Sporting leva a Taça (de Portugal) e faz a dobradinha

O Sporting ganhou a Taça de Portugal ao ganhar ao Benfica por 3-1, ao fim de 120 minutos de jogo. Leões fazem a sétima 'dobradinha' da sua história.

O bicampeão nacional em título conquistou a Taça de Portugal em futebol pela 18.ª vez, ao vencer o Benfica por 3-1, após prolongamento, na final da 85.ª edição da prova, no Estádio do Jamor, em Oeiras. Uma semana após a conquista do 21º campeonato, assegurado na 38.ª e última jornada da edição 2024/25 da I Liga com um triunfo por 2-0 sobre o Vitória de Guimarães, para acabar dois pontos à frente do Benfica, o conjunto ‘leonino’ voltou a superiorizar-se às ‘águias’, agora no confronto direto.

Os ‘leões’ já não conseguiam tal proeza desde o começo do século XXI, mais precisamente desde 2001/02, quando ganharam o campeonato, cinco pontos à frente do Boavista, e a Taça de Portugal, com um triunfo por 1-0 face ao Leixões, de Carlos Carvalhal, liderados por László Bölöni. Se o romeno fez todo o trabalho a solo, Rui Borges tem, por seu lado, de dividir a ‘dobradinha’ por três, já que foi Ruben Amorim quem arrancou, na I Liga com 11 vitórias, e João Pereira também esteve em jogos das duas competições.

Quanto às grandes ‘estrelas’, dentro do campo, destas duas façanhas, separada por 23 anos, elas têm nomes bem próprios, no brasileiro Mário Jardel, autor de 42 golos no campeonato de 2001/02, e no sueco Viktor Gyökeres, com 39 em 2024/25. Além destas duas ‘dobradinhas’, o Sporting também conquistou a I Liga e a Taça de Portugal simultaneamente em 1940/41, 1947/48, 1953/54, 1973/74 e 1981/82.

O dinamarquês Conrad Harder, aos 99 minutos, e Francisco Trincão, aos 120+1, deram o triunfo aos ‘leões’, depois de o sueco Viktor Gyökeres, de penálti, forçar o tempo extra, já aos 90+11, igualando o tento inicial do turco Orkun Kökçü, aos 47.

Os ‘leões’ são, ainda assim, apenas os terceiros classificados no ranking das ‘dobradinhas’, atrás do Benfica, com 11, e do FC Porto, com nove. A formação ‘encarnada’ venceu as duas principais provas na mesma época em 1942/43, 1954/55, 1956/57, 1963/64, 1968/69, 1971/72, 1980/81, 1982/83, 1986/87, 2013/14 e 2016/17. Por seu lado, o FC Porto conseguiu-o em 1955/56, 1987/88, 1997/98, 2002/03, 2005/06, 2008/09, 2010/11, 2019/20 e 2021/22.

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KGM Torres EVX: Um soldado elétrico em missão na cidade

O SUV elétrico da sul-coreana KGM parece saído de um filme de ação, exibindo músculos e voz de herói, que contrasta com um interior que parece ter sido "mobiliado" por alguém obcecado por pragmatismo.

Se há coisa que os coreanos sabem fazer bem é reinventar-se. Basta olhar para a evolução do K-pop ou para como conseguiram transformar smartphones em pequenos computadores de bolso. Agora, é a vez da indústria automóvel sul-coreana nos surpreender novamente, desta feita com um SUV elétrico que parece ter saído diretamente de um filme de ação, mas que quando nos sentamos ao volante nos faz questionar se não terá havido algum mal-entendido no departamento de design interior. O KGM Torres EVX é precisamente isso: um carro que promete aventura à primeira vista, mas que depois nos serve uma experiência mais… digamos, doméstica.

Para compreender este SUV elétrico é essencial conhecer a saga da marca que o produz. A KGM Motors, anteriormente conhecida como SsangYong, celebra este ano 70 anos de história automóvel, tendo iniciado a sua jornada em 1954 como Ha Dong-Hwan Motor workshop. Ao longo das décadas, a empresa passou por diversas transformações: de Dong-A Motor em 1977 a SsangYong Motor em 1988, até à mais recente mudança para KG Mobility (KGM) em 2022, após a aquisição pelo KG Group.

Esta metamorfose não foi apenas cosmética. A marca sul-coreana enfrentou dificuldades financeiras significativas durante a pandemia de Covid-19, chegando mesmo a declarar falência no final de 2020. A salvação veio através da aquisição pelo KG Group, uma decisão que permitiu não só a sobrevivência da marca, mas também o seu reposicionamento estratégico com foco em “tecnologias de mobilidade do futuro”, incluindo plataformas dedicadas a veículos elétricos, veículos definidos por software e inteligência artificial.

O KGM Torres EVX não tenta ser mais do que é, mas também não consegue ser tudo aquilo que o seu design exterior promete. É como um ator de ação que descobriu ter talento para comédia romântica — funciona, mas não é exatamente aquilo que esperávamos quando comprámos o bilhete.

A entrada da KGM no mercado português fez-se inicialmente no segmento de pick-ups e SUV com o Musso, mas a grande novidade da gama é o Torres EVX, o único modelo 100% elétrico da marca e com um design diferenciado. A sua grelha frontal imponente e o formato robusto conferem-lhe uma presença de estrada que evoca imediatamente aventura e resistência que rapidamente atrai o olhar dos mais curiosos. É como se alguém tivesse decidido criar um veículo para protagonizar um filme de apocalipse zombie, mas depois mudou de ideias e decidiu vendê-lo como SUV familiar.

Tanto em ambiente urbano como em terrenos mais desafiantes, o Torres EVX consegue cumprir a promessa visual de robustez. O design “Powered by Toughness”, filosofia atual da marca, está bem patente nas linhas exteriores, com detalhes como o pilar C metalizado, faróis LED e elementos de proteção que reforçam o seu ADN aventureiro.

Contudo, este ar de máquina de guerra esmorece-se consideravelmente quando se abre a porta e se toma o controlo no lugar do condutor. É como se o Batman tivesse emprestado o Batmobile, mas esqueceu-se de avisar que por dentro estava mobilado pela IKEA.

Entre a cidade e o todo-o-terreno

Se o exterior promete aventura épica, o interior do Torres EVX entrega uma experiência mais… pragmática. O habitáculo, embora espaçoso e funcional, não consegue manter a intensidade dramática sugerida pelo design exterior. Os acabamentos, apesar de adequados ao segmento de preço, revelam-se claramente orientados para a funcionalidade em detrimento do luxo ou da originalidade.

O sistema de infoentretenimento com o ecrã de 12,3 polegadas e o painel de instrumentos digital da mesma dimensão cumprem o seu papel, oferecendo navegação e conectividade Android Auto e Apple CarPlay. No entanto, a interface e a qualidade dos materiais utilizados lembram-nos constantemente que estamos num veículo que privilegia o valor prático sobre a experiência premium.

Na condução urbana, o Torres EVX revela-se “civilizado”. A motorização elétrica proporciona uma resposta instantânea e silenciosa, características que se adequam perfeitamente ao trânsito citadino. A capacidade de submersão até 300 mm (a velocidades inferiores a 30 km/h) e o sistema de controlo de tração evidenciam a herança off-road da marca, embora na prática urbana estas características sejam mais tranquilizadoras do que necessárias.

A proposta de valor deste SUV sul-coreano assenta essencialmente na combinação entre design diferenciador, capacidades off-road genuínas e a garantia de sete anos ou 150 quilómetros.

Fora de estrada consegue honrar parcialmente as suas credenciais aventureiras. A tração integral e os diferentes modos de condução (Normal, Sport e Inverno) permitem alguma versatilidade em terrenos variados, embora seja evidente que este SUV está mais confortável em estradas alcatroadas do que em trilhos verdadeiramente desafiantes.

Com um preço de entrada na ordem dos 40 mil euros, o Torres EVX posiciona-se numa zona de combate particularmente competitiva. Comparado com o Tesla Model Y, oferece um design mais distintivo, mas uma tecnologia menos avançada. Face ao Skoda Enyaq, apresenta maior robustez visual, mas menor refinamento interior. Relativamente ao BYD Seal U, destaca-se pela herança SUV especializada, mas fica aquém em termos de inovação tecnológica.

A proposta de valor deste SUV sul-coreano assenta essencialmente na combinação entre design diferenciador, capacidades off-road genuínas e a garantia de sete anos ou 150 mil quilómetros. Para consumidores que procuram um SUV elétrico com personalidade própria e que não se importam de trocar algum refinamento por autenticidade, a equação pode fazer sentido.

O KGM Torres EVX não tenta ser mais do que é, mas também não consegue ser tudo aquilo que o seu design exterior promete. É como um ator de ação que descobriu ter talento para comédia romântica — funciona, mas não é exatamente aquilo que esperávamos quando comprámos o bilhete.

Para a KGM, este modelo representa um passo importante na construção da sua nova identidade pós-SsangYong. Consegue diferenciar-se num mercado saturado de SUV elétricos aparentemente iguais, oferecendo uma alternativa com caráter próprio. Contudo, para que o Torres EVX se torne numa escolha verdadeiramente competitiva, será necessário que futuras evoluções consigam alinhar melhor a promessa exterior com a experiência interior.

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Insurtech Mudey quer seguros de vida “acessíveis e adaptados às famílias portuguesas”

Ana Teixeira quer os seguros de Vida Risco a ir para além de apêndices aos créditos, o estudo promovido pela insurtech Mudey de que é CEO, aponta os caminhos para o tornar popular.

Um estudo agora revelado pela insurtech MUDEY dedicado ao Seguro de Vida Risco em Portugal, revelou lacunas no conhecimento dos portugueses. Frequentemente associado ao crédito à habitação, o Seguro de Vida “continua a ser pouco valorizado como instrumento de proteção financeira”, concluiu o estudo.

Para Ana Teixeira, cofundadora da Mudey, existe uma enorme oportunidade: “Tornar o Seguro de Vida mais compreendido, acessível e adaptado à realidade das famílias portuguesas”.

Realizado entre fevereiro e março de 2025, o inquérito mostra que apenas 58% dos inquiridos têm um Seguro de Vida, sendo que 53% admitem que o subscreveram apenas para cumprir com as exigências bancárias no acesso ao Crédito Habitação, sem ter em conta a sua utilidade como instrumento de proteção financeira do seu agregado familiar.

O estudo foi realizado com o objetivo de compreender o que impede ou motiva os consumidores a contratar um Seguro de Vida, e como torná-lo mais acessível, transparente e ajustado à realidade atual, principalmente no contexto de incerteza económica em que vivemos. Participaram 413 pessoas.

“Há muito espaço para crescer, principalmente se conseguirmos tornar a informação sobre seguros mais simples, acessível e transparente para todos. Quem está na linha da frente, como os distribuidores de seguros, têm um papel-chave neste desafio”, concluiu Ana Teixeira, cofundadora da Mudey, “este estudo mostra que existem não apenas desafios, mas uma enorme oportunidade para o setor: tornar o Seguro de Vida mais compreendido, acessível e adaptado à realidade das famílias portuguesas”.

20% admite desconhecer as coberturas do seu seguro de vida

Entre os principais dados identificados pelo estudo, destaca-se a baixa literacia financeira, com cerca de 20% dos participantes a admitirem desconhecer as coberturas incluídas no seu seguro, valor que sobe para 32% no caso de contratação através do canal bancário.

Por outro lado, 46% de quem não tem Seguro de Vida considera que este produto não é uma prioridade na sua vida pessoal. Isto demonstra que o valor acrescentado, trazido pelo Seguro de Vida, ainda não é totalmente percebido pelos consumidores.

O estudo evidencia também uma desconfiança significativa no setor segurador, traduzida numa preocupação recorrente quanto à efetividade e fiabilidade do pagamento de indemnizações em caso de necessidade.

Por fim, surge a necessidade clara de adaptação do Seguro de Vida à realidade atual do ciclo de vida dos portugueses, marcada por decisões como a compra de casa e a constituição de família em idades cada vez mais avançadas.

A adesão ao seguro revela ainda fortes disparidades socioeconómicas. Apenas 4 em cada 10 trabalhadores por conta própria têm este tipo de proteção, contra 7 em cada 10 entre trabalhadores por conta de outrém e empresários. Esta desigualdade é igualmente evidente quando se analisa o rendimento dos agregados familiares: a existência de um Seguro de Vida é significativamente inferior à média entre os que auferem menos de 2.000 euros por mês.

Para discutir os resultados e caminhos possíveis, será realizada uma mesa-redonda online no dia 28 de maio, às 10h, que reunirá três executivos no setor segurador: Ricardo Neves, Diretor de Parcerias da Zurich, Paulo Silva, Diretor Comercial da Prevoir e Mónica Nicolau, Diretora Comercial da April. A participação é gratuita, mediante inscrição no site da Mudey onde também poderá ser consultado o estudo.

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Zelensky pede determinação aos que procuram a paz após ataques russos

  • Lusa
  • 25 Maio 2025

O Presidente ucraniano condenou a série de ataques russos desta madrugada, que causaram pelo menos 12 mortos, e pediu determinação na pressão sobre a Rússia para pôr termo aos atentados e ao conflito.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou a série de ataques russos desta madrugada, que causaram pelo menos 12 mortos, e pediu determinação na pressão sobre a Rússia para pôr termo aos atentados e ao conflito. “Sem uma pressão realmente forte sobre os dirigentes russos, esta brutalidade não poderá ser travada. As sanções vão certamente ajudar“, escreveu Zelensky através das redes sociais, apelando aos Estados Unidos e aos países europeus e “a todos os que procuram a paz” que mostrem “determinação” em pressionar o homólogo russo, Vladimir Putin, para “terminar a guerra”.

Os apelos de Volodymyr Zelensky surgem após mais uma noite de ataques russos a várias regiões ucranianas, dos quais resultou a morte de pelo menos 12 pessoas, incluindo duas crianças e um jovem. “O mundo conhece as fragilidades da economia russa. É possível parar a guerra, mas apenas com a força necessária para pressionar a Rússia”, escreveu o Presidente ucraniano.

Volodymyr Zelensky afirmou ainda que “Putin deve ser obrigado a não pensar em lançar mísseis, mas sim em acabar com a guerra”, apelando a que a agressão russa não seja ignorada. “O silêncio dos Estados Unidos” e “o silêncio dos outros no mundo é a única coisa que encoraja Putin“, acrescentou.

Segundo os dados apresentados por Zelensky, a Rússia lançou 300 drones, a maioria do modelo Shahed, de fabrico iraniano, e quase 70 mísseis de diferentes tipologias.

O Presidente ucraniano classificou os bombardeamentos de “ataque deliberado contra cidades”, que visaram, entre outros, edifícios residenciais, nomeadamente uma residência universitária em Kiev, e instalações de empresas. “Infelizmente há vítimas mortais, incluindo crianças”, lamentou, apresentando as suas condolências e referindo que “todos e cada um destes ataques terroristas são razão suficiente para sancionar a Rússia”.

 

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Na publicidade, os mais velhos não entram. Uma oportunidade perdida para as marcas?

A população mais velha é uma minoria nos anúncios, embora tenha maior poder de compra e seja um segmento em crescimento. Como devem as marcas agir para cativar este target?

  • Este artigo integra a 14.ª edição do ECO magazine. Pode comprar aqui.

Até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos deverá atingir os 2,1 mil milhões e superar o de crianças com menos de 15 anos. Apesar da dimensão deste público-alvo, há uma sub-representação crónica deste grupo etário na indústria do marketing e publicidade. E mesmo quando surge nos anúncios, é de forma estereotipada. Mas esta pode ser uma oportunidade perdida para as marcas: esta ‘nova geração’ de mais velhos não só tem mais poder de compra, como é cada vez mais digital, e influencia as decisões de compra de gerações mais novas.

O público sénior tem sido negligenciado “por razões estruturais”, acredita Marta Castro. Uma delas passa pela falta de pessoas mais velhas nas equipas de marketing e publicidade, o que “significa que a maior parte das campanhas são criadas por pessoas que dificilmente entendem verdadeiramente as necessidades, desejos e expectativas de um grupo que responde em Portugal por 50% do consumo privado”, afirma a diretora de marca e marketing da Wells.

Visão partilhada por Mónica Chaves. O setor sempre foi “obcecado pela juventude”, com as pessoas mais velhas a representar uma minoria nas agências europeias, com menos de 10% dos trabalhadores com mais de 45 anos. Isto leva a que “a generalidade dos profissionais não se identifiquem com o target, não o compreendam e não percebam as suas necessidades e desejos”, comenta a CEO da Idade Maior, consultora que se foca no segmento sénior.

Existe ainda um “preconceito generalizado” na sociedade em relação ao envelhecimento, que se reflete na indústria da publicidade, onde está “enraizada” a ideia de que “é mais sexy falar para os jovens e mostrar corpos e rostos intocados”, refere Marta Castro. A responsável da Wells aponta ainda para um “medo infundado” de que comunicar para um público mais velho “possa alienar os consumidores mais jovens, o que não é necessariamente verdade”, exemplificando com a campanha da Wells sobre a menopausa, que “não só foi um sucesso como também ressoou entre as mulheres mais jovens”.

E mesmo quando presentes na publicidade, as representações dos mais velhos são “por vezes marcadas por paternalismo e idadismo”, com as quais “o core target não se identifica, não se reconhece, não se inspira e não estabelece uma ligação emocional”. “Não tocam o coração das pessoas mais velhas, pelo que não criam impacto nem engagement com as marcas e, consequentemente, não vendem”, alerta Mónica Chaves.

Mas este “idadismo” das marcas pode não só afastar a população mais velha como também os mais jovens. “A geração Z, por exemplo, é muito mais consciente em relação a questões de preconceito e estereótipo, e espera que as marcas sigam esses valores. Se uma marca insiste em ignorar estes consumidores ou reforçar estereótipos, isso pode ser prejudicial junto dos mais jovens”, indica Marta Castro.

Mais otimista, Alexandra Queirós, responsável de comunicação da Centromarca, acredita que embora haja caminho a percorrer, “as marcas estão a dar passos na direção certa, com a criação de linhas de produtos específicas para atender às necessidades dos mais velhos e na reformulação das estratégias de marketing para uma comunicação mais eficaz”. Mas “ignorar o poder de compra dos séniores, que estão cada vez mais conectados e informados, pode, de facto, ser um erro estratégico”, pois além da dimensão e da sua força de mercado, também influenciam as compras das gerações seguintes.

O que devem as marcas fazer?

A inclusão nas equipas de pessoas mais velhas que se identifiquem e compreendam este target é o primeiro conselho que Mónica Chaves deixa às marcas. É “urgente que as empresas detentoras de marcas adquiram um conhecimento aprofundado destas novas gerações”, diferentes das gerações mais velhas que as precederam, recomenda.

Aprofundar o conhecimento deste tipo de cliente é também o conselho de Marta Castro, que aponta para a necessidade de promover representações mais autênticas, pois “mostrar o consumidor atual é essencial para criar identificação com a marca”. Além de uma reavaliação dos públicos-alvo, Alexandra Queirós recomenda que as marcas “personalizem a oferta, com design acessível, embalagens convenientes e rótulos fáceis de ler” e “simplifiquem a experiência de compra, com tecnologias fáceis de usar, assistência humanizada e comunicação empática”.

Outros conselhos da Centromarca passam por as marcas se “posicionarem como promotoras de bem-estar e qualidade de vida, apoiando uma longevidade ativa e saudável, e adotarem um marketing inclusivo, combatendo estereótipos com imagens positivas e diversificadas do envelhecimento”.

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“Conversas de Risco”: F. REGO junta-se a clientes e parceiros para debater novos desafios globais

  • ECO Seguros
  • 25 Maio 2025

O evento exclusivo contou com Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro. A corretora assegurou que a iniciativa — dada a forte adesão— “será, certamente, objeto de novas edições”. 

O Pestana Palácio do Freixo, Porto, recebeu a primeira edição das “Conversas de Risco”, iniciativa da corretora F. REGO que reuniu mais de uma centena de clientes e parceiros para discutir as grandes tendências que impactam o setor segurador e a gestão de risco empresarial.

Paulo Portas, ex. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e Vice-Primeiro-Ministro de Portugal: “Acho que o que se deve pedir aos governos em matéria económica é que não atrapalhem”.F. Rego

Num momento em que “vivemos tempos de instabilidade e incerteza, que acarretam novos riscos e ameaças”, o CEO da F. REGO, Pedro Rego, sublinhou que “é parte da nossa responsabilidade identificar e alertar os nossos clientes para este cenário, apontando soluções e mecanismos de mitigação”. A criação deste fórum, explicou, pretende “proporcionar a todos uma tarde de reflexão e discussão sobre a conjuntura nacional e internacional” com a contribuição de Paulo Portas, antigo Vice-Primeiro-Ministro e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

O líder da corretora assegurou que a iniciativa — à luz da forte adesão e envolvimento da audiência — “será, certamente, objeto de novas edições”.

Paulo Portas fez uma análise do panorama económico global, lembrando que “as preocupações dominantes, em termos internacionais, são óbvias. Primeiro, um tempo de incerteza, e a incerteza tem custos económicos, porque adia decisões, porque retira confiança”. Entre os temas abordados, destacaram-se o impacto das guerras comerciais nas cadeias de valor e a necessidade de previsibilidade para as empresas.

Para o responsável político, o enfraquecimento da escalada tarifária norte-americana traz algum alívio, mas a volatilidade continua a exigir soluções de proteção adequadas: “Eu acho que o que se deve pedir aos governos em matéria económica é que não atrapalhem”. “Não gosto nada de ver governos a fixarem os preços e a fixarem as produções. Isso são economias planificadas, nunca resultaram em parte nenhuma”, referiu.

Quanto ao comportamento económico de Portugal, Paulo Portas considera que tem sido “melhor do que a média da Zona Euro”. “Eu acho que passadas as eleições é preciso, provavelmente, olhar para a realidade económica global, olhar para as projeções que já foram feitas tanto pelo FMI como pela Comissão Europeia. E adaptar o cenário macroeconómico de um ponto de vista realista”, assinala. Por um lado, o Fundo Monetário Internacional desceu a previsão de crescimento para Portugal, por outro o mesmo relatório coloca o país numa posição “muito cimeira em capacidade de atração de investimentos”.

“Portugal terá no próximo ano uma dívida pública inferior à média da zona euro, o que é um enorme caminho feito e um grande serviço às gerações futuras” — lembrou Paulo Portas, reforçando a relevância de políticas de mitigação de risco adequadas à nova conjuntura.

Paulo Portas acredita que é necessário fazer uma adaptação ao cenário macroeconómico. “Do ponto de vista das condições de estabilidade política, eu acho que há menos instabilidade depois de o povo ter falado, comparando com a situação anterior. Porque as oposições terão que ter muito cuidado da próxima vez que acharem que precipitar eleições é uma ideia boa. Porque podem ser penalizadas”.

O ex-ministro indica que há mais economias com interesse além da chinesa e americana. “Há muito mais economias emergentes interessantes, cujo contributo relativo para o crescimento até ao fim desta década é muito elevado. E, portanto, eu estaria muito atento a países emergentes e economias emergentes que são abertas e que podem ser importantes para, por exemplo, os nossos exportadores”

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“A maior parte da desinformação tem origem interna”. Presidente do CESE diz que “é preciso vencer esta guerra cá dentro”

  • Lusa
  • 25 Maio 2025

 O Presidente do Comité Económico e Social Europeu (CESE), Oliver Röpke, assegurou que a maior parte da desinformação que afeta a União Europeia (UE) tem origem interna. 

O Presidente do Comité Económico e Social Europeu (CESE), Oliver Röpke, assegurou que a maior parte da desinformação que afeta a União Europeia (UE) tem origem interna. Em entrevista à agência Lusa, o responsável explica que parte da desinformação tem origem em países como a Rússia, Bielorrússia ou China, “mas a maior parte vem de dentro, tendo cada Estado diferentes formas de origem e disseminação de desinformação“.

Neste sentido, resolver a situação geoestratégica não significa vencer esta guerra, acima de tudo, é preciso vencer esta guerra cá dentro. Não se pode combater a desinformação dentro da UE e ignorar o que se passa fora da Europa”, pois na guerra da desinformação, “se não se jogar no mesmo campo de batalha pode perder-se“, reiterou Röpke.

O presidente do CESE destacou a forma como a UE e os estados-membros estão a combater este fenómeno, mencionando o Plano de Ação para a Democracia Europeia e a Lei dos Serviços Digitais (DSA), medidas que considera importantes, mas não suficientes. “É necessário ir mais longe e de mãos dadas entre a sociedade civil e os parceiros sociais”, defendeu.

Segundo o responsável, é necessário salvaguardar o espaço cívico e os direitos humanos, num momento em que um pouco por toda a Europa não há “apenas a desinformação, mas também o crescimento das sociedades muito polarizadas”.

Atualmente, na Europa vive-se num “ambiente de permanente desafio para os direitos humanos, tendo a luta contra a desinformação como prioridade chave”, pelo que é crucial o envolvimento da sociedade civil. Apesar disso, “a sociedade civil não pode vencer esta batalha se tomar apenas medidas legislativas, tem de haver um esforço conjunto”, uma mobilização de toda a sociedade e, ao mesmo tempo, de muitos parceiros sociais.

Assim, “o diálogo social e a negociação coletiva são também uma medida participativa, mesmo uma medida democrática, que serve para fortalecer a credibilidade e, no final, lutar contra a desinformação“. Nesta perspetiva de diálogo e cooperação internacional, Oliver Röpke destaca o combate da desinformação em países além da comunidade europeia, como no Brasil, afetado sobretudo pela desinformação ‘online’.

O Presidente do CESE concluiu com a ideia de que no caso brasileiro é necessário lutar em conjunto pelo reestabelecimento da sociedade civil e das estruturas de diálogo social.

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Benfica e Sporting procuram segundo troféu da época na final da Taça de Portugal

  • Lusa
  • 25 Maio 2025

O bicampeão Sporting e o Benfica, vencedor da Taça da Liga, fecham a época futebolística ao mais alto nível no Jamor, em busca de conseguir na final da Taça de Portugal um segundo troféu em 2024/25.

O bicampeão Sporting e o Benfica, vencedor da Taça da Liga, fecham este domingo a época futebolística nacional ao mais alto nível no Jamor, em busca de conseguir na final da Taça de Portugal um segundo troféu em 2024/25.

A formação ‘leonina’, que começou como Ruben Amorim, prosseguiu João Pereira e acaba com Rui Borges, já ganhou a mais importante da competição, revalidando o título 71 anos depois, e chega como favorito, para a sétima ‘dobradinha’ da sua história, também porque tem Viktor Gyökeres.

O avançado sueco, que soma 53 golos em 51 jogos pelos ‘leões’ na presente temporada, poderá cumprir o último encontro pelo Sporting, assim esperam todos os adversários do bicampeão, um dia depois de ter visto morrer o sonho de conquistar a Bota de Ouro, culpa da pontuação e de Kylian Mbappé.

Por seu lado, o Benfica, que arrancou com o alemão Roger Schmidt e passou rapidamente para as mãos de Bruno Lage, tenta juntar a Taça de Portugal, que já não conquista desde 2016/17, à Taça da Liga, arrebatada em Leiria numa final com os ‘leões’, decidida nos penáltis (7-6), após 1-1 nos 120 minutos.

O herói desse confronto acabou por ser o guarda-redes ucraniano Trubin, ao parar 14.º pontapé, de Francisco Trincão, sendo, para este jogo, uma ‘baixa’ voluntária, pois Lage já anunciou a titularidade de Samuel Soares.

Pelo contrário, são baixas, por lesão, Bah, Manu Silva e Amdouni, enquanto Aursnes está em dúvida, como o central Diomande no Sporting, ao qual faltam os lesionados Nuno Santos, Daniel Bragança e João Simões.

O Benfica, recordista de vitórias (26) e presenças na final (será a 39.ª), e o Sporting, que procura o 18.º título na 31.ª presença, defrontam-se na final da Taça de Portugal no Jamor, às 17:15 de hoje, com arbitragem de Luís Godinho.

Esta vai ser a oitava final entre Benfica e Sporting, e primeira desde o trágico embate marcado pela morte de um sportinguista atingido por um ‘very light’ disparado por um adepto ‘encarnado’, em 1995/96.

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Têxtil quer travar “maior fraude fiscal do século XXI na Europa”

Representantes do setor pedem mão firme para garantir a reciprocidade nas regras, garantindo que vendas através de plataformas, provenientes maioritariamente da China, cumprem as mesmas exigências.

De ano para ano são cada vez mais os pequenos pacotes que entram pela porta grande na União Europeia, sem pagar impostos e sem controlo. Vendidos a preços irrisórios por plataformas como a Shein ou a Temu, estas encomendas de baixo valor vêm concorrer com os produtos produzidos na região, que passam pelo crivo fino da legislação europeia.

Com oito mil milhões de pequenas embalagens previstas para entrar na Europa em 2025, Bruxelas prepara-se para aplicar uma taxa fixa de dois euros a estes artigos. Um valor que o setor considera meramente “simbólico”, alertando para as consequências de não se travar esta “passividade regulatória” que está a promover, o que classificam como “fraude fiscal” ou um “sistema bandido”, que ameaça os negócios, emprego e a própria estabilidade da União Europeia.

Estamos perante a maior fraude fiscal do século XXI na Europa e os nossos governantes acham que vão discutir dois euros para aliviar as alfândegas“. As palavras duras são de César Araújo, presidente da ANIVEC (Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção), e expressam a revolta do setor, que tem sido penalizado por uma concorrência, sobretudo chinesa, que classifica como desleal e desigual.

O que pedimos é igualdade. As mercadorias têm que vir documentadas, com a fatura correta, têm que ir à Alfândega, pagar a taxa aduaneira, pagar o IVA. E só depois é entregue à casa da pessoa que comprou”.

Não podemos criar um sistema bandido“, atira.

César Araújo, presidente da Anivec, defende reciprocidade no setor têxtil e do vestuário.Hugo Amaral/ECO

Com 4,6 mil milhões de encomendas de baixo valor – abaixo de 150 euros – a entrarem na União Europeia em 2024, quase o dobro dos 2,4 mil milhões registados em 2023, César Araújo alerta que, em 2025, se espera que sejam importados entre oito e 10 mil milhões destes pacotes de baixo valor.

“Não entra só roupa. Entra armas, droga, bombas, alimentos, medicamentos. As relações comerciais com países terceiros não tem a ver com aliviar alfândegas”, atira, pedindo que a indústria europeia seja tratada com igualdade.

Estamos perante a maior fraude fiscal do século XXI na Europa e os nossos governantes acham que vão discutir dois euros para aliviar as alfândegas (…) Não podemos criar um sistema bandido.

César Araújo

Presidente da ANIVEC

O que estamos a discutir é a reciprocidade dos mercados”, destaca, acusando que estas encomendas, que hoje não pagam taxas se forem até 150 euros, “têm produtos que não cumprem com as regras de segurança, põem em causa a saúde humana”. Além disso, avisa, esta discrepância “vai obrigar as empresas europeias que estão relacionadas com comércio eletrónico a mudar a sua sede fiscal para beneficiar do sistema bandido”.

Desloco a minha sede social para um país terceiro e já posso beneficiar dos minimis“. A ATP – Associação Têxtil E Vestuário De Portugal partilha a opinião da ANIVEC, argumentando que “aplicar uma taxa de dois euros por encomenda de baixo valor é manifestamente insuficiente. Trata-se de uma medida simbólica, que não responde à escala nem à urgência do problema que afeta a indústria e o retalho europeu”.

As plataformas digitais de venda de produtos de ultra fast fashion, que operam diretamente a partir de países terceiros, estão a beneficiar de isenções fiscais, falta de controlo aduaneiro e de uma clara assimetria regulatória. Estão a crescer com base num modelo de negócio que não respeita as obrigações legais, fiscais ou de segurança exigidas às empresas europeias.

Fonte oficial da ATP - Associação Têxtil E Vestuário De Portugal

“As plataformas digitais de venda de produtos de ultra fast fashion, que operam diretamente a partir de países terceiros, estão a beneficiar de isenções fiscais, falta de controlo aduaneiro e de uma clara assimetria regulatória. Estão a crescer com base num modelo de negócio que não respeita as obrigações legais, fiscais ou de segurança exigidas às empresas europeias”, comenta a ATP, em resposta ao ECO.

Para terminar com esta concorrência, a associação propõe um conjunto de medidas que vão desde a imposição de uma taxa mínima de 20 euros por encomenda; ao fim da isenção de IVA e de direitos aduaneiros para compras inferiores a 150 euros; ao reconhecimento legal destas plataformas como importadores estabelecidos na União Europeia, cumprindo as mesmas regras; até ao reforço da vigilância aduaneira, da rastreabilidade e da fiscalização digital dos fluxos comerciais.

Tarifas agravam crise dos “minimis”

A crise das tarifas implementadas pelos EUA poderá ainda agravar mais a crise das minimis, com as empresas chinesas a voltarem-se para a Europa, para evitar as taxas mais elevadas impostas pela administração de Trump.

“O setor está a sofrer. Estamos a penalizar empresas europeias e a sufocá-las com legislação e ao mesmo tempo está a pôr o tapete vermelho para que empresas de mercados terceiros conquistem o mercado europeu da forma mais selvagem que possa imaginar”, critica César Araújo, adiantando que “as mercadorias que tinham como destino os EUA são deslocadas para a Europa“.

Estamos a penalizar empresas europeias e a sufocá-las com legislação e ao mesmo tempo está a pôr o tapete vermelho para que empresas de mercados terceiros conquistem o mercado europeu da forma mais selvagem que possa imaginar.

César Araújo

Presidente da ANIVEC

O presidente da ANIVEC considera que a “Europa está em risco de desmembrar-se“.

“As populações estão descontentes porque penaliza-se demasiado os seus agentes económicos e com este andamento corremos o risco de a Europa se desmembrar, não só por políticas geoestratégicas, mas porque a Europa não soube regular e proteger os seus agentes económicos. Além disso estamos a ficar para trás”, destaca.

Já a ATP reconhece que, apesar de as exportações do setor têxtil e vestuário português terem crescido “ligeiramente” no primeiro trimestre, totalizando 1.446 milhões de euros (+0,7% em valor e +0,4% em volume face ao mesmo período do ano anterior), “este crescimento modesto não significa necessariamente estabilidade ou confiança“, salvaguarda.

A imprevisibilidade atual do mercado global reforça ainda mais a necessidade de políticas públicas justas e medidas regulatórias que garantam condições equitativas de concorrência.

Fonte oficial da ATP

“O mercado está marcado por uma enorme volatilidade, incerteza e falta de visibilidade, o que dificulta significativamente a tomada de decisões e os investimentos por parte das empresas”, justifica.

A redução de encomendas tem sido sentida, mas de forma desigual e difícil de mapear“, acrescenta, notando que “não se pode apontar com clareza quais os segmentos ou geografias mais afetadas, pois a instabilidade afeta tanto marcas internacionais como clientes de nicho, produtos de maior ou menor valor acrescentado, mais ou menos técnicos, alternando entre surtos de procura e quebras inesperadas”.

“Este contexto é altamente penalizador para uma indústria que precisa de planeamento, estabilidade e confiança para investir em inovação, sustentabilidade e digitalização. As empresas estão a operar num ambiente onde o risco de errar é cada vez maior, mesmo quando se cumpre bem e se investe com rigor”, alerta a ATP.

A imprevisibilidade atual do mercado global reforça ainda mais a necessidade de políticas públicas justas e medidas regulatórias que garantam condições equitativas de concorrência“, remata.

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Fundo de Acidentes de Trabalho com 2.020 processos em gestão em 2024

  • Lusa
  • 25 Maio 2025

Quanto aos reembolsos às empresas de seguros, que representam cerca de 82,6% da despesa total do FAT, ascenderam a 48,6 milhões de euros, isto é, uma subida de 20,9% face ao período homólogo.

O Fundo de Acidentes de Trabalho tinha no ano passado 2.020 processos de indemnizações em gestão, dos quais 1.854 relativos a pensões em pagamento, segundo os dados do regulador de seguros.

“O valor global dos montantes pagos a sinistrados e pensionistas ascendeu, em 2024, a 10,2 milhões de euros, apresentando um decréscimo de aproximadamente 3,5%, face ao ano de 2023”, segundo os dados que constam do Relatório Estatístico do Fundo de Acidentes de Trabalho (FAT), publicado na passada quinta-feira pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Quanto aos reembolsos às empresas de seguros, que representam cerca de 82,6% da despesa total do FAT, ascenderam a 48,6 milhões de euros, isto é, uma subida de 20,9% face ao período homólogo.

Segundo o regulador, estes reembolsos são “relativos a atualizações de pensões, duodécimos adicionais e prestações suplementares por assistência de terceira pessoa”, lê-se.

O relatório indica ainda que, no que respeita à receita a título de reembolsos de indemnizações e de reversões, em 2024, o montante recebido pelo FAT ascendeu a 2,7 milhões de euros, uma subida de 21,9% em termos homólogos.

Por sua vez, a receita “resultante da aplicação das percentagens de 0,15% sobre os salários seguros e de 0,85% sobre o capital de remição das pensões em pagamento e sobre a provisão matemática das prestações suplementares por assistência de terceira pessoa, foi de, aproximadamente, 135,8 milhões de euros e 9,6 milhões de euros, respetivamente”, acrescenta a entidade.

Já a receita arrecadada a partir de coimas foi de cerca de 4,6 milhões de euros, sendo que globalmente “a receita relativa a empresas de seguros e coimas, em 2024, aumentou cerca de 17,3%, comparativamente ao ano de 2023″, acrescenta a ASF.

O FAT é um fundo público, dotado de autonomia administrativa e financeira, gerido pela ASF, competindo-lhe garantir, “o pagamento das indemnizações emergentes de acidentes de trabalho nos casos em que as entidades empregadoras economicamente incapazes não o possam fazer” e “o reembolso às empresas de seguros dos montantes das atualizações das pensões a cargo destas”.

Cabe-lhe ainda “proceder ao pagamento de prémios de seguros de acidentes de trabalho de empresas em processo de recuperação económica, proceder à tramitação relativa ao resseguro e retrocessão dos riscos recusados de seguro de acidentes de trabalho e proceder à tramitação subsequente ao recebimento de indemnizações por morte de sinistrados sem beneficiários (reversões)”, lê-se no documento.

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Conselho da Europa recusa-se a enfraquecer a Convenção dos Direitos do Homem

  • Lusa
  • 24 Maio 2025

Nove países, entre os quais a Itália, a Dinamarca e a Polónia, afirmaram ser "necessário iniciar um debate sobre a forma como as convenções internacionais respondem aos desafios".

O secretário-geral do Conselho da Europa, Alain Berset, rejeitou qualquer enfraquecimento da Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH), um dia depois de nove Estados, liderados pela Itália, terem apelado à reinterpretação do texto em relação à migração.

Perante os desafios complexos do nosso tempo, o nosso papel não é enfraquecer a Convenção, mas, pelo contrário, mantê-la forte e relevante”, afirmou, num comunicado de imprensa, o secretário-geral do Conselho da Europa, que, com 46 países membros, é o guardião da democracia e dos direitos humanos no Velho Continente.

Numa carta aberta publicada na sexta-feira pelo gabinete da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, nove países europeus, entre os quais a Itália, a Dinamarca e a Polónia, afirmaram ser “necessário iniciar um debate sobre a forma como as convenções internacionais respondem aos desafios que enfrentamos atualmente”.

O texto dirige-se ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), um ramo do Conselho da Europa — ambos com sede em Estrasburgo, no leste de França — que é responsável por garantir que a convenção com o mesmo nome é respeitada nos 46 países signatários.

Os nove Estados querem saber “se o tribunal, em certos casos, alargou demasiado o âmbito de aplicação da Convenção em relação às suas intenções iniciais”.

Em resposta, Berset escreveu que “o debate é saudável, mas o tribunal não deve ser politizado”.

A manutenção da independência e da imparcialidade do tribunal é fundamental“, prosseguiu o secretário-geral do Conselho da Europa. “Num Estado de direito, a justiça não deve estar sujeita a pressões políticas (…) O tribunal não deve ser utilizado como uma arma, nem contra os governos nem por eles”, conclui.

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Abelhas, vinha e gado. Os painéis solares estão mais ‘verdes’

Os painéis solares são um novo elemento na paisagem que, entretanto, começou a tentar integrar-se, rodeando-se de espécies que vão desde abelhas até às ovelhas e cavalos, passando pela viticultura.

A capacidade solar instalada em Portugal no ano passado bateu recordes. Superou em 47% a fasquia de 2023 e, apesar de alguns projetos implicarem custos elevados para a biodiversidade — como o abate de árvores, apesar de associadas compensações —, tem-se vindo a desenvolver o conceito de agrovoltaico. Ovelhas a pastorear nos campos, instalação de colmeias ou a viticultura são algumas estratégias para promover uma melhor integração dos painéis solares com a natureza.

Atualmente, a maioria dos projetos centralizados de grande escala implementam medidas específicas para coexistir com a biodiversidade e as atividades locais, para trazerem impactos positivos à região onde se inserem”, afirma Susana Serôdio, coordenadora de Políticas e Inteligência de Mercado da APREN.

É em Alcoutim, no Algarve, que a Galp instalou o seu único parque solar de grande escala no país, com uma potência de 144 megawatts-pico (MWp). Além de produzir energia, decidiu criar um plano com o objetivo de, no final do projeto, o lugar onde jazem os painéis se encontrar em melhores condições, no que toca à biodiversidade, do que no momento da implementação do projeto, explica a empresa.

Mas como? Em redor do parque, foram instalados abrigos para pássaros e morcegos, para que estes se possam reproduzir e repousar, o que “atrai diferentes espécies para a área”, indica a empresa. A par destes abrigos, foram instalados “hotéis para insetos”, que servem de refúgio a insetos polinizadores. Além disso, a Galp aponta “várias iniciativas” para melhorar a qualidade do solo e evitar a erosão, assim como promover a recuperação dos habitats naturais. Faz, por exemplo, plantação e sementeira de plantas aromáticas e prados. E, no final, monitoriza, através de análises ao solo ou da captura de dados acústicos.

Numa vinha da Tapada da Ajuda, a mesma empresa tem vindo a desenvolver, em parceria com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (ISA), um teste-piloto. Aqui, cobre-se a vinha com os painéis solares, reduzindo a radiação que chega às plantas, o que contribui para a qualidade da uva e do vinho.

Em paralelo, também a EDP está a testar, em parceria com a Universidade de Évora, as soluções agrícolas que melhor casam com a produção de energia solar. “A conclusão e divulgação deste estudo está prevista para este ano, sendo o Alentejo o território pré-selecionado para testar um primeiro piloto”, afirma a elétrica.

A Finerge tem em Portugal 12 centrais fotovoltaicas, distribuídas por sete concelhos, com uma capacidade instalada de 66,5 MWn. Nestes parques, encontram-se a pastar ovelhas, cavalos, burros, póneis e vacas. “Todos os projetos com pastorícia são desenvolvidos com proprietários de terrenos arrendados ou com as comunidades locais, a quem a Finerge cede as instalações para a prática de pastorícia, sem contrapartidas financeiras”, explica a energética.

Por seu lado, a Iberdrola conta com seis projetos fotovoltaicos em operação no país, e as iniciativas de biodiversidade acontecem em todos eles, garante Sara Hoya White, responsável de Meio Ambiente da Iberdrola em Portugal. Nas Centrais Fotovoltaicas de Conde e Algeruz pastoreiam mais de 250 ovelhas, mas não estão sozinhas. Nos mesmos parques foram colocados apiários, com 15 colmeias cada um, para a produção de mel e manutenção dos polinizadores, as abelhas, naquela área. Em 2024 deu-se a primeira colheita, que rendeu cerca de 300 quilogramas de mel.

Desafios do agrovoltaico

No futuro, a intenção é de expansão. A Finerge, além de estar a aplicar soluções em todas as centrais solares em operação, cria desde logo um plano de biodiversidade também para as centrais em fase de projeto. A Galp, que também está a aplicar os mesmos princípios em duas regiões espanholas, compromete-se: “A nossa ambição é expandir esta abordagem a outras regiões onde operamos.”

Olhando aos desafios, a Galp realça a inevitabilidade de os resultados não serem imediatos. Por seu lado, a Finerge indica que, por vezes, é difícil encontrar pessoas locais com interesse ou disponibilidade para atividades de pastorícia, apicultura ou agricultura nos solos das centrais solares.

Susana Serôdio aponta a incerteza existente quanto à produtividade das colheitas, pois depende muito das necessidades de cada espécie e da forma como os painéis fotovoltaicos se posicionam. “É necessário escolher culturas que prosperem em condições de luz reduzida ou difusa”, explica, combinações que precisam ainda de ser estudadas.

A responsável da APREN realça que não existe uma definição legal para o agrovoltaico em Portugal, pelo que a prática não é reconhecida formalmente e, neste sentido, estes projetos não podem ser desenvolvidos em Reserva Agrícola Nacional, “mesmo que possam trazer valor acrescentado à atividade agrícola”. “Estes projetos poderão ser impulsionados por enquadramento legal específico que promova sinergias entre as duas atividades económicas, fomentando os benefícios que a sua coexistência pode trazer.”

  • Este artigo integra a 14.ª edição do ECO magazine. Pode comprar aqui.

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