“Faltam-nos médicos no SNS, deixamos de ser atrativos”, reconhece ministra da Saúde

A ministra da Saúde admite que "não se pode normalizar urgências hospitalares fechadas" e defendeu que é "necessário uma unidade de combate à fraude".

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu esta quarta-feira que “faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e que o sistema “deixou de ser atrativo para os profissionais de saúde”.

“Faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde, saíram cerca de dois mil médicos nos últimos dois, três anos”, disse Ana Paula Martins em entrevista ao Jornal da Noite da SIC. A ministra justifica estas saídas com a “questão demográfica”, a reforma de muitos médicos, admitindo “que outros saíram para outras latitudes”.

“A partir de uma certa altura o SNS deixou de ser atrativo para os médicos, sobretudo os mais jovens”, reconhece a ministra, justificando que os “médicos mais jovens têm uma enorme necessidade de ter vida própria e já não querem trabalhar 24 sob 24 horas”.

A partir de uma certa altura o SNS deixou de ser atrativo para os médicos, sobretudo os mais jovens.

Ana Paula Martins

Ministra da Saúde

Ana Paula Martins afirma ainda que o “SNS tem serviços de urgência muito exigentes” e que “todos os mecanismos que nos últimos 15 anos foram acrescentando ao sistema são incentivos perversos”, reconhecendo que o “privado pode ser mais atrativo em algumas áreas”. Questionada sobre mais parcerias com o privado, remata que “não temos como não trabalhar mais”.

A ministra da Saúde admitiu que “não se pode normalizar urgências hospitalares fechadas”, mas assegura que o Governo “melhorou significativamente a resposta do ano passado para este ano”. Ana Paula Martins assegura que “neste momento estão abertas 165 urgências”.

“Isto é uma rede inteira, não é irrelevante”, afiança. Questionada sobre as urgências constantemente encerradas no país, a governante reconhece que “há falta de recursos humanos”. “Não temos médicos e enfermeiros suficientes”, assume.

Ana Paula Martins garante ainda que “a partir de 1 de setembro Hospital da Garcia da Horta vai estar aberto 325 dias por ano, 24 horas por dia”. “Vamos ter um equipa que virá do setor privado para podermos reconstruir o serviço”, refere.

“Não está tudo feito. Vamos levar algum tempo para conseguir estabilizar, nomeadamente, a Península de Setúbal, que, como sabemos, é a área mais crítica, já era a área mais crítica quando entrámos”, disse a ministra que afirmou na semana passada que “só abandonará o cargo no dia em que o primeiro-ministro entender que a sua missão chegou ao fim”.

Sobre os dois bebés que morreram no Hospital de Santa Maria e no Hospital de Cascais, a ministra da Saúde assegurou que teve o “cuidado de lamentar o que se passou”.

“Não poderia nunca não sentir de perto o que estas mulheres devem ter sentido. E não há palavras de consolo”, disse Ana Paula Martins.

Em relação ao dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu aproximadamente 400 mil euros por dez sábados de cirurgias adicionais, a ministra reconheceu que é “necessário uma unidade de combate à fraude”.

“Isto não é desconfiar dos nossos profissionais e dos nossos gestores”, disse, exemplificando que “outros países têm uma unidade de combate à fraude”.

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PS, PCP, Chega, PAN, IL e CDS propõem medidas para apoiar viticultores do Douro

  • Lusa
  • 9 Julho 2025

Os projetos de resolução deram entrada no parlamento depois de 2 de julho, dia em que produtores se manifestaram, na Régua, para alertar para dificuldade no escoamento da uva.

O PS, PCP, Chega, PAN, IL e CDS-PP pediram ao Governo a implementação de medidas para ajudar os viticultores e mitigar a crise que atinge o Douro, em projetos de resolução debatidos esta quarta-feira no parlamento.

Os projetos de resolução deram entrada no parlamento depois de 2 de julho, dia em que pequenos e médios produtores se manifestaram, na Régua, para alertar para dificuldade no escoamento da uva e a venda a preços baixos, enquanto os custos de produção sobem.

A Região Demarcada do Douro (RDD) enfrenta uma crise profunda no setor vitivinícola, marcada por um excesso de stocks de vinho, pela redução significativa do benefício para a produção de vinho do Porto e pela incapacidade de escoamento da produção vitivinícola nos últimos dois anos, o que levou à perda de rendimentos e, em casos dramáticos, ao abandono de uvas por vindimar”, afirmou Rui Santos (PS), durante o debate no plenário da Assembleia da República.

O parlamentar alertou que a vindima de 2025 poderá ser ainda mais dramática do que a de 2024, defendeu uma linha de apoio financeiro aos viticultores e disse “o mesmo Estado que injetou milhares de milhões para salvar empresas privadas não pode lavar as mãos quando é o Douro que pede socorro”.

A deputada Paula Santos (PCP) apontou à “passividade do Governo perante a crise que a RDD enfrenta” e à adoção de medidas urgentes como a fixação de preços indicativos mínimos, a manutenção do benefício e a limitação das importações de vinho a granel.

O benefício, que é a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Poro, foi de 90.000 pipas (550 litros cada) em 2024 e 104.000 em 2023 e, para este ano, o comércio propôs, no conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), a redução para as 68.000 pipas.

Pedro Frazão (Chega) disse que os produtores durienses estão “fartos de promessas vazias”, pelo que o partido propõe uma linha de crédito financeiro, com juros bonificados, dirigida a cooperativas e empresas do Douro e que o Governo avance com a destilação do vinho excedente produzido na região e o aproveitamento dessa aguardente para a produção do vinho do Porto.

Para Inês Sousa Real (PAN), a “resposta pública tarda em chegar” e, por isso, desafiou o Governo para uma maior clarificação na atribuição da rotulagem e certificação, propôs que o excedente da uva possa ser comprado pelos municípios e disponibilizado nos refeitórios locais e ainda um plano de mitigação e adaptação do setor aos efeitos das alterações climáticas.

Pela IL, Mário Amorim Lopes disse que “o consumo mundial de vinho do Porto caiu 32%” desde 2000 e que “aumentar o benefício nesta conjuntura seria de uma enorme irresponsabilidade”, por isso defende um programa de reorganização voluntária da produção vitivinícola na RDD, que permita o arranque de vinha com realocação dos direitos de benefício para outras parcelas.

João Almeida, do CDS-PP, recordou medidas do Governo de Luís Montenegro, como o reforço da fiscalização, proibição de entrada de produtos vínicos de fora da região ou a descativação de verbas do IVDP, mas adiantou que é preciso continuar a tomar medidas a nível, por exemplo, da promoção internacional que ajude a “escoar a produção a preços que efetivamente remunerem a atividade dos vitivinicultores”.

Fernando Queiroga (PSD) disse que o foco “está efetivamente em resolver os problemas das pessoas”, adiantou que o “Governo está a trabalhar há meses num plano específico para o Douro” e frisou que a “prioridade é garantir um rendimento justo para os produtores”.

Mariana Mortágua (BE) lembrou a ameaça de aumento de tarifas pelo presidente norte-americano, enquanto Jorge Pinto (Livre) pediu “soluções novas” e Filipe Sousa (JPP) falou num comerciante que disse ser completamente inviável continuar no mercado nos mesmos moldes do ano anterior por causa do ‘stock’ cheio.

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Tribunal sul-coreano aprova detenção de ex-presidente Yoon Suk-yeol

  • Lusa
  • 9 Julho 2025

Destituído em abril, Yoon Suk-yeol vai regressar a um centro de detenção perto de Seul, quatro meses depois de ter sido libertado, em março.

Um tribunal sul-coreano aprovou esta quarta-feira a detenção do ex-presidente Yoon Suk-yeol por acusações relacionadas com a imposição da lei marcial em dezembro. O tribunal aceitou existir um risco de destruição de provas.

Destituído em abril, Yoon Suk-yeol vai regressar a um centro de detenção perto de Seul, quatro meses depois de ter sido libertado, em março, na sequência de uma decisão do Tribunal Distrital Central de Seul, de anular a detenção de janeiro. Os advogados de Yoon denunciaram o pedido de detenção como excessivo e desprovido de provas.

O processo penal de Yoon está agora com um procurador especial, que está a apresentar acusações adicionais sobre a breve imposição da lei marcial, incluindo abuso de poder, falsificação de documentos oficiais e obstrução de deveres oficiais.

Em janeiro, Yoon foi acusado pelo Ministério Público de ser o mentor de uma tentativa de rebelião, descrevendo a tomada de poder como uma tentativa ilegal de se apoderar da legislatura e dos gabinetes eleitorais e de deter opositores políticos. As acusações são puníveis com pena de morte ou prisão perpétua.

Yoon é igualmente acusado de aplicar a lei marcial sem seguir os procedimentos legais exigidos, como a deliberação numa reunião formal do Conselho de Ministros, e de mobilizar ilegalmente as forças de segurança presidenciais como um exército privado para bloquear uma primeira tentativa das forças da ordem de o deterem na residência no início de janeiro.

O rival liberal, Lee Jae-myung, que venceu as eleições antecipadas de junho para o substituir, aprovou no mês passado uma lei que prevê o lançamento de investigações especiais sobre o fracasso da lei marcial de Yoon e outras alegações criminais que envolvem também a mulher e a administração. O decreto de lei marcial durou apenas seis horas, mas conseguiu mergulhar a Coreia do Sul na pior crise política em décadas.

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Tetos aos preços de toldos e serviços de praia fora do plano do Governo

Fiscalização efetuada pela APA nas praias do continente detetou casos de toldos alugados por 300 euros e cafés vendidos a cinco euros. Só câmaras e ASAE podem atuar, diz ministra do Ambiente.

O Governo não vai intervir na regulação do preço de bens e serviços nas praias, assegurou nesta quarta-feira a ministra do Ambiente e Energia. No seguimento de notícias veiculadas ao longo do dia, que davam conta desta intenção por parte do Executivo, Maria da Graça Carvalho explicou, durante a apresentação das conclusões da investigação aos acessos às praias do concelho de Grândola, que a regulação de preços “não é” competência do Governo.

A ministra deixou esta garantia de forma inequívoca: “Definimos um conjunto de condições de serviço público que não incluem o controlo de preços”.

Contudo, afirmou que as autarquias podem ter uma palavra a dizer em situações como a reportada pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), num encontro com jornalistas, durante o qual Pimenta Machado deu nota da existência, em certas praias alvo de fiscalização, de toldos alugados por 300 euros e um café vendido por cinco euros.

“Deixamos às câmaras a flexibilidade de exigir dos concessionários as condições mínimas, que podem passar, por exemplo, pelo acesso à água e a outros bens de condições mínimas por parte da população”, disse Maria da Graça Carvalho.

Ao contrário do que aconteceu, de forma extraordinária, com os preços das máscaras e do álcool gel por altura da pandemia, o Governo não se irá imiscuir diretamente na questão de eventual especulação praticada em certos bares e restaurantes de praia, e a ministra explica porquê: “Não é nossa competência a regulação dos preços”.

O Estado poderá, contudo, atuar por intermédio de outro canal, através da entidade que tem a responsabilidade de analisar e penalizar eventuais práticas de especulação: “No futuro, iremos fazer ações conjuntas com a ASAE, que tem outras competências, até na qualidade dos alimentos e questões económicas“.

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Direita quer agravar penas para ocupação ilegal de casas, esquerda alerta para perceções

  • Lusa
  • 9 Julho 2025

A esquerda responde que o PSD, IL e CDS estão a ir “atrás de uma perceção criada pelo Chega e completamente falsa”.

PSD, Chega, IL e CDS-PP defenderam esta quarta-feira o agravamento das penas da ocupação ilegal de habitações, enquanto os partidos da esquerda consideraram que se trata apenas de perceções e acusaram a direita de populismo.

A Assembleia da República debateu três projetos de lei de PSD, Chega e IL e um projeto de resolução do CDS-PP que visam criminalizar a ocupação ilegal de casas, endurecer as penas e agilizar os mecanismos para expulsar os ocupantes. Atualmente, a usurpação de coisa imóvel já está criminalizada pelo Código Penal, mas apenas quando a invasão acontece com recurso a “violência ou ameaça grave”.

Na abertura do debate, o líder do Chega defendeu que a “mentalidade criminosa do pós 25 de Abril” não desapareceu, “prevaleceu e ganhou novas formas e novos rostos”. André Ventura considerou estar em causa uma “injustiça histórica”, além de um “enormíssimo ataque à propriedade tolerado pelo PS e promovido pela extrema-esquerda”, e salientou que “quem ocupa casas é criminoso, e o lugar do criminoso é na prisão”.

Pelo PSD, o deputado Hugo Carneiro alertou para “uma lacuna legal”, uma vez que os ocupantes “aproveitam a ausência do proprietário” e ocupam o imóvel sem violência, e indicou que os sociais-democratas querem que a lei passe a criminalizar esta prática, mesmo que aconteça sem violência.

Hugo Carneiro apontou aos diplomas do Chega e da IL “problemas de natureza constitucional, de proporcionalidade, de respeito pelo direito de acesso à justiça e ao contraditório”, mas manifestou abertura para “um debate aprofundado” na especialidade para que o parlamento encontre “uma solução constitucionalmente blindada, proporcional, respeitadora dos direitos fundamentais e dos direitos humanos, mas que resolva em definitivo estes abusos e ilícitos intoleráveis”.

O socialista André Rijo indicou que a estatística criminal “não apresenta dados relevantes” deste fenómeno e considerou que a ocupação ilegal de habitações “é residual”, pelo que não há razão para o “agravamento excessivo” das penas. “Parece que este debate tem fonte nas clientelas de uma agenda populista e não na realidade do país”, criticou, acusando a direita de querer “legislar com base em perceções”, o que classificou como “populismo penalista”.

Ainda assim, o deputado do PS disse que os socialistas estão disponíveis para trabalhar o diploma do PSD na especialidade. A intervenção do PS também provocou um comentário do CDS, com João Almeida a considerar “chocante a forma como desvalorizou um atentado a um direito constitucional”.

Também o porta-voz do Livre, Rui Tavares, acusou PSD, IL e CDS de irem “atrás de uma perceção criada pelo Chega e completamente falsa”, e indicou que aceitaria agravar penas se estes partidos concordassem em duplicar o IMI para casas devolutas. O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, defendeu que “deve indignar e chocar os portugueses a esquerda considerar que não se deve legislar porque as situações ainda acontecem poucas vezes”.

Pela IL, o líder demissionário, Rui Rocha, adiantou que o partido vai viabilizar todos os projetos em debate porque recusa “todos os tipos de ocupismo-leninismo”. Num debate interrompido várias vezes pelos apartes das bancadas, a líder parlamentar do PCP disse que o partido “não compactua” com ocupações ilegais e considerou que se trata de situações pontuais, motivadas pela crise no acesso a habitação.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou o PSD de se ter “tornado numa caricatura da direita” e pediu respostas para resolver a crise da habitação, enquanto a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu que a solução não passa por “desumanizar” este problema e “ir atrás de populismos”.

A habitação voltou a estar em debate no plenário desta quarta, com iniciativas de vários partidos, a primeira das quais um projeto de resolução do Livre que recomenda ao Governo a regulamentação do Fundo de Emergência para a Habitação. O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou que existe “uma emergência na habitação” e disse que os portugueses estão há mais de um ano à espera desta regulamentação.

O deputado Alexandre Poço, do PSD, disse que a regulamentação “está preparada para avançar” e acusou o Livre de querer fazer “apenas um número político”. Durante o debate, esquerda e direita voltaram a manifestar as suas visões para resolver a crise na habitação e PS e PSD trocaram acusações sobre a responsabilidade pela situação atual.

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Judas assina campanha de apoio à seleção feminina “Por trás de uma grande mulher está outra grande mulher”

  • + M
  • 9 Julho 2025

O filme é protagonizado pelas 25 convocadas, celebrando a sua força coletiva. No spot também entra o selecionador Francisco Neto e algumas ex-jogadoras que já vestiram as cores da bandeira nacional.

“Por trás de uma grande mulher está outra grande mulher”, diz a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) numa campanha de apoio à seleção feminina, no âmbito da presença da seleção nacional de futebol feminina no Campeonato da Europa de 2025, na Suíça. A criatividade é da Judas.

A campanha confere assim um “twist contemporâneo” a um ditado já antigo e conhecido, que serve de mote para celebrar a “força coletiva de uma geração que está a reescrever a história do futebol feminino”.

“O ditado era bom, mas estava desatualizado. Este insight caiu-nos no colo como um passe a rasgar da Kika Nazareth e não podíamos não o aproveitar. Porque por trás de cada uma destas atletas, há outras tantas companheiras a torcer, a lutar, a correr e a inspirar. Dentro e fora de campo”, diz Ruben de Barros, supervisor criativo da Judas, citado em comunicado.

O filme é protagonizado pelas 25 convocadas, pelo selecionador Francisco Neto, e por algumas ex-jogadoras que já vestiram as cores da bandeira nacional, como Carla Couto, Edite Fernandes, Paula Cristina, Ana Rita Gomes e Alfredina Silva.

No spot, as Navegadoras “inspiram quem vem a seguir com dribles, suor e um brilho nos olhos que nenhuma câmara consegue fingir”, numa verdadeira “carta de amor às jogadoras” e “carta de recrutamento às miúdas que ainda estão a decidir se o futebol é para elas”, descreve-se em nota de imprensa.

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Diretor clínico do Hospital de Santa Maria foi demitido após auditorias

  • ECO
  • 9 Julho 2025

A exoneração foi pedida na semana passada pelo presidente do conselho de administração da unidade de saúde após ter recebido o resultado das auditorias às cirurgias adicionais.

O diretor clínico do Hospital de Santa Maria, Rui Tato Marinho, foi demitido, avança a RTP. A exoneração foi pedida na semana passada pelo presidente do conselho de administração da unidade de saúde, Carlos Martins, após ter recebido o resultado das auditorias às cirurgias adicionais.

A demissão foi aceite esta quarta-feira pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins. A CNN/TVI avança que o Ministério da Saúde convidou Ana Isabel Gouveia Lopes, atual diretora do departamento de pediatria da Santa Maria, para o lugar.

Ana Isabel Lopes é a médica que esteve envolvida no caso das gémeas luso-brasileiras e que foi chamada à Comissão Parlamentar de Inquérito.

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Liga responde a Benfica: “Centralização dos Direitos Audiovisuais é para avançar”

Depois de o Benfica ter pedido a suspensão do processo, a Liga Portugal vem reiterar a sua posição quanto ao avanço da centralização de direitos televisivos, que tem de acontecer até 2028.

Depois de o Benfica ter solicitado a suspensão imediata do processo de centralização dos direitos audiovisuais, numa carta enviada à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a Liga Portugal reafirmou que “a Centralização dos Direitos Audiovisuais é para avançar”.

A Liga Portugal, no entanto, “regista as preocupações manifestadas sobre a centralização dos direitos audiovisuais, processo que representa uma transformação estrutural determinante para o futuro do Futebol Profissional em Portugal”, refere em comunicado.

Preocupações essas, lê-se na mesma nota, partilhadas pela atual direção executiva, que tem reunido com operadores televisivos nacionais e internacionais — incluindo plataformas de streaming — com o Governo, a Autoridade da Concorrência, todas as forças de autoridade, com a AICEP – Agência para o Investimento Comércio Externo de Portugal e com técnicos com vários departamentos especializados de outras ligas europeias.

Este trabalho que tem sido realizado “com o envolvimento crescente das sociedades desportivas, que reconhecem o percurso já traçado e os resultados alcançados”, tem como objetivo claro “cumprir –- e, se possível, antecipar -– os prazos definidos pelo Governo no Decreto-Lei n.º 22-B/2021″, que determina a comercialização centralizada dos direitos televisivos dos jogos da I e II Ligas de futebol, num modelo a implementar até à época desportiva 2028/2029.

“É com esse sentido de responsabilidade que a atual direção executiva da Liga Portugal reafirma: a centralização dos direitos audiovisuais é para avançar. É um compromisso assumido com as sociedades desportivas, com os adeptos e com a sustentabilidade do futebol nacional. E é com todos — sem exceção — que pretendemos concretizá-lo”, conclui a Liga Portugal.

Esta posição é tomada depois de o Benfica ter solicitado a suspensão imediata do processo de centralização dos direitos audiovisuais, numa carta enviada à Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Segundo o Benfica, na carta assinada por Rui Costa e enviada na terça-feira ao presidente da LPFP, Reinaldo Teixeira, “o atual processo de centralização está atrasado, em risco de falhar os objetivos e já desatualizado face ao contexto internacional”, realçando que “o impacto que o futebol tem como setor estruturante da economia portuguesa exige uma visão estratégica clara e uma gestão responsável”.

O pedido de suspensão do processo de centralização e a suspensão na gerência da empresa Liga Centralização concretiza algumas das posições tomadas pelo emblema das águias na sequência da arbitragem de Luís Godinho na final da Taça de Portugal, perdida frente ao Sporting, após prolongamento, por 3-1, em 25 de maio.

Entretanto, também o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, já disse esperar que haja um entendimento sobre a centralização dos direitos audiovisuais das competições profissionais de futebol portuguesas até ao fim do prazo, apesar da posição assumida pelo Benfica.

Este é um processo que se iniciou em 2021 e, até 30 de junho de 2026, está na esfera exclusiva da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Neste momento, o Governo não terá nenhuma intervenção. E esperamos que não seja necessária nenhuma intervenção do Governo”, afirmou o governante.

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Porto Seco da Guarda fica pronto em abril com ligação ferroviária ao porto de Leixões

Obra promovida pela APDL foi adjudicada por perto de 3,8 milhões de euros à Edivalor, com um prazo de conclusão de nove meses. Trabalhos arrancaram esta semana.

Já arrancaram esta semana os trabalhos para a implementação do Porto Seco da Guarda, considerada a primeira infraestrutura deste género em Portugal e que deverá estar pronta em abril do próximo ano.

É que a obra promovida pela APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, que foi adjudicada há poucas semanas por perto de 3,8 milhões de euros à Edivalor, tem um prazo de conclusão de nove meses.

Os trabalhos envolvem a extensão das vias-férreas para acomodar comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento, a execução de um parque para depósito e movimentação de mercadorias com cerca de 30.000 metros quadrados, dois edifícios de apoio às operações, infraestruturas para controlo de acessos e videovigilância, e arranjos urbanísticos como barreiras acústicas e interligação com a ciclovia.

Foi em dezembro de 2021 que o Conselho de Ministros reconheceu a este projeto o estatuto de primeiro Porto Seco do país, transferindo a gestão do terminal ferroviário de mercadorias da Guarda para a APDL para transformar a cidade “numa âncora logística fundamental no interior do país” e fortalecer a ligação de carga aos portos do Atlântico e Espanha através da ferrovia.

Em comunicado, a administração portuária liderada por João Neves frisa que este projeto potencia o “aumento do hinterland do porto de Leixões, ampliando significativamente a sua área de captação de carga”, ao passo que a ligação da Guarda ao terminal marítimo vai “dinamizar a economia da região, ao facilitar os processos de importação e exportação do tecido empresarial”.

“Ao incentivar o transporte de mercadorias através da ferrovia, a APDL está igualmente a promover uma logística mais sustentável uma vez que, o transporte ferroviário emite nove vezes menos de dióxido de carbono que o transporte rodoviário e um único comboio de mercadorias pode transportar o equivalente a cerca de 80 camiões”, destaca a APDL.

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Comissão Política Nacional do PS reúne-se terça-feira para analisar estado da Nação

  • Lusa
  • 9 Julho 2025

Esta será a primeira reunião deste órgão do PS desde que José Luís Carneiro foi eleito secretário-geral do partido nas diretas do final do mês nas quais não teve opositores.

A Comissão Política Nacional do PS reúne-se na terça-feira à noite, em Lisboa, com a análise da situação política e do estado da Nação na agenda, adiantou à Lusa fonte oficial socialista. Esta será a primeira reunião deste órgão do PS desde que José Luís Carneiro foi eleito secretário-geral do partido nas diretas do final do mês nas quais não teve opositores.

A Comissão Política Nacional do PS está marcada para terça-feira, às 21:30, no Largo do Rato, em Lisboa, e tem como ponto de agenda “análise da situação política: Estado da Nação”, segundo a mesma fonte.

Esta reunião acontece precisamente na semana em que o parlamento vai debater o Estado da Nação, que decorre dia 17 de julho, quinta-feira à tarde. Na terça-feira foi a vez do novo Secretariado Nacional do PS, eleito no fim de semana, ter feito a sua primeira reunião.

O Secretariado Nacional do PS, quase totalmente renovado sob a nova liderança de José Luís Carneiro, foi eleito no sábado na Comissão Nacional do partido com 75% votos a favor, 15% contra e 10% de brancos.

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Grândola vai construir passadiço e parque de “alguns milhões” em Melides para acesso público à praia

Placa de sinalização da praia na EN261 tem sido furtada, denuncia o presidente da câmara. Para contornar limitação, criada por promotores imobiliários, autarquia investirá "alguns milhões".

As placas que indicam a direção da Praia da Galé, na EN261, junto a Melides, estão a ser alvo de retirada ilegal, sem que se conheça o autor, denunciou o presidente da Câmara de Grândola, nesta quarta-feira, durante a apresentação do plano do Governo para assegurar um acesso facilitado a todos os que queiram chegar às praias dos 45 km de costa inseridos no território do município.

“Não foi a câmara” que retirou as placas sinalizadoras, assegurou António Mende. “As Infraestruturas de Portugal já recolocaram várias vezes essa placa… não sei quem é” o autor do furto, diz o autarca.

À margem da apresentação do plano preparado pelo Governo para as praias de Grândola, o presidente explicou o investimento “de alguns milhões de euros” num parque de estacionamento público com 300 lugares e num passadiço até ao areal da Praia da Galé, criando uma alternativa às limitações impostas pelos privados, designadamente a imposição de apresentação do cartão de cidadão para atravessar o parque de campismo e chegar à praia.

O acesso à Praia da Galé “era público” e “sempre foi público”, mas não estava claro. “Agora”, diz o presidente da autarquia, António Mendes, referindo-se à imposição de colocação de placas decretada pelo Governo aos promotores de empreendimentos na costa de Grândola, “fica mais claro”.

Sobre a obrigação de apresentar o cartão de cidadão à entrada do parque de campismo que dá acesso à praia, o presidente da câmara diz que “sempre foi assim e vai continuar a ser”.

“Acho que é legal. Ninguém pode impedir que as pessoas vão à praia. O que querem, por razões de segurança, é ter identificação das pessoas que vão à praia”, considera.

Se disser que um ou dois promotores procuram restringir o acesso à praia, isso é verdade. Estamos a lutar contra isto.

António Mendes

Presidente da Câmara Municipal de Grândola

Contudo, admite o autarca, não é suposto haver imposição de apresentação de identificação para se aceder a uma praia, pelo que a câmara aplicará “alguns milhões” no terreno municipal – recebido pela autarquia como contrapartida pela construção do parque de campismo – vizinho dos novos empreendimentos que estão a ser edificados na área do parque de campismo.

O parque de estacionamento deverá ser feito em duas fases, face à dimensão do investimento, e para aceder à praia haverá um novo caminho público feito em passadiço.

“Se disser que um ou dois promotores procuram restringir o acesso à praia, isso é verdade. Estamos a lutar contra isto”. Sobre a fiscalização efetuada pela APA e implementação das medidas corretivas anunciadas no Ministério do Ambiente e Energia nesta quarta-feira, António Mendes diz que “foi importante para todos perceberem que não é assim como querem”.

Ao longo dos 45 km da costa no município de Grândola, há dezenas que não estão ocupadas com empreendimentos, realça o autarca, admitindo que a ausência de infraestruturas e de salva-vidas é um ponto de insegurança. “Queremos praias que possam ser concessionadas, tenham equipamento e as pessoas tenham segurança”.

O autarca referiu que “aqui há 15, 20 anos, toda a gente ia à praia e não tinha preocupação de segurança. Veja-se o que está a acontecer nos últimos anos. Nós temos de garantir que as pessoas têm segurança quando vão à praia. Mas se as pessoas quiserem ir [para praias sem vigilância], não temos culpa disso. Podem atravessar os terrenos, mas já é outra questão”.

Muito criticado pela proliferação de projetos imobiliários de grande dimensão na costa do seu concelho, António Mendes recusa que seja responsabilidade da câmara. “Não há projeto nenhum no concelho de Grândola, na faixa costeira, que não tenha tido a aprovação do ICNF e da APA”, assegura o autarca, recusando responsabilidade da câmara na aprovação dos Projetos de Interesse Nacional (PIN), criado no primeiro Governo de José Sócrates.

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O dia em que a inteligência artificial fez história na bolsa com a Nvidia a ultrapassar 4 biliões de dólares

A Nvidia tornou-se a primeira empresa a ultrapassar 4 biliões em capitalização bolsista, fruto da sua hegemonia em inteligência artificial e de uma valorização de 90% das ações nos últimos três meses.

Num daqueles raros momentos em que a história se escreve em tempo real, a Nvidia ultrapassou esta quarta-feira a barreira dos 4 biliões de dólares em capitalização bolsista, tornando-se na primeira empresa do mundo a alcançar este patamar.

O feito, que coloca o gigante dos semicondutores norte-americano à frente de colossos como a Apple e a Microsoft, representa mais do que um simples marco numérico. É o coroar de décadas de inovação tecnológica e da visão estratégica de Jensen Huang, o CEO e co-fundador de origem taiwanesa que transformou uma empresa de gráficos para videojogos, fundada num restaurante de beira de estrada na Califórnia, na pedra angular da revolução da inteligência artificial (IA), alimentando desde os supercomputadores que treinam modelos de IA até aos data centers que sustentam a próxima vaga de inovação.

A subida meteórica da Nvidia para este patamar histórico não foi linear, sobretudo este ano. Por trás da subida de 2,8% das ações no arranque da sessão desta quarta-feira até aos 164,42 dólares – que colocou a empresa nos 4 biliões de dólares de valor de mercado –, a Nvidia ensaiou uma recuperação impressionante nos últimos três meses, depois de um início de ano atribulado, marcado pelos receios sobre os investimentos em IA provocados pela emergência da DeepSeek chinesa e pelas ameaças tarifárias do Presidente Trump.

Após chegar a acumular perdas de 43% entre 7 de janeiro e 7 de abril (mínimo do ano), os títulos da empresa iniciaram uma recuperação impressionante que se traduz numa valorização de 90% desde os mínimos do ano até esta quarta-feira, numa demonstração da resiliência do seu modelo de negócio e da confiança dos investidores na sua capacidade de liderar a transformação digital global.

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O poder da inovação e da visão de um imigrante que revolucionou o mercado

O sucesso da Nvidia assenta em pilares sólidos que explicam a sua valorização estratosférica no mercado de capitais. A empresa detém entre 70% e 95% do mercado de aceleradores de IA, uma posição dominante sustentada por arquiteturas revolucionárias como a A100, H100 e, mais recentemente, a Blackwell.

Esta hegemonia operacional traduz-se em resultados financeiros sólidos, que se revelam num volume de negócios de 130,5 mil milhões de euros no ano fiscal de 2025 (terminado em janeiro deste ano), mais 114% face ao ano anterior, e num lucro líquido de quase 73 mil milhões de dólares, 145% acima do alcançado no ano anterior, enquanto a margem bruta cresceu 2,3 pontos percentuais até aos 75%.

O segmento de Compute & Networking, que inclui os data centers, foi o grande motor deste crescimento no último ano fiscal, gerando 116,2 mil milhões de dólares em receitas – um aumento de 145% face ao ano anterior. Esta divisão beneficia diretamente da explosão da procura por infraestrutura de IA, com gigantes tecnológicos como Microsoft, Meta, Amazon e Alphabet a projetarem 325 mil milhões de dólares só este ano em investimentos e despesas de capital, impulsionados por uma aposta contínua na construção de infra-estruturas de IA.

Huang conduziu a empresa através de momentos difíceis, incluindo a quase falência na década de 1990, quando a Nvidia despediu mais de metade dos seus funcionários.

E a sustentar todo o universo Nvidia está a trajetória do seu co-fundador, Jensen Huang, que espelha o sonho americano na sua forma mais pura. Nascido em Taipé, Taiwan, em 1963, Huang chegou aos EUA aos nove anos, numa altura em que a família procurava oportunidades longe da instabilidade geopolítica da região asiática.

A sua infância foi marcada por várias adversidades. Foi enviado para uma escola para “crianças difíceis” em Washington, onde uma das suas tarefas era limpar as casas de banho do dormitório. Esta experiência ensinou-lhe a importância do trabalho árduo e da excelência em tudo o que fazia, como o próprio já partilhou por diversas ocasiões.

Posteriormente, Huang formou-se em engenharia elétrica na Oregon State University e completou o mestrado em Stanford. Em 1993, aos 30 anos, fundou a Nvidia juntamente com Chris Malachowsky e Curtis Priem, num restaurante na Califórnia, da convicção de que o processamento gráfico seria uma tecnologia transformadora. Não se enganou muito, mas a Nvidia é hoje uma empresa totalmente diferente face à sua génese.

Huang conduziu a empresa por momentos difíceis, incluindo a quase falência na década de 1990, quando a Nvidia despediu mais de metade dos seus funcionários. A perseverança e a capacidade de adaptação permitiram-lhe transformar a empresa numa potência global, com a invenção do GPU (unidades de processamento gráfico) em 1999 a redefinir não apenas os gráficos de computador, mas também a abrir caminho para a era da IA moderna.

Jensen Huang, CEO da Nvidia, exibe a “Grace Blackwell NVL72 GPU” na abertura da feira tecnológica COMPUTEX 2025, em maio, em Taiwan. Esta plataforma é vista pelo mercado como a definição de um novo patamar de desempenho, eficiência e integração para inteligência artificial e data centers, viabilizando avanços antes considerados impossíveis.EPA/RITCHIE B. TONGO

Oportunidades e desafios a caminho dos cinco biliões

Com os olhos no horizonte, o futuro da Nvidia parece promissor, com múltiplas oportunidades de crescimento. A começar, desde logo, pela plataforma Blackwell Ultra, anunciada em março, que promete revolucionar o processamento de IA com 1,5 vezes mais performance AI do que a geração anterior.

O segmento automóvel representa outra fronteira de crescimento, com a empresa a registar 1,7 mil milhões de dólares em receitas no último exercício fiscal (que compara com cerca de mil milhões no ano anterior). O mesmo sucede com a Omniverse, a plataforma de desenvolvimento de mundos virtuais baseada em OpenUSD, que está a expandir-se rapidamente em aplicações de digitalização industrial, robótica e veículos autónomos.

Apesar do sucesso atual, a Nvidia enfrenta também desafios significativos. A dependência da cadeia de fornecimento, particularmente da TSMC em Taiwan, expõe a empresa a riscos geopolíticos. A guerra comercial entre os EUA e a China já custou à empresa cerca de oito mil milhões de dólares em vendas perdidas de GPU H20 ao mercado chinês. As restrições de exportação americanas, incluindo a nova regulamentação “AI Diffusion” que impõe licenciamento mundial para produtos de IA, podem também limitar o crescimento futuro, alertam os analistas que acompanham a empresa.

A transformação da Nvidia de uma empresa de gráficos para videojogos numa potência de 4 biliões de dólares é uma das histórias de sucesso mais notáveis da era digital.

A concorrência está a intensificar-se, com a AMD e Intel a desenvolverem alternativas aos chips da Nvidia. A AMD introduziu o chip Mi300X, enquanto a Intel trabalha nos chips Gaudi Two e Three. Embora estes produtos ainda não igualem a performance dos chips da Nvidia, representam uma ameaça crescente, especialmente em aplicações de inferência onde o custo pode ser mais importante que o desempenho máximo.

A regulamentação governamental representa outro desafio. A investigação sobre se a chinesa DeepSeek contornou os controlos de exportação para obter chips da Nvidia ilustra as complexidades geopolíticas que a empresa enfrenta. O governo americano está a investigar se a empresa chinesa utilizou intermediários em Singapura para adquirir chips H100, numa dinâmica que pode resultar em restrições ainda mais apertadas.

A transformação da Nvidia de uma empresa de gráficos para videojogos numa potência de 4 biliões de dólares é uma das histórias de sucesso mais notáveis da era digital. A visão de Jensen Huang, combinada com a execução estratégica e inovação tecnológica contínua, posicionou a empresa no centro da revolução da inteligência artificial. O futuro determinará se a Nvidia conseguirá sustentar este crescimento meteórico e, talvez, como alguns analistas preveem, inaugurar a era dos 5 biliões de dólares.

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