“Somos mais escrutinadas” e “temos que provar mais”. A mulher, no marketing, publicidade e comunicação

Rosália Amorim, Susana Albuquerque e Catarina Barradas debatem a igualdade de oportunidades no marketing, comunicação e publicidade. O projeto "Mulheres com ECO" está de regresso.

Rosália Amorim (EY), Susana Albuquerque (Uzina e CCP), Catarina Barradas (EDP) e Carla Borges Ferreira (+M/ECO)

 

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A propósito da escolha de jurados para o Festival do Clube da Criatividade de Portugal, Susana Albuquerque, presidente do CCP e também sócia e diretora criativa da Uzina, relata uma conversa, entre um homem e uma mulher. “Falava-se de existirem poucas mulheres diretoras criativas. E depois o homem dizia ‘então, mas conhece mulheres assim tão boas que merecessem ser diretoras criativas?’. E a resposta da mulher, e muito bem, foi ‘mas, conhece homens assim tão bons que merecem ser diretores criativos?’”.

O problema, diz Susana Albuquerque, “é que num homem aceita-se a mediocridade, porque é uma evolução natural. No caso da mulher, tem que ser excelente”. “Isso também não nos ajuda, os padrões têm que ser os mesmos”, defende uma das poucas diretoras criativas do mercado, no debate que reuniu no Estúdio ECO – no âmbito do projeto “Mulheres com ECO” – também Catarina Barradas, head of the global brand da EDP, e Rosália Amorim, brand, marketing & communications director portuguese cluster – Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde da EY.

A opinião de que o grau de exigência com que se avaliam homens e mulheres não é idêntico é partilhada pelas três profissionais. “Somos mais escrutinadas e somos muito humildes, temos sempre muita vergonha de nos valorizarmos por aquilo que fazemos. Há maior escrutínio, há maior ataque, e há um ataque físico que é brutal. Não fazemos isso aos homens. Se tiverem uma ideia que é uma porcaria, se calhar a ideia é uma porcaria, mas não dizemos se ele é gordo, baixo ou feio”, aponta Catarina Barradas.

Mais uma vez, a opinião é unânime. “Estamos muito habituadas a estar sempre na berlinda, a sermos avaliadas e escrutinadas, pelos homens e pelas mulheres, por todo o tipo de critérios. Uma mulher fala e ou é velha, ou é histérica, ou gorda, ou feia. Com o homem, está tudo bem, pode ser careca, barrigudo, horroroso”, que não é tema, prossegue Susana Albuquerque. “O facto de sermos underdogs e estarmos em minoria também nos põe numa situação mais delicada, parece que temos que provar mais”, resume.

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Ao contrário da publicidade, onde o número de diretoras criativas pouco ultrapassa os dedos de uma mão, nas direções de marketing a liderança feminina é mais frequente. Com uma equipa maioritariamente composta por mulheres, “liderar pelo exemplo” é o lema da responsável global de marca da EDP. “É preciso dar visibilidade às mulheres, dar voz, servir de exemplo. Acho que a grande obrigação que tenho, enquanto líder de uma equipa de marketing maioritariamente feminina, é promover o desenvolvimento e o acesso à liderança e também promover aquilo que é o lado familiar e a maternidade”, aponta.

A maternidade, e a forma ainda desigual como as tarefas e responsabilidades domésticas continuam a ser repartidas, são apontadas pelas três responsáveis como o maior entrave à progressão na carreira das mulheres. “Quando há uma separação, com guarda partilhada, acaba-se por ter maior apoio, o que é estranho. É uma infelicidade o que estou a dizer, estou a dizer que os casamentos bem-sucedidos não ajudam, mas tem que haver uma consciência, e é isso que tento incutir nas mulheres. Se são casados, e se os dois partilham, a carreira tem que ser respeitada mutuamente e os dois têm que ter essa obrigatoriedade”, reforça Catarina Barradas. “Isto é um repto a todos os casais, àqueles que querem ter um casamento bem-sucedido e uma mulher com uma carreira bem-sucedida, ajudem-se, não pode ser tudo responsabilidade das mulheres, porque nós também temos vontade, temos ambição e também queremos ser mães com qualidade”, defende.

A opinião é secundada por Rosália Amorim, até há cerca de um ano diretora da TSF e antes do Diário de Notícias. “As redações estão cheias de mulheres e pouquíssimas na direção”, recorda a propósito a primeira diretora mulher do título da Global Media, casada também com um jornalista. “Temos que ter inteligência emocional e usá-la a nosso favor, criando uma rede dentro e fora da organização para nos dar suporte e conseguirmos gerir tudo”, aconselha a agora responsável da EY, recordando a dificuldade que tinha, nas entrevistas DN/TSF, em ter mulheres como entrevistadas. “A mulher, por ser muito mais escrutinada, tende a ficar nos bastidores”. A sugestão, para o contrariar, é ocupar espaço.”Se nós ficarmos sempre na retaguarda, na segunda fila das cadeiras e não ocuparmos esse espaço, ninguém vai olhar para nós como uma verdadeira líder”, comenta.

A importância do networking, ainda muito “uma coisa de homens”, o papel das empresas, mas também das famílias e das escolas, e mesmo da publicidade, que pode ser perpetuadora de clichês negativos ou quebrá-los, foram alguns dos outros temas abordados no debate, ao qual pode assistir na íntegra no vídeo.

Mulheres com ECO é uma iniciativa que reúne várias marcas do universo ECO, com um novo episódio divulgado todas as sextas-feiras.

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“Criámos, na Madeira, o Museu da Banana para dar a conhecer ao turismo como é feita”

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  • 7 Março 2025

Tatiana Gomes, bananicultora na Madeira, diz contar com o turismo para levar a marca da ilha a todas as partes do mundo.

Tatiana Gomes, bananicultora na Madeira, encontra no turismo uma oportunidade única para promover a banana da Madeira como símbolo da região. Muitos turistas são atraídos pelas plantações de bananeiras, onde apreciam a paisagem, aprendem sobre o cultivo local e capturam memórias em fotografias. O turismo não só valoriza este produto típico, mas também contribui para fortalecer a economia regional, garantindo o reconhecimento da banana da Madeira como um verdadeiro emblema cultural.

O que é o projeto Eu conto com o Turismo?

Um empresário do têxtil, uma varina da Nazaré, um vendedor de bolas de Berlim, a proprietária de uma loja de produtos dos Açores, um piloto de voos de recreio, uma empresária do setor vinícola… e tantos, tantos outros. Todos nós, na verdade. Todos somos beneficiários do turismo e contamos com o turismo para melhorar as nossas vidas.

O turismo tem vindo a assumir um papel crescente na economia portuguesa e é o principal responsável pela maioria dos indicadores positivos dos últimos anos. Cria emprego, anima o tecido empresarial, revitaliza as cidades.

O projeto Eu conto com o Turismo tem como objetivo dar voz a pessoas, mais e menos conhecidas, das mais variadas atividades e regiões, que, de alguma forma, beneficiam do turismo.

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Cox vai quintuplicar o investimento este ano

  • Servimedia
  • 7 Março 2025

A Cox vai aumentar os seus investimentos em ativos este ano para 600 milhões de euros, multiplicando por cinco os realizados durante 2024, quando atribuiu 110 milhões.

Foi o que afirmou na sua apresentação de resultados ao avançar as suas previsões para 2025, sobre as quais disse sentir-se “confiante” junto dos analistas, sendo “uma empresa muito previsível”.

A empresa presidida por Enrique Riquelme espera quase duplicar o valor das suas receitas, passando dos 702 milhões registados em 2024 para os cerca de 1.200 milhões com que espera fechar 2025. Da mesma forma, apontam para um crescimento de 26% no EBITDA: de 183 para 230 milhões; enquanto, em termos de lucros, estimam que o seu lucro líquido atingirá 80 milhões de euros, 36% mais do que no exercício de 2024. Além disso, a Service Co., a sua divisão de serviços, deverá expandir-se para uma carteira de encomendas de cerca de 3 mil milhões, depois de fechar 2024 com 2,23 mil milhões de euros.

Em termos de investimentos, os 600 milhões de capex anunciados serão atribuídos a ativos de energia e água da sua divisão Asset Co., que reúne os seus ativos concessionados, e que em 2024 incorporou ativos de água em Marrocos e no Chile, ativos de energia na África do Sul e duas linhas de transmissão no Brasil. Em 2025, os países-alvo de investimento da empresa em 2025 são Marrocos, Espanha, Estados Unidos e América Latina, considerados regiões de elevado crescimento e potencial.

A Cox avança assim para a concretização do seu Plano Apollo, que prevê investimentos de cerca de 3,2 mil milhões de euros até 2028. O próprio Riquelme sublinhou, em comunicado após a publicação dos resultados de 2024, que “os ativos desta divisão da Cox são infra-estruturas estratégicas e críticas para o desenvolvimento sustentável e que, por esta razão, a atividade da empresa está concentrada em mercados com elevado potencial de crescimento”.

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6ªedição do Prémio Autarquia do Ano – Grupo Mosqueteiros com inscrições abertas. Relembramos os vencedores da última edição

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  • 7 Março 2025

As inscrições para a 6ª edição do Prémio Autarquia do Ano – Grupo Mosqueteiros já estão abertas. Alenquer, Almada e Cascais foram alguns dos municípios distinguidos na edição do ano passado.

O Prémio Autarquia do Ano – Grupo Mosqueteiros que reconhece as iniciativas mais inovadoras e impactantes das autarquias portuguesas, é uma oportunidade para os municípios e juntas de freguesia apresentarem os seus projetos e serem distinguidos pelo seu contributo ao desenvolvimento local. As inscrições para a 6ª edição já estão abertas e com descontos exclusivos. Pode consultar o regulamento aqui.

Relembramos os vencedores da última edição, a 5.ª do Prémio Autarquia do Ano, que destacou 46 autarquias. Alenquer, Almada, Braga, Cascais, Freixo de Espada à Cinta foram alguns dos municípios distinguidos.

Ao todo, participaram 23 juntas de freguesia e 25 câmaras municipais, num total de 12 categorias e 49 subcategorias. Foram atribuídas 37 menções honrosas, 21 prémios, 12 grandes prémios e um grande prémio especial, entregue ao Museu da Seda e do Território, do município de Freixo de Espada à Cinta. Este ano existem novas subcategorias, disponíveis para consulta aqui.

Entre os grandes vencedores, do ano passado, estiveram os municípios de Alenquer, Almada, Braga, Cascais, Freixo de Espada à Cinta, Leiria, Machico e Vila de Rei. A Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, também foi distinguida. Já a Câmara Municipal de Cascais venceu o Grande Prémio da quinta edição com o projeto “Cascais Mentalmente”, vencedor na categoria Saúde e Bem-estar e na subcategoria Apoio à Saúde Mental.

Cascais Mentalmente: mais de 6699 consultas realizadas (só em 2023)

O município de Cascais criou o projeto “Cascais Mentalmente” para responder às crescentes necessidades da população em matéria de saúde mental. O programa incluía consultas de saúde mental, terapias especializadas e programas de integração social, promovendo uma abordagem inovadora e acessível.

O projeto realizou mais de 6.699 consultas e integrou 523 pessoas em 2023. Entre as iniciativas destacam-se as “Consultas Sem Paredes” e os “Laboratórios Vida Cascais”, que descentralizam os serviços de apoio psicológico, facilitando o acesso da população. Além disso, foram lançados programas de regulação emocional nas escolas e serviços direcionados a zonas urbanas mais vulneráveis.

A 5.ª edição do Prémio Autarquia do Ano reconheceu, assim, o trabalho de autarquias que implementam soluções inovadoras e eficazes para melhorar a vida das suas comunidades. O exemplo de Cascais mostra como o investimento na saúde mental pode ter um impacto significativo e transformar a qualidade de vida dos cidadãos.

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Em Bruxelas, Montenegro não escapou à crise política no dia em que Conselho deu avanços na defesa

Para os líderes europeus o dia foi de avanço nas primeiras decisões sobre o aumento do investimento em defesa, para Montenegro foi o dia em que o Conselho de Ministros aprovou a moção de confiança.

O primeiro-ministro chegou a Bruxelas no meio da maior crise política do seu Governo, que resultará muito provavelmente em eleições antecipadas. O motivo para a deslocação foi de força maior: um Conselho Europeu extraordinário para colocar a Europa a falar a uma só voz sobre o investimento em defesa.

No entanto, apesar de ter garantido que a iminente queda do Executivo não o fragilizou perante os pares europeus, a moção de confiança acabou por centrar as atenções da passagem de Luís Montenegro ao encontro convocado pelo seu antecessor em Portugal e agora presidente do Conselho Europeu, António Costa, justamente devido também a eleições antecipadas.

Poucas horas após o chumbo da moção de censura do PCP no Parlamento e de ter anunciado que o Governo avançava com uma moção de confiança, na quarta-feira à noite, Montenegro aterrava na capital belga, enquanto em Lisboa o seu ministro da Economia, Pedro Reis, defendia ao Público/Renascença que as eleições podem reforçar a maioria à Aliança Democrática (AD). Essa é, aliás, a convicção entre alguns membros da sua equipa governativa.

Na manhã seguinte, à entrada para o Conselho Europeu, onde trocou impressões com António Costa, reiterou que “era e é desejável que não haja nenhuma perturbação política, mas a democracia tem de funcionar e de ter saída para os seus problemas”, envolvendo “o decisor último, que é o povo”.

Ao fim do dia, em conferência de imprensa (enquanto os líderes europeus começavam a jantar), sem querer falar em ter uma maioria absoluta nas legislativas, mostrou-se convicto que “o povo português tem, por larga maioria, uma satisfação com o caminho de recuperação e transformação que o Governo encetou nos últimos 11 meses“.

Certo é que Montenegro acredita que “a democracia portuguesa tem instrumentos para solucionar os problemas de estabilidade”, acrescentando ser melhor fazê-lo num “período de tempo curto do que estar a prolongá-lo e a tornar um processo de degradação lento”. Prefere assim um “processo mais célere”, tal como o Presidente da República, que atira as eleições antecipadas para 11 ou 18 de maio.

Embora Montenegro dê como adquirido a realização de eleições antecipadas com o chumbo da moção de confiança, enquanto estava reunido no Conselho Europeu, o candidato presidencial Luís Marques Mendes apelou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para fazer uma “última tentativa” junto do primeiro-ministro e do PS para evitar eleições.

Tive conhecimento muito fugaz de que havia uma proposta no sentido de esgotar todas as diligências, para poder evitar que o país tenha necessidade de auscultação do povo português. Da parte do Governo estamos a fazer aquilo que nos compete”, disse.

Montenegro esclareceu ainda que irá manter-se como líder do PSD: “A situação política é conhecida e a situação do PSD é conhecida. Não vai sofrer em alterações”, afirmou.

Montenegro defende utilização de empréstimos a condições favoráveis

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu que o país deve recorrer ao instrumento extraordinário que a Comissão Europeia propôs no valor de 150 mil milhões de euros para empréstimos a condições favoráveis, à semelhança do programa pandémico SURE.

Evidentemente que Portugal deve aproveitar a oportunidade de poder ter empréstimos e poder ter um mecanismo de flexibilidade para utilizar, sem colocar em causa a trajetória” das contas públicas, afirmou, na conferência de imprensa dominada por questões sobre a situação nacional, onde apenas duas perguntas foram relacionadas com o tema do Conselho.

Enquanto o primeiro-ministro falava com jornalistas eram divulgadas os textos do Conselho Europeu sobre o investimento em defesa, assinado por 27 países, e sobre a situação na Ucrânia, assinado por 26 Estados-membros.

Na cimeira extraordinária, que contou com a presença física do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os líderes europeus acordaram acelerar a mobilização do financiamento para reforçar o investimento em defesa, apoiando o plano “Rearmar a Europa”.

Acolhendo com “satisfação” a recomendação da Comissão de “ativação, de forma coordenada, da cláusula de escape nacional sob o Pacto de Estabilidade e Crescimento como uma medida imediata”, os líderes pediram, contudo, ao executivo comunitário que “explore outras medidas, levando em consideração as opiniões do Conselho, ao mesmo tempo em que garante a sustentabilidade da dívida, para facilitar gastos significativos com defesa em nível nacional em todos os Estados-membros”.

Ademais, pediu à instituição liderada por Ursula von der Leyen que proponha “fontes de financiamento adicionais para a defesa “inclusive por meio de possibilidades e incentivos adicionais oferecidos a todos os Estados-membros, com base nos princípios de objetividade, não discriminação e igualdade de tratamento dos Estados-membros, no uso de suas alocações atuais sob os programas de financiamento relevantes da UE, e que apresente rapidamente propostas relevantes”.

Costa, Zelensky, von der LeyenLusa

Destacou ainda a importância de “mobilizar financiamento privado para a indústria de defesa”, pedindo à Comissão que apresente medidas a este respeito, incluindo a sinalização aos investidores privados da importância da indústria de defesa, e identificou como áreas prioritárias para a ação no domínio das capacidades:

  • defesa aérea e antimísseis;
  • sistemas de artilharia, incluindo capacidades de ataque de precisão profunda;
  • mísseis e munições;
  • drones e sistemas antidrones;
  • facilitadores estratégicos, incluindo em relação à proteção do espaço e de infraestrutura crítica;
  • mobilidade militar;
  • cibernética; inteligência artificial e guerra eletrónica;

No entanto, no que toca ao texto proposto pelo presidente do Conselho sobre a Ucrânia, a posição não foi unânime, já que foi assinado por 26 Estados-membros, com a Hungria a ficar de fora. Os líderes europeus concordaram que “não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”, “não pode haver negociações que afetem a segurança europeia sem o envolvimento da Europa”, que “qualquer trégua ou cessar-fogo só pode ocorrer como parte do processo que leva a um acordo de paz abrangente” e que “qualquer acordo desse tipo precisa ser acompanhado por garantias de segurança robustas e confiáveis ​​para a Ucrânia que contribuam para dissuadir futuras agressões russas”.

“A paz deve respeitar a independência, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, pode ler-se.

Em 2025, a União Europeia prevê fornecer à Ucrânia 30,6 mil milhões de euros, com desembolsos do Mecanismo para a Ucrânia e ao abrigo da iniciativa G7 ERA, reembolsados ​​pelos lucros extraordinários decorrentes de ativos russos imobilizados.

“O Conselho Europeu apela à Comissão para que tome rapidamente todas as medidas necessárias para antecipar o financiamento ao abrigo dos instrumentos acima referidos. Também insta a Comissão e os Estados-membros a utilizarem todas as opções ao abrigo do Mecanismo para a Ucrânia para aumentar o apoio financeiro à Ucrânia“, acrescenta.

O tema voltará a fazer parte da agenda do próximo Conselho Europeu, agendado para 20 e 21 de março.

*Em Bruxelas. A jornalista viajou a convite do Conselho da União Europeia.

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Sangria nas obrigações ofusca ganhos nas bolsas. Trump 2.0 “guia” mercados para a incerteza

O sell-off nas bunds alemãs contagiou o mercado da dívida global e está a gerar preocupação, ofuscando o bom desempenho das bolsas europeias, que seguem em máximos apesar da ameaça das tarifas.

De sobressalto em sobressalto. Assim tem sido a negociação nos mercados financeiros mundiais, nesta nova era de Trump na presidência dos EUA. Depois do abalo das tarifas — com novos desenvolvimentos esta semana — , dos EUA terem ameaçado retirar-se das negociações para o fim da guerra na Ucrânia e a retirarem as ajudas ao país, forçando a Europa a assumir a dianteira e a anunciar um reforço do investimento na defesa, o sell-off nas obrigações está a minar a confiança dos investidores. E a ofuscar o brilho das ações europeias face às norte-americanas.

Depois de terem registado o maior disparo desde 1990 na última quarta-feira, os juros das bunds alemãs a dez anos, a taxa de referência, voltaram a tocar novos máximos durante a última sessão, com a yield germânica a subir para 2,929%, o valor mais elevado desde 2023.

Yields alemãs disparam após anúncio de fundo de 500 mil milhões

 

As taxas de juro alemãs têm estado a reagir à possibilidade do novo governo alemão criar um fundo de 500 mil milhões de euros para financiar as despesas com defesa e infraestruturas, para ajudar a acelerar a retoma da maior do euro. Este anúncio está a levar os investidores a pedir um cupão mais elevado para emprestar dinheiro à Alemanha, com a escalada dos juros germânicos, o mercado de referência do euro, a contagiar os juros da dívida de outros países.

A taxa de juro das gilts britânicas a dois anos fixou máximos de janeiro de 2021, enquanto a taxa a 30 anos tocou no valor mais elevado desde janeiro de 2015. No Japão, a taxa de referência a 10 anos atingiu máximos de 16 anos e a taxa a 10 anos das norte-americanas treasuries segui a acompanhar o movimento de subida, apesar de os mercados continuarem a antecipar novos cortes de juros por parte da Reserva Federal dos EUA. O juro a 10 anos das obrigações portuguesas seguia a negociar acima de 3,37%.

“A realidade é que ainda não acho que a enormidade das notícias (alemãs) tenha chegado perto de ser totalmente compreendidas e digeridas pelos investidores globais“, disse Jim Reid, do Deutsche Bank, citado pela Reuters.

“Esta é uma mudança sísmica das proporções mais épicas e talvez apenas dinheiro rápido e investidores ágeis tenham respondido até agora”, acrescentou o mesmo especialista. Também o ING concorda que “os 500 mil milhões de euros para investimentos em infraestruturas nos próximos 10 anos vão definitivamente impulsionar o crescimento alemão“.

Para Mark Haefele, diretor de investimentos da UBS Global Wealth Management, estes investimentos adicionais “só podem começar a infiltrar-se na economia no final deste ano e em 2026”. “Mas, apesar dessas ressalvas, o ousado plano fiscal tem o potencial de impulsionar o crescimento e dar suporte aos ativos da Zona Euro“, acrescentou, mencionando uma possível melhoria da confiança e um cenário mais otimista para as ações.

Os juros das obrigações mantiveram o movimento de subida, mesmo depois de o Banco Central Europeu ter anunciado um novo corte das taxas de juro de 25 pontos base. A redução, amplamente esperada pelo mercado, reduziu a taxa de referência de 2,75% para 2,5%, com a entidade monetária a apontar uma política menos restritiva. Apesar deste anúncio, a presidente Christine Lagarde destacou que há “riscos em todo lado” que impedem o BCE de se comprometer com novos cortes, com os analistas a realçarem que uma nova descida em abril não está certa para já.

Bolsas europeias seguem na dianteira

O recente sell-off nas obrigações tem ofuscado o bom desempenho das bolsas europeias, que somam e seguem, distanciando-se das praças norte-americanas, que já negoceiam no vermelho. Apesar de algum nervosismo durante a sessão, os principais índices europeus fecharam o dia em alta, com o alemão Dax a brilhar, com um novo recorde, elevando os ganhos acumulados desde o início do ano.

A bolsa alemã regista o melhor desempenho em 2024, com um ganho de quase 18%, enquanto o espanhol IBex-35 sobe cerca de 14% e o francês CAC-40 ganha mais de 11%. O índice europeu Stoxx 600, que agrega as 600 maiores capitalizações da região, também apresenta uma valorização expressiva, próxima de 10%, negociando em território de máximos. Já o português PSI segue com um ganho mais tímido, de apenas 4,9%, arrastado mais uma vez pelas ações do grupo EDP.

Depois de anos de underperformance face aos EUA, a Europa segue agora com um desempenho superior ao registado pelos índices norte-americanos, que já negoceiam com sinal de menos: o S&P 500 cai 1,76%.

Apesar do anúncio de uma série de tarifas por parte dos EUA, os mercados acionistas europeus têm reagido positivamente à resposta europeia às medidas de Donald Trump. Bruxelas comunicou esta semana um plano para mobilizar 800 mil milhões de euros para a defesa europeia, catapultando as ações do setor.

A sustentar a negociação na região tem estado ainda o forte desempenho do setor da banca, assim como a recuperação do setor automóvel, depois de os EUA terem decidido adiar por um mês a imposição das tarifas aduaneiras sobre o setor.

Ao contrário do que aconteceu no seu primeiro mandato, quando agia com o objetivo de sustentar os mercados e celebrava os recordes de Wall Street, o chamado efeito Trump parece ter desaparecido.

Desde que Trump regressou à Casa Branca a 20 de janeiro, as políticas tarifárias do republicano abalaram os mercados, minaram a confiança dos consumidores e das empresas e aumentaram os receios que estas medidas tenham um impacto negativo na economia e na inflação, que mantinha uma tendência descendente rumo ao target da Fed.

Assim, enquanto os mercados acionistas atravessam um período conturbado, o mercado da dívida apresenta-se como um foco importante para a administração republicana, com Trump determinado em reduzir a despesa.

“Hoje, as taxas de juros tiveram uma bela queda — uma queda grande, bela — já estava na hora”, disse Trump na terça-feira. “E no futuro próximo, quero fazer o que não foi feito em 24 anos: equilibrar o orçamento federal — vamos equilibrá-lo.”

Para George Cipolloni, gestor da Penn Mutual Asset Management não faz sentido “mergulhar a economia numa recessão só para reduzir a taxa a 10 anos”.

Trump mantém nuvem negra

Olhando para a frente, apesar da maioria dos analistas continuar a identificar espaço para ganhos nas ações, há uma nuvem de incerteza que continua a pairar sobre os mercados. “A atenção está agora focada em anúncios comerciais, já que os mercados ainda não descontaram totalmente o potencial das políticas de Trump. Esperamos que a volatilidade persista com qualquer notícia adicional sobre tarifas”, escreve a Amundi, numa nota de research.

Para a equipa de especialistas liderada por Mahmood Pradhan, head of global macro da Amundi Investment Institute, a apesar desta incerteza, “o ambiente de mercado provavelmente permanecerá suportado pelo atual cenário económico positivo no primeiro semestre do ano, mas a incerteza é grande. À medida que avançamos para a última parte do ano, o impacto das tarifas sobre o crescimento económico e a inflação pode levar a revisões de lucros, potencialmente prejudicando o sentimento de risco“.

Já no mercado cambial, o dólar, que recuou esta semana para mínimos de quatro meses face ao euro, deverá manter-se robusto. “Temos uma perspetiva positiva para o dólar”, diz a Amundi, realçando que antecipa que a nota verde ganhe face ao euro, “devido a fundamentais macroeconómicos contrastantes e políticas divergentes dos bancos centrais”.

A moeda única negoceia atualmente em torno de 1,08 dólares, acumulando uma valorização superior a 4% esta semana, naquela que é a melhor série de cinco dias desde março de 2009.

Já os mercados emergentes deverão continuar a ser mais penalizados pela política tarifária de Trump, em detrimento dos mercados desenvolvidos.

Entre os chamados ativos de refúgio, o ouro continua a brilhar — ainda que já tenha brilhado mais — e segue a negociar acima de 2.900 dólares por onça, animado pela procura por proteção num quadro de crescente instabilidade política e económica.

“A magnitude, o timing e o âmbito das tarifas recentemente anunciadas pela administração dos EUA permanecem pouco claros, mas a reação inicial do mercado tem sido previsível”, realça a Amundi, apontando que o seu “impacto de longo prazo é incerto“.

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LaLiga regressa às Ligas Europeias e Tebas integra o Conselho de Administração

  • Servimedia
  • 7 Março 2025

A associação das Ligas Europeias reuniu-se esta semana em Frankfurt, por ocasião do 20.º aniversário da organização, para celebrar a sua 50.ª Assembleia Geral.

Foi confirmado o regresso da LaLiga, graças ao voto dos membros que aprovaram a readmissão da competição espanhola após vários anos de ausência.

A reunião, que juntou representantes das 40 ligas que fazem parte da associação, bem como partes interessadas do ecossistema do futebol europeu, num momento, segundo um comunicado da European Leagues, “crucial para a governação e a evolução da indústria do futebol”, aproveitou também para estabelecer um novo ciclo de quatro anos com um novo conselho de administração.

Um conselho que contará com Javier Tebas, presidente da LaLiga, e que terá Claudius Schäfer, da Liga Suíça de Futebol, como presidente da European Leagues para os próximos quatro anos (2025-2029), e Mathieu Moreuil, da Premier League inglesa, como vice-presidente do organismo.

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Esporão troca vinha por olival em mais de 180 hectares da herdade no Alentejo

Grupo da família Roquette passa a comprar todas as uvas para o vinho Monte Velho a fornecedores locais. Reforça "autonomia e rentabilidade” no azeite, que já vale 20% das vendas de 50 milhões.

O histórico grupo Esporão, detido pela família Roquette, decidiu substituir 184 hectares de vinha por 182 hectares de olival biológico no âmbito de uma “reorganização estratégica” assente numa “análise criteriosa das condições agrícolas e económicas” e que vai “otimizar a utilização do solo” na herdade alentejana.

As uvas usadas para produzir a conhecida marca de vinho Monte Velho “passaram a ser compradas [na totalidade] a fornecedores locais”, com a empresa a contrapor ao ECO que esta aposta no azeite visa “reforçar a autonomia e rentabilidade” dessa área de negócio que “está a crescer bem e provavelmente ganhará ainda mais espaço no futuro”.

Com esta transformação, passa a ter ‘apenas’ 430,5 hectares de vinha no Alentejo, mas que diz serem suficientes para cobrir as necessidades de vinhos de origem com a marca Esporão (Colheita, Reserva, Monocastas, Private Selection e Torre), que é abastecida exclusivamente com uvas próprias com certificação biológica.

A empresa liderada por João Roquette esclarece que “esta operação está circunscrita ao Alentejo”, que no ano passado representou 84% das vendas do grupo nos vinhos de origem. Na Quinta dos Murças (peso de 10%) que comprou no Douro em 2008, e na Quinta do Ameal, adquirida uma década depois na região dos Verdes (quota de 6%), garante que continua a plantar e/ou a reconverter vinha.

No ano passado, em que a faturação do grupo se manteve “em linha” com o ano anterior a rondar os 50 milhões de euros, os azeites já valeram 20% do total. “Todos são elaborados com azeitonas do Alentejo, de olivais e variedades tradicionais, sendo laborados no nosso lagar da Herdade do Esporão”, realça, notando ainda que está “na calha” o alargamento da gama de vinagres.

Três em cada quatro euros (75%) continuaram em 2024 a ser faturados com os vinhos, com os restantes 5% a resultarem de atividades turísticas. A “base principal” está no Alentejo, onde tem dois restaurantes (um deles com estrela Michelin), visitas e loja. Na Quinta dos Murças e na Quinta do Ameal completa a oferta com alojamento. E “em breve” abrirá um “novo projeto [de enoturismo] em Lisboa”, no Instituto Superior de Agronomia (ISA).

Aumento de tarifas será penalizadora para os consumidores norte-americanos e com uma possível contração no consumo de vinhos importados. Dito isto, Portugal está numa posição melhor versus os seus concorrentes mais diretos.

Fonte oficial do grupo Esporão

Sobre a estimativa de vendas para 2025, fonte oficial do grupo Esporão prevê um crescimento de 5% assente sobretudo no azeite e no turismo. No vinho, o maior impulso virá da subida “acelerada” na região dos Verdes, que justifica com a “crescente procura por vinhos brancos leves, frescos e com menor teor alcoólico (…), alargamento de distribuição e aumento de notoriedade da Quinta do Ameal e [da marca] Bico Amarelo”.

Para um total aproximado de 40 mercados, com os “mais relevantes” a serem o Brasil, os EUA e o Canadá, a exportação rendeu mais de 60% das receitas de vinhos em 2024.

Como encara o provável aumento de tarifas aduaneiras por parte da administração Trump? “Penalizadora para os consumidores norte-americanos e com uma possível contração no consumo de vinhos importados. Dito isto, Portugal, pela sua pequena quota de mercado e pela relação preço-qualidade que pode oferecer, está numa posição melhor versus os seus concorrentes mais diretos”, responde.

Sovina “não está a andar tão bem”. Abandonado projeto para cultivar canábis

Controlada pela família Roquette – “não existem planos ou propostas para que deixe de ser”, assegura a empresa em resposta aos insistentes rumores no setor dos vinhos -, foi em 2018 que decidiu diversificar o portefólio nas bebidas com a aquisição da companhia ‘Os três Cervejeiros’, do Porto, que produzia e comercializava as cervejas artesanais da marca Sovina.

Na altura da compra, o CEO João Roquette assumiu que pretendia em cinco anos faturar dois milhões de euros com esse negócio. No entanto, volvido esse prazo, embora sem detalhar os valores, reconhece ao ECO que esse negócio “não está a andar tão bem como [previa]”. Aponta “desafios do lado da distribuição” e espera que “algumas mudanças” feitas no ano passado tenham “impacto já em 2025”.

“Os desafios da Sovina passam pela necessidade de ampliar a presença da marca e garantir uma maior acessibilidade ao consumidor. No último ano, a transição para a Herdade do Esporão trouxe novas oportunidades e sinergias, permitindo um alinhamento mais estratégico com o Esporão. Paralelamente, foram estabelecidas novas parcerias para reforçar a distribuição, garantindo que chega a mais pontos de venda e ao público certo, mantendo o foco na qualidade e autenticidade que caracterizam a marca”, explica a dona da cervejeira.

Outra mudança recente, concretizada no final do ano passado, foi a incorporação da sociedade Esporão Produção Biológica Lda. na Esporão SA, com o projeto de fusão consultado pelo ECO a indicar que “a alteração da atividade da empresa que se pretendeu implementar no final de 2023 não se veio, afinal, a revelar frutífera, não se justificando a sua continuidade de forma autónoma no grupo”.

Criada para gerir a exploração dos ativos biológicos do grupo, a Esporão Produção Biológica viu em 2021 essa atividade ser transferida para a Esporão SA e para Murças SA, “levando a empresa a explorar novas oportunidades, incluindo um plano estratégico para obter uma licença de cultivo de canábis para fins medicinais, que acabou por ser abandonado por questões de mercado”, revela o grupo.

No início de 2024, a empresa ainda “reorientou a sua atividade para a consultoria estratégica, ambiental e tecnológica no setor agrícola, procurando garantir a sua viabilidade económica”. No entanto, conclui o grupo alentejano, “a falta de oportunidades com escala relevante levou à decisão de integrar a empresa na Esporão SA, através de fusão”, no final do ano passado.

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Mercado em ebulição chama pelo Novobanco

Novobanco acelera preparativos para IPO para aproveitar momento dourado da banca europeia. Até ao final da próxima semana, Mark Bourke estará entre Londres e Nova Iorque em reuniões com investidores.

A banca europeia atravessa um momento particularmente positivo, com as ações dos maiores bancos da Zona Euro a acumularem uma valorização média de 32,6% desde o início de 2025. Um desempenho que supera significativamente o índice Stoxx 600, referência para as ações europeias, que regista ganhos mais modestos de 9,9% no mesmo período, ou mesmo o índice Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores empresas da Zona Euro, que subiu 13%.

Mais impressionante ainda é que 14 dos 28 maiores bancos da área do euro que integram o índice Euro Stoxx Banks acumulam valorizações superiores a 30% desde janeiro, demonstrando a robustez do setor no atual ciclo económico.

Este cenário favorável no mercado de capitais tem servido como chamariz para um particular dinamismo do ambiente de fusões e aquisições no setor financeiro europeu, que coincide justamente com os planos do Novobanco para avançar com a sua oferta pública inicial (IPO) ainda este ano até junho ou até setembro.

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As taxas de juro mais elevadas nos últimos anos e os buffers de capital significativamente melhorados têm fortalecido a capacidade dos bancos europeus prosseguirem estratégias de aquisição, permitindo-lhes capitalizar oportunidades de crescimento mesmo após a distribuição de dividendos e programas de recompra de ações cada vez mais generosos.

“Espera-se que a atividade de negociação nos mercados bancários e de capitais aumente, especialmente nos EUA e na Europa, uma vez que alguns dos fatores que inibiram as fusões e aquisições entre 2022 e 2024 parecem estar a diminuir”, destaca Christopher Sur, analista da Pwc numa análise às tendências globais de fusões e aquisições nos serviços financeiros.

É num contexto de consolidação e de forte dinamismo do setor bancário que o Novobanco mantém inalterados os seus planos para avançar com um IPO “no final do segundo trimestre ou no final do terceiro trimestre deste ano”, como já anunciou o CEO do banco.

Desde há alguns meses que o bancário europeu atravessa uma vaga de consolidação como há muito não se via, com as instituições a procurarem reforçar as suas posições de mercado, expandir a base de ativos e melhorar a rentabilidade num ambiente competitivo cada vez mais exigente. E dificilmente essa onda irá parar nos próximos meses.

“Estamos mais otimistas sobre M&A no setor bancário do que estivemos nos últimos cinco anos”, destaca a sociedade de advogados Katten numa nota publicada no final de janeiro, sublinhando ainda que “à medida que se aproxima um ambiente de margens de juros líquidas mais baixas, os credores do Reino Unido e da Europa que tinham colocado de lado negócios transformacionais, precisarão de agir rapidamente, embora com cuidado”.

Onda de fusões e aquisições na banca europeia

Os últimos meses foram marcados por operações significativas no setor bancário europeu que, de alguma forma, estão a redesenhar a paisagem. Entre as mais relevantes, destaca-se a completa absorção do Credit Suisse pelo UBS, uma operação iniciada em 2023 e cujo processo de integração continua em 2025. Este negócio representa uma das maiores reestruturações bancárias da história europeia recente.

No Reino Unido, o Nationwide finalizou a aquisição Money por cerca de 3,4 mil milhões de euros em outubro, enquanto o Coventry Building Society completou a compra do Co-Op Bank no primeiro dia de 2025 por cerca de 940 milhões de euros. Em Espanha, o BBVA continua a perseguir uma oferta hostil pelo Banco Sabadell, um negócio avaliado em mais de 12 mil milhões de euros que enfrenta o seu último teste este mês, altura em que a autoridade reguladora da concorrência poderá anunciar os resultados da sua análise.

Uma das operações mais controversas é a tentativa da UniCredit italiana de aumentar a sua participação no Commerzbank, já tendo alcançado 28% da propriedade do segundo maior banco da Alemanha. Esta movimentação gerou forte oposição política na Alemanha, deixando um alerta para a ocorrência de eventuais tensões nacionalistas que podem surgir em fusões transfronteiriças, como sucedeu com a operação sobre o Commerzbank.

O atual ciclo de consolidação no setor bancário europeu está longe de terminar. À medida que as taxas de juro começam a diminuir, é provável que a atividade de fusões e aquisições ganhe ainda mais ímpeto.

Em Itália, o cenário é especialmente dinâmico, com múltiplas operações simultâneas: a UniCredit lançou uma oferta de 10 mil milhões de euros pelo Banco BPM no final de 2024, enquanto o Crédit Agricole aumentou sua participação no mesmo banco para defender seus interesses existentes. Simultaneamente, o Banca IFIS anunciou uma oferta de 298 milhões de euros para adquirir a totalidade do capital do Illimity Bank, o Banco BPM e a Anima aumentaram conjuntamente a sua participação no Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS), enquanto o próprio BMPS anunciou uma surpreendente oferta de 13,3 mil milhões de euros pelo Mediobanca.

Em outros mercados europeus, o banco dinamarquês Nykredit avançou com uma oferta de cerca de 3,3 mil milhões de euros em dinheiro para comprar o rival Spar Nord Bank, criando assim “o terceiro maior banco da Dinamarca, com uma forte base de clientes, a maior rede de agências da Dinamarca e sólidas posições de mercado nos sectores do retalho e empresarial”, destacam as duas instituições num comunicado comum.

É neste contexto de consolidação e de forte dinamismo do setor bancário que o Novobanco mantém inalterados os seus planos para uma oferta pública inicial (IPO), prevista para ocorrer “no final do segundo trimestre ou no final do terceiro trimestre deste ano”, como confirmou Mark Bourke, CEO do Novobanco, numa nota enviada aos funcionários do banco em meados de fevereiro.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco, e a sua equipa estarão a viajar entre Londres e Nova Iorque até ao final da próxima semana em reuniões com vários investidores com o intuito de promoverem o IPO do Novobanco e assim captarem o interesse para a operação.Hugo Amaral/ECO

Coordenação global para colocar o Novobanco em bolsa

A janela temporal que Mark Bourke deu em meados de fevereiro para avançar com o IPO do Novobanco, que aponta essencialmente para junho ou setembro, não sofreu qualquer alteração, apesar da crise política em Portugal que poderá levar à ocorrência de eleições antecipadas, referiu o banqueiro esta quinta-feira na apresentação dos resultados do banco aos analistas.

A mensagem do banqueiro foi também reforçada numa entrevista à Bloomberg, com Bourke a referir que “se tudo correr bem, se conseguirmos otimizar a estrutura de capital, poderemos atingir a janela do segundo trimestre”.

É nesse sentido que Bourke mantém uma agenda intensa nos próximos dias focada em garantir o sucesso da operação. Segundo sabe o ECO, a sua agenda está preenchida com encontros com investidores em Londres e Nova Iorque até ao final da próxima semana, justamente com o intuito claro de captar o interesse dos investidores para o IPO.

O IPO do Novobanco pode traduzir-se numa operação acima de mil milhões de euros, tornando esta na maior oferta pública em Portugal desde a entrada em bolsa da EDP Renováveis em 2008.

Um dos aspetos ainda em aberto é a percentagem exata do capital do banco que será colocada no mercado. Esta alocação, que deverá variar entre 20% e 30%, estará dependente da procura por parte dos investidores. Com base numa recente estimativa dos analistas da JB Capital, que avaliam o banco entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões de euros, significa que, potencialmente, o IPO do Novobanco possa traduzir-se numa operação acima de mil milhões de euros, tornando esta na maior oferta pública em Portugal desde a entrada em bolsa da EDP Renováveis em 2008.

Para coordenar esta operação, o Novobanco já selecionou um conjunto de parceiros financeiros, como o Bank of America, Deutsche Bank e JPMorgan Chase, que foram designados como coordenadores globais do IPO, conforme confirmou o próprio CEO.

Adicionalmente, o banco inclui na equipa o BNP Paribas, a Jefferies Financial Group e a Keefe, Bruyette & Woods (KBW), ampliando assim a capacidade de distribuição internacional da oferta, segundo informações recolhidas pela Bloomberg junto de fontes relacionadas com a operação.

Este é mais um sinal de que o Novobanco continua a trabalhar intensamente na preparação do prospeto para o IPO, que ainda está dependente de uma autorização do regulador para poder realizar uma redução de capital planeada – trata-se de um elemento crucial para o avanço da operação nos prazos previstos.

O atual ciclo de consolidação no setor bancário europeu está longe de terminar. À medida que as taxas de juro começam a diminuir, é provável que a atividade de fusões e aquisições ganhe ainda mais ímpeto, com os bancos a procurarem escalar operações e aumentar a rentabilidade num ambiente cada vez mais competitivo.

Para o Novobanco, o IPO planeado representa não apenas uma oportunidade de refinanciamento para os seus acionistas atuais, mas também um passo crucial para o seu estabelecimento como um participante independente e sustentável no mercado bancário europeu.

No entanto, como prudentemente observou Mark Bourke, a Lone Star “manterá todas as opções em aberto até não estar mais presente”, sugerindo que alternativas ao IPO, como uma potencial venda a outro banco, não estão completamente descartadas.

A recente análise do CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, sobre a possível aquisição do Novobanco, bem como as declarações do CEO do Banco Comercial Português, Miguel Maya, sobre um eventual interesse no banco, ilustram o dinâmico ambiente de consolidação que caracteriza o setor atualmente.

À medida que o Novobanco avança com os seus planos de IPO e os bancos europeus continuam a explorar oportunidades de fusão e aquisição, o setor bancário europeu está a caminho de uma transformação significativa. Esta reorganização poderá potencialmente fortalecer a posição competitiva dos bancos europeus face aos seus homólogos americanos e chineses, embora o caminho para desafiar os gigantes globais seja ainda longo e complexo.

A evolução do Novobanco, de um banco problemático nascido de uma crise para um potencial protagonista de uma das maiores ofertas públicas em Portugal nas últimas décadas, que fechou as contas de 2024 com lucros recorde de 744,6 mil milhões de euros e tem disponível 3,5 mil milhões de euros para entregar aos acionistas nos próximos três anos, simboliza perfeitamente a resiliência e a contínua evolução do setor bancário europeu.

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Contas certas e ausência de reformas atenuam impacto da crise política, afirmam economistas

A queda do Governo "não é um sinal bom" e pode adiar alguns projetos, mas não vai afetar o desempenho do país. E "há tempo para preparar o OE2026", defendem economistas consultados pelo ECO.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a 4 de março, véspera da votação da moção de censura do PCPLusa

Contas públicas equilibradas, ausência de reformas profundas e política de bloco central de PSD e PS vão atenuar o impacto, na economia, da crise política provocada pelo chumbo da moção de confiança e consequente queda do Governo de Luís Montenegro. A posição é unânime entre os economistas consultados pelo ECO: Carlos Tavares, António Nogueira Leite, Manuel Caldeira Cabral e Pedro Brinca.

Os especialistas consideram ainda que, com a convocação de eleições legislativas antecipadas para 11 ou 18 de maio, “há tempo” para preparar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). Mas o novo Executivo terá de ser célere para conseguir entregar o documento na Assembleia da República até 10 de outubro.

“Não estou especialmente preocupado, porque o Governo não tem sido reformista, não há nenhuma reforma de fundo, o que se compreende porque o Governo é minoritário”, constata Carlos Tavares em declarações ao ECO. O antigo ministro da Economia do Governo de Durão Barroso considera que tem havido uma certa “política de continuidade” entre o anterior Executivo socialista e o atual, de Luís Montenegro, o que “é natural, tendo em conta a difícil geometria no Parlamento”.

António Nogueira Leite também afasta prejuízos graves para a economia, mas sobretudo porque as contas públicas estão equilibradas em Portugal. “Acho que a crise não vai afetar muito os resultados globais da economia este ano. Temos uma situação orçamental boa, temos margem, a dívida continua a descer”, defende o antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças no Governo de António Guterres.

"Não estou especialmente preocupado, porque o Governo não tem sido reformista, não há nenhuma reforma de fundo, o que se compreende porque o Governo é minoritário.”

Carlos Tavares, antigo ministro da Economia

O Ministério das Finanças estima fechar 2024 com um excedente de 0,4% do PIB e uma dívida pública a baixar para 95,9%, mas outras instituições já apresentaram projeções mais generosas. Tanto a Comissão Europeia como o Banco de Portugal apontam para um saldo orçamental positivo de 0,6%. Quanto ao rácio da dívida, o regulador liderado por Mário Centeno acredita mesmo que poderá cair para 91,2%.

O saldo deverá encolher uma décima este ano, mas ainda mantém um superávite para 0,3%, de acordo com o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). E a dívida pública continuará a trajetória descendente, fixando-se em 93,3%, de acordo com o mesmo documento.

“Este Governo não seguiu uma política económica muito diferente da do anterior Governo, não fez nenhum inflexão, reforçou o IRS Jovem que já vinha do anterior Governo e manteve o equilíbrio das contas públicas. Não houve uma viragem“, sublinha Manuel Caldeira Cabral.

"Este Governo não seguiu uma política económica muito diferente da do anterior Governo, não fez nenhum inflexão, reforçou o IRS Jovem que já vinha do anterior Governo e manteve o equilíbrio das contas públicas. Não houve uma viragem.”

Manuel Caldeira Cabral, antigo ministro da Economia

O ex-ministro da Economia do primeiro Executivo de António Costa, prevê ainda que “um futuro Governo PS não deverá ter uma política muito diferente”. “Não há o risco de instabilidade que coloque em causa a credibilidade do país e o investimento estrangeiro”, conclui.

Pedro Brinca, docente de macroeconomia na Nova SBE, alinha pelo mesmo diapasão: “Não há alterações estruturais no país nem este Governo assumiu medidas corajosas, são mais de gestão, de mercearia. E estamos a viver um momento ímpar na história das contas públicas e ainda recentemente houve um upgrade no rating da dívida pública, por isso não creio que estas eleições possam colocar isso em causa a performance da economia. Não vejo aí grande questão”.

"Acho que a crise não vai afetar muito os resultados globais da economia este ano. Temos uma situação orçamental boa, temos margem, a dívida continua a descer.”

António Nogueira Leite, antigo ministro da Economia

Na semana passada, a 28 de fevereiro, a Standard & Poor’s decidiu subir o rating de Portugal de A- para A, com perspetiva positiva. Mas, na altura, agência ainda afastava o cenário de eleições antecipadas em 2025. De lá para cá, o contexto político alterou-se, com Luís Montenegro acenar com uma moção de confiança, que tem o destino traçado: chumbo e consequente demissão do Governo.

Os economistas ouvidos pelo ECO defendem ainda que, com a ida às urnas a 11 ou 18 de maio, é perfeitamente possível preparar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) e entregá-lo na Assembleia da República até 10 de outubro.

"Estamos a viver um momento ímpar na história das contas públicas e ainda recentemente houve um upgrade no rating da dívida pública, por isso não creio que estas eleições possam colocar isso em causa a performance da economia.”

Pedro Brinca, professor de macroeconomia na Nova SBE

“Há tempo para elaborar o Orçamento do Estado”, salienta Pedro Brinca. “Há perfeitamente tempo para elaborar o OE2026”, repete Nogueira Leite. Do mesmo modo, Caldeira Cabral sublinha que “o processo orçamental não fica afetado, porque há tempo”. No entanto, alerta, “o Governo que entrar em funções terá de trabalhar apressadamente para entregar o OE2026 em outubro”.

O antigo ministro da Economia admite ainda o cenário de “um orçamento retificativo”, caso o PS ganhe as eleições, mas considera que “a prioridade será antes trabalhar no Orçamento do Estado para 2026”.

“Mais um grão na engrenagem”

O primeiro-ministro, Luís Montenegro preside à reunião do Conselho de Ministros, nas novas instalações no Campus XXI em Lisboa, 8 de agosto de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

Apesar de afastarem impactos negativos para economia, os especialistas alertam para investimentos e projetos que serão adiados. No caso da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Nogueira Leite considera que esta crise política vai ser “mais um grão na engrenagem”.

“Haverá decisões adiadas, estratégias de políticas públicas paradas. Esses são aspetos maus. E a execução de alguns projetos e investimentos, designadamente do PRR podem ser adiados. Pode haver atrasos e perda do poder negocial do Governo com as entidades privadas“, alerta Manuel Caldeira Cabral. Para além disso, “é um sinal, em termos internacionais, que não é bom para a imagem do país”, acrescentou.

De igual modo, Pedro Brinca avisa que “esta instabilidade é contraproducente, porque há trabalhos que vão ser interrompidos”.

Já em relação a grandes obras públicas como o novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiros de Alcochete ou à linha ferroviária de alta velocidade, Caldeira Cabral acredita que poderão continuar a avançar, porque “há um consenso entre os dois maiores partidos”, PSD e PS. “Não haverá uma grande diferença nas decisões e nos timings, frisa.

Para evitar adiamento de projetos, Carlos Tavares defende uma “Administração Pública forte capaz de executar os programas que já estão definidos, independentemente dos governos em funções”. “A Bélgica teve dois anos sem Governo em plena crise financeira e passou relativamente bem”, exemplificou.

Mas, “em Portugal, é muito negativo que os dirigentes da Administração Pública estejam dependentes, ligados aos governos, é isso que cria instabilidade”, criticou.

Risco de nova crise política

E depois das eleições? Os quatro economistas apontam para a manutenção do pântano político atual. “Provavelmente vamos ter um Governo com um potencial de governabilidade que não será muito melhor do que este“, sinaliza Manuel Caldeira Cabral.

Pedro Brinca também não acredita que, “das próximas eleições saia uma maioria absoluta”. “É mais provável uma maioria relativa com PSD e IL ou com PS e a restante esquerda. Havendo uma clarificação e maior estabilidade governativa, as eleições podem ser positivas”, aponta.

Para Nogueira Leite, “o maior problema é esta dificuldade, na Assembleia da República, em construir e manter maiorias estáveis”. “É um sinal que se vai ampliando e isso é muito mau, tanto em Portugal como no resto da Europa. Se continuarmos a repetir estes episódios, vamos dando combustível quem não gosta deste sistema de democracia e prefere ditaduras de esquerda ou direita”, alerta.

Caso o próximo ato eleitoral não seja suficientemente clarificador e voltarmos a ter um Governo sem uma maioria confortável no Parlamento, há o risco de nova crise política. Aí, os impactos negativos na economia poderão ser mais graves. E há ainda o risco de eventual chumbo do OE2026, sendo que, nessa altura, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está impedido de convocar eleições, porque está nos seis meses que antecedem o fim do mandato.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 7 Março 2025

Governo apresenta plano para o setor dos resíduos e Conselho de Ministros reúne-se. Banco de Portugal debate "transmissão da política monetária e mercado de trabalho". Eurostat divulga novos dados.

Com o país a viver uma crise política, a semana termina com o Governo a apresentar o plano para o setor dos resíduos e com mais um Conselho de Ministros. Ainda por cá, o Banco de Portugal debate “A transmissão da política monetária e mercado de trabalho”. Já lá fora, António Costa e Ursula von der Leyen reúnem-se com parceiros não pertencentes à União Europeia.

Governo apresenta plano para setor dos resíduos

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, apresentam esta sexta-feira o plano para o setor dos resíduos em Portugal, que estabelece uma nova visão para uma gestão eficiente e inovadora. A iniciativa acontece no Ministério do Ambiente e Energia.

Banco de Portugal debate política monetária

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), faz as honras da abertura da conferência “A transmissão da política monetária e mercado de trabalho”, no Museu do Dinheiro, em Lisboa. O que podem os bancos centrais fazer pelo mercado de trabalho ou a maior restritividade da política monetária e a robustez do mercado de trabalho são alguns dos temas em debate nesta iniciativa do BdP.

Reunião do Conselho de Ministros

Nesta sexta-feira acontece mais uma reunião do Conselho de Ministros, no Campus XXI, numa altura em que o país vive uma crise política com a iminência da queda do Governo e consequentes eleições antecipadas.

Eurostat divulga dados

O Eurostat publica os principais agregados do PIB e do emprego referentes ao quarto trimestre de 2024, assim como o índice de produção total do mercado relativo a dezembro do último ano. O gabinete de estatística da UE divulga ainda dados sobre a produção de serviços e do volume de negócios dos serviços, ambos relativos a dezembro de 2024. Também revela dados sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres em 2023, e a propósito das mulheres nos parlamentos e nos governos entre 2013 e 2023. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta da atividade dos transportes no quarto trimestre de 2024.

António Costa e Ursula von der Leyen reúnem-se

Os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, António Costa e Ursula von der Leyen, respetivamente, reúnem-se, por videoconferência, com parceiros não pertencentes à União Europeia. Entre eles estão os chefes de Governo e de Estado do Reino Unido, Islândia, Noruega e Turquia para análise da área da defesa.

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Zelensky confirma reunião com delegação dos EUA na Arábia Saudita

  • Lusa
  • 6 Março 2025

"A Ucrânia está muito interessada na paz", diz o presidente ucraniano. Zelensky confirma reunião com delegação dos EUA na próxima semana, na Arábia Saudita.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou esta quinta-feira que delegações da Ucrânia e EUA manterão conversações na Arábia Saudita na próxima semana sobre o fim do conflito iniciado com a invasão russa.

No seu habitual discurso noturno, Zelensky disse que viajará para a Arábia Saudita na segunda-feira e que a sua equipa permaneceria no país para manter conversações com funcionários norte-americanos. “Tenho programado visitar a Arábia Saudita para me encontrar com o príncipe herdeiro. Depois disso, a minha equipa permanecerá na Arábia Saudita para trabalhar com os parceiros americanos”, disse Zelensky.

“A Ucrânia está muito interessada na paz”, frisou o presidente ucraniano, duramente criticado pelo Presidente norte-americano na semana passada por supostamente estar a dificultar a “paz” com a Rússia.

O enviado norte-americano Steve Witkoff confirmou que planeia encontrar-se com uma delegação ucraniana na próxima semana, na Arábia Saudita, para discutir um cessar-fogo com a Rússia, saudando o pedido de “desculpas” de Kiev aos Estados Unidos na sequência da alteração da semana passada entre Zelensky e Trump em Washington.

“Estamos a discutir a possibilidade de coordenar uma reunião com os ucranianos em Riade, ou possivelmente em Jeddah”, disse Witkoff aos jornalistas. “A ideia é definir um quadro para um acordo de paz e um primeiro cessar-fogo”, acrescentou. O responsável sublinhou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, ficou satisfeito com a carta enviada pelo Presidente Volodymyr Zelensky após o confronto verbal entre ambos na Casa Branca, na passada sexta-feira.

Em Bruxelas, Zelensky, pediu esta quinta o apoio da União Europeia (UE) à produção militar no país, em debate no Conselho Europeu, em que participou novamente como convidado durante uma hora e meia. Segundo fonte europeia, “Zelensky congratulou-se com as iniciativas de reforço das capacidades de defesa da UE e incentivou a sua utilização para apoiar a produção militar da Ucrânia”.

À entrada para a cimeira extraordinária, Zelensky tinha já, em declarações aos jornalistas, agradecido aos líderes europeus por não o terem “deixado sozinho”, após a discussão com Donald Trump, que levou o líder ucraniano a abandonar Washington sem assinar um acordo com os Estados Unidos que lhes dava acesso a minerais.

A mesma fonte acrescentou que Zelensky manteve, durante uma hora e meia, um “debate aberto” com os seus homólogos da UE, informando-os sobre “os seus esforços diplomáticos e as suas expectativas para o futuro na perspetiva de uma paz justa, global e duradoura”.

Os líderes da UE estão hoje reunidos, em Bruxelas, numa cimeira extraordinária para debater o apoio a Kiev na sequência da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022 e o plano Rearmar a Europa, apresentado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que que prevê mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

A administração de Donald Trump, que tomou a iniciativa de negociar diretamente com a Rússia uma solução para o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia há três anos, tem defendido que constitui garantia de segurança suficiente a assinatura de um acordo-quadro entre Washington e Kiev abrindo a porta à exploração de minerais ucranianos por empresas norte-americanas.

Washington tem escalado a pressão sobre Zelensky para assinar o acordo de exploração de minerais como primeiro passo para um cessar-fogo, mas Kiev considera serem necessárias mais garantias de segurança e uma visão de longo prazo para a cessação de hostilidades, posição partilhada com os aliados europeus.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

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