Marcelo foi contra moção de confiança de Montenegro e vai marcar eleições para 18 de maio

Em pouco mais de um ano, os portugueses voltam a ser chamados às urnas para eleger os deputados à Assembleia da República, de onde sairá o novo Governo. Presidente discordou da moção de confiança.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preside à reunião do Conselho de Estado, depois de o Parlamento ter chumbado uma moção de confiança ao Governo, provocando a demissão do Executivo minoritário PSD/CDS-PP. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolve a Assembleia da República a 19 de março e decidiu marcar eleições legislativas antecipadas para 18 de maio, depois de ouvidos os partidos com assento parlamentar e consultado o Conselho de Estado, confirmou o ECO. Na reunião com os conselheiros, que durou cerca de três horas, entre as 15h e as 18h, o Chefe de Estado terá dito que foi contra a opção de Luís Montenegro de apresentar uma moção de confiança.

De salientar que o primeiro-ministro demissionário tem lugar por inerência no órgão consultivo de Marcelo, pelo que ouviu do próprio a sua discordância. Também o líder do PS, Pedro Nuno Santos, que tanto insistiu para que Montenegro retirasse a moção de confiança, integra o Conselho de Estado, por ter sido eleito pelo Parlamento.

Em pouco mais de um ano, os portugueses voltam a ser chamados às urnas para eleger os 230 deputados à Assembleia da República, de onde sairá um novo Governo. Uma crise política que surge na sequência do chumbo da moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro que ditou a demissão do Executivo.

Pelas 20h, o Chefe de Estado fala ao país a partir do Palácio de Belém, tal como já fez em ocasiões anteriores semelhantes, após cumprir os dois passos que a Constituição obriga antes de dissolver o parlamento e convocar eleições: ouvir os partidos políticos e o Conselho de Estado.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, – e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias – incluindo a do Expresso de que o grupo Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva – de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.

Segundo a Constituição, a não aprovação de uma moção de confiança implica a demissão do Executivo, o que aconteceu um ano e um dia depois da vitória da coligação AD nas legislativas antecipadas de 10 de março.

O XXIV Governo Constitucional tornou-se o segundo Executivo na história da democracia a cair na sequência da apresentação de uma moção de confiança, depois do I Governo Constitucional, em 1977, dirigido pelo socialista Mário Soares.

(Notícia atualizada às 18h49)

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Yazaki Saltano despede 364 trabalhadores na fábrica de Ovar

Fábrica de componentes automóveis alega tratar-se de uma medida necessária para salvaguardar o negócio em Portugal, no seguimento da quebra de vendas de veículos elétricos.

A fabricante de origem japonesa Yazaki Saltano vai despedir 364 pessoas na fábrica de Ovar. A empresa explica ao ECO/Local Online que está “a ser fortemente afetada pela atual situação crítica da indústria automóvel europeia. Tal como muitos outros grandes fornecedores, as vendas dos produtos Yazaki estão significativamente aquém das expectativas”.

“Neste contexto, a Yazaki Saltano de Ovar é forçada a iniciar um processo de redução de efetivos contemplando 364 colaboradores e, nesse sentido, teve já início a consulta com os representantes dos trabalhadores e sindicatos. Todos os procedimentos legais necessários foram cumpridos e foi criado um Gabinete de Apoio exclusivamente dedicado a este tema, com o objetivo de apoiar todos os trabalhadores afetados, com especial incidência na recolocação”.

Por seu turno, a câmara de Ovar indica que tomou conhecimento do despedimento esta quinta-feira e que a empresa aponta a medida como “necessária para salvaguardar o negócio em Portugal, e motivada pela crise em que está o mercado automóvel, sobretudo dos carros elétricos”.

A Câmara Municipal de Ovar assegura que irá “disponibilizar toda a ajuda que a empresa e os trabalhadores necessitem, dentro das suas competências e com os instrumentos que tem ao seu dispor, para garantir a salvaguarda económica e social das pessoas afetadas por essa decisão”.

Segundo noticia a RTP, os trabalhadores foram informados esta tarde pela administração da empresa de componentes elétricos para automóveis. Fonte do sindicato SITE Centro Norte, afeto à CGTP, indicou à estação pública que o despedimento será transversal a vários setores da fábrica e irá afetar, sobretudo, os funcionários mais velhos, que estão mais perto da idade da reforma, e os que estão há menos tempo na fábrica.

A fábrica teria excesso de trabalhadores para a produção atual, de acordo com o mesmo sindicato. A autarquia assegura ao ECO/Local Online que irá “disponibilizar toda a ajuda que a empresa e os trabalhadores necessitem, dentro das suas competências e com os instrumentos que tem ao seu dispor, para garantir a salvaguarda económica e social das pessoas afetadas por essa decisão”.

Notícia atualizada às 20h30 com número de trabalhadores e declarações da empresa

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Produtores de vinho apreensivos com tarifas dos EUA

  • Lusa
  • 13 Março 2025

Setor dos vinhos pede "uma resposta imediata, mas ponderada, de Bruxelas". E espera que o anúncio seja "mais uma das bombas que o Presidente Trump atira para o ar e que depois se arrepende".

Os produtores de vinhos estão apreensivos com o impacto das tarifas de 200% anunciadas pelos EUA, um dos principais mercados para Portugal, e esperam que Bruxelas atue, ao mesmo tempo que mostram estar cansados das ameaças de Donald Trump.

O Presidente dos EUA ameaçou esta quinta-feira a União Europeia (UE) com tarifas de 200% sobre champanhe, vinhos e outras bebidas destiladas se a tarifa de 50% da UE sobre o whisky norte-americano não cair. Segundo os dados da ViniPortugal, o mercado dos EUA representa cerca de 102 milhões de euros em exportações, sendo o segundo destino das exportações portuguesas de vinho.

“A virem a ser implementadas as tarifas aos vinhos, sobretudo na ordem de grandeza de que se fala, as nossas exportações seriam fortemente penalizadas, trazendo muitos problemas ao nosso setor vitivinícola”, avisou, em resposta à Lusa, o presidente da ViniPortugal, a associação interprofissional do vinho, Frederico Falcão.

Os EUA são o país onde a ViniPortugal mais investe, tendo em conta o potencial de crescimento do mercado. “Nesta altura, estamos muito apreensivos e preocupados com esta ameaça, que muito esperamos que não passe disto”, rematou Frederico Falcão. A associação apelou, assim, para que a Comissão Europeia e o Conselho Europeu desenvolvam esforços, de modo a que setor não seja prejudicado por esta disputa comercial.

Esta notícia não pode ser considerada boa, antes pelo contrário. O nosso principal mercado exportador, se incluirmos o vinho do Porto, é os EUA. Se retirarmos o vinho do Porto, os EUA ficam em segundo lugar e em primeiro o Brasil. [Estas tarifas] têm um impacto direto e brutal nas nossas exportações, que se vai refletir nos países concorrentes europeus, o que significa menor competitividade comercial e interna”, afirmou o presidente da Companhia das Lezírias, Eduardo Oliveira e Sousa, em declarações à Lusa.

Ainda assim, o antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) espera que esta seja “mais uma das bombas que o Presidente Trump atira para o ar e que depois se arrepende”. Eduardo Oliveira e Sousa pede agora uma resposta imediata, mas ponderada, de Bruxelas, de modo a assegurar que não se fecha uma porta.

Por outro lado, avisou que só a notícia da intenção de taxar os vinhos da UE vai ter reflexos em toda a cadeia, incluindo na cortiça. A Companhia das Lezírias, que tem cerca de 130 hectares de vinha, defendeu ainda não ser fácil precaver o impacto, lembrando que outros mercados podem aproveitar para entrar ou alargar a presença nos EUA, ocupando a nossa quota.

o administrador das Caves da Montanha, Alberto Henriques, notou que vai ter um grande impacto, tendo em conta que exportam, há mais de 40 anos, para os EUA e que este é um dos principais mercados. Contudo, desafia Trump a avançar com as tarifas.

“Hoje em dia, o Presidente Trump ameaça toda a gente com tarifas. Que desta vez não ameace, avance com aquilo que acha que deve fazer. Portugal já existia antes dos EUA. Quando ele [Trump] sair estamos de braços abertos para continuar a comprar nos EUA, a recebê-los e a vender para lá”, disse. Para Alberto Henriques trata-se de “uma questão de dignidade” e, por isso, Portugal não deve sujeitar-se a “ameaças e devaneios”.

A Caves da Montanha, que comercializa espumantes, vinhos, licores, aguardentes, bebidas espirituosas e águas, sublinhou ainda que para alguns mercados, como é o caso dos EUA, não existem alternativas comerciais, mas referiu que a estratégia terá de passar por continuar a abrir novos mercados e por dar mais foco a outras geografias. “Quando nos encostam a faca ao peito temos de avançar para cima da faca e não contra a parede”, insistiu.

Já o administrador executivo da Sogrape, João Gomes da Silva, considerou, em resposta à Lusa, que qualquer medida que gere incerteza representa um desafio, mas notou que a solidez das marcas, aliada ao interesse pelos vinhos portugueses nos EUA “permitirá ultrapassar eventuais obstáculos e continuar a crescer neste mercado”. De acordo com os dados preliminares da Sogrape, as exportações para os EUA representaram, em 2024, cerca de 20% do total.

A Sogrape, que detém marcas como a Casa Ferreirinha, Sandeman, Mateus e a Gazela, adotou uma “abordagem preventiva”, tendo reforçado o stock do seu importador nos EUA – a Evaton. “Antecipar encomendas em períodos de incerteza permite-nos assegurar a continuidade do fornecimento e responder da melhor forma às necessidades dos nossos clientes. Nos produtos críticos, reforçamos o stock para garantir cerca de seis meses de disponibilidade”, adiantou.

No primeiro semestre de 2024, as exportações totais de vinho fixaram-se em 965,8 milhões de euros (dados da ViniPortugal) e 347,5 milhões de litros. Os principais mercados de destino são França, EUA, Brasil, Reino Unido e Países Baixos.

(notícia atualizada às 19h23)

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Salão de mestrados e pós-graduações estreia na Feira de Emprego da Exponor

A Feira de Educação e Formação Qualifica mostra até sábado, na Exponor, diversas ofertas de aprendizagem. São esperados mais de 30 mil visitantes.

Um salão dedicado a mestrados, pós-graduações e formação executiva é a grande novidade da edição deste ano da Qualifica – Feira de Educação, Formação e Juventude, que decorre até sábado na Exponor, em Matosinhos. O certame vai colocar a tónica na aprendizagem ao longo da vida, num mercado competitivo, com vista à valorização profissional. São esperados mais de 30 mil visitantes, entre alunos, professores, profissionais da área educativa, associações e encarregados de educação.

O novo espaço, que ocupa uma área de destaque nesta 16.ª edição da Qualifica, conta com a participação de universidades, institutos politécnicos e escolas de negócios, com uma diversificada oferta em vários graus formativos, nomeadamente associadas à Inteligência Artificial. “Este espaço estará recheado com um conjunto de propostas para licenciados que pretendam aceder a ciclos superiores, atualizar-se e robustecer as suas competências”, conforme avança Amélia Estêvão, diretora de Marketing da Exponor.

Entre as várias ofertas do salão, destaque ainda para o “Espaço Ensino”, uma montra viva de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho, com escolas e centros profissionais. Lugar ainda para o stand “Orientação Vocacional”, com aconselhamento aos estudantes sobre o caminho profissional a seguir.

Qualifica – Feira de Educação, Formação e Juventude13 março, 2025

Oportunidades em termos de educação, formação e estágios além-fronteiras estão, por sua vez, disponíveis no “Espaço Study Abroad”.

Já na área institucional, é possível encontrar entidades como a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, o Instituto Português do Desporto e da Juventude, o Instituto de Emprego e Formação Profissional ou a Fundação da Juventude e o Turismo de Portugal.

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Governo tem 9,9 milhões de euros para produtores afetados por língua azul e tempestade Kirk

Esta medida vai permitir aos produtores afetados beneficiarem de apoios que podem chegar aos 42 mil euros por exploração, para as culturas do milho, maçã e castanha.

O Ministério da Agricultura e Pescas anunciou esta quinta-feira um apoio de 9,9 milhões de euros destinado aos produtores afetados pela língua azul e pela tempestade Kirk – que em outubro varreu as regiões Norte e Centro, destruindo cerca de 20% das culturas de milho e afetou a produção de maçã e castanha destas regiões.

Em causa está um apoio temporário e excecional de oito milhões de euros em resposta aos prejuízos provocados pela doença da língua azul e pela tempestade Kirk no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PDR2020).

Esta medida vai permitir aos produtores afetados beneficiarem de apoios que podem chegar a 42 mil euros por exploração, para as culturas do milho, maçã e castanha.

Os detentores de ovinos que tiveram quebras de rendimento inferiores a 30% e que não foram abrangidos pelo apoio concedido ao abrigo da medida anterior podem beneficiar do apoio previsto numa outra portaria, também publicada esta quinta-feira em Diário da República e com uma dotação orçamental global de 1,9 milhões de euros.

Ao mesmo tempo, é criada uma linha de crédito no valor de cinco milhões de euros, com juros bonificados e um prazo de pagamento de cinco anos, para financiar a compra de animais reprodutores ovinos em explorações afetadas pela língua azul.

Podemos dar mais este apoio ao setor, incluindo uma medida dedicada à compensação pela perda de rendimento, abrangendo danos em culturas como o milho, a maçã e castanha, prejuízos associados à Língua Azul e outros impactos significativos.

José Manuel Fernandes

Ministro da Agricultura e Pescas

“Graças à alteração ao regulamento do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), pedida por Portugal, podemos dar mais este apoio ao setor, incluindo uma medida dedicada à compensação pela perda de rendimento, abrangendo danos em culturas como o milho, a maçã e castanha, prejuízos associados à Língua Azul e outros impactos significativos, incluindo para aqueles que não foram abrangidos pelo critério dos 30%, provenientes do Orçamento do Estado” disse José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, citado em comunicado.

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Península Ibérica é a maior plataforma turística do mundo

  • Lusa
  • 13 Março 2025

Os dois países, juntos, receberam cerca de 124 turistas. “Temos de trabalhar em conjunto para nos posicionarmos enquanto a maior plataforma turística do mundo”, diz responsável da Turismo Centro.

Portugal recebeu em 2024 cerca de 30 milhões de turistas, Espanha recebeu 94 milhões, ou seja, a Península Ibérica, em conjunto, é a maior plataforma turística do mundo, disse esta quinta-feira a vice-presidente da Turismo Centro de Portugal.

Intervindo na apresentação da estratégia conjunta de promoção turística transfronteiriça, que reúne as regiões do Centro e Alentejo e a Extremadura espanhola, apresentada na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Anabela Freitas defendeu o trabalho conjunto daqueles territórios. “Temos de trabalhar em conjunto para nos posicionarmos enquanto a maior plataforma turística do mundo”, afirmou a responsável.

Na mesma sessão, Jesús Vinuales, diretor do Turismo da Extremadura, enalteceu a parceria “fruto das boas relações” entre as três regiões, argumentando que Portugal é “o fator diferenciador” do turismo naquela região espanhola, por permitir que um visitante conheça dois países. “Dois países que, antes, viraram as costas um ao outro, estão agora a apertar as mãos”, notou.

Já José Santos, presidente do Turismo do Alentejo, referiu que a parceria transfronteiriça é uma “oportunidade para transformar um produto territorial num produto comercial”.

“Precisamos de transformar essa potencialidade numa efetiva força de vendas”, alegou José Santos, adiantando que a cooperação entre as três entidades “é uma oportunidade” para tornar mais competitivo o território “em alturas do ano em que tem menos procura”.

De acordo com informação disponibilizada à agência Lusa pela Turismo Centro de Portugal (TCP), as iniciativas conjuntas previstas para este ano no âmbito da parceria incluem uma série de ações promocionais, que decorrerão em junho, em Madrid e Lisboa, junto dos meios de comunicação e que terão uma vertente de informação promocional para o público em geral.

Em novembro, em Elvas, está agendado um encontro empresarial que juntará empresários e administrações do setor turístico do Centro de Portugal, Alentejo e Extremadura.

Com esta estratégia, o viajante tem a oportunidade de conhecer dois países diferentes num único destino. Estas são regiões que têm continuidade de território e de culturas. Juntos, podemos trabalhar e fazer muito mais pelas nossas gentes, pelos nossos territórios, pela nossa identidade e cultura”, assinalou a TCP.

Sobre os produtos turísticos que podem ser promovidos em conjunto, a entidade regional de turismo apontou espaços naturais, como parques nacionais, reservas da biosfera, geoparques, reservas naturais, albufeiras e lagos, mas também a cultura e as tradições, os lugares Património Mundial da UNESCO, os castelos espalhados pelo território, as aldeias históricas ou do xisto, a gastronomia e os vinhos.

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Vitorino diz que há médicos a trabalhar na agricultura por causa da “resistência corporativa”

  • Lusa
  • 13 Março 2025

"Nós temos de nos preocupar em ir procurar os imigrantes de que precisamos e não ficar à espera que venham para cá", defendeu o presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo.

O presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, António Vitorino, atribuiu esta quinta-feira à “resistência corporativa” o facto de médicos e outros profissionais qualificados estrangeiros trabalharem em Portugal na colheita da azeitona e outras atividades de baixa qualificação.

O antigo comissário europeu falava numa conferência sobre “Pessoas e Propósito” que decorreu no Centro Cultural de Cascais, durante a qual foram debatidas, entre outros temas, as migrações e o mercado de trabalho.

Partindo do exemplo de um médico do Bangladesh a trabalhar em Portugal na colheita da azeitona, António Vitorino recordou um programa com a participação da Fundação Calouste Gulbenkian que, “há 20 anos”, permitiu que cerca de cem médicos estrangeiros que à data trabalhavam em Portugal na agricultura, na construção civil e nas limpezas passassem, mediante formação específica e com a cooperação da Ordem dos Médicos, a exercer em território nacional a sua profissão original.

“Foi possível, porque a Gulbenkian estava lá. Se tivesse estado lá, a resistência corporativa teria existido. Por que é que não fazemos isso outra vez?”, questionou, frisando que tal se aplica a outras profissões e apelando a que se faça a uma “triagem das qualificações dos imigrantes” que moram em Portugal.

O presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo defendeu ainda que o país tem de ir à procura dos imigrantes de que necessita para o mercado laboral. “Nós temos de nos preocupar em ir procurar os imigrantes de que precisamos e não ficar à espera que venham para cá”, defendeu, lembrando que a o mercado nacional necessita quer “de Einsteins” quer de pessoas com baixas e médias qualificações.

“A apanha dos frutos vermelhos continuará a ser feita por imigrantes”, sublinhou o antigo deputado socialista, que, tal como em ocasiões anteriores, insistiu que a imigração tem de ser “regulada, ordenada e segura”.

Questionado sobre como programar as necessidades de imigração e em simultâneo garantir que esta não sobrecarrega os serviços públicos e o mercado da habitação, António Vitorino reconheceu que “não há uma fórmula mágica” e que os modelos de previsão atuais “são falíveis”.

“É importante [que haja] uma política integrada”, concluiu.

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Donos da fábrica de armas de Viana do Castelo compram empresa de cartuchos

Os belgas da FNB, que detêm a fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport.

Gatilho preparado para se fechar um negócio no setor das armas que envolve Portugal. Os belgas da FNB – FN Browning Group, que detêm uma fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência (AdC) da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport Portugal.

O grupo FNB, com sede em Herstal, tem como atividade o fabrico e venda de armas de fogo militares e civis, munições e produtos conexos para todo o mundo. Em Portugal, são donos da Browning Viana – Fábrica de Armas e Artigos de Desporto, uma empresa de São Romão de Neiva (Viana do Castelo) que se dedica à produção de espingardas de caça e carabinas para caça e tiro desportivo.

Fundada em 1973, a Browning Viana emprega cerca de 600 pessoas e produz atualmente carabinas e espingardas de caça, sob as marcas Browning e Winchester, essencialmente para exportação. Segundo os dados consultados pelo ECO, 99% da produção é para exportação e o volume de negócios em 2023 fixou-se nos 81,6 milhões de euros. Em curso está um investimento de mais dez milhões de euros para modernizar a fábrica e aumentar a capacidade de produção para 200 mil armas por ano.

A mira dos donos desta fabricante foi apontada para a empresa francesa Sofisport, da qual faz parte a subsidiária Nobel Sport Portugal, que opera sobretudo no fornecimento e distribuição grossista de cartuchos e componentes. O mesmo negócio da casa-mãe (fabrico e fornecimento de munições não metálicas), de acordo com a AdC.

O regulador da concorrência informou esta quinta-feira que foi notificado desta operação no passado dia 7 de março de 2025 e está a receber observações sobre o assunto ao longo dos próximos 10 dias úteis.

“Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa devem identificar o interessado e indicar o respetivo endereço postal, email e nº de telefone. Se aplicável, as observações devem ser acompanhadas de uma versão não confidencial, bem como da fundamentação do seu caráter confidencial, sob pena de serem tornadas públicas”, detalha a AdC.

A indústria das munições europeias tem estado a trocar de mãos, mesmo antes do anúncio do reforço do investimento em defesa por parte da União Europeia. Só em janeiro, a unidade francesa da KNDS e a Texelis assinaram um acordo para aquisição do fabricante de peças para veículos. Em 2024, o processo de consolidação da indústria das armas terrestres europeias verificou-se com a compra da Arquus, francesa de veículos blindados ligeiros, pelos belgas da John Cockerill em 2024.

Quando a União Europeia propôs um plano de defesa de 800 mil milhões de euros, as ações das empresas ligadas ao setor das infraestruturas valorizaram significativamente. E os players do espaço – com um negócio historicamente bélico – também pretendem ‘fazer frente’ à maior economia do mundo e à Rússia, como confirmou o acordo entre a Airbus, a Thales e italiana Leonardo.

“Estamos a ver como ajudá-los, como colocamos as capacidades que a Europa tem ao serviço dos nossos países para resolver a pressão que a Starlink está a exercer sobre a Ucrânia”, afirmou, na semana passada, o responsável pela subsidiária espanhola da Airbus.

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Depois de “um triénio negativo”, este “é um ano de virar a página”, diz Francisco Pedro Balsemão

Corte de custos, rentabilizar o core business, digital e diversificar receitas são os eixos de atuação nos quais a Impresa se vai focar para dar a volta aos resultados. Balsemão aponta o "novo ciclo".

Francisco Pedro Balsemão, CEO Impresa.Hugo Amaral/ECO

Daqui a um ano já teremos virado a página, não tenho dúvidas nenhumas. Estou tranquilo. Obviamente que os resultados são os que falamos, mas como temos um plano, tenho esta confiança de que vamos virar a página”. É assim que Francisco Pedro Balsemão, em conversa com o +M, antecipa a situação da dona da SIC e do Expresso daqui a um ano.

Com a perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões de euros a atirar os resultados líquidos da Impresa para os 66,2 milhões de euros negativos, em 2024, o CEO do grupo frisa que se trata de “um efeito meramente contabilístico”, que “não tem impacto na atividade operacional nem tem impacto na tesouraria”.

No entanto, mesmo expurgando os efeitos da perda de goodwill da SIC e também da InfoPortugal, os números continuam no vermelho. “Os números números não mentem. Este é um ano de virar a página. Saímos de um triénio negativo, não há como dizer de outra forma. Estamos convictos que, com os planos que temos em cima da mesa, que isto é one shot. É um reajustamento. É preciso também vê-lo com naturalidade, porque faz parte da vida de uma empresa. Vemos isto como como um ciclo que se encerra e como um novo ciclo se abre”, prossegue.

O caminho para voltar aos resultados positivos passa pelo Plano Estratégico, para o triénio 2025-2028. Redução de custos, rentabilizar o core business, digital e diversificar receitas são os quatro eixos de atuação nos quais o grupo se vai focar.

No primeiro, redução de custos, vai ser implementado um plano a quatro anos, com o objetivo de poupar 10% dos custos, ou seja, cerca de 16 milhões de euros.

Com a ajuda da Kearney, a empresa “mais conhecida e, na minha opinião, a melhor no mercado nesta área de redução sistematizada e estrutural dos custos”, foi desenhado um projeto para diminuir as despesas durante dois meses, “com as equipas internas”.

“Foi coordenado pela Kearney, mas as ideias que surgiram foram das equipas internas. Escolhemos 26 ideias, 26 iniciativas”, descreve o responsável.

Os cortes de custos centram-se em quatro eixos: pessoas, conteúdos, tecnologia e infraestruturas e despesas gerais e administrativas. Na componente das pessoas, Francisco Pedro Balsemão aponta uma reorganização e optimização de processos e simplificação da estrutura.

Atualmente com 940 funcionários, a “prioridade será dada a pessoas que tenham intenção de sair e que a empresa também considere que devam sair, e as pessoas que estão em idade da pré-reforma ou mesmo já prestes a chegar à reforma”, sendo depois também avaliadas e negociadas outras saídas.

Prioridade será dada a pessoas que tenham intenção de sair e que a empresa também considere que devam sair, e as pessoas que estão em idade da pré-reforma ou mesmo já prestes a chegar à reforma

O número de funcionários abrangidos não está definido. “Não tenho números em relação às pessoas, tenho números em relação à poupança, mas não os posso revelar. O objetivo é em termos de euros, depende das pessoas que forem abrangidas e respetivos salários”, responde o CEO do grupo.

Questionado sobre a eventualidade de um despedimento coletivo, Francisco Pedro Balsemão recorda que foi uma prática “muito rara” na história do grupo. “Não é esse o nosso caminho”, assegura.

Nos custos de conteúdos, o objetivo não será diminuir qualidade, ou formatos, mas a redução será conseguida com uma maior “eficiência na maneira como estamos a produzir, a contratar os conteúdos, nas negociações com os fornecedores e com os nossos produtores”, medidas “já em marcha”.

Seguem-se as componentes de operações, tecnologia e infraestruturas, que vai desde o a negociação de contratos com fornecedores na área de tecnologia, às operações em estúdio e automatizações e, por último, as despesas gerais e administrativas, que vão desde a política de automóveis às despesas de deslocações.

Há este número global, este bolo, mas não o divido em fatias”, responde quando questionado sobre a percentagem com que cada medida assumirá no corte global.

Para além de reduzir despesa, o plano passa por “rentabilizar o core business, as principais marcas, a SIC e Expresso e SIC Notícias”. A redução dos intervalos comerciais, que avançou já em fevereiro, insere-se nestas medidas.Sinceramente, acho que os primeiros resultados têm sido francamente positivos”, aponta

“No mercado tem sido difícil fazer alterações em algumas frentes, com alguns players, com outros não, depende muito também da atitude. Mas estamos muito contentes com os primeiros resultados. Realmente melhoramos a performance dos nossos jornais nesses dias — há aqui uma relação causa efeito, as pessoas saem menos e nos breaks são mais curtos também — para o espectador acaba por ser positivo e para os anunciantes, as métricas estão à vista, os ratings comerciais são mais altos”, resume.

Na componente digital, a Opto e as assinaturas digitais do Expresso são apontadas como exemplos, com Francisco Pedro a referir que no, conjunto, as duas marcas somam cerca de 85 mil assinaturas digitais, perto de 50 mil do Expresso e 35 mil da plataforma de streaming.

Temos uma vantagem competitiva em relação a todos os nossos concorrentes em Portugal e aqui temos que pôr o pé no acelerador, porque é muito importante temos esta relação direta com os consumidores finais”, diz.

A estas, somam-se os podcasts, agora auditados pela Marktest. “Fomos nós que tomamos a iniciativa de falar com a Bauer, com o Observador, com a Renascença, e dizer ‘há aqui um imenso potencial, temos que criar um mercado, temos que criar métricas que sejam aceites por todos. Não foi muito difícil chegar a acordo”, recorda.

A terceira componente da parte das receitas, e quarta do plano estratégico, tem a ver com a diversificação das fontes de receitas, onde “temos que ser muito cirúrgicos”.

Não é possível avaliar o impacto da liderança. Nós temos uma preocupação muito grande com rentabilidade. É por isso que nós queremos continuar a lutar, é o nosso objetivo principal.

Claro que sabemos que a publicidade vai ser muito importante nos próximos anos, mas tendo em conta o contexto em que vivemos, é importante também procurar outras formas não só de fazermos melhor o que já fazemos hoje em dia na publicidade mas, não saindo muito longe daquilo que nós fazemos, desenvolver outras iniciativas”, justifica.

O festival Tribeca no “ano passado não foi rentável, mas este ano, pelo interesse que temos tido de patrocinadores, indicia que vai ser”. A compra de uma participação na Bol e o reforço da presença em evento B2C são alguns exemplos. A estes juntam-se as receitas da venda de conteúdos, como séries e novelas.

O nosso objetivo é crescer a nossa margem para valores que tivemos recentemente no ciclo positivo, de 2019, 2020, 2021. Tínhamos valores de margem de EBITA de 17% e eu acho que isso para nós seria um objetivo muito interessante. Compara com os bons players europeus. Chegar aos 17% ou 18% é francamente bom”, traça como meta.

“Vejo aqui mais oportunidades que propriamente desafios. As pessoas cada vez mais querem aceder a conteúdos audiovisuais e, se formos capazes também de nos reinventar, em termos racionais não há razões para a publicidade baixar”, aponta sobre a principal fonte de receita do grupo.

Sobre a perda de liderança no início de 2024, e o impacto que tem na rentabilidade, Francisco Pedro Balsemão responde com outros números. “Não é possível avaliar o impacto da liderança. Nós temos uma preocupação muito grande com rentabilidade. É por isso que nós queremos continuar a lutar, é o nosso objetivo principal. Nos primeiros dias de março temos a liderança do prime-time. E os targets comerciais estão muito connosco no prime-time. Continuamos com uma liderança de 46,1% (da publicidade] em FTA no ano passado, versus o nosso principal concorrente, que teve 42%, e a RTP teve 12%”.

Naturalmente que, em termos absolutos, nós não estamos a liderar e como toda a gente sabe só liderámos dois meses, o ano passado, em janeiro e em junho. Mas, no final do dia, as contas fazem-se é em euros”, diz.

Vejo a Impresa como uma empresa que tem uma estabilidade acionista muito grande e isso é uma grande vantagem. É uma empresa familiar, nós movemo-nos por ciclos. Vínhamos de um ciclo de três anos francamente positivo, que era o ciclo 2019/2020 e 2021, em que tivemos EBITDA na casa dos 29, 30 de 31 milhões de euros, e em que reduzimos muitíssimo a dívida. E depois passamos por um ciclo negativo, o triénio que agora termina”, enquadra o CEO do grupo, apontando o ataque informático do início de 2022, a Guerra na Ucrânia, a inflação e o aumento das taxas de juros, como razões para a deterioração dos resultados. “Por termos uma dívida bastante alta desde há muitos anos, sofremos mais, quando comparado com outras empresas, nomeadamente do nosso setor, que não tem essa dívida“, refere, Francisco Pedro Balsemão, recordando que a dívida vem de 2005, altura em que a Impresa SGPS comprou os 49% que não detinha da SIC.

“De 2008 para 2024, reduzimos a dívida para metade, de 259 milhões [o pico] para 130,9 milhões. A tendência é decrescente. O problema é que realmente nos últimos dois anos não conseguimos manter essa redução”, refere, admitindo que nos últimos anos houve um “foco maior no serviço da dívida” e menor no investimento no negócio.

Chegou-se então ao reajustamento do goodwill. “Em 2024, considerou-se que o ativo SIC, pelos resultados obtidos no último triénio, face ao contexto, e tendo em conta as tendências do mercado onde se insere, perdeu valor e deixou de valer tanto como está registado contabilisticamente. Tendo sido revistos os pressupostos chave utilizados nos testes de imparidade destes negócios, determinou-se uma perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões“, resume.

“Importa salientar que, pela sua natureza, estas imparidades têm cariz meramente contabilístico e não têm impacto na atividade operacional do grupo, nem comprometem a sua tesouraria”, reforça Francisco Pedro Balsemão.

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Martifer aumenta lucros 17% para 23 milhões em 2024

Empresa controlada pelos irmãos Martins e pela Mota-Engil manteve a evolução positiva registada nos últimos anos, com os proveitos operacionais a crescerem 20%, no último ano.

A Martifer fechou o último ano com um resultado líquido de 23 milhões de euros, um aumento de 16,8% face aos 19,7 milhões de euros reportados em 2023, revelou esta quinta-feira a companhia liderada por Pedro Duarte. Trata-se do melhor resultado desde 2009, quando os lucros superaram os 107 milhões.

Os rendimentos operacionais do grupo de Oliveira de Frades subiram mais de 20% para 264,5 milhões de euros, em 2024, com a construção metálica a representar 46% do total, seguida pela indústria naval, que pesou 40%, sendo a restante faturação assegurada pelo negócio das renováveis. Dois terços do volume de negócios do grupo, ou 66%, é gerado no exterior.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu de 34,1 para 38,2 milhões de euros, no último ano, com uma margem de 15% sobre o volume de negócios, segundo mostra o comunicado enviado pela companhia à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A carteira de encomendas na construção metálica e indústria naval situou-se nos 695 milhões de euros, um valor que ficou abaixo dos 753 milhões reportados um ano antes.

A dívida líquida do grupo manteve a tendência descendente, registando uma redução de cerca de 30 milhões de euros, face a dezembro de 2023, passando de oito milhões de euros, em 2023, para 22 milhões negativos. Já a dívida bruta baixou de 91 para 86 milhões de euros, com a empresa a prever continuar a diminuir o endividamento nos próximos anos.

De acordo com as projeções da empresa, a dívida bruta deverá recuar até pouco mais de 70 milhões de euros em 2028.

Os últimos anos têm sido de recuperação dos resultados e descida da dívida, após um período mais conturbado na vida da empresa. Uma estratégia de internacionalização demasiado rápida e mal avaliada, impactada pelas várias crises financeiras, aceleraram a dívida da empresa, que chegou aos 600 milhões de euros, e determinaram uma série de sete anos de resultados líquidos negativos, um período no qual acumulou 370 milhões de euros de prejuízos e atingiu capitais próprios negativos.

A recuperação dos resultados demorou vários anos e envolveu um acordo com os bancos para a reestruturação da dívida, focado no desinvestimento de negócios não core e a venda de ativos imobiliários, permitindo à empresa focar-se na sua atividade principal, a construção de estruturas metálicas.

Para o futuro, a empresa diz que continua comprometida com a execução do seu plano estratégico, o Horizonte 2030, um programa que “reflete um compromisso claro com o crescimento sustentável e a adaptação às tendências globais, especialmente em áreas como a transição energética, inovação e práticas responsáveis“.

“Os principais pilares destacados estão orientados para fortalecer a posição competitiva do grupo Martifer nas áreas de construção metálica, indústria naval e energia”, explica. Na área da construção metálica, a empresa quer continuar a reforçar o perfil exportador do Grupo, “procurando oportunidades em mercados e clientes que valorizam qualidade e excelência na organização”.

Já na indústria naval, que inclui os estaleiros da West Sea em Viana do Castelo, a Martifer está a apostar na construção de uma nova doca seca em Viana do Castelo para “expandir a capacidade de reparação e construção naval, ao mesmo tempo em que se reforça a posição do Grupo como um dos maiores estaleiros da Europa”.

Os irmãos Carlos e Jorge Martins, através da I’M, controlam 48,09% do capital e 49,18% dos direitos de voto da Martifer, enquanto a Mota-Engil detém uma participação de 37,5% do capital.

No passado mês de outubro foi divulgado que a Visabeira Indústria e a sociedade I’M celebraram um contrato-promessa compra e venda para o grupo industrial comprar uma participação de 24% do capital da empresa, tendo ainda sido assinado um acordo parassocial entre ambas as partes. A concretização deste acordo deixará a I’M e a Visabeira cada uma com uma posição de 24% no capital da Martifer.

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Resialentejo investe 11,8 milhões para cumprir plano de resíduos urbanos

Construir uma nova central de triagem de embalagens, ampliar o aterro intermunicipal e expandir a rede de ecopontos. São estas algumas das apostas da Resialentejo neste ano, para cumprir o PERSU 2030.

Resialentejo vai investir 11,8 milhões de euros em várias infraestruturas.13 março, 2025

A Resialentejo, empresa intermunicipal de gestão e valorização de resíduos urbanos do Baixo Alentejo, vai investir 11,8 milhões de euros, durante este ano, num conjunto de infraestruturas, entre elas a construção de uma central de triagem de embalagens. Para levar a bom porto este programa, a empresa vai contratar mais de duas dezenas de colaboradores, distribuídos por diferentes setores.

Este plano de investimentos visa cumprir com “as exigentes metas ambientais” do PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030, documento que contém as principais diretrizes nacionais para este setor, explana a Resialentejo. A empresa intermunicipal é responsável pelo tratamento dos resíduos urbanos dos concelhos de Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique e Serpa, num total anual aproximado de 50.000 toneladas. Serve 86.505 habitantes, numa área geográfica de 6.650 quilómetros quadrados.

No âmbito deste plano de investimento, a empresa destaca a construção da nova Central de Triagem de Embalagens, num investimento superior a cinco milhões de euros. A infraestrutura vai possibilitar a triagem das embalagens provenientes dos diferentes circuitos de recolha seletiva de materiais, designadamente ecopontos, ecocentros e circuitos de recolha seletiva Porta-a-Porta, para que possam ser encaminhadas para reciclagem.

O novo equipamento conseguirá processar três toneladas de materiais por hora, o que se traduz num importante salto tecnológico nas operações de reciclagem no Baixo Alentejo.

Resialentejo

A nova linha de triagem vai triplicar a capacidade de processamento da Resialentejo, A nova linha de triagem vai permitir triplicar a capacidade de processamento, tornando a gestão de resíduos mais eficaz. “O novo equipamento conseguirá processar três toneladas de materiais por hora, o que se traduz num importante salto tecnológico nas operações de reciclagem no Baixo Alentejo”, detalha a empresa.

Além da Central de Triagem de Embalagens, a empresa tem em carteira a obra de ampliação do aterro intermunicipal e intervenções para aumentar a capacidade do canil/gatil que serve os oito municípios do Baixo Alentejo em que a empresa opera. Acrescem investimentos ao nível do incremento da capacidade de tratamento de resíduos indiferenciados, da expansão da rede de ecopontos, além da aquisição de novos equipamentos e viaturas.

A realização de campanhas de sensibilização e educação ambiental, junto da comunidade, com atividades lúdicas e pedagógicas, de incentivo a comportamentos mais sustentáveis e amigos do ambiente, também fazem parte do programa da empresa.

Para acompanhar o “crescimento significativo da empresa e a concretização dos projetos definidos para 2025, a Resialentejo irá reforçar os seus recursos humanos, com a contratação de mais de duas dezenas de colaboradores, distribuídos por diferentes setores”.

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Perdas de imparidade arrastam resultado da Impresa para prejuízos 66,2 milhões. Corte de custos de 10% em marcha

Impresa vai implementar um plano de redução de custos, a 4 anos, com o objetivo de poupar 10% dos custos, ou seja, cerca de 16 milhões de euros.

A Impresa, dona da SIC e do Expresso, terminou o ano de 2024 com prejuízos de 66,2 milhões de euros. O número reflete uma perda, a título de imparidade, do goodwill da SIC.

“Em 2024, considerou-se que o ativo SIC, pelos resultados obtidos no último triénio, e tendo em conta as tendências do mercado onde se insere, perdeu valor e deixou de valer tanto como está registado contabilisticamente. Tendo sido revistos os pressupostos-chave utilizados nos testes de imparidade destes negócios, determinou-se uma perda por imparidade de goodwill no montante de 60,7 milhões de euros. Note-se que este valor também inclui uma imparidade que resulta da avaliação da Infoportugal, num valor naturalmente inferior ao da SIC”, explica ao +M Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo.

Importa salientar que, pela sua natureza, estas imparidades têm cariz meramente contabilístico e não têm impacto na atividade operacional do Grupo, nem comprometem a sua tesouraria“, assegura.

O resultado líquido ajustado, sem essa perda de imparidade, foi de 5,5 milhões de euros negativos, um aumento de 176,5% das perdas na comparação com o ano de 2023. Este inclui, explica a Impresa, o reforço do valor das provisões em aproximadamente 5,3 milhões de euros, na sequência da evolução dos processos judiciais em curso intentados contra o Grupo e da aferição dos respetivos riscos e responsabilidades.

O EBITDA do grupo situou-se em 18,4 milhões de euros (uma melhoria de 19,5%) e o EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 15,6 milhões de euros. O agravamento dos resultados financeiros decorre não apenas da subida das taxas de juro, mas também dos custos de lançamento das Obrigações SIC 2025-2028.

A dívida remunerada líquida registada no final de 2024 foi de 130,9 milhões, um acréscimo de 13,3% em relação ao ano anterior.

As receitas totais consolidadas da Impresa registaram um acréscimo de 0,2%, para 182,3milhões de euros. Os custos operacionais, sem considerar amortizações, depreciações, provisões e perdas por imparidade em ativos não correntes, diminuíram pelo segundo ano consecutivo para 163,8 milhões, menos 1,6% face ao valor registado em 2023“, descreve o grupo dono da SIC e do Expresso.

Analisando por áreas, a SIC obteve receitas totais de 157,5 milhões de euros (+0,9) e os custos operacionais diminuíram 0,2%, para 139,2 milhões de euros. O EBITDA situou-se nos 18,2 milhões (+9,9%, com uma margem do EBITDA de 11,6%. O EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 15,2 milhões, uma quebra de 19,7%. Os resultados líquidos da SIC, que apresenta contas à parte, foi de 4,8 milhões de euros, uma quebra de 42,2%.

Na Impresa Publishing as receitas desceram 5,1% em 2024, para os 23,4 milhões de euros, e os custos operacionais diminuíram 6,3%, para os 21,5 milhões de euros, devido à redução nos custos de produção do jornal Expresso, escreve o grupo. O EBITDA foi de 2 milhões (+ 11,5%) e o EBITDA recorrente, ajustado dos custos de reestruturação e de indemnizações pagas e recebidas, foi de 2,2 milhões de euros, uma variação negativa de 11,7%, com uma margem de 9,3%.

A Infoportugal registou receitas no valor de 1,6 milhões de euros, um crescimento de 4% relativamente a 2023. Em termos de resultados consolidados, o EBITDA deste segmento foi negativo no montante de 1,7 milhões, uma melhoria de 40,5% em relação a 2023.

As ações, refere também o grupo, terminaram o ano com uma descida de 22% face ao final de 2023. Os volumes de transação registaram uma redução de 47% relativamente ao período homólogo, refletindo uma média de 52,7 mil ações transacionadas por sessão.

Entretanto, a Impresa vai implementar um plano de redução de custos, a 4 anos, com o objetivo de poupar 10% dos seus custos, ou seja , cerca de 16 milhões de euros, avança o grupo. Para a redução da dívida, a venda das instalações é uma hipótese. “Continuamos empenhados em avaliar alternativas para reduzir o nosso nível de endividamento, incluindo a possibilidade de realizar uma operação de venda e subsequente arrendamento das nossas instalações em Paço de Arcos”, aponta Francisco Pedro Balsemão.

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