Europastry atinge vendas de 1.506 milhões de euros, mais 12% do que em 2023

  • Servimedia
  • 11 Março 2025

Continua o seu processo de internacionalização com um investimento de 19 milhões de euros numa nova fábrica de biscoitos em Oldenzaal (Países Baixos), distinguida por ser neutra em termos de carbono.

A Europastry, empresa espanhola do setor da massa de padaria congelada, fechou 2024 com vendas de 1.506 milhões de euros, mais 12% do que em 2023. Da mesma forma, o Ebitda atingiu 236 milhões de euros, um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

Por países, a Espanha continua a ser o principal mercado da Europastry, com os Estados Unidos em segundo lugar. Graças à sua estratégia de internacionalização, as vendas fora de Espanha representam atualmente 56% do volume de negócios total da empresa.

No que respeita aos diferentes canais de venda, a Europastry continua a apresentar uma sólida distribuição. A diversificação da atividade levou-a a aumentar o seu número de clientes em 10.000 (+12,5%), para mais de 90.000, nos canais da padaria artesanal, da distribuição e da restauração. Nesta linha, a empresa continua a impulsionar a inovação e a reforçar a sua liderança em diferentes segmentos, respondendo às exigências do setor. A inovação e as novas categorias de produtos lançadas nos últimos três anos representaram 22,5% das vendas totais do grupo.

“Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos, que refletem a força do nosso modelo de negócio e a nossa capacidade de adaptação às necessidades do mercado graças à mentalidade de todos os que trabalham nesta empresa. Na Europastry continuamos a apostar na inovação e no investimento que, juntamente com o nosso conhecimento e capacidades tecnológicas, nos permitem consolidar a nossa posição de liderança e traçar sólidas perspetivas de crescimento”, afirmou Jordi Gallés, presidente executivo da Europastry.

A empresa informou que continua a sua aposta na inovação com um investimento em I&D e tecnologia de 124,4 milhões de euros em 2024. Entre os diferentes projetos desenvolvidos, a Europastry inaugurou um novo centro de inovação de cereais em Barberà de Vallés (Barcelona) com uma superfície total de 2.500 metros quadrados e quatro linhas de produção para desenvolver novos produtos. A fábrica emprega 90 pessoas que concebem e produzem novos produtos de acordo com as últimas tendências do mercado.

No âmbito da sua estratégia de crescimento, a Europastry continua a reforçar a sua carteira de produtos e antecipou o arranque da sua nova fábrica de biscoitos, uma das mais avançadas tecnologicamente da Europa. Localizada na sua fábrica de Oldenzaal (Países Baixos), esta nova linha exigiu um investimento de 19 milhões de euros e destaca-se por ser “neutra em carbono”, graças ao seu forno de produção elétrico e à utilização exclusiva de eletricidade proveniente de fontes renováveis. Quando atingir a sua plena capacidade operacional, irá gerar mais de 50 postos de trabalho. Além disso, em 2024, foi lançada uma nova linha de produção de pão para a indústria da restauração em Azuqueca de Henares e iniciaram-se os trabalhos de um novo centro de produção no Carregado (Portugal), que estará operacional em 2025.

Por outro lado, a Europastry assinalou que continua a progredir nos seus objetivos ambientais e que em 2024 alcançou um “novo marco” na sustentabilidade ao obter a segunda estrela na Certificação Lean & Green, que reconhece o seu compromisso e esforços para reduzir as emissões no transporte de mercadorias. Nos últimos quatro anos, reduziu o consumo de água em 14,2%, reduziu a sua pegada de carbono em 51% e 90% da energia utilizada nas suas unidades de produção é de origem renovável.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 11 de março

  • ECO
  • 11 Março 2025

Ao longo desta terça-feira, 11 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Bruxelas desdramatiza impacto de eleições antecipadas no PRR e PT2030

“Governo empenhar-se-á para garantir que, qualquer que seja a evolução do cenário político, o impacto negativo na execução dos fundos seja tão reduzido quanto possível”, garante Castro Almeida ao ECO.

“O processo político não tem implicações diretas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, diz a Comissão Europeia quando questionada pelo ECO sobre o impacto de um eventual chumbo da moção de confiança.

Esta terça-feira o Parlamento vai votar a moção de confiança do Executivo. Se o Partido Socialista e o Chega votarem contra como anunciado, o país deverá ir para eleições antecipadas que, no entender, do Presidente da República se poderão realizar entre 11 e 18 de maio.

Há cinco meses, o ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, dizia: “Garanto que não é possível executar o PRR se houver eleições”. Desde então o Executivo entregou em Bruxelas a proposta de reprogramação da bazuca, a 1 de fevereiro, para retirar os investimentos em risco de não serem cumpridos até 30 de junho e empurrar para a frente aqueles cuja execução, apesar de possível, está atrasada.

Agora Castro Almeida garante ao ECO que “o Governo empenhar-se-á para garantir que, qualquer que seja a evolução do cenário político em Portugal, o impacto negativo na execução dos fundos, quer do PRR, quer do Portugal 2030, seja tão reduzido quanto possível”.

O exercício de reprogramação está agora a ser discutido com Bruxelas e os timings apontam para cerca de dois a três meses de discussões. Caso o Governo apresente a demissão na sequência do chumbo da moção de confiança estará em gestão todo este tempo, mas isso não parece preocupar o Executivo comunitário.

O Governo empenhar-se-á para garantir que, qualquer que seja a evolução do cenário político em Portugal, o impacto negativo na execução dos fundos, quer do PRR, quer do Portugal 2030, seja tão reduzido quanto possível.

Castro Almeida

Ministro Adjunto e da Coesão Territorial

“Os compromissos do PRR são assumidos pelos Estados-membros e não pelos governos individuais. Por conseguinte, o processo político não tem implicações diretas no PRR”, disse ao ECO um porta-voz da Comissão Europeia. “De facto, o trabalho de revisão do PRR está a decorrer a todo o vapor”, acrescentou o mesmo porta-voz.

A Comissão está atualmente a avaliar o plano revisto e, de acordo com o calendário atual, a proposta relevante da Comissão seria decidida pelo Conselho na reunião dos ministros das Finanças (Ecofin) de maio. Caberá ao Executivo de Luís Montenegro decidir se tem ou não competências para concluir o processo negocial. Recorde-se que com o Governo de António Costa, a opção foi deixar para o Executivo seguinte a submissão do quinto pedido de pagamento do PRR.

Por outro lado, ao nível dos fundos, já se iniciaram as consultas para proceder à revisão intercalar do Portugal 2030. Questionada se os trabalhos têm de parar até ser eleito um novo Governo, a Comissão Europeia recorda que “os programas da Política de Coesão são adotados e implementados numa gestão partilhada entre a Comissão e os Estados-membros, e não entre governos individuais”.

“Se este cenário se concretizar”, ou seja, se o Governo se demitir e Portugal avançar para as terceiras eleições legislativas antecipadas em três anos, “continuaremos a trabalhar com um governo interino, tanto na revisão intercalar como na execução dos programas de Política de Coesão de forma mais ampla”, acrescentou o mesmo porta-voz.

Se este cenário se concretizar continuaremos a trabalhar com um governo interino, tanto na revisão intercalar como na execução dos programas de Política de Coesão de forma mais ampla.

Porta-voz da Comissão Europeia

Nesta reprogramação serão acomodados alguns investimentos que caíram do PRR, mas que deverão continuar a realizar-se, apenas com fontes de financiamento diferentes.

“No que respeita ao Portugal 2030, a proposta de reprogramação, atualmente em elaboração, seguirá o seu curso normal de acordo com o calendário regulamentarmente previsto”, garantiu ao ECO Castro Almeida.

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Moção de confiança ao Governo tem chumbo pré-anunciado. Partidos já entraram em campanha eleitoral

Parlamento debate e vota esta terça-feira a moção de confiança. Com eleições pré-anunciadas, líderes políticos procuram controlar narrativa e atiram responsabilidades.

A política portuguesa entra esta terça-feira num novo capítulo quando os partidos votarem a moção de confiança ao Governo liderado por Luís Montenegro. Menos de um ano depois do Executivo tomar posse, o país prepara-se para ir a votos apesar de quer o Governo, quer o maior partido da oposição garantirem que não querem eleições.

Com ninguém disposto recuar e com o chumbo da moção anunciado, ao longo dos últimos dias, os principais atores políticos foram ensaiando o discurso de responsabilização pela crise política e, numa espécie desprint final, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos disputaram a atenção dos telespetadores na defesa das suas posições.

Em pouco mais de um mês, o Governo que se esperava em funções pelo menos até à primavera do próximo ano entrou em colapso. O pedido de demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias – após notícias de que criou duas empresas que alegadamente poderiam beneficiar da Lei dos Solos –, não estancou a polémica e seguiram-se notícias em catadupa sobre os negócios de membros do Governo.

“Foi uma imprudência do senhor secretário de Estado, claro que foi. E foi por isso que ele assumiu a dimensão política dessa ação”, afirmou Luís Montenegro sobre Hernâni Dias.

Contudo, dias mais tarde, foi o próprio que entrou no centro do ‘furacão’, com a empresa familiar Spinumviva e um potencial conflito de interesses com os clientes. Entre estes destaca-se o grupo Solverde, uma vez que, entre 2018 e 2022, ou seja, antes de ser presidente do PSD e primeiro-ministro, Montenegro liderou as negociações com o anterior Governo para estender o contrato de concessão dos casinos de Espinho e do Algarve ao mesmo grupo.

Entre o chumbo da moção de censura do Chega e a inviabilização da moção de censura do PCP, foi conhecido que a empresa recebe mensalmente avenças mensais de vários clientes, entre os quais a Solverde, que paga mensalmente 4.500 euros por prestação de serviços de consultadoria na área de proteção de dados.

Embora o primeiro-ministro recuse revelar a lista de clientes da Spinumviva, a sociedade acaba depois por fazê-lo em comunicado enviado às redações, no qual também divulga o nome dos trabalhadores da empresa. Após o PS anunciar que iria pedir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), Luís Montenegro anunciou a 5 de março a apresentação de uma moção de confiança.

Luís Montenegro, durante o debate da apresentação da moção de censura ao GovernoHugo Amaral/ECO

O que diz a moção de confiança em 5 pontos

  1. “O País precisa de clarificação política e, perante estas circunstâncias, este é o momento de a conseguir. Os grandes desafios internos de Portugal assim o exigem, e o preocupante agravamento do contexto internacional assim o impõe. Permitir o arrastamento do presente cenário seria contrário ao interesse nacional. E o Governo não o pode aceitar”;
  2. “Por mais infundadas que sejam as alegações e por mais clarificadoras que se mostrem as respostas do Governo, parece ter-se entrado numa espiral sem fim, em que qualquer explicação é imediatamente revirada visando suscitar uma nova dúvida sem razão, nem sentido. Esta atitude destrutiva não traz nada de útil ao regime democrático, nem aproveita a Portugal e aos portugueses”;
  3. “Tendo sido levantadas dúvidas sobre a vida profissional e patrimonial do Primeiro-Ministro, este prestou os devidos esclarecimentos e reiterou as medidas adequadas para prevenir qualquer potencial conflitos de interesse”;
  4. “Não tendo sido apontada qualquer ilegalidade, ainda assim, as oposições persistiram em fomentar um clima de suspeição desprovido de bases factuais e sem a mínima correlação com a realidade”;
  5. “Para garantir a estabilidade política efetiva, imprescindível às condições necessárias para que possa prosseguir a execução do seu Programa de transformação do País, é com pleno sentido de responsabilidade e exclusivo foco no interesse nacional que o Governo submete a presente moção de confiança”.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno SantosHugo Amaral/ECO

Qual é o objeto da Comissão Parlamentar de Inquérito?

A CPI imposta pelo PS vai centrar-se no cumprimento do regime de exclusividade pelo primeiro-ministro e as suas obrigações declarativas. Os socialistas voltaram a apelar ao Governo para retirar a comissão de confiança e que o Chefe do Governo se sujeite ao escrutínio, mas garante que voltará a apresentar a iniciativa na próxima legislatura se o Parlamento for dissolvido.

Os socialistas querem:

  • Apurar o papel e a atuação de Montenegro no quadro da Spinumviva, “seja enquanto prestador de serviços, seja enquanto detentor e beneficiário da mesma, durante o exercício de funções“. Assim, pretende verificar “as condições em que se desenvolveu a atividade efetiva da empresa no que respeita aos serviços prestados, aos recursos humanos afetos a esses serviços e à adequação dos valores faturados”;
  • Apurar o cumprimento das obrigações declarativas do primeiro-ministro enquanto titular do cargo político, nomeadamente declarar “os atos e atividades suscetíveis de gerar incompatibilidades e impedimentos, que compreende a identificação dos atos que geram, direta ou indiretamente, pagamentos, incluindo identificação das pessoas coletivas públicas e privadas a quem foram prestados os serviços”;
  • Apurar o cumprimento das regras do Código de Conduta do Governo, bem como “dos demais regimes jurídicos relevantes, designadamente o Código do Procedimento Administrativo, na avaliação, prevenção e eliminação da existência de conflito de interesses em relação aos clientes com os quais foram mantidas relações comerciais” pela Spinumviva.

O que respondeu Montenegro aos partidos

O primeiro-ministro nega qualquer mistura entre a atividade empresarial e política, garantindo que a angariação de clientes para a Spinumviva foi feita, primeiramente, do conhecimento dos sócios da empresa e, posteriormente, através do ‘passa palavra’ dos próprios clientes. Luís Montenegro continua sem discriminar os montantes recebidos por data e clientes.

As posições constam das respostas às perguntas dos grupos parlamentares do Chega e do Bloco de Esquerda, remetidas na segunda-feira à tarde ao Parlamento pelo gabinete de Montenegro. Nos documentos, o primeiro-ministro defende que a passagem das suas quotas da Spinumviva à mulher foi legal e não cometeu (nem a empresa) qualquer crime de procuradoria ilícita.

Montenegro vs Pedro Nuno Santos: o que disseram na véspera da moção

Pedro Nuno Santos acusou Luís Montenegro de um “pedido de demissão cobarde” ao apresentar a moção de confiança ao Governo, sabendo de antemão que a maioria dos partidos ia chumbar a proposta. E o secretário-geral do PS não mostrou receio de avançar para eleições antecipadas apesar das sondagens desfavoráveis.

“O primeiro-ministro, quando apresenta uma moção de confiança, sabe qual vai ser o voto do PS e da maioria do parlamento. Mesmo assim decidiu levar. (…) Não é bem uma moção de confiança, é um pedido de demissão cobarde”, disse o líder socialista, esta segunda-feira, em entrevista à SIC.

Pedro Nuno Santos considerou que o primeiro-ministro “não teve coragem de assumir as consequências do que aconteceu”, “pediu a demissão” e agora quer “transportar para a oposição aquilo que era a sua responsabilidade”. E lembrou uma frase de Francisco Sá Carneiro: “A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha”.

Minutos depois da entrevista do socialista, foi a vez de Luís Montenegro entrar nos ecrãs dos portugueses e revelar que continuaria a ser candidato às legislativas mesmo que seja constituído arguido e reiterou que não cometeu nenhum crime. “Avanço com certeza“, disse o chefe do Governo em entrevista à TVI/CNN, quando questionado sobre se manteria a candidatura a primeiro-ministro caso a Justiça o constituísse arguido.

A menos de 24 horas do debate e votação da moção de confiança no Parlamento, com chumbo anunciado e que deverá levar a eleições antecipadas, Luís Montenegro garantiu que não cometeu qualquer ilegalidade. “Tenho a convicção plena que não cometi nenhum crime. Até à data ainda ninguém me imputou nenhum crime”, afirmou.

Luís Montenegro revelou ainda que obteve uma mais-valia de cerca de 200 mil euros com a venda de ações do BCP uma semana antes de ter tomado posse como primeiro-ministro, em abril do ano passado. Mas contou que, apesar dos ganhos, foi um “investimento muito sofrido” ao longo de mais de uma década em que teve as ações.

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Decisões, anúncios e milhões. Governo de prego a fundo a caminho da demissão

Mais de 7,4 mil milhões de investimentos, nomeações e formalizações. A semana antes da moção de confiança mostrou um Governo a todo o gás, antes de passar a estar limitado a poderes de gestão.

Cumpriu-se esta segunda-feira um ano desde que a coligação PSD/CDS/PPM venceu, por pouco, as eleições legislativas. E esta terça-feira será o dia em que, caso nada de muito surpreendente aconteça, o Governo vai cair, fruto do anunciado chumbo da moção de confiança avançada por Luís Montenegro.

Segue-se, formal e obrigatoriamente, a demissão do Executivo, que a partir daí fica com poderes limitados, o que é habitualmente designado de “poderes de gestão”. Talvez por isso, ou para mostrar serviço, o Governo tem acelerado a fundo, nos últimos dias, anúncios, decisões e investimentos, de valor superior a 7,4 mil milhões de euros.

Até ao momento da demissão, o Governo mantém intactos todos os seus poderes, pelo que legalmente não se coloca qualquer questão. Luís Montenegro afirmou mesmo, na última quinta-feira, que se sentia “na plenitude do exercício da função [de primeiro-ministro]. O Governo não está limitado em nada”, afirmou aos jornalistas, à entrada para o Conselho Europeu extraordinário convocado para debater a defesa europeia e a guerra na Ucrânia. E se o disse, mais o fez, com uma bateria de anúncios e de aprovações, ainda antes da apreciação da moção de confiança.

Só em cinco dias, decorreram três reuniões do Conselho de Ministros, que habitualmente reúne uma vez por semana, embora uma dessas reuniões tenha servido apenas para formalizar a entrega da moção de confiança. O Executivo aproveitou assim para dar andamento a alguns dossiês, para fechar alguns e para concretizar alguns que já tinham sido anunciados mas aos quais faltava a definição de pormenores.

Em termos de dimensão financeira, o maior investimento anunciado foi o plano “Água que Une”, que inclui um total de 294 medidas para serem aplicadas de norte a sul do país, e que exigirá um investimento de 5 mil milhões de euros até 2030. Entre as medidas prevê-se o estudo e construção de novas barragens e de novos “empreendimentos de fins múltiplos” no Médio Tejo e Mondego.

Segue-se um plano para o setor dos resíduos, que pressupõe um investimento de 2,1 mil milhões até 2030, e que pretende diminuir a produção de resíduos e a fatia que chega aos aterros, numa altura em que estes estão a chegar ao seu limite de capacidade.

Mas há muito mais, num Governo que tem tido um ritmo elevado de decisões e de anúncios mas cuja produção claramente subiu nos últimos dias.

Na segunda-feira, no último Conselho de Ministros antes da votação da moção de confiança, mais decisões e mais investimento. Foi anunciada a conclusão da revisão de várias carreiras especiais da Função Pública, que em velocidade cruzeiro terá um custo de 200 milhões de euros por ano. O Estado vai ainda gastar 43 milhões de euros nos próximos três anos, para abrir 200 salas no pré-escolar, de forma a alargar o acesso gratuito a mais cinco mil crianças, programa anunciado no mesmo encontro.

Houve ainda o anúncio do Plano Ferroviário Nacional e de 31 obras rodoviárias, que serão realizadas pela Infraestruturas de Portugal. Por outro lado, será relançado o concurso para a construção da linha violeta do metro de Lisboa. Esta obra tinha um orçamento de 450 milhões de euros, mas tal não foi suficiente para atrair empresas interessadas, pelo que a nova versão do concurso terá de ser num valor superior.

Este preenchido Conselho de Ministros trouxe ainda a aprovação de quatro medidas do pacote de apoio à comunicação social.

Mas antes, e há menos de uma semana, mais decisões e mais investimentos. Houve o lançamento do processo para PPP nos hospitais de Braga, Vila Franca de Xira, Loures, Amadora-Sintra e Garcia de Orta (Almada-Seixal), bem como o anúncio de um investimento de 62 milhões de euros em obras em dois hospitais, em Viseu e em Évora.

Ainda na última semana, foram nomeados cinco administradores para a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde e o novo presidente para a Administração dos Portos de Sines e do Algarve.

De referir ainda, nesta frenética semana, a oficialização (já prevista para esta altura), do novo contrato de concessão da RTP; o processo de transmissão da Silopor; e ainda a fusão de serviços e criação de três novas entidades, no âmbito da reforma da orgânica do Ministério das Finanças: Entidade Orçamental, Entidade do Tesouro e das Finanças e Centro de Pessoas e Administração Pública.

Este levantamento não é exaustivo, e conta com várias medidas cujo valor de execução não foi divulgado.

E depois do adeus?

Caso se concretize o chumbo da moção de confiança – pelos votos do PS e do Chega -, esta terça-feira, a demissão formal do Governo acontecerá quase de imediato, deixando o Executivo limitado “à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos”, nos termos no artigo 186º, nº 5, da Constituição. Tendo em atenção a formulação vaga da norma e os entendimentos discordantes de vários constitucionalistas, é possível que venha a haver alguma discussão acerca do que o Governo pode ou não fazer, até às eleições que deverão decorrer até meio de maio e à tomada de posse novo Executivo.

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Travar a desagregação de freguesias volta a estar nas mãos de Marcelo se Governo cair

Se não promulgar diploma antes de marcar legislativas, novas 302 freguesias “morrem” na praia. ANAFRE ainda confia num final feliz.

A desagregação de 135 uniões de freguesias aprovada pelo Parlamento poderá não ter efeito nas próximas autárquicas, caso o país avance para eleições legislativas, no seguimento da moção de confiança do Governo. A decisão caberá ao Presidente da República, a quem a lei confere poderes para promulgar os diplomas saídos do Parlamento e a marcação de eleições. Se Marcelo Rebelo de Sousa decidir marcar a data das eleições antes de promulgar o diploma das freguesias, este não terá efeito nas próximas autárquicas.

A vitória cantada por deputados, 302 freguesias e seus fregueses no Parlamento na última quinta-feira pode ser anulada com a queda do Governo, a qual se discute nesta terça-feira no Parlamento. Depois de, a 12 de fevereiro ter vetado a primeira aprovação dos deputados à lei de desagregação de freguesias, o Presidente da República estava obrigado a deixar passar a segunda votação, efetuada no dia 6, por larga maioria dos deputados, mas a rapidez da política nacional, com a iminente queda do Governo de Luís Montenegro, restitui outro tipo de poder de “veto” a Marcelo Rebelo de Sousa. Para impedir a criação das novas freguesias, basta-lhe atrasar a promulgação do diploma da Assembleia até à marcação de eleições legislativas. Por lei, o Presidente tem oito dias após receber um diploma para tomar uma decisão.

“O problema não é de validade, é de eficácia. Se o Presidente da República não promulgar antes de marcar eleições, permanece o efeito” do diploma de desagregação, “mas só é eficaz para [as autárquicas de] 2029”, confirma ao ECO/Local Online o jurista António Raposo Subtil. As novas freguesias ficarão criadas no papel, mas “sem eficácia”, nem eleitos ou instalações, explica.

Para o presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), “o senhor Presidente da República desta vez tem de promulgar. Tem, à partida, de promulgar. O processo já lá esteve [em Belém], voltou para a Assembleia [da República], agora tem de promulgar”, afirma Jorge Veloso ao ECO/Local Online.

Desta feita, a Assembleia da República não demorou 13 dias a enviar o diploma para Belém, como fez após a primeira votação. Logo na sexta-feira, um dia depois da reafirmação da desagregação no Parlamento, o diploma foi remetido ao Presidente da República, assegura Jorge Veloso. Informação que Belém não confirma nem desmente.

Marcelo afirmou, há um mês, que não iria voltar a criar entraves caso os deputados reafirmassem a desagregação de freguesias — só o Chega e a Iniciativa Liberal se opuseram, o que deu mais de dois terços a favor do surgimento de 302 novas freguesias nas autárquicas deste ano. Contudo, na altura não se falava de um ato eleitoral nacional anterior às autárquicas, o que agora, quando se contam as horas para a votação da moção de confiança, parece inevitável.

Segundo a Lei 39/2021, que regulou o processo para candidatura das freguesias à desagregação, “não é permitida a criação de freguesias durante o período de seis meses imediatamente antecedente à data marcada para a realização de quaisquer eleições a nível nacional”.

Por uma ditadura do calendário, a partir do momento em que as expectáveis legislativas antecipadas fiquem calendarizadas (e o Presidente já avançou os dias 11 e 18 de maio como as possíveis datas), o tempo que resta até esses dias é inferior a seis meses. Caso não haja legislativas antecipadas (o que se decidirá na tarde desta terça-feira na votação da moção de confiança do Governo), o calendário voltará a ter mais de seis meses até às próximas eleições, que, nesse improvável cenário de manutenção da atual Legislatura, serão as autárquicas de final de setembro ou início de outubro.

Ao final do dia de segunda-feira, a ANAFRE viu gorada a expectativa manifestada por Jorge Veloso ao ECO/Local Online durante a manhã e reiterada ao final da tarde: “se promulgar hoje ou amanhã, [a desagregação] pode avançar, tem prazo para isso. Estou a contar que promulgue hoje [segunda-feira]”.

No site da Presidência, surgiram várias promulgações no dia 10 de março, mas nenhuma relativa à desagregação de freguesias. Não obstante, mesmo confirmando-se a queda do Governo nesta terça-feira, o chefe de Estado ainda tem tempo para cumprir o desejo das freguesias e de mais de dois terços do Parlamento. Primeiro, vai ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, segundo anunciou o próprio na semana passada. Só depois marcará eleições legislativas.

Se a Assembleia decidir chumbar a moção de confiança, em princípio haverá eleições” legislativas, reconhece o presidente da ANAFRE. Mas, salienta, “até serem marcadas [as legislativas] há hipótese” de promulgar o diploma de criação das 302 freguesias.

Veto de gaveta

Desta vez, e ao contrário do que fez a 12 de fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa não precisa de afrontar diretamente os autarcas. Basta-lhe a inércia, fazendo o chamado “veto de gaveta”, em que protela a análise do diploma que lhe chegou da Assembleia da República.

Na quinta-feira, no Parlamento, PSD e PS deram nota do respeito pelos alertas de Belém, centrados sobretudo na escassez de tempo até às autárquicas de setembro ou outubro para implementar todo o trabalho de desagregação das 135 uniões de freguesias. Contudo, feita a ressalva, ambos os partidos explicaram por que não as tornavam em letra de lei.

“Qualquer mensagem dirigida ao Parlamento pelo senhor Presidente da República deve ser ouvida, deve ser escutada, deve ser considerada. Ponderámos muito as palavras do senhor Presidente da República na fundamentação do veto exercido”. Dito isto, os social-democratas explicaram: “dessa ponderação, concluímos que parar esse processo violaria de forma desnecessária e injustificada as legítimas expectativas das populações”.

Já os socialistas disseram que as palavras de Marcelo “mereceram a devida análise” e enalteceram “o papel fundamental do Presidente da República”, mas, relativamente às dúvidas de Marcelo, o grupo parlamentar “discorda das mesmas, pelo que irá confirmar o diploma”. E assim fizeram os socialistas, tal como os social-democratas, bloquistas, comunistas, o PAN e o Livre.

A Iniciativa Liberal, que tinha ficado a falar sozinha na votação inicial da desagregação de freguesias, a 17 de janeiro, teve agora, a 6 de março, a companhia do Chega, que antes se abstivera.

Só o Presidente da República sabe se as 135 uniões de freguesias se poderão desagregar já em 2025. Quando os deputados e as freguesias já julgavam ter derrubado a vontade de Marcelo e faziam a contagem decrescente para o ato eleitoral em 302 novas freguesias no segundo semestre, o Governo e a oposição, com a crise política, deram espaço ao Presidente para derrubar a desagregação por KO.

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Setor da água aplaude nova estratégia, mas Algarve queixa-se

No sul do país, onde a seca é mais severa, representantes dos municípios e do turismo apontam necessidades não atendidas e consideram que o investimento na região deveria ter mais peso no novo plano.

O setor da água, na generalidade, considera positiva a estratégia “Água que Une”. A atenção que é dada à eficiência e reutilização de água são dois dos pontos mais destacados. Contudo, o Algarve, na voz do presidente da Comunidade Intermunicipal e do líder da associação de Turismo, afirma que não está a ter a devida atenção.

Este domingo, dia 9 de março, o Governo apresentou a estratégia ‘Água que Une’, que inclui um total de 294 medidas para serem aplicadas de norte a sul do país, e que exigirá um investimento de 5 mil milhões de euros até 2030. Entre as medidas prevê-se o estudo e construção de novas barragens e de novos “empreendimentos de fins múltiplos” no Médio Tejo e Mondego, mas também várias medidas de melhoria da eficiência do setor e a aposta na reutilização de água.

Qualquer estratégia é positiva, para mais uma que vem fazer face ao desafio que é muito particular da região do Algarve mas é um desafio nacional”, diz André Gomes, presidente do Turismo do Algarve. O diretor-geral da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, Firmino Cordeiro, entende que “fazia falta o que foi feito. Não está concluído, mas já se partiu muita pedra em relação ao que havia”. Outro ponto forte, para os agricultores, é a ambição “grande” nos tempos de execução – duas décadas – já que “é de extrema importância para o país que sejamos céleres”.

O essencial relativamente aos recursos hídricos está lá contemplado“, dando uma “grande importância” à questão da eficiência, com a resposta às largas perdas que se verificam atualmente na rede, e reforçando o investimento na reutilização de água, aponta Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS). O mesmo considera que “é uma boa opção valorizar a agricultura”, o que o plano faz, ao procurar aumentar as disponibilidades de água para o setor.

Como pontos a favor, a associação ambientalista Zero considera também “de louvar” prioridades como o aumento da eficiência hídrica e promoção do uso racional da água, a redução das perdas de água nos sistemas de abastecimento e a promoção da utilização de água residual tratada. “Parece-me que [a estratégia] reflete um bom diagnóstico das necessidades de investimento do setor, nomeadamente, ao nível das infraestruturas“, avalia, por sua vez, o CEO do grupo Indaqua, Pedro Perdigão.

"Parece-me que [a estratégia] reflete um bom diagnóstico das necessidades de investimento do setor, nomeadamente, ao nível das infraestruturas.”

Pedro Perdigão

CEO da Indaqua

Para o CEO da Indaqua, os “fortes investimentos” na reabilitação da rede só serão possíveis assegurar com o apoio dos operadores privados, “mas o contributo que estes podem dar vai muito além da disponibilização de capital”. Espera que estes possam colocar os seus conhecimentos e experiência ao serviço da eficiência, e que, nesse sentido, o plano preconize “uma verdadeira aposta em modelos de gestão que incentivem a eficiência“.

Firmino Cordeiro mostra-se igualmente satisfeito com as iniciativas no âmbito da economia de água, das perdas na distribuição e à aposta na reciclagem de água. Maior armazenamento, maior recuperação e maior eficiência são três pontos-chave para os agricultores, que o diretor-geral da AJAP aponta como estando presentes na estratégia. Elogia ainda o facto de, apesar de a seca se verificar com mais intensidade no Algarve e Alentejo, ter sido abordada de um ponto de vista nacional.

Já o responsável pelo turismo na região algarvia destaca pela positiva o investimento “forte” em infraestruturas e ações que promovem, no seu entender, uma coesão territorial “que devia existir ao nível da água”.

Olhando aos benefícios para o setor do turismo em particular, André Gomes realça como positiva a reforçada aposta, patente no plano, em águas tratadas quer para a rega, quer para a agricultura.

Barragens e empreendimentos dividem opiniões

Com a referência do plano às novas barragens, António Pina assinala pela positiva “alguma disponibilidade para rasgar com preconceitos”. Os agricultores, como já referido, apontam a construção de nova capacidade de armazenamento como um dos pontos-chave da estratégia.

Já os ambientalistas apontam como “duvidosa” a aposta “no forte aumento” da oferta de água, sublinham que o impacte ambiental das barragens “é enorme” e afirmam que há o risco de não existir disponibilidade de água suficiente para encher novas barragens e abastecer as áreas de regadio associadas. Nomeia, em particular, o caso de Alportel. “O risco de um investimento elevado resultar numa estrutura subaproveitada ou ineficaz não pode ser ignorado”, remata. Neste sentido, a mesma entidade apela a um processo de consulta pública alargado.

"O risco de um investimento elevado [em novas barragens] resultar numa estrutura subaproveitada ou ineficaz não pode ser ignorado.”

Associação Zero

Comunicado à imprensa

No que diz respeito aos empreendimentos de fins múltiplos, semelhantes àquele que existe no Alqueva, o representante dos agricultores diz-se “completamente de acordo”. No caso do Tejo, é particularmente útil dado que, apesar de já possuir uma vasta cultura de regadio, alimenta-a muito à base de furos, explica, o que não é desejável.

No Mondego, a seu ver, a utilidade deste tipo de empreendimento estará mais na capacidade de gerir melhor e armazenar mais água, numa zona na qual o acesso este recurso não é escasso. Destaca ainda como positiva a indicação de que barragens como a do Baixo Sabor deverão deixar de ter uma funcionalidade estritamente de geração elétrica, e passar a dispor de água para a agricultura.

Para Francisco Ferreira, presidente da Zero, “cada caso é um caso”, e tudo depende dos volumes em causa e da justificação para os utilizar. Quase todas as barragens acabam por ter fins múltiplos, indica, dos quais são exemplo o lazer, abastecimento de agua para consumo humano, agricultura, regularização de cheias, produção elétrica. O conceito nasceu há umas décadas, com a “expressão máxima” em Portugal no Alqueva.

No âmbito desta estratégia, o presidente da Zero entende que os fins múltiplos são mencionados na lógica de considerar o uso agrícola, o que “pode tirar disponibilidade a outros usos”, sendo que o consumo humano é a prioridade habitual. Na sua opinião, deve primeiro investir-se na eficiência, que “vem primeiro na ordem das prioridades”, e apenas depois avançar para estas soluções, que no plano “estão pouco justificadas”.

Algarve insatisfeito

Olhando à incidência maior que este problema tem no sul do país, “gostava de ver um peso maior [de medidas] no sul”, contrapõe, contudo o líder do Turismo no Algarve, apontando os largos milhões que estão previstos no programa e não se dirigem à região do Algarve.

Para esta região, está previsto um investimento de 350 milhões de euros em medidas de médio prazo para o aumento da resiliência do sistema de abastecimento, com horizonte de 2024 a 2035 e o Plano de Recuperação e Eficiência como fonte de financiamento, e um programa a longo prazo para aumento da disponibilidade de água no sistema de abastecimento público, no valor de 45 milhões, a executar entre 2035 e 2042. Está ainda orçada a modernização do aproveitamento hidroagrícola de Silves, Lagoa e Portimão (12 milhões) e conclusão da mesma no Alvor (45 milhões), a produção de água para reutilização (33 milhões, até 2026) e, finalmente, o estudo de viabilidade de construção das barragens de Foupana e Alportel.

Uma das questões que considera “imprescindíveis”, e que não está prevista no documento, são ligações das barragens do Algarve ao Alqueva. “É urgente efetivar um conjunto de investimentos no sentido de dotar região de resiliência e redundância que nos permita não estar sempre em alerta”, defende.

"No que diz respeito ao Algarve, esta estratégia não acrescenta nada.”

António Pina

Presidente da AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve

A necessidade de ligar o Algarve ao Alqueva é também sublinhada pelo presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina: “é essa a nossa preocupação de momento”, diz. De resto, considera, “no que diz respeito ao Algarve, esta estratégia não acrescenta nada”, com exceção dos estudos para a construção das barragens de Alportel e Foupana.

Para António Pina, o que o Governo faz nesta estratégia é, essencialmente, “estender ao resto do país o que a região do Algarve fez há cerca de cinco anos” no âmbito da sua estratégia para a Eficiência Hídrica. Apesar de entender esse intuito como positivo, olhando ao geral da estratégia, na ótica deste responsável, esta é “pouco mais que um power point apresentado à pressa para o período que se avizinha [de possíveis eleições]” e “um trabalho ainda incipiente”, tendo em conta por exemplo as várias medidas que ainda não têm identificada a fonte de financiamento.

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Um quarto de século depois da crise das ‘dot-com’, há outra bolha a caminho?

Euforia em torno das empresas de IA tem gerado pontos de comparação com o que aconteceu na bolha das tecnológicas no início dos anos 2000, com os investidores a investirem de forma indiscriminada.

10 de março de 2000. O índice tecnológico Nasdaq bate novos máximos. A partir daí, o mercado inicia um ciclo com um único sentido: o da descida. Depois de meses de euforia, e sem verem os resultados das empresas a acompanhar os elevados preços que estavam a pagar pelos títulos, os investidores, desiludidos, começam a despejar as suas ações no mercado. Um quarto de século depois, o entusiasmo em torno das tecnológicas, nomeadamente da inteligência artificial (IA), faz lembrar o que se viveu no final da década de 90. Estará o mercado perante uma nova bolha?

Um ponto em comum com a atualidade é quando estamos a olhar para temas como a transição energética, baterias, IA ou semicondutores: há investidores que admitem pagar 60 ou 100 vezes o resultado anual na expectativa de que as empresas acelerem os lucros. Historicamente não se observam esses ganhos de produtividade”, explica João Queiroz, recordando esses loucos anos nas bolsas. O head of trading do Banco Carregosa lembra que “havia um grande entusiasmo” dos investidores relativamente a tomar risco.

Mas este entusiasmo cedeu ao “desencanto” quando se percebeu que os resultados não apareciam.

Foi precisamente esta promessa de ganhos elevados de novas empresas ligadas à internet e a outras tecnologias que agigantou as cotações destes negócios, que chegavam ao mercado com avaliações estratosféricas e rapidamente escalavam em bolsa, sem apresentarem fundamentais que o justificassem.

Das centenas que entravam no mercado, muito poucas sobreviveram — ainda que tenham nascido por esta altura alguns ‘campeões’, como a Google (agora denominada Alphabet), cujas ações foram vendidas no IPO a pouco mais de dois dólares (2,13 dólares) e que valem atualmente cerca de 166,5 dólares.

A Alphabet, dona da Google, liderada por Sundar Pichai, nasceu em 1999EPA/RAJAT GUPTA

Em 1999, o mundo vibrava com o avanço das novas tecnologias e os desenvolvimentos que surgiam. A internet era uma novidade e as potencialidades eram imensas. Quando as taxas de juro começaram a subir e o financiamento a desaparecer, estas “estrelas em ascensão” começaram a cair. E grandes empresas que ainda hoje existem não escaparam ilesas.

Entre 1995 e o máximo de março de 2000, o índice tecnológico Nasdaq disparou 800%, antes de cair 78% desde o pico, até outubro de 2002, evaporando todos os ganhos registados neste ciclo.

A Cisco, que se tornou a empresa mais valiosa no mundo, viu o preço da ação afundar 88% — uma desvalorização da qual ainda não recuperou.

Já as ações da Amazon dispararam em 1999, antes de tombarem 90% quando a empresa — então conhecida como uma livraria online — foi atingida por uma crise de confiança no início dos anos 2000. No entanto, as ações da Amazon subiram de forma espetacular desde então, com a empresa a ter hoje uma das maiores capitalizações do mundo.

Um quarto de século após a bolha das dot-com ter rebentado, os mercados têm vivido um novo momento de euforia nas ações tecnológicas, mais concretamente, nas empresas ligadas à IA, apesar das quedas das últimas sessões devido aos receios com as políticas protecionistas de Donald Trump.

“Onde estamos no ciclo agora é muito similar a onde estávamos entre 1998 e 1999”, disse Ray Dalio, o influente investidor que fundou a Bridgewater Associates, ao Financial Times. “Em outras palavras, há uma nova tecnologia importante que certamente mudará o mundo e será bem-sucedida. Mas algumas pessoas estão a confundir isso com os investimentos sendo bem-sucedidos.”

As chamadas 7 magníficas — Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta Platforms (Facebook), Microsoft, Nvidia e Tesla — têm registado ganhos surpreendentes, com capitalizações bolsistas de biliões de dólares. O otimismo em torno da IA tem acelerado o movimento de subida, com estas empresas a prometerem investimentos de milhares de milhões para desenvolver esta tecnologia.

Estima-se que Meta, Microsoft e Alphabet invistam 200 mil milhões em IA apenas este ano, o equivalente a cerca de um quarto das suas receitas. O caso da chinesa DeepSeek, que conseguiu desenvolver um modelo de IA concorrente do ChatGPT por uma pequena fração do custo deste último, veio suscitar dúvidas sobre os elevados investimentos que estão a ser direcionados para a IA nos EUA.

Mesmo com todas as dúvidas em torno destes modelos, a verdade é que estas mega capitalizações continuam a apresentar valores de valorização muito elevados, com os especialistas a argumentarem que a IA vai fazer parte de todos os setores de atividade.

A escalada das empresas do setor, alimentada pelos disparou das megacap, levou os índices acionistas norte-americanos a baterem sucessivos recordes ao longo dos últimos anos, com o índice Nasdaq a valer hoje mais de quatro vezes o que valia no pico da bolha das dot-com. E daqui em diante?

2025 tem-se revelado, para já, um ano difícil para as tecnológicas. Esta segunda-feira, o Nasdaq esteve a descer mais de 4%. Empresas como a Nvidia, Tesla e Palantir têm sido penalizadas pelo nervosismo dos investidores desde o início do ano.

A Nvidia desvaloriza cerca de 15% em 2025, enquanto a Tesla desce 26%. A Palantir, especializada em plataformas de software que permitem a tomada de decisões orientada por IA, afunda 20% desde o início do ano. Desempenhos que levantam alguns receios, no ano que se comemora o 25.º aniversário da bolha das dot-com.

“Entendendo a bolha para investir em ativos cuja avaliação está muito descorrelacionada dos resultados, há essa possibilidade [de uma nova bolha], porém também se verifica que estas cotadas têm balanços muito diferentes”, refere João Queiroz. “Há uma preocupação que não havia por parte dos acionistas e dos stakeholders. Têm um grau de exigência diferente”, remata.

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Son Vell (Menorca), entre os 24 destinos mais exclusivos e únicos do mundo, segundo o “The Times”

  • Servimedia
  • 11 Março 2025

Os destinos selecionados representam uma visão que vai além da exclusividade material, dando prioridade à sustentabilidade, autenticidade, atenção aos detalhes e ligação com o ambiente.

O jornal britânico ‘The Times’ publicou uma lista dos 24 destinos mais exclusivos do mundo, uma seleção feita pela jornalista de viagens Gemma Bowes que destaca destinos “excecionais” em cenários privilegiados que oferecem uma experiência única.

Entre os selecionados está Son Vell, um hotel “que representa o luxo sustentável” no coração de Menorca. Os seus promotores destacam que “combina elegância, tradição e sustentabilidade num cenário natural inigualável. Localizado numa propriedade histórica do século XVIII, o Son Vell destaca-se pela sua integração na paisagem de Menorca, oferecendo uma experiência de desconexão total com foco na sustentabilidade e na cultura local. A sua arquitetura tradicional restaurada, a sua oferta gastronómica baseada em produtos locais e os seus extensos jardins fazem dele a escolha ideal para quem procura exclusividade sem sacrificar a autenticidade”.

A seleção do Times também inclui Lanzarote e a coleção de espaços criados pelo artista César Manrique, incluindo o Jardim dos Cactos, a Casa Museo César Manrique em Haría, uma casa caiada de branco no seu estilo inconfundível, e os Jameos del Agua, um espetacular sistema de cavernas que outrora albergou uma discoteca. Para alojamento, Finca Tomaren oferece villas nas paisagens vulcânicas do interior da ilha. Também em Haría, La Casa de los Naranjos é um fabuloso boutique hotel que combina charme e exclusividade.

Para além disso, a lista inclui uma variedade de destinos remotos, refúgios únicos e hotéis elegantes. Entre eles, Kandy, no Sri Lanka, aninhado nas colinas centrais do Sri Lanka, combina misticismo e uma exuberante beleza tropical. A partir da Kandy House, uma mansão com 200 anos de idade, rodeada de jardins, pode ouvir-se os cânticos dos monges ao pôr do sol e oferece uma atmosfera única.

Também Uma Paro (Butão). O Butão está a emergir como um destino de sonho que cada vez mais viajantes quererão descobrir. Explore o icónico mosteiro Tiger’s Nest ou embarque no desafiante Jomolhari, um trekking de dez dias e regresse ao hotel Uma Paro para desfrutar da sensação de bem-estar com um banho de pedras quentes, uma tradição local que é normalmente feita à beira do rio com pedras aquecidas pelo fogo.

Outro destino é Doro Nawas (Namíbia). Um deslumbrante alojamento em estilo de fortaleza no topo de uma escarpa, rodeado por vastas paisagens, rinocerontes negros, elefantes adaptados ao deserto e arte rupestre antiga, este local oferece safaris únicos e villas com camas que podem ser levadas para o exterior para dormir sob um céu estrelado.

Tal como o Coral Reef Club (Barbados). As suas suites com acesso direto à praia oferecem uma experiência de luxo tropical. Para um contraste mais rústico, o Eco Lifestyle + Lodge, na costa leste selvagem, permite-lhe desfrutar das ondas a partir de uma rede na varanda. Uma combinação perfeita de elegância e natureza num paraíso das Caraíbas.

Também na lista está o Château des Milandes, na Dordogne (França). Uma joia na região de Dordogne, outrora casa da icónica Josephine Baker, cantora, dançarina, ativista e possível espia. Construído em 1489, o castelo combina a história medieval com o toque art deco que Baker acrescentou, e é agora um museu fascinante com a sua extravagante casa de banho inspirada em garrafas de perfume.

Plus Grand Hotel Duchi d’Aosta, Trieste (Itália). Situado na majestosa Piazza Unità d’Italia, oferece quartos sofisticados e uma experiência gastronómica inigualável para uma estadia de charme com uma cozinha excecional.

Outro destino é Anakolodge, Val d’Hérens (Suíça). O Anakolodge transformou antigas cabanas alpinas (mazots e raccards) em edifícios minúsculos, com varandas e telhados de duas águas. Alojamentos únicos que mantêm o seu encanto rústico, mas com um toque moderno: interiores com cozinhas de betão à vista, uma parede de escalada numa varanda e banheiras de hidromassagem a lenha ao ar livre.

Zu Nillu. Favignana, Ilhas Aegadianas (Sicília). Uma villa única construída numa antiga pedreira romana, com imponentes muros de pedra e escadas que ligam a piscina, os terraços e um palco ao ar livre. Um retiro exclusivo num canto paradisíaco do Mediterrâneo, com um caminho privado que conduz a uma enseada secreta para nadar em águas cristalinas.

E depois há o Lord Crewe Arms, em Blanchland (Northumberland). Construído sobre as ruínas de uma abadia de 1165, o Lord Crewe Arms é uma encantadora estalagem rural nos Peninos do Norte, uma Área de Beleza Natural Excecional. A sua atmosfera histórica é sentida nas suas escadas de pedra, salas de jantar medievais e uma cripta abobadada convertida em bar.

A lista do Times é completada por outros destinos e alojamentos em todo o mundo, cada um com o seu próprio caráter distintivo. Estes incluem Tayka del Desierto (Bolívia), um hotel extremo e fascinante, considerado um dos mais altos do mundo; The Josef Kreidl Hütte, Jochberg (Áustria). Para uma escapadela de esqui com uma diferença, esta antiga estalagem de esqui permite-lhe esquiar por uma rota cénica ou fora de pista. Pura magia alpina; Kestle Barton (Cornualha), uma antiga quinta convertida em acolhedoras casas de férias num cenário arborizado, oferecendo uma estadia elegante e tranquila junto ao rio Helford; Borradill, Ardnamurchan (Escócia), um retiro moderno de design escandinavo na costa ocidental selvagem da península de Ardnamurchan, Borradill, no coração da natureza selvagem com vistas deslumbrantes sobre Loch Sunart; Coed y Bleiddiau, Blaenau Ffestiniog (País de Gales), uma encantadora casa ferroviária restaurada pelo Landmark Trust para experimentar a magia dos comboios a vapor no coração do País de Gales, uma vez que tem a sua própria paragem privada mesmo em frente à casa de campo; Red Cliffs Lodge Zion (EUA), localizado perto do Parque Nacional de Zion, este lodge oferece uma experiência de luxo entre formações rochosas de cortar a respiração e trilhos para caminhadas desafiantes; e Kiattua Camp (Gronelândia), um luxuoso acampamento nos fiordes, perfeito para aventuras na natureza selvagem, como navegar entre icebergues, pescar bacalhau e truta do Ártico com um chef privado, visitar povoações inuítes e saltar de icebergues em fatos secos, desfrutando da beleza selvagem de cortar a respiração.

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5 coisas que vão marcar o dia

Parlamento decide futuro do Governo de Luís Montenegro com votação da moção de confiança. EUA e Ucrânia reúnem na Arábia Saudita para avançar com acordo dos minerais.

O Parlamento discute e vota a moção de confiança apresentada pelo Governo depois da polémica relacionada com a empresa familiar de Luís Montenegro. Na Arábia Saudita, delegações dos EUA e da Ucrânia voltam a sentar-se à mesa em torno do acordo de minerais. Esta e outras notícias vão marcar o dia.

Governo de Luís Montenegro cai?

O Parlamento discute e vota a moção de confiança apresentada pelo Governo, na sequência da polémica relacionada com a empresa familiar do primeiro-ministro, Luís Montenegro. A votação tem lugar após o final do debate que arranca às 15h00.

Ecofin discute competitividade

Os ministros das Finanças da União Europeia realizam um debate de orientação sobre a competitividade da economia e a redução de encargos regulamentares. A Comissão Europeia irá apresentar o pacote omnibus. A situação da guerra na Ucrânia também está na agenda dos trabalhos.

Marco Rubio na Arábia Saudita

Uma delegação liderada pelo secretário de Estado americano Marco Rubio está na Arábia Saudita para encontros com as autoridades sauditas, mas também para reuniões com responsáveis ucranianos com vista ao acordo de minerais entre os dois países, depois do desentendimento na Casa Branca entre Trump e Zelensky.

Volkswagen e Mercadona apresentam contas

Volkswagen e Mercadona são duas das empresas que apresentam contas. No caso do fabricante alemão, o anúncio dos resultados surge num momento delicado para o setor automóvel europeu e em que Portugal continua a tentar atrair um modelo elétrico que assegure o futuro da fábrica da Autoeuropa. Já a Mercadona continua a expandir o seu negócio de retalho alimentar em Portugal.

5 anos da pandemia de Covid-19

A Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala o 5.º aniversário da classificação da epidemia de Covid-19 como “pandemia”.

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Santa Casa de Lisboa lança hasta pública de imóveis por 18,5 milhões

A instituição põe à venda uma moradia em Loures, um apartamento no Seixal e um terreno e dois prédios em Lisboa por 18,5 milhões.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai realizar esta terça-feira uma hasta pública de imóveis no âmbito do plano de reestruturação. Entre os ativos estão um apartamento T1 no Seixal, uma moradia T1 em Loures e um terreno e dois prédios em Lisboa, cujo valor base total de alienação ultrapassa os 18,5 milhões de euros.

Entre os imóveis que a instituição vai tentar vender está uma moradia T1 em Loures com logradouro, por reabilitar, cujo preço base é de 59.375 euros. A SCML também quer vender um T1 no Seixal com um valor inicial de 121.025 euros.

Fazem também parte dois prédios em Lisboa. Um na freguesia de Santo António, em propriedade total, com cinco pisos acima do solo, para obras de reabilitação, e com um valor base de mais de 1,6 milhões de euros, bem como outro na freguesia de Arroios, também em propriedade total, com oito apartamentos e quatro lojas de comércio, para obras de reabilitação, pelo qual pede quase 3,4 milhões de euros.

No pacote de imóveis consta ainda um terreno em Lisboa, na freguesia da Ajuda, com 13.640 metros quadrados e com valor base de alienação de quase 13,4 milhões de euros.

A hasta pública está marcada para esta terça-feira, às 10h, na sala de extrações da Santa Casa da Misericórdia.

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Maior feira de emprego no turismo regressa a Lisboa com mais de mil vagas

Nona edição da Feira de Emprego do Turismo divide-se em cinco momentos: depois de Vilamoura, Évora e Coimbra, decorre esta semana em Lisboa. Segue depois para o Porto. Totalizam dez mil vagas.

Lisboa acolhe esta sexta-feira, dia 14 de março, mais uma edição da Feira de Emprego do Turismo. Desta vez, promete fazer a ponte entre 110 empresas do setor e mais de mil oportunidades de trabalho. Em declarações ao ECO, o responsável António Marto argumenta que o turismo “tem de ser” atrativo também para os mais mais jovens, já que são estes que “podem aumentar a qualidade oferecida“, quer pelas suas qualificações, quer “por terem cada vez mais mundo”.

António Marto é responsável pela Feira de Emprego do Turismo

A Feira de Emprego do Turismo nasceu há quase uma década em Lisboa — este ano assinala-se a nona edição — com cerca de 400 ofertas de emprego. Desde então tem crescido, dividindo-se este ano em cinco momentos: depois de em fevereiro ter tido lugar em Vilamoura, Évora e Coimbra, em março acontecerá em Lisboa (a 14) e depois ruma ao Porto (a 26).

Ao ECO, o responsável Antonio Marto adianta que estarão disponíveis nestes vários encontros mais de dez mil oportunidades de trabalho em centena e meia de empresas. Destas vagas, cerca de 1.400 são relativas ao evento que decorrerá em Lisboa (na Sala Tejo da Altice Arena) no fim desta semana.

Este evento na capital — cuja participação é gratuita, ainda que exija inscrição prévia até quarta-feira — será dividido em dois blocos: até ao almoço, o foco serão os alunos do ensino secundário, profissional e universitário; já o período da tarde será dedicado ao público em geral.

Entre as iniciativas incluídas, destaque para as sessões de mentoria, que têm “como objetivo oferecer orientação personalizada a todos aqueles que procurem progredir nas suas carreiras“, e as speed interviews (entrevistas rápidas), “organizadas por diversas empresas presentes, que têm como objetivo criar um momento com os candidatos qualificados, que serão pré-selecionados pela organização“.

O turismo passou de uma atividade muito importante para um setor fundamental para o nosso país. Esta relevância é por demais evidente. Aliás, verificamo-lo em cada um dos nossos eventos“, sublinha António Marto.

O turismo passou de uma atividade muito importante para um setor fundamental para o nosso país. Esta relevância é por demais evidente. Aliás, verificamo-lo em cada um dos nossos eventos.

António Marto

Fundador da Bolsa de Empregabilidade

O turismo é um dos setores onde os empregadores nacionais reportam, neste momento, mais dificuldades em recrutar trabalhadores. António Marto salienta que, a curto prazo, são precisas 50 mil pessoas, sendo que tem havido maior cuidado no recrutamento, diz.

As equipas de recursos humanos têm uma maior atenção ao currículo e aproveitam todas as possibilidades, seja através de sessões de mentoria com pequenos grupos, que visam oferecer orientação personalizada aos candidatos, seja em speed interviews, na qual todos os interessados podem ter uma conversa de três a cinco minutos com as entidades presentes. E, claro, nos diálogos informais junto de quem visita os seus stands“, afirma o responsável.

Salários a melhorar no turismo

Com os trabalhadores a escassear, os empregadores do turismo têm melhorado os salários oferecidos, garante António Marto, que aponta a valorização não só do salário base como também das condições gerais oferecidas.

“Claro, há ainda um longo caminho a percorrer, um pouco ao encontro da realidade nacional, independentemente do setor. Agora, se cresce a qualidade dos candidatos, tal tem um natural impacto nas suas exigências, com consequências também no que as entidades patronais têm de apresentar se quiserem alcançar as suas metas de recrutamento”, assinala o responsável.

Por outro lado, quanto aos horários de trabalho difíceis que caracterizam o setor, António Marto considera que “é difícil contornar” pela própria natureza da atividade.

“No entanto, as empresas do setor têm procurado equilibrar escalas e oferecer maior previsibilidade nos horários. Acima de tudo, as organizações têm de ser francas na descrição do cargo em questão, de forma a não criar expectativas que depois não possam cumprir. E aos candidatos exige-se a responsabilidade de apenas aceitar uma proposta para a qual estejam preparados“, defende o responsável.

As organizações têm de ser francas na descrição do cargo em questão, de forma a não criar expectativas que, depois, não possam cumprir. E aos candidatos exige-se a responsabilidade de apenas aceitar uma proposta para a qual estejam preparados.

António Marto

Fundador da Bolsa de Empregabilidade

Perante estes dois pontos — os salários e os horários –, e questionado sobre a atratividade deste setor para os jovens, António Marto é claro: o turismo tem de atrair os mais trabalhadores com idades mais tenras, até para melhorar a sua qualidade.

“Estou otimista, basta circular pelos corredores da Feira de Emprego do Turismo para sentir o entusiasmo dos jovens que nos visitam“, atira o responsável.

Na visão de António Marto, o sucesso não tem de ser apenas associado a gestores, investidores ou desportistas. “Basta ver o impacto das recentes notícias em torno dos chefs e dos restaurantes com estrelas Michelin para aferir que é um tema muito sério e que Portugal cuida daqueles que, com o seu esforço e competência, dão um estatuto e dimensão superiores ao país nestas áreas“, remata o responsável.

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