Trust in News, dona da Visão, comunica despedimento coletivo dos 80 trabalhadores

  • Lusa
  • 14:14

A Trust in News, dona da Visão, comunicou o despedimento coletivo de 80 trabalhadores, pedindo-lhes para "continuarem a trabalhar sem receber", anunciou o Sindicato dos Jornalistas

A Trust in News (TiN) comunicou na sexta-feira o despedimento coletivo dos 80 trabalhadores do grupo, dono de títulos como a Visão e Caras, pedindo-lhes para “continuarem a trabalhar sem receber”, revelou o Sindicato dos Jornalistas (SJ). “A direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi confrontada com a dramática notícia do despedimento, sexta-feira, 25 de julho, de todos os trabalhadores do grupo Trust in News (TiN)”, lê-se num comunicado divulgado este domingo.

De acordo com o sindicato, este “é um desfecho que começou a desenhar-se há meses e cujos reais contornos devem ser apurados em todas as dimensões, desde a jornalística, à económica, financeira, política e até judicial”.

No comunicado, o SJ aponta a “postura incompreensível e intolerável” do administrador de insolvência da TiN, que quando entregou, presencialmente, o pré-aviso de despedimento aos cerca de 80 trabalhadores da empresa, lhes pediu “que continuassem a trabalhar para manter vivos os títulos, com o argumento de gerar receita, apesar de não ser dada qualquer garantia de remuneração”. “Teme o SJ que se esteja a preparar uma venda a preço de saldo, sem ‘o inconveniente e o incómodo’ de existirem pessoas a quem pagar salários e garantir direitos”, sustenta.

Segundo explica, variando o prazo do pré-aviso de despedimento de 30 a 75 dias, consoante a antiguidade de cada trabalhador, “no fundo, foi pedido às pessoas a quem é devido o salário de junho, e em breve o de julho, bem como os subsídios de férias e os subsídios de refeição de maio e de junho, que continuem a trabalhar sem garantia de retribuição“. Isto “para manter vivo um negócio que, desconfiamos, será vendido ‘à 25.ª hora'”, adverte.

Neste sentido, o sindicato alerta que “todos os que aceitarem continuar a trabalhar poderão estar a ajudar a salvar uma negociata cujos contornos não são claros neste momento”.

Adicionalmente, “perdendo todos os direitos como trabalhadores com o despedimento agora anunciado, não têm qualquer garantia de vir a ser integrados numa empresa que eventualmente possa nascer”.

Lembramos que, além de estar a ser pedido agora às pessoas que continuem a trabalhar sem remuneração, o que equivale a escravatura, os trabalhadores, na esperança de uma venda redentora, podem estar a contribuir para salvar títulos que, no futuro, podem ser usados para fazer um jornalismo completamente diferente do que fizeram nestes anos, em que engrandeceram a profissão e contribuíram para uma sociedade mais esclarecida, dado o rigoroso escrutínio de que se revestiu muito do que foi feito jornalisticamente no grupo TiN, enquanto teve capacidade financeira“, adverte o SJ.

O sindicato diz viverem-se tempos em que “a fragilidade do jornalismo interessa a muitos atores sociais, alguns dos quais se regozijam com o desemprego destas 80 pessoas”. “Sabemos que há muita gente que deseja o fim desta profissão, que não quer ser escrutinada, que quer mentir livremente, pois não trabalha nem deseja uma sociedade que seja mais justa e equitativa”, lamenta.

Neste cenário, a estrutura sindical considera “ainda mais lamentável e profundamente incompreensível” que, quase dois meses decorridos desde que tomou posse, o ministro da Presidência, Leitão Amaro, que tutela a comunicação social, “ainda não tenha respondido ao pedido de audiência solicitado pelo SJ pouco após a sua oficialização no cargo“.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste chumbou em junho o plano de insolvência apresentado pela TiN, determinando o encerramento da sua atividade: “Nestes termos, decido não homologar o plano de insolvência apresentado pela Trust in News”, lê-se num documento datado de 18 de junho, a que a agência Lusa teve acesso.

Na altura, o acionista da TiN Luís Delgado disse à Lusa pretender recorrer da decisão que ditava o fecho da empresa, detentora de títulos como a Visão, Exame, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais e Caras. “Se possível, vamos recorrer da decisão da não homologação do plano de insolvência que foi aprovado por 77% dos credores”, afirmou então o gestor.

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Morreu o arquiteto Nuno Portas, 90 anos

  • Lusa
  • 13:29

O arquiteto Nuno Portas, 90 anos, distinguido com o Prémio Abercrombie, em 2005, morreu este domingo em Lisboa, disse à Lusa um familiar.

O arquiteto Nuno Portas, 90 anos, distinguido com o Prémio Abercrombie, em 2005, morreu este domingo em Lisboa, disse à Lusa um familiar.

Natural de Vila Viçosa, licenciado pela Universidade do Porto, Nuno Portas recebeu, com o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, o Prémio Valmor, pela Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, consagrada em 1970.

(Em atualização)

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Brilhante Dias diz que Ventura é um “agente de transformação do PSD” por fora

  • Lusa
  • 12:09

O líder parlamentar do PS, Brilhante Dias, acusou o primeiro-ministro de estar a governar em coligação com o Chega, considerando que André Ventura é um "agente de transformação" do PSD por fora.

O líder parlamentar do PS acusou o primeiro-ministro de estar a governar em coligação com o Chega, considerando que André Ventura é um “agente de transformação” do PSD por fora. “Há uma frase que pode parecer provocadora, mas que eu penso que reflete a realidade política desta legislatura até ao dia de hoje. É o regresso do doutor André Ventura ao PSD, mas é um regresso onde o doutor André Ventura percebeu que é mais fácil transformar o PSD por fora do que por dentro“, defendeu, em entrevista à Lusa, Eurico Brilhante Dias.

Na perspetiva do líder da bancada do PS no parlamento, “há uma alteração da natureza” do partido liderado por Luís Montenegro e o presidente do Chega, que já foi militante social-democrata, é agora “um agente de transformação do PSD por fora”. “Para a frente não sabemos o que vai acontecer, mas até hoje o doutor Luís Montenegro governa com o doutor André Ventura em coligação de facto“, condena.

Ironizando que “nem o Governo é a Carochinha” nem o PS “é o João Ratão”, Brilhante Dias aponta que a “realidade palpável e factual” é que o primeiro-ministro escolheu “governar com a extrema-direita”.

Como partido democrático que serve este país, como oposição democrática, nós temos uma obrigação: a de construir uma alternativa e a de dizer aos portugueses que, assuntos centrais da sua vida devem ser discutidos por gente democrática, moderada, credível, como é o secretário-geral do PS“, defende.

O dirigente do PS refere “um acordo desmentido e depois confirmado na lei de estrangeiros, na lei da nacionalidade e no IRS” como exemplos da opção do executivo até agora de “governar com a extrema-direita”, temas em relação aos quais garante que o PS sempre mostrou disponibilidade para dialogar. “Foi uma opção de Luís Montenegro, que quis entender-se com a extrema-direita. É uma opção própria, que os portugueses olharão e vão seguramente julgar mais tarde“, enfatiza.

Recordando que o PS “nasceu na clandestinidade e no combate à ditadura”, Brilhante Dias afirma que os socialistas têm “uma obrigação democrática de dizer ao PSD que não tem que ficar nas mãos da extrema-direita para governar”.

“Nós não somos parceiros do Governo. Nós somos um partido democrático responsável. Oposição firme onde temos que ser oposição firme, capacidade de diálogo nos temas que são centrais para a vida dos portugueses e para a vida da República Portuguesa”, assegura.

Segundo o líder parlamentar socialista, ao contrário do primeiro-ministro, para o PS as “ideias antissistema democrático” que acusa o Chega de ter “não são normalizáveis”.

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Investimento hoteleiro cresce apesar da incerteza e soma 331 milhões até junho

  • Lusa
  • 11:56

O investimento hoteleiro em Portugal somou 331 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, mais 33% do que no mesmo período do ano passado, apesar da incerteza económica e geopolítica.

O investimento hoteleiro em Portugal somou 331 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, mais 33% do que no mesmo período do ano passado, apesar da incerteza económica e geopolítica, segundo consultoras do setor. Em declarações à Lusa, a Cushman & Wakefield (C&W), a JLL, a CBRE e a Savills traçaram um retrato globalmente positivo do mercado hoteleiro português, com todos os indicadores a apontarem para uma manutenção do dinamismo no segundo semestre.

O apetite pelo investimento em hotelaria em Portugal continua estável, atendendo aos volumes de investimento verificados“, afirmou Gonçalo Garcia, ‘head of hospitality’ da Cushman & Wakefield, destacando que, em 2025, já foram concluídas transações de grande dimensão, como os hotéis Anantara Vilamoura e Cascais Miragem.

Segundo a JLL, que reporta um total de 331 milhões de euros em ativos hoteleiros transacionados no primeiro semestre (+33% face ao período homólogo), os números confirmam “o contínuo interesse dos investidores no setor e refletem a robustez do mercado turístico português”, nas palavras de Augusto Lobo, responsável pela área de capital markets.

Também a CBRE projeta que o investimento hoteleiro em 2025 supere os 600 milhões de euros, acima do valor registado em 2024, segundo José Maria Coutinho, ‘Head of Research’. O responsável da consultora sublinha ainda que “71% do investimento continua a ser assegurado por investidores internacionais” e destaca que “Portugal surge, pela primeira vez, no topo das preferências dos investidores europeus”, de acordo com o inquérito anual realizado pela CBRE.

De acordo com o líder da área de capital markets da Savills, Pedro Simões, o setor hoteleiro representou cerca de 20% do volume total de investimento imobiliário em 2024, o que corresponde a aproximadamente 486 milhões de euros, num total de 2,4 mil milhões de euros. E as estimativas para 2025 apontam para “uma fatia crescente”, com um aumento homólogo de 16% no primeiro semestre. “As projeções para o segundo semestre mantêm-se promissoras, antecipando-se um desempenho ligeiramente superior ao do ano anterior, sustentando a forte tração do setor”, sustentou Pedro Simões.

Este interesse reflete a atratividade do mercado português, num contexto de crescimento sustentado do turismo, impulsionado, em grande parte, pelo aumento do número de visitantes norte-americanos, com elevado poder de compra.

Apesar da conjuntura internacional marcada pela guerra das tarifas e da incerteza geopolítica, o mercado hoteleiro nacional continua, assim, a captar investimento, apoiado numa procura sólida.

Em relação ao portfólio de projetos em desenvolvimento (pipeline) de novos hotéis, a Cushman & Wakefield contabiliza cerca de 110 projetos com inauguração prevista para os próximos três anos, sendo que 30 destas unidades deverão abrir portas durante o segundo semestre de 2025. A grande maioria dos projetos são hotéis de 4 e 5 estrelas (37% e 45%, respetivamente.

Questionado se estavam a notar adiamentos devido ao atual cenário de incerteza económica, o responsável da C&W rejeitou essa tendência. “Não temos conhecimento de projetos hoteleiros que tenham sido cancelados por motivos imputados ao mercado, ou falta de confiança na dinâmica turística. Verificam-se sim atrasos de projetos, muitos deles devido aos processos de licenciamento que acabam por se arrastar para além dos planos iniciais“, apontou.

A JLL avança com um total de 115 projetos em desenvolvimento, dos quais 71 em construção, e um ‘pipeline’ de 12.172 quartos dos quais mais de metade (56%) em construção.

Já a CBRE confirmou a abertura de 25 unidades (cerca de 2.800 quartos) este ano e prevê a inauguração de pelo menos mais 11 até ao final do ano. A consultora assinala que não têm “registados nem adiamentos nem cancelamentos nos projetos hoteleiros”, embora existam “atrasos nas fases de licenciamento e construção”.

A Savills destaca que “o ‘pipeline’ mantém-se robusto para os próximos dois anos”, com Lisboa a liderar como a cidade com mais quartos em desenvolvimento ( 3.300), seguindo o Algarve (3.000) e o Porto e a Região Norte (2.000).

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Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas canceladas hoje devido à greve na Menzies

  • Lusa
  • 11:46

Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas previstas para hoje no aeroporto de Lisboa foram canceladas devido à greve na SPdH/Menzies (ex-Groundforce), sendo os atrasos "às dezenas", segundo fonte sind

Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas previstas para hoje no aeroporto de Lisboa foram canceladas devido à greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce), sendo os atrasos “às dezenas”, segundo fonte sindical.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Araújo, dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), avançou que estes são os voos que, neste momento, “já estão [dados como] cancelados até ao final do dia”. “Até agora, isto é o que temos como garantido“, afirmou.

A agência Lusa aguarda ainda uma atualização por parte da gestora aeroportuária ANA — Aeroportos de Portugal sobre o impacto da paralisação na empresa de ‘handling’, responsável pelos serviços de assistência em escala.

No terceiro dia de greve, o dirigente do SIMA destacou também o “número crescente de voos que saem sem bagagem”. “Isso causa uma montanha, literalmente, de bagagem acumulada para processar“, sustentou.

A greve em curso, convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), iniciou-se às 00:00 de sexta-feira e prolonga-se até às 24:00 de segunda-feira.

Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro. Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 08 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 01 de setembro.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.

Aproximando-se o quarto do protesto, o dirigente do SIMA diz esperar que a Menzies Aviation “venha para as negociações de boa-fé, tentando efetivamente corrigir o passo”.

“Queremos que ninguém nesta empresa tenha um vencimento inferior ao salário mínimo. Tem de ser igual ou superior”, argumentou, enfatizando que “a maioria dos trabalhadores, sobretudo os mais novos, vivem com grandes dificuldades”. Por isso — acrescentou – “o lema da greve é e será, enquanto o assunto não estiver resolvido, ‘Mais vale um mês ainda pior do que o resto da vida assim‘”.

O sindicato acusa ainda a SPdH/Menzies de estar “a violar flagrantemente o direito à greve” para tentar “neutralizar os efeitos da paralisação”, recorrendo a “práticas ilegais” como a “antecipação forçada de turnos e convocação de trabalhadores em dias de folga”, a “substituição de grevistas por trabalhadores de empresas de trabalho temporário” e a “reorganização abusiva de escalas”.

“O SIMA está a recolher provas destas ilegalidades e vai apresentar queixas formais à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e ao Ministério Público, exigindo a responsabilização dos dirigentes da Menzies/SPdH”, avançou no sábado em comunicado.

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📹 Sabe ver se uma barra de ouro é falsa?

Os preços do ouro têm disparado, suportados pela procura por refúgio. A forte procura pelo metal dourado pode levar a tentativas de fraude na venda de ouro. Veja como reconhecer uma falsificação.

Os preços do ouro estão próximos dos máximos de 3.500 dólares, com as tensões geopolíticas e a guerra das tarifas a acelerarem a procura pelo metal. Para quem quer comprar barras de ouro, há que ter cuidados redobrados, já que nem tudo o que reluz é ouro. Sabe como identificar uma barra de ouro falsa? Veja o vídeo.

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Turismo confiante para este verão: “Se for igual ao de 2024, já será muito positivo”

Do Norte ao Sul do país, as perspetivas para o verão são positivas, mas existem assimetrias. Algarve, Madeira e Açores com taxas de ocupação entre os 70% e 100%.

O turismo em Portugal continua em rota de crescimento e as perspetivas para o verão são “positivas”, embora marcadas por “claras assimetrias regionais“. No entanto, apesar do cenário positivo, as tensões geopolíticas podem impactar a procura turística.

“Se o verão deste ano for igual ao de 2024, já será considerado muito positivo“, diz ao ECO o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, evidenciado que em maio deste ano, as dormidas subiram 2,3% — “são indicadores bastante positivos para a época de verão que agora começou”. Por outro lado, alerta que “o contexto internacional marcado por instabilidade pode impactar a mobilidade e a procura turística”.

Os resultados da 74.ª edição do Barómetro do Turismo do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT) mostram que as “perspetivas para o verão de 2025 são positivas, prevendo-se um desempenho superior ao de 2024, impulsionado pela procura externa”. Reino Unido, Espanha, França, EUA e Alemanha destacam-se como os principais mercados emissores.

A vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) assegura ao ECO que “as perspetivas para este verão são, de forma geral, positivas” e está convencida que “será um verão sólido, com resultados equilibrados, em linha com a expectativa de crescimento que o setor tem vindo a assumir desde o início do ano”. No entanto, chama a atenção para as “assimetrias regionais claras”.

Dados do INE mostram que de janeiro a maio deste ano o número de dormidas em Portugal aumentou 2% face a 2024, passando de 27,7 milhões para 28,3 milhões. Nos primeiros cinco meses do ano chegaram a Portugal 11,7 milhões de hóspedes, refletindo um crescimento de 4% em relação ao período homólogo de 2024, quando se registaram 11,3 milhões. Neste período, os proveitos totais do turismo português registaram um crescimento de 8%, passando de 2,1 mil milhões de euros em 2024 para 2,2 mil milhões de euros.

Turismo em LisboaLusa

Cristina Siza Vieira realça que de acordo com o inquérito da AHP “Perspetivas Verão 2025”, concluído em 1 de junho de 2025, as reservas para junho, julho e agosto apresentavam níveis satisfatórios, sobretudo no Algarve, Madeira e Açores, onde grande parte dos empreendimentos reportava, ao tempo, taxas de ocupação entre os 70 e os 100%.

Com taxas de ocupação mais baixas, entre os 50% e os 69%, está a região de Lisboa e Norte, mostra a análise da AHP. Por outro lado, em regiões como Centro, Alentejo e Oeste e Vale do Tejo as reservas ainda estão aquém – abaixo dos 50% em muitos casos.

André Gomes, presidente da Associação Turismo do Algarve corrobora a análise da AHP e conta ao ECO que o “Algarve está com um ritmo superior de reservas e de proveitos em comparação com o verão do ano passado”, com base no feedback que foi obtendo por parte dos empresários, em particular no setor da hotelaria.

Algarve está com um ritmo superior de reservas e de proveitos em comparação com o verão do ano passado.

André Gomes

Presidente da Associação Turismo do Algarve

No ano passado, o Algarve alcançou o maior número de hóspedes de sempre, com os estabelecimentos de alojamento turístico a receber 5,2 milhões de visitantes, um aumento de 2,6% face a 2023. O presidente da Associação Turismo do Algarve tem esperança que “venha a ser um ano ainda melhor do que o ano passado“, tanto no verão como no acumulado do ano.

O líder da associação afasta a ideia que o Algarve está mais caro e que os portugueses estão a optar por outros destinos. “Não é verdade que existe um divórcio dos portugueses em relação ao Algarve e que o Algarve está demasiado caros para os portugueses”, diz André Gomes, enumerando que os números mostram precisamente isso: “o mercado nacional continua a ser o nosso principal mercado, o ano passado foi o primeiro ao nível de hóspedes e o segundo a nível de dormidas, só ultrapassado pelos britânicos”.

Tendo por base o estudo Holiday Money Report 2025, André Gomes destaca que a análise mostra que o Algarve está de volta ao topo do ranking em termos de custo-benefício após nove anos.

Quando tomou posse em 2023, o presidente do Turismo do Algarve disse em entrevista ao ECO que um dos objetivo do seu mandato seria dissociar o Algarve de destino de sol e praia, uma meta que parece ter alcançado já que a “região tem crescido mais na época baixa do que na alta”. André Gomes contabiliza que de janeiro e abril de 2024 a região algarvia cresceu em média cerca de 20% e entre outubro e dezembro avançou cerca de 18%, ambas em comparação com o período homologo. “Estes crescimentos estão a refletir-se também este ano”, antecipa o líder da entidade.

O secretário regional do turismo da Madeira, Eduardo Jesus, confirma ao ECO que “as taxas de ocupação estão muito elevadas, como é habitual nesta altura do ano”, destacando que nos “últimos últimos anos a região tem registado resultados francamente positivos”.

Algarve lidera, mas Centro, Alentejo e Norte ganham tração

Apesar de o Algarve continuar a liderar nesta época do ano, a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal nota que o “Centro, o Alentejo, o interior Norte estão a ganhar tração”, justificando que existe uma “maior procura por destinos alternativos, com menor pressão turística e propostas diferenciadas”.

Tem sido evidente uma maior procura por destinos alternativos, com menor pressão turística e propostas diferenciadas. O Centro, o Alentejo, o interior Norte estão a ganhar tração, também porque o próprio setor tem investido e inovado cada vez mais nessas zonas.

Cristina Siza Vieira

Presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal

À semelhança do Algarve, o Alentejo registou o melhor ano turístico de sempre em 2024, com cerca de 1,7 milhões de turistas, número que, na ótica do presidente do Turismo de Alentejo, “se encontra subavaliado, já que não estão aqui contabilizados os parques de campismo e alojamentos com menos de dez unidades”.

José Manuel Santos diz ao ECO que “até maio a região cresceu acima da média nacional” e que face aos números as “perspetivas dos operadores para o verão são positivas, ainda que cautelosas”.

O líder do turismo alentejano adianta que o “Alentejo é um destino que se vende muito bem no last minute” e que “nos meses de verão depende ainda mais do mercado nacional que escolhe crescentemente produtos inovadores, cuja oferta se encontra próxima da água, seja de interior ou de costa – como, por exemplo as estações náuticas”.

Rio Douro

Outro dos destinos que está a crescer acima da média nacional é o Porto e Norte. Dados do INE mostram que nos primeiros cinco meses de 2025 o Porto e Norte registou um crescimento de 5,8% no número de hóspedes, sendo a média nacional de 3,9%, mas também um crescimento de 6% nas dormidas, em comparação com a média nacional de 2,3%. E o mesmo aconteceu nos proveitos, com mais 10,8%, em comparação com o crescimento de 8% da média nacional.

“É verdade que continuamos a tendência de crescimento nos vários indicadores, mas acima de tudo temos hoje uma melhor distribuição de turistas por todo o território e esse é um dos nossos principais objetivos, só assim permitimos que o turismo tenha um forte contributo para a coesão territorial e social da região e esse impacto é para nós tão ou mais importante do que o aumento do número de turistas”, diz ao ECO Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

É verdade que continuamos a tendência de crescimento nos vários indicadores, mas acima de tudo temos hoje uma melhor distribuição de turistas por todo o território e esse é um dos nossos principais objetivos.

Luís Pedro Martins

Presidente do Turismo Porto e Norte

O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal constata que as “regiões do Porto e Norte, Centro, Alentejo e Açores, mais recentes nas campanhas de promoção externa do país, têm demonstrado um desempenho fantástico ao longo da última década“, destacando o “enoturismo, a gastronomia, o turismo de natureza, religioso, náutico e termal”.

“São produtos âncora, regiões riquíssimas em património cultural, com uma excelente oferta de alojamento para todos os segmentos e que vieram acrescentar muito valor a Portugal”, diz Luís Pedro Martins reeleito o ano passado presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

O presidente do Turismo Centro de Portugal confirma a tendência e antecipa um “verão muito positivo na região”. Rui Ventura adianta que num inquérito dirigido à hotelaria “metade dos inquiridos responderam que estão a ter um ligeiro aumento nas receitas face a 2024, e os restantes mantêm valores semelhantes”.

Considerando os bons indicadores do INE do primeiro semestre, onde a região centro registou crescimentos sustentados em dormidas e proveitos, o líder do turismo de centro acredita que “tudo aponta para que este venha a ser o melhor verão de sempre para o turismo no Centro de Portugal”.

Tudo aponta para que este venha a ser o melhor verão de sempre para o turismo no Centro de Portugal.

Rui Ventura

Presidente do Turismo Centro de Portugal

Por regiões, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal realça que tal como em 2024, Portugal continua a assistir a um crescimento em várias regiões do país, destacando em particular, “a evolução positiva dos Açores (+7,8%) e da região do Porto e Norte (+6%) no que diz respeito às dormidas até ao mês de maio quando comparadas a 2024″. Contactado, o Turismo dos Açores não respondeu às questões do ECO.

Ilha das Flores, AçoresMIGUEL A. LOPES/LUSA

Mobilidade e falta de recursos humanos são os maiores entraves

A mobilidade e a dificuldade em contratar recursos humanos qualificados são consideradas os principais entraves ao desenvolvimento do turismo em Portugal. A acrescentar à lista está ainda o novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos.

Para a Confederação do Turismo de Portugal, um dos maiores problemas é o novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos, “que está a provocar longas filas e tempos de espera consideráveis, sobretudo em Lisboa e Faro”. A associação liderada por Francisco Calheiros diz ao ECO que a” implementação deste sistema está ainda longe de funcionar de forma eficiente, o que proporciona uma má primeira impressão aos turistas que nos visitam”.

A implementação do novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos está ainda longe de funcionar de forma eficiente, o que proporciona uma má primeira impressão aos turistas que nos visitam.

Francisco Calheiros

Presidente da Confederação do Turismo de Portugal

Uma opinião partilhada pela vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal que refere que o “impacto desta disrupção não é apenas operacional, é também reputacional”, referindo-se à situação vivida nos aeroportos, nomeadamente no controlo de fronteiras.

“Afetou muitíssimo nos últimos meses a chegada de passageiros oriundos de países fora da Europa e do espaço Schengen, com destaque para o mercado americano, que tem um peso crescente no turismo nacional”, diz Cristina Siza Vieira, recordando os “Estados Unidos são, neste momento, o segundo maior mercado em hóspedes e o terceiro em dormidas em Portugal, e o primeiro, em ambos os indicadores, em Lisboa”, indica.

A acrescentar à lista de constrangimentos, a porta-voz da Associação da Hotelaria de Portugal enumera a dificuldade na contratação de pessoal qualificado e a mobilidade dentro do território nacional.

O líder do Turismo Porto e Norte apela à reforma da lei das entidades regionais, referindo que a “atual lei está desatualizada e desajustada da realidade, sendo um fator de bloqueio da atividade das Entidades Regionais, não lhes permitindo aquilo para a qual a Lei foi pensada – garantir autonomia administrativa e financeira”. No entanto, assegura que “está finalmente em curso este processo de revisão”.

Na liderança do Turismo do Porto e Norte de Portugal desde 2019, Luís Pedro Martins enumera ainda a “mobilidade, nomeadamente a ferroviária, como outro grande constrangimento das regiões”, a par da falta de recursos humanos. Sobre o Aeroporto de Lisboa, Luís Pedro Martins considera que a “infraestrutura está a prestar um péssimo serviço ao país”.

No Algarve, o presidente da Associação Turismo do Algarve enumera o problema da mobilidade na região, que, na sua ótica, “influencia toda a atividade e todos os setores”, a gestão dos recursos hídricos (“algo que não está resolvido”) e por fim a saúde, com André Gomes a lamentar que a região esteja a aguardar há 20/30 anos a construção do Hospital Central do Algarve, “algo que não acontece”.

À semelhança da região algarvia, a mobilidade também é “constrangimento sério” para o turismo do centro. “Muitas zonas do interior da região, atrativas do ponto de vista turístico, ainda carecem de soluções eficazes de transportes que sirvam tanto os residentes como os visitantes”, aponta Rui Ventura, líder do Turismo Centro de Portugal.

Rui Ventura aponta ainda a dificuldade em captar recursos humanos qualificados e a assimetria territorial na qualidade da oferta. Por fim, o presidente do Turismo Centro de Portugal olha para a excessiva litoralização da procura e a sazonalidade da atividade como constrangimentos estruturais.

Tal como na região Centro, o presidente do Turismo de Alentejo, José Manuel Santos, queixa-se que “nesta fase a necessidade de contratação de recursos humanos ainda se torna mais critica, especialmente para a restauração”, embora mencione que em “geral os empresários têm conseguido resolver os problemas”.

O secretário regional do turismo da Madeira considera que a “conjuntura internacional, nomeadamente os conflitos na Europa e Médio Oriente, e a inflação podem inibir viagens mais longas e reduzir o poder de compra dos turistas”.

Os maiores constrangimentos que o setor do turismo, em geral, enfrenta estão ligados à conjuntura internacional, nomeadamente os conflitos na Europa e Médio Oriente, a inflação, e demais fatores que podem inibir viagens mais longas e reduzir o poder de compra dos turistas.

Eduardo Jesus

Secretário regional do turismo da Madeira

Apesar dos constrangimentos, o presidente do Turismo Porto e Norte realça está convicto que “o Turismo vai duplicar as receitas até 2035″ e que “todos estão empenhados nesse objetivo“. Por fim, enumera que a “estabilidade política, a segurança, os equipamentos de saúde, o clima e claro a grande hospitalidade dos portugueses, tem permitido o setor continuar a crescer”.

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IP e consórcio LusoLAV assinam concessão da primeira PPP do TGV

  • Lusa
  • 26 Julho 2025

A Infraestruturas de Portugal e o consórcio LusoLAV, liderado pela Mota-Engil, assinam o contrato de concessão da primeira PPP da linha ferroviária de alta velocidade na terça-feira.

A Infraestruturas de Portugal (IP) e o consórcio LusoLAV, liderado pela Mota-Engil, assinam o contrato de concessão da primeira parceria público-privada (PPP) da linha ferroviária de alta velocidade na terça-feira.

De acordo com uma informação enviada à Lusa pela IP, a assinatura referente ao troço entre Porto – Campanhã e Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro) da futura linha Porto – Lisboa decorre na terça-feira às 11:50 na sede da IP, em Almada (distrito de Setúbal).

Em causa está a “assinatura do contrato de Concessão da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto (Campanhã) e Oiã, e de apresentação do acordo de financiamento”, num evento que contará com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

O primeiro troço da linha de alta velocidade previa, no caderno de encargos, a construção de uma ponte rodoferroviária com dois tabuleiros sobre o rio Douro, a reformulação da estação de Porto-Campanhã e a construção de uma nova estação subterrânea em Vila Nova de Gaia, na zona de Santo Ovídio.

Porém, em abril, o consórcio LusoLAV (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), a quem foi adjudicada a conceção, construção, financiamento e manutenção da linha, apresentou à Câmara de Gaia uma solução alternativa (não excludente da original), com alterações no traçado, a construção de duas pontes em vez de uma sobre o rio Douro e a estação de Gaia em Vilar do Paraíso em vez de Santo Ovídio.

Na sexta-feira, a Lusa questionou a IP, o Governo e o consórcio LusoLAV sobre quais as soluções que serão adotadas, mas ainda não obteve resposta.

O consórcio defende que as alterações propostas estão dentro do corredor aprovado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto, mas a proposta alternativa para a estação retira uma ligação direta da estação de Gaia ao Metro do Porto (na linha Amarela, apesar de manter a da linha Rubi) e impacta uma zona de Reserva Ecológica Nacional e um curso de água.

A IP sempre referiu desconhecer as propostas apresentadas pelo consórcio à Câmara de Gaia, feitas em várias reuniões e votadas favoravelmente pelo executivo à data liderado por Eduardo Vítor Rodrigues (PS) e na Assembleia Municipal, apesar da oposição do PSD (no executivo) e da IL (na Assembleia Municipal), bem como da abstenção da CDU (na Assembleia).

Os próprios representantes do consórcio LusoLAV manifestaram, na Câmara de Gaia, “receio formal” sobre o seu encaixe no concurso público, e disseram que as propostas alternativas até podiam ser mais caras que as originais.

A Câmara do Porto também diz desconhecer, oficialmente, as propostas do LusoLAV, e o Governo também afirmou desconhecer e estar em diálogo com a IP. Em 15 de maio, um responsável da IP disse num seminário no Porto que a estação de Gaia será em Santo Ovídio.

O Plano Ferroviário Nacional, aprovado pelo Governo em março e publicado em Diário da República (DR) em 16 de abril, estabelece que a estação de alta velocidade de Gaia é em Santo Ovídio, ligando às linhas Amarela e Rubi do metro.

No mesmo dia, o Governo e a IP asseguraram que “qualquer eventual alteração terá de ser plenamente salvaguardada do ponto de vista legal, estar em total concordância com os requisitos do caderno de encargos e assegurar o acordo dos municípios”.

A linha de alta velocidade deverá ligar Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos em 2032, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria, e o percurso Porto-Vigo (via aeroporto do Porto, Braga, Ponte de Lima e Valença) em 50 minutos, em 2032.

A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030 e a segunda (Soure-Carregado) em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.

Segundo o anterior Governo, que lançou a primeira PPP da alta velocidade, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.

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Muitos trabalhos e duas urgências para Gabriel Bernardino à frente do supervisor dos seguros

O novo presidente do supervisor dos seguros foi bem recebido pelo setor. Caminho passa por aproveitar o trabalho deixado por Margarida Corrêa de Aguiar e a abertura do Governo para fazer reformas.

O regresso de Gabriel Bernardino como presidente ao supervisor de Seguros (ASF) está a encantar os seguradores, que temiam alguém de fora do setor para suceder a Margarida Corrêa de Aguiar. Em declarações a ECOseguros, José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), revelou-se muito satisfeito pela nomeação de Gabriel Bernardino porque “conhece bem a ASF, o supervisor europeu EIOPA e os operadores do mercado”, como são também as seguradoras.

Gabriel Bernardino é o novo presidente da ASF, supervisora dos seguros em Portugal, após 10 anos a regular os seguros europeus.Miguel A. Lopes/Lusa

Na sua opinião, o novo presidente tem uma sensibilidade adequada, dando continuidade a uma mútua compreensão, embora com defesa de interesses nem sempre partilhados, que existia com Margarida Corrêa de Aguiar, que agora deixa o cargo após seis anos de um mandato como presidente da instituição.

Trabalhou comigo sete anos, por mérito passei-o de técnico a diretor e, através de provas e exames, atingiu a presidência da EIOPA”, refere Rui Martinho, atual presidente da Mútua Portuguesa de Seguros e que presidiu ao Instituto de Seguros de Portugal – hoje ASF – até 2006. “Penso ir ser um dos momentos altos da ASF”, afirma.

Nuno Martins, o novo presidente da APROSE, única associação representante os corretores e agentes de seguros em Portugal, disse a ECOseguros que “rigor, experiência e isenção são atributos que definem Gabriel Bernardino e que continuarão a influenciar o setor nos próximos anos, o seu valioso contributo para os Seguros em Portugal foi reconhecido, em 2024, com a atribuição do Prémio Carreira APROSE”

Acrescenta o representante dos mediadores ser “uma nomeação amplamente reconhecida, símbolo de independência e de uma referência incontestável no setor, com provas dadas ao longo dos dez anos ao serviço da EIOPA, Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma”, concluindo que “da parte da APROSE e dos seus associados, reiteramos o nosso compromisso em continuar a trabalhar pela defesa e valorização do setor”.

Também Hugo Borguinho, um dos diretores de topo da ASF, comentou a ECOseguros a vontade de voltar a trabalhar com Bernardino, de quem foi adjunto e cujo lugar no supervisor de seguros ocupou quando este partiu para a EIOPA.

Entre as prioridades, para começar, o vento favorável e a abertura do Governo têm de ser aproveitados para tratar de assuntos mais urgentes: as lacunas de proteção (protection gaps) graves existentes em Portugal como em toda a Europa.

Reformas, sismos, doenças e regras europeias

Margarida Corrêa de Aguiar deixa as batalhas preparadas, mas muitas urgências estão do lado do Governo. A vontade política de as fazer avançar tem de ser conquistada e lembrada aos governantes da tutela, ao ministro das Finanças Miranda Sarmento e ao Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes.

A primeira de todas esteve durante os oito anos de governos socialistas a ser evitada, porque a agonia das pensões de reforma estatais é suave e longa. O facto foi de novo repetido no Ageing Report de 2024 da Comissão Europeia: a pensão de reforma média do sistema de segurança social (pilar 1 da segurança social) em Portugal deverá passar de um valor equivalente a 69,4% do valor do último salário em 2022 (chama-se taxa de substituição) para um valor estimado de 38,5% em 2050, num cenário em que não existam alterações no sistema público de pensões.

Neste ano de 2025, contando com uma idade de reforma de 67 anos, significa que quem tem hoje 42 anos já receberá em média de pensão de velhice 385 euros por cada 1.000 euros de salário. Mas, desde há uns anos que é sempre a descer.

Daí ser necessário uma poupança complementar dos portugueses. A taxa de participação da população ativa em fundos de pensões profissionais (pilar 2) situava-se em 3,8% no final de 2023, enquanto a participação em fundos de pensões individuais (pilar 3) era de 4,5%.

O estímulo de planos de empresa e individuais de reforma será então fundamental para enfrentar esta realidade, que parece distante mas que a inação vai tornando urgente. “Os atuais baixos níveis de poupança e a baixa literacia financeira e de risco dos portugueses tornam inevitável a perda de rendimentos em idade de reforma”, já alertou Margarida Corrêa de Aguiar.

Gabriel Bernardino também terá de dar seguimento à proposta da ASF de criação de um fundo sísmico, entregue ao Ministério das Finanças no final de 2024. Em Portugal a cobertura de risco sísmico não é obrigatória e apenas 19% do edificado habitacional dispõe de seguros com cobertura de risco sísmico. É outro tema politicamente sensível, até porque o financiamento desse Fundo poderá exigir mais um seguro obrigatório às habitações e a gestão desse fundo – que se tornará valioso com o tempo – será apetecível.

Este fundo é o começo de uma cobertura extensível a Catástrofes Naturais, incluindo incêndios e inundações, que a ASF deverá preparar para avançar em paralelo ou por extensão do Fundo Sísmico.

Outro tema sensível é cibersegurança, que gradualmente vem aumentando e que tem para o setor financeiro o DORA – Digital Operational Resilience Act, que abrange o reporte de incidentes cibernéticos que, apesar de se focar sobretudo no seu impacto operacional, prevê a recolha de informação sobre o respetivo impacto financeiro.

A distância temporal relativa ao período de pandemia de Covid-19 tem afastado o tema, mas também neste aspeto não se avançou com as perdas por interrupção de negócios não provocadas apenas por danos nos equipamentos, não adicionando as provocadas por problemas de saúde pública.

Ainda na Saúde, Gabriel Bernardino tem de acompanhar o Governo na questão do direito ao esquecimento, cuja lei precisa de regulamentação detalhada, para poder ser operacionalizada pelas seguradoras de uma forma eficaz para os potenciais segurados, os recuperados de doenças graves.

Os seguros de saúde exigem cuidado especial, já que mais de 4 milhões de portugueses os usam, mas a sua quota no financiamento do sistema nacional de saúde é muito baixa. Também exige uma atenção à distinção clara entre planos e seguros de saúde.

Finalmente, existe toda a parte de legislação europeia que será tema em que Gabriel Bernardino estará à vontade e terá influência a nível europeu e na EIOPA, que fundou e presidiu durante 10 anos até 2021.

Aí terá de tratar e transpor para Portugal dossiers importantes como a revisão de Solvência II, o regulamento que disciplina as seguradoras quanto a capitais para enfrentar os riscos, as regras ESG de subscrição e investimentos, toda a acelerada legislação que vai reger a Inteligência Artificial, o regulamento FiDA – Financial Data Access e a mais em voga Savings and Investments Union (SIU), uma determinação da Comissária Maria Luis Albuquerque que quer ver mais poupanças europeias – como as captadas por seguradoras – a financiar a expansão de empresas, mesmo em capital de risco, para renovar a competitividade económica da Europa.

Para todos estes desafios, numa ótica de regulação, Gabriel Bernardino traz conhecimento, experiência e credibilidade junto do setor.

Notícia atualizada às 21h com declarações de Nuno Martins, presidente da APROSE.

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Marcelo pede à UE que se “vire para fora” e tenha “novo empenho” em África

  • Lusa
  • 26 Julho 2025

O Presidente da República considerou que a UE está "concentrada demais" em si e "perde a visão do mundo", pedindo que se "vire para fora" e tenha "um novo empenho" em África.

O Presidente da República considerou que às vezes a União Europeia está “concentrada demais” em si e “perde a visão do mundo”, pedindo que se “vire para fora” e tenha “um novo empenho” em África.

Marcelo fez estes pedidos durante uma sessão no Eurafrican Forum, em Carcavelos (Cascais), que consistiu num diálogo com o Presidente de Angola.

João Lourenço considerou que a Europa pode fazer “fazer mais e melhor” em África, frisando que “o potencial é grande e existem oportunidades” de investimento em setores como a energia ou as infraestruturas que trariam benefícios mútuos aos dois continentes.

Depois de ouvir estas palavras, Marcelo Rebelo de Sousa concordou que há um conjunto de setores nos quais a cooperação entre os dois continentes “é inevitável”, como digital, “alta tecnologia” ou transição energética, e apelou para um “novo empenho europeu na compreensão de África”.

“Porque é que a Europa demora tanto tempo a perceber coisas que são óbvias? Porque a Europa tem-se formado aos bocadinhos e com uma atenção muito grande à geopolítica interna”, considerou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a UE “às vezes, está muito concentrada, concentrada demais em si mesma, no seu umbigo”, em questões como os alargamentos a outros Estados-membros, o funcionamento institucional, as crises internas e, “agora, recentemente, a guerra na Europa e o investimento em Defesa”.

“De cada vez que a Europa é chamada a concentrar-se em si, perde a visão do mundo, até para explicar porque é que certas questões que aparentemente são europeias, são questões mundiais. E perde a visão, desde logo, das relações com África, e isso tem acontecido muitas vezes”, avisou.

É por esse foco particular nas questões internas, prosseguiu o Presidente da República, que “a Europa é comercialmente, no somatório das suas realidades, muito forte, mas não aparece tantas vezes quanto necessário como potência internacional mundial, nomeadamente no plano económico e financeiro”.

Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa abordou a 25.ª cimeira UE–China, que se realizou esta quarta-feira, em Pequim, para salientar que viu “com apreço” essa reunião e frisar que não há “razão nenhuma para a Europa não estar atenta à cooperação económica e financeira com a China”.

Marcelo salientou que isso conheceu “anos de paragens”, mas manifestou esperança de que a Europa esteja a começar a perceber que “virar-se para fora é ser maior do que virar-se para dentro”.

“E, ao virar-se para fora, esse fora (…) é um fora dentro, porque é uma realidade que existe fora e dentro da Europa, que se chama África. Parece uma evidência”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa abordou ainda o facto de Angola deter atualmente a presidência rotativa da União Africana (UA), para elogiar João Lourenço por ter assumido “três linhas estratégicas”: a defesa da paz, “uma visão continental com eixos estratégicos de mobilidade a todos os níveis” e uma “mudança de financiamento”.

“Estas três grandes linhas são linhas que só podem ser, e têm de ser compreendidas pela Europa e pela UE, desde já na cimeira entre a UE e a UA”, em novembro, em Luanda, disse.

Para Marcelo, numa altura em que a “moda parece ser não o multilateralismo” mas “o fechamento”, essa cimeira pode ser fundamental para a Europa perceber melhor a importância da parceria com África e a importância que tem “na balança de poderes mundiais, neste momento e no futuro”.

“A importância que tem na construção de um sistema internacional com regras, com valores e com princípios fiáveis para a economia internacional poder funcionar. Tudo isso está a ser construído”, defendeu.

No final da conversa, instado a deixar uma mensagem, enquanto líder europeu, a África e à UA, Marcelo Rebelo de Sousa disse estar “muito confiante no empenhamento europeu, no que é um salto qualitativo na União Europeia” e numa “nova fase” nas relações entre os dois continentes após a cimeira de novembro.

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IL defende que nomeação do governador do BdP deveria ser feita por concurso público

  • Lusa
  • 26 Julho 2025

A presidente da Iniciativa Liberal (IL) defende que a nomeação do governador do Banco de Portugal (BdP) deveria ser feita através de um concurso público e não de nomeação.

A presidente da Iniciativa Liberal (IL) defende que a nomeação do governador do Banco de Portugal (BdP) deveria ser feita através de um concurso público e não de nomeação, evitando assim uma agenda política para o cargo.

“A IL tem uma visão completamente diferente sobre esta matéria, porque acreditamos que estas nomeações não devem ser políticas, mas sim feitas através de um concurso público porque permite anular as suspeitas de interferências políticas no cargo, de um governador com eventual agenda política”, vincou Mariana Leitão.

A líder da IL acrescentou que ainda que uma escolha do governador do BdP é aquela que “tem um melhor currículo”.

“Não colocamos em causa o currículo do recém-nomeado Álvaro dos Santos Pereira. O que não concordamos é que estas nomeações continuem a ser feitas desta forma, para garantir a total independência do regulador, face ao poder político, sendo esta a nossa proposta”, vincou Mariana Leitão.

Para a IL, Álvaro dos Santos Pereira, apesar de ter feito parte de um Governo do PSD, “tem sido, sempre, uma pessoa independente, até porque está afastado da política há já vários anos”.

“Esta situação é muito diferente da do ex-governador do BdP, Mário Centeno, que saiu diretamente de ministro das Finanças de um Governo liderado pelo PS, e que nós criticamos na altura e continuamos a criticar, não fazer qualquer sentido, porque é uma porta giratória. Acreditamos que Álvaro dos Santos Pereira tem outro nível de independência. A nomeação política deixa sempre promiscuidade”, vincou a presidente da IL.

Questionada sobre o investimento na nova sede do BdP, Mariana Leitão disse que se fala num investimento avultado e um processo que já estava em curso, defendendo que é necessário que seja feita “uma avaliação mais criteriosa e muito detalhada a este processo”.

Álvaro Santos PereiraRicardo Castelo/ECO

“É preciso verificar o custo/benefício desta operação e perceber o que esteve por de trás desta decisão para desenvolvimento deste projeto, como a compra do terreno, e vamos aguardar a avaliação que o próprio Governo vai fazer, porque Mário Centeno disse que o Governo estava informado, que ainda não se pronunciou sobre a matéria”, defendeu.

O economista Álvaro Santos Pereira foi na quinta-feira escolhido para governador do Banco de Portugal (BdP), sucedendo no cargo a Mário Centeno.

A indicação foi tomada na reunião do Conselho de Ministros e anunciada no final, em conferência de imprensa, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, António Leitão Amaro. Álvaro Santos Pereira foi ministro da Economia e do Emprego de 2011 a 2013, no Governo de Pedro Passos Coelho (PSD/CDS-PP) e é atualmente o economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Mariana Leitão, falava hoje aos jornalistas, à margem da apresentação pública do candidato da IL à Câmara de Bragança, que decorreu no centro histórico desta cidade transmontana.

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ECO Quiz. Banco de Portugal, Revolut e Benfica District

  • Tiago Lopes
  • 26 Julho 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou?

A semana que agora termina ficou marcada pelas novidades apresentadas pela Revolut para o mercado português. Num processo que pode demorar até mês e meio, os clientes portugueses da Revolut vão ser convidados a migrarem para a nova sucursal portuguesa, passando a poder fazer também pagamentos por entidade/referência.

Ainda nesta semana, o Governo deu a conhecer o sucessor de Mário Centeno à frente do Banco de Portugal. O anúncio foi feito pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que destacou que o novo governador “é hoje o economista principal de uma das organizações principais da economia mundial” e “um profundo conhecedor da economia portuguesa”.

O ECO publica todas as semanas um quiz, que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

 

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