam perguntas como “se não trabalham com entidades associadas a partidos comunistas, socialistas, ou totalitários”, ou ainda se receberam financiamento da República Popular da China, incluindo os institutos Confúcio, da Rússia, Cuba, ou Irão.

“O Conselho de Reitores discutiu o assunto e as perguntas, pela sua natureza, configuram uma intromissão intolerável na autonomia das instituições e na sua liberdade de investigação e da ação académica”, disse à Lusa.

Concedo totalmente ao financiador a legitimidade para decidir continuar ou cessar esses financiamentos, mas o que não me parece correto é condicionar as instituições ou pedir-lhes que informem acerca de coisas que são ofensivas para a sua independência e para a sua liberdade académica.

Paulo Jorge Ferreira

Presidente do Conselho de Reitores

Paulo Jorge Ferreira salienta que o programa American Corner “tem mais de dez anos de atividade, sem qualquer incidente, e tem sido impulsionador na comunicação da Ciência”.

No caso de Aveiro, o reitor diz que “o valor do financiamento é pequeno” e tem até a ver com o interesse americano na promoção da cultura americana.

“Concedo totalmente ao financiador a legitimidade para decidir continuar ou cessar esses financiamentos, mas o que não me parece correto é condicionar as instituições ou pedir-lhes que informem acerca de coisas que são ofensivas para a sua independência e para a sua liberdade académica”, reagiu.

Embaixada garante programas que “promovam objetivos comuns”

“Temos excelentes relações com todos os seis ‘american corners’ e continuaremos a colaborar numa série de programas e iniciativas que promovam os nossos objetivos comuns”, disse a porta-voz da embaixada norte-americana em Lisboa, Marie Blanchard, sem responder diretamente a uma questão da Lusa, mas enaltecendo que os espaços americanos “demonstram o poder inigualável dos Estados Unidos como líder económico e de inovação”.

A Lusa questionou a embaixada se, no seguimento dos cortes anunciados pela administração Trump ao financiamento de universidades e agências científicas, o programa “American Corner” iria ser afetado, e em que moldes.

De acordo com o portal da Embaixada dos Estados Unidos em Portugal, os “espaços americanos” totalizam mais de 600 em mais de 140 países e estão localizados, designadamente, em universidades, centros comerciais, bibliotecas e instalações de embaixadas.

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Oscar Herencia: “Já olhámos para aquisições em Portugal, um dia pode acontecer”

A gigante americana MetLife faz 40 anos de presença em Portugal e Oscar Herencia, diretor-geral há 15 anos, diz que a seguradora quer ficar mais de 40. E explica o futuro mais imediato.

Oscar Herencia, diretor-geral em Espanha e Portugal e vice-presidente da região EMEA da MetLife: “A ALICO inicialmente, e depois a MetLife são uma aposta por Portugal”.

A MetLife, então Alico, foi a primeira seguradora estrangeira a estabelecer-se em Portugal depois da revolução. Faz agora 40 anos no país e nos últimos 15 anos sempre contou com Oscar Herencia no comando, o espanhol mais português do país, dizem muitos. A seguradora é especialista em coberturas de Vida Risco e em 2024 emitiu prémios de perto de 120 milhões de euros. Com 145 pessoas em Portugal e 265 no total da Ibéria, de que o gestor é diretor-geral, a par com a vice-presidência da região EMEA, Europa, Médio Oriente e África, da gigante americana, Oscar Herencia em entrevista a ECOseguros, fala sobre o passado, presente e antevê o futuro do negócio MetLife em Portugal.

Qual o saldo de 40 anos em Portugal?

Temos 500 mil portugueses segurados, então isso para nós é uma honra. Num país de 10,5 milhões de pessoas, 500 mil confiaram em nós e os mais antigos estão connosco há 40 anos. Nós tivemos que evoluir com eles, crescer com eles, identificar as necessidades, identificar as ferramentas que precisamos, como responder-lhes, como estar aqui, manter a solvência e o reconhecimento de uma marca. Isto requer um esforço. A companhia fez uma aposta no país. A ALICO inicialmente, e depois a MetLife mantiveram uma aposta por Portugal.

A atividade tem-se dividido em seguros de Vida Risco, Acidentes Pessoais e Proteção de pagamentos, é para manter?

A estratégia da companhia está focada em risco. Nós fizemos muito negócio de poupança, ainda que hoje alguém possa tratar como de residuais, negócio que vem do passado até, numa determinada altura, a companhia decidir que não valia a pena, com o movimento dos bancos e das companhias cativas não tínhamos uma boa proposta para trazer uma mais-valia ao mercado na parte da poupança. Desacelerámos e decidimos focar em risco. E aí continuamos, a maioria do negócio vai continuar a ser risco e, apesar disso, Portugal é provavelmente, das operações melhor diversificadas da região EMEA (Europe, Middle East, Africa), em termos de produtos e de canais.

Que novos produtos podem nascer?

Abrimos as classes de seguros de assistência e danos para outros bens e por aí vamos crescer um bocadinho. Fizemos alguns produtos para animais de companhia e lançámos alguns componentes de saúde e cibersegurança, coberturas que vão ajudar-nos a fazer o nosso produto mais pessoalizado, mais perto das necessidades dos portugueses. Como o seguro de desemprego, uma cobertura que fazemos bem e em que mercado nos reconhece. Então, por aí pode crescer alguma coisa nova. Depois, dentro dos produtos de vida ou de acidentes, evoluímos os produtos de alguma maneira para que ofereçam uma melhor proposta.

É muito importante para nós entender o que preocupa os portugueses e deixar de pensar que os portugueses estão preocupados com o que nós achamos que estão preocupados.

O crescimento virá de novos segmentos de mercado?

Estamos a trabalhar um produto de proteção sénior. Estamos ainda a estudar porque é muito importante para nós entender o que preocupa os portugueses e deixar de pensar que os portugueses estão preocupados com o que nós achamos que estão preocupados. Não é assim. Pergunta-se aos autónomos, os empregados por conta própria, esperando que eles se encontrem preocupados com o final da atividade e eles não estão preocupados com isso. Estão preocupados com outras coisas como as doenças temporárias, invalidez temporária. Por isso estamos ainda a fazer a última pesquisa para aterrar dentro da moldura do produto que nós temos e lançar o produto.

E à procura da economia grisalha…

Sim, a silver economy, a economia grisalha. Em 2050 um de cada três portugueses será maior de 55 anos e aí vão surgir novas necessidades. A maneira que temos agora de envelhecer não é a de antigamente. Hoje quando chega a reforma, as pessoas têm uma quantidade de planos e de ideias para fazer no futuro que não conseguiu fazer durante a vida profissional e passa a existir uma preocupação gigante por estar protegido. Hoje um senhor ou uma senhora com 60 anos ou 65 anos, inclusive 70, quer comprar uma televisão, quer conseguir financiamento e quer proteger isso.

Nessas idades começam a surgir novas preocupações?

Evoluímos e estamos agora a desenhar um produto muito ligado às doenças degenerativas. Porque a vida mais longa cria problemas diferentes. Observando as curvas de mortalidade e de morbilidade verificamos que, antigamente, o infarto era a primeira doença para os homens. Hoje em dia não é tão diferente para homens e mulheres, mas o estilo de vida é diferente das mulheres agora. O AVC é a doença que nos está a dar alguma dor de cabeça porque cada vez é mais frequente. Tudo isso significa que já mudou a maneira que vivemos, mudou a maneira que envelhecemos, e agora, se vivemos 90 anos, 95 anos…

Outra mudança a dar resposta?

muitas pessoas que trabalham desde casa praticamente a semana toda. Aqueles seguros de itinerância que tínhamos antigamente, agora como que se cobrem? E se alguém tem um acidente em casa enquanto está a trabalhar, é um acidente laboral?

Os prémios da MetLife cresceram em 2024 abaixo do mercado. A que se deveu?

Houve um impacto nos juros que impactou o crédito habitação e nós temos uma linha de produto muito ligada ao crédito de habitação. Somos muito sensíveis para isso, e o mercado segurador é muito sensível para isso também. Então, há uma mudança de olhar dos consumidores para a poupança, para tentar poupar dinheiro porque a situação é de incerteza. Então, tudo isso nos impacta significativamente. Com a taxa de juro mais elevada, os bancos aproveitaram essa onda e muitas dessas contribuições para seguros de vida risco foram para outro lado.

Nos prémios emitidos quanto é novo quanto é continuado?

Estamos a crescer em novas vendas, dois dígitos, provavelmente, e esse tipo de negócio tem uma persistência e uma qualidade grande. Temos maneiras de distribuir diferentes, mas para os nossos agentes exclusivos, mantém-se um negócio muito bom. No produto individual, somos sempre identificados como uma das companhias com melhor proposta para o mercado, considerando preço, serviço, marca, solvência da companhia, tudo.

Quanto colaboradores tem a MetLife?

Somos 145 em Portugal e no total da Ibéria, estamos em 265. Em Portugal temos um canal de agentes próprios, de agentes exclusivos que requer um tipo de serviço diferente do que requer Espanha onde não temos. A contribuição para vendas e margem é 50/50. A diversificação de negócios em Portugal traz uma estabilidade maior em termos de lucros que Espanha.

Hoje em dia, as pessoas querem gerir a sua economia familiar com pagamentos mensais e a proteção por seguros funciona muito bem porque são prémios muito baixos

Isso significa que Portugal tem as funções todas?

A parte de underwriting e sinistros é gerida daqui também para a Espanha. O contrário, também acontece, nas partes de operações e tecnologia e o management é ibérico. Há colaboradores que fazem só coisas de Portugal, outros só coisas de Espanha, mas é grande a sensação de cultura ibérica.

Como se reparte a distribuição em faturação?

Pode dizer-se que 50% é a mediação exclusiva e independente, 25% é banca, 20% direto e agências e o restante entre employee benefits e ainda poupança que mantemos dos contratos do passado. Esta dispersão deixa-me muito tranquilo, se há um impacto um mês ou um trimestre em um dos canais, o outro vai cumprir. Por exemplo as agências estão a correram um bocadinho melhor que os mediadores, no primeiro trimestre deste ano. Mas, no ano passado, foram os mediadores que trouxeram um retorno maior que as agências.

Há alguma novidade de Espanha para desenvolver em Portugal?

Aqui somos especialistas em vida, mas temos uma cobertura do mercado maior. Em Espanha, somos praticamente somos um jogador de nicho, fazemos muito a proteção de produtos. Em Espanha, temos um produto que também temos aqui, a que chamamos Lifestyle, serve para cobrir todas aquelas despesas recorrentes que temos com faturas de gás, de luz, qualquer coisa. Com a NOS fazemos isso, cobrimos todo o serviço que nos dão para as casas e que têm um pagamento mensal. Em Espanha 85% do mercado é nosso e, com a NOS, começámos uma colaboração simpática, mas eu acho que ainda temos muito para fazer.

Pode ser uma tendência?

Antigamente não tínhamos tanta despesa recorrente. Pagávamos à cabeça. Hoje em dia, as pessoas querem gerir a sua economia familiar com pagamentos mensais e a proteção por seguros funciona muito bem porque são prémios muito baixos.

E com baixa sinistralidade?

Nós tentamos ter certeza que todos os nossos produtos têm um mínimo de 15% de sinistralidade, porque essa é a maneira de dizer ao cliente que somos uma mais-valia. Se não há 15% de sinistralidade temos planos de recuperação para chegar a isso, se não o produto é desnecessário. Isto também mostra como mudou o mundo dos seguros. Provavelmente, há 30 anos, a ideia era de cobrar muito prémio e pagar poucos sinistros. Temos eliminado exclusões, temos acrescentado capitais, temos simplificado muito a parte do tratamento dos sinistros para que o seguro seja útil.

Capacidade para aquisições de seguradoras não falta, a MetLife é um gigante da indústria e estamos sempre dispostos para olhar para boas oportunidades, isso de certeza

Em relação a recursos humanos como está a situação dos seguros?

Quem entra na indústria seguradora não sai. Mas se se pergunta na universidade quem quer trabalhar em seguros a resposta é ninguém. Talvez os atuários, mais ninguém. Eu quando estava na universidade, não queria trabalhar em seguros, preferia negócio automóvel ou qualquer outra coisa. E a verdade é que já estou há 33 anos na indústria seguradora.

Qual a estratégia para Portugal? Mais 40 anos?

Mais de 40 anos, é uma praça importantíssima para nós. A MetLife não vende o negócio europeu. Tem um hub na Irlanda e 17 sucursais na Europa tudo Isso está muito bem consolidada. A região ibérica contribui cada vez mais para o resultado total da companhia. São dois mercados maduros onde estamos confortáveis e onde apostamos claramente. São ainda uma maneira de aprender como fazer bem as coisas em outros mercados.

Quanto a aquisições? Não Vida é um caminho?

Não Vida não é alternativa para nós. Somos especialistas em Vida. Pode ser que tenhamos algum tipo de cobertura, algum tipo de risco pequeno, mas é estratégia clara não avançar em Não Vida. Na Europa e América Latina é sempre Vida, só nos Estados Unidos EUA é diferente. Gostamos de ser reconhecidos como especialistas em vida, não vamos ser generalistas nunca.

E em Vida?

Temos apetite de crescer aqui em Vida com aquisições, estamos de olhos abertos mas tem de aparecer a oportunidade. Já fizemos compra de alguma carteira, coisa menor, mas estamos sempre com os olhos abertos porque de facto, a MetLife tem uma história grande de comprar companhias.

E Vida em Portugal?

Já olhámos para umas coisas em Portugal e alguma vez pode ser que sim. Estamos sempre com os olhos abertos para isso. Capacidade para isso não falta, a MetLife é um gigante da indústria estamos sempre dispostos para olhar para boas oportunidades, isso de certeza.

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