“Já valorizamos o biogás para produção de energia elétrica”

  • Conteúdo Patrocinado
  • 31 Março 2025

Nuno Soares, presidente da Tratolixo, fala ao ECO sobre o projeto inovador para aproveitar os resíduos orgânicos. Atualmente, a empresa produz eletricidade suficiente para 15 mil pessoas.

Há desafios, mas sobretudo oportunidades na implementação de um mercado de biometano em território nacional. À boleia da apresentação recente do plano nacional para este gás renovável, a Goldenergy e a Axpo Iberia organizaram, esta semana, a conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano” para promover uma reflexão sobre o caminho que o país deve seguir.

À margem do evento, o ECO falou com Nuno Soares, presidente da Tratolixo, sobre um projeto inovador que a empresa está a desenvolver nos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra.

Que papel têm empresas como a Tratolixo na cadeia de valor para a produção de biometano?

O papel de empresas como a Tratolixo no sector do biometano é absolutamente fundamental. Todos nós, enquanto produtores de resíduos, geramos uma grande quantidade de resíduos alimentares ricos em carbono, que podem servir como matéria-prima para valorização. Através do processo de valorização orgânica, conseguimos produzir biogás, que pode ser convertido em biometano. Atualmente, já valorizamos esse biogás para produção de energia elétrica e estamos a avaliar a possibilidade de, no futuro, transformá-lo em biometano.

Nuno Soares, presidente da Tratolixo

Pode dar exemplos de recursos que todos temos em casa e que podem ser aproveitados para este processo?

Tudo o que resulta dos restos alimentares é essencial para este tipo de valorização. Através da digestão anaeróbica, conseguimos produzir biogás, que pode ser posteriormente refinado para biometano, um substituto natural do gás natural.

A Tratolixo tem um projeto inovador. O que pode dizer sobre o saco verde que criaram e o seu impacto na produção de biometano?

Atualmente, a maioria dos resíduos orgânicos ainda vai parar aos resíduos indiferenciados. Com o projeto do saco verde, implementado nos municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, incentivamos a separação dos resíduos alimentares diretamente nas casas das pessoas. Esse material é então tratado na nossa central através da digestão anaeróbica, aumentando a produção de biogás. Já conseguimos gerar energia elétrica suficiente para abastecer cerca de 15 mil pessoas diariamente. No futuro, pretendemos converter esse biogás em biometano.

Quais são os principais desafios para massificar este mercado?

Os desafios são diversos. O primeiro começa na separação dos resíduos por parte da população, que deve ver esses materiais como um recurso e não como um resíduo. Outro grande desafio é a escolha da tecnologia adequada para a purificação do biogás e a sua conversão em biometano. Além disso, existem desafios regulamentares e de financiamento, uma vez que, atualmente, todo o investimento para a ligação à rede de distribuição recai sobre o produtor. Em países como França, parte desse custo é assumido pelo operador da rede, o que facilita o desenvolvimento do sector.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tarifas de Trump atiram ouro para recorde acima dos 3.100 dólares

Incerteza em torno da política comercial da Casa Branca continua a puxar o lustro ao ouro. Valorização do metal amarelo deverá continuar, com analistas a verem onça nos 3.500 dólares até final do ano.

O ouro continua a brilhar a cada anúncio de mais tarifas por parte do Presidente americano, Donald Trump, que intensifica a incerteza em relação a uma guerra comercial global. A onça atingiu pela primeira vez os 3.100 dólares com os investidores à procura de refúgio no chamado metal amarelo.

Ainda há poucas semanas quebrou a barreira dos 3.000 dólares e já deu um novo salto de 100 dólares, com o preço spot a atingir esta segunda-feira os 3.119,9 dólares por onça.

“O ouro está com o vento a seu favor neste momento. A política comercial dos EUA, a política orçamental dos EUA, a geopolítica e a desaceleração do crescimento — tudo está a soprar na direção do ouro”, referiu o analista de mercados financeiros da Capital.com, Kyle Rodda.

Ouro segue de vento em popa:

Fonte: Refinitiv

“Os mercados ainda não perceberam quais serão as respostas de retaliação”, o que também está a ajudar o ouro, disse o analista da Marex, Edward Meir.

Desde o início do ano este metal precioso já escalou cerca de 18%. Ao contexto de incerteza em torno das tarifas e dos conflitos geopolíticos, juntou-se a perspetiva de cortes nas taxas de juro e ainda as compras dos bancos centrais em todo o mundo.

Neste ambiente, a perspetiva é a de que a cotação do ouro mantenha a tendência de valorização. Pelo menos os analistas apontam nesse sentido, como o banco AZN, que aponta para os 3.200 dólares nos próximos seis meses.

“Mantemos a nossa visão otimista, no meio de fortes ventos favoráveis ​​decorrentes da escalada das tensões geopolíticas e comerciais, da flexibilização da política monetária e das fortes compras do banco central”, explicaram os analistas da AZN numa nota publicada em meados de março.

O Citi vê o ouro nos 3.500 dólares até final do ano “sustentado por uma procura muito maior de cobertura/investimento devido aos receios de aterragem forçada/estagflação nos EUA”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundación Jiménez Díaz reforça o seu compromisso com a sustentabilidade e a eficiência no setor da saúde

  • Servimedia
  • 31 Março 2025

O hospital reuniu numerosos especialistas no seu primeiro “Simpósio sobre Sustentabilidade no Setor da Saúde” para analisar os desafios ambientais do setor.

O Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz realizou o seu primeiro “Simpósio sobre sustentabilidade no setor da saúde”, um encontro em que vários especialistas analisaram os desafios ambientais que o sistema de saúde enfrenta e as estratégias para minimizar o seu impacto no ambiente.

A conferência foi aberta pelo Dr. Javier Arcos, diretor do hospital, e por Leticia Moral, Diretora de Infra-estruturas, Equipamentos e ESG do Quirónsalud, que salientaram a importância de “avançar para um sistema de saúde mais sustentável e liderar a adaptação à mudança”.

Arcos sublinhou que “os efeitos das alterações climáticas representam um desafio iminente para o sistema de saúde, pelo que devemos integrar critérios ambientais na tomada de decisões”. Ao mesmo tempo, sublinhou que “este encontro fornece-nos as chaves para avançarmos para um modelo de cuidados de saúde que proteja tanto as pessoas como o nosso ambiente, gerando assim um impacto positivo e transformador no planeta e nas pessoas”.

Durante a primeira sessão do encontro, Aurora Herraiz e María José Checa, Diretora de Responsabilidade Social Corporativa e Subdiretora de Enfermagem da Fundação Jiménez Díaz, respetivamente, moderaram uma sessão centrada na relação entre as alterações climáticas e a saúde.

Nesta intervenção, o Dr. Felipe Villar, chefe adjunto do Departamento de Pneumologia do hospital, salientou que “as alterações climáticas afetam diretamente a nossa saúde, agravando as patologias respiratórias crónicas como a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica), o que representa um desafio crescente para os sistemas de saúde”.

Por seu lado, a Dra. María del Pino Henríquez, Diretora de ESG/Sustentabilidade da Quirónsalud, abordou a necessidade de avançar para um modelo de saúde mais sustentável, destacando a importância de reduzir a pegada ambiental do setor através da descarbonização e da utilização eficiente dos recursos naturais e sublinhando a conveniência de uma colaboração coordenada entre todos os atores do setor.

O impacto ambiental da atividade hospitalar foi outro dos temas do simpósio. Bibiana Navarro e o Dr. Javier Bécares, Diretor de Qualidade e Chefe do Departamento de Farmácia Hospitalar do centro de Madrid, respetivamente, moderaram um painel no qual o Dr. Maruxa Hernández, Diretor Corporativo de Farmácia da Quirónsalud, apresentou o conceito de “Farmácia Hospitalar Sustentável”, que promove a utilização racional de medicamentos e a eliminação de fármacos com elevado impacto ambiental. Destacou também a eliminação de determinados gases anestésicos, a digitalização na distribuição farmacêutica e a formação do pessoal em práticas sustentáveis, áreas em que o grupo implementou várias ações.

O Dr. Álvaro Flores, especialista do Serviço de Medicina Preventiva da Fundación Jiménez Díaz, destacou o papel fundamental da alimentação na saúde e na sustentabilidade. “A alimentação é uma das ferramentas mais poderosas para melhorar a saúde humana e a sustentabilidade do planeta. A adoção de uma dieta baseada na saúde planetária, com predominância de alimentos de origem vegetal, reduz o impacto ambiental e tem benefícios económicos e de saúde significativos”, afirmou.

Neste contexto de eficiência, o Diretor Corporativo de Engenharia e Manutenção da Quirónsalud, Antonio Sierra, explicou as estratégias para melhorar a eficiência energética e a sustentabilidade nos hospitais, para as quais apresentou o projeto DOME para a digitalização e monitorização dos edifícios, a promoção do autoconsumo com energias renováveis e a otimização dos sistemas de ar condicionado. Destacou ainda a modernização com tecnologias sustentáveis e a implementação de um sistema de gestão de energia baseado na norma ISO 5001.

SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

As soluções sustentáveis na gestão de cuidados de saúde foram o foco da sessão seguinte, moderada pelo Dr. Óscar Gómez e Manuel de Diego, diretor de Continuidade de Cuidados e membro do Departamento de Qualidade do hospital, respetivamente.

Nela, a Dra. Beatriz Piñeiro, coordenadora da Estratégia de Economia Circular do Serviço Galego de Saúde (Sergas), deu o exemplo do modelo de gestão sustentável e da estratégia de economia circular do Serviço Galego de Saúde; e Emilio Lozano, coordenador do Sistema Integrado de Gestão Ambiental e Energética da Gestão de Cuidados de Saúde Primários da Comunidade de Madrid (SIGAE-GAAP), abordou a sustentabilidade desde o primeiro nível de cuidados, mostrando exemplos específicos de medidas, projectos, alianças e campanhas de sensibilização e formação para boas práticas ambientais.

Além disso, a Dra. Mar Fernández, especialista do Serviço de Alergologia, apresentou a evolução dos propulsores nos inaladores e o seu impacto ambiental. “A redução da pegada de carbono é fundamental, mas a segurança dos doentes e o controlo da doença devem ser sempre prioritários”, afirmou.

Julián Checa, gestor de projetos e responsável funcional da Área de Diagnóstico por Imagem dos Sistemas e Tecnologias de Informação da Fundación Jiménez Díaz, analisou os benefícios do transporte sustentável através do impacto das consultas não presenciais na redução das emissões. “Graças à monitorização dos dados de mobilidade num projeto-piloto, conseguimos calcular uma poupança de 133,6 toneladas de CO2, equivalente à plantação de mais de 5300 árvores”, afirmou.

Para concluir a sessão, o Dr. Felipe Villar apresentou aos participantes o Programa Ambiente e Saúde, MAS+, lançado na Fundación Jiménez Díaz em 2021, que contempla o desenvolvimento de iniciativas em diferentes áreas de atividade do hospital para reduzir a pegada de carbono gerada pela prática dos cuidados de saúde.

Estas iniciativas incluem a implementação de sistemas energéticos sustentáveis, melhorias na utilização de gases anestésicos e inaladores, a aplicação de protocolos de reciclagem e esforços na investigação, sensibilização e promoção da digitalização. “A sustentabilidade nos cuidados de saúde não é apenas uma questão de redução das emissões, é também uma questão de otimização dos recursos, de melhoria da eficiência energética e de promoção de práticas médicas responsáveis que garantam um impacto positivo tanto no ambiente como na qualidade dos cuidados. A oportunidade de mudar hábitos beneficiará o doente”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 31 de março

  • ECO
  • 31 Março 2025

Ao longo desta segunda-feira, 31 de dezembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Persan adquire o Grupo Mibelle para liderar o mercado dos cuidados domésticos e pessoais

  • Servimedia
  • 31 Março 2025

Torna-se uma das maiores empresas de produção do seu setor, com mais de 3.000 empregados e um volume de negócios superior a mil milhões de euros.

A multinacional Persán, líder europeu nos setores do cuidado do lar e do cuidado pessoal, assinou um acordo com o retalhista suíço Migros para adquirir o Grupo Mibelle, empresa especializada em cuidados pessoais e cosméticos, cuidado do lar, nutrição, bem como no desenvolvimento de ingredientes ativos. A empresa espanhola assume assim todos os empregados e instalações do Grupo Mibelle na Suíça, França, Reino Unido, Países Baixos, EUA e Austrália.

Com esta transação, a Persán torna-se um dos maiores intervenientes mundiais no fabrico e comercialização de produtos de higiene pessoal e doméstica de marca própria. A aquisição do Grupo Mibelle é um marco histórico na expansão internacional da Persán.

A empresa andaluza tem mais de 2.000 empregados e três fábricas em Sevilha (Espanha), Wróblowice (Polónia) e Saint-Vulbas (França). Com os 1.400 empregados do Grupo Mibelle, a Persán passará a ter mais de 3.000 empregados e um volume de negócios superior a mil milhões de euros.

O CEO da Persan, Antonio Somé, declarou em comunicado que “é com grande satisfação que anunciamos este acordo com a Migros, que ajudará a Persan a reforçar a sua presença internacional”. “A aquisição do Grupo Mibelle permitir-nos-á aceder a novas categorias tecnologicamente avançadas e continuar a desenvolver produtos inovadores e de qualidade para todos os nossos clientes”.

Na sua opinião, “o Grupo Mibelle partilha valores e visão estratégica com a Persán, pelo que não temos dúvidas de que esta operação será benéfica para todas as partes. Nesta nova etapa, manteremos as marcas que nos trouxeram até aqui: o compromisso com as pessoas, a inovação, a tecnologia e a sustentabilidade. Estamos ansiosos por explorar as oportunidades que este passo histórico nos traz”.

Matthias Wunderlin, diretor da Migros Industrie, afirmou: “Estamos muito satisfeitos por termos encontrado um novo proprietário extremamente competente e competitivo para o Grupo Mibelle. A empresa cresceu com sucesso para além do mercado suíço e do objetivo que a Migros definiu para o seu futuro. Como parte da Persan, a Mibelle terá um proprietário que permitirá ao grupo prosseguir a sua estratégia de crescimento e expansão internacional com ainda mais sucesso no futuro.

Entretanto, o CEO do Grupo Mibelle, Peter Müller, afirmou: “Estamos convencidos de que, com a Persan como novo proprietário, reforçaremos ainda mais as nossas relações com os clientes, que beneficiarão de competências e capacidades adicionais que nos permitirão oferecer-lhes soluções ainda mais inovadoras e uma gama de produtos ainda mais abrangente.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ordem dos Advogados: eleições antecipadas, ação judicial pelo meio, dois candidatos arqui-inimigos e redes sociais a fervilhar

Segunda volta das eleições para bastonário dos advogados realiza-se esta segunda-feira. Na 1ª volta, Fernanda de Almeida Pinheiro obteve 33,81% (6.496 votos) e João Massano 30,95% (5.946 votos).

O dia D para a Ordem dos Advogados (OA) chegou. A partir das 21.00 desta segunda-feira, dia 31 de março, os cerca de 36 mil (36.585) advogados inscritos no país vão saber quem será o próximo ou próxima bastonária. Frente a frente estão dois candidatos: Fernanda de Almeida Pinheiro, atual bastonária, e João Massano, atual líder da Regional de Lisboa. Uma segunda volta que se prevê renhida já que, segundo os resultados obtidos na primeira volta, apenas 550 votos separaram os dois advogados.

Assim, a 18 e 19 de março, Fernanda de Almeida Pinheiro obteve 33,81% (6.496 votos) e João Massano 30,95% (5.946 votos). Votaram 22.566 advogados (embora descontando os votos nulos e em branco acabaram por contar apenas 19.211), cerca de quase 60% do total.

Mas este não foi um período calmo nem previsível numa instituição centenária como a Ordem dos Advogados. A 27 de novembro do ano passado, um ano e meio antes do período eleitoral ordinário e quando nada o fazia prever e por alguns considerado de ‘golpe palaciano’, a bastonária anunciou a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição. “Este novo estatuto impunha a criação de novos órgãos e naturalmente esses dois órgãos tinha um regime transitório da norma previa duas opções: podíamos designar o órgão ou convocar eleições antecipadas até 31 de março de 2025”, dizia a bastonária. A OA optou, à data, designar e dar posse ao Conselho de Supervisão e ao Provedor do Beneficiário dos Serviços.

“Porém, tal decisão gerou alguma divisão na nossa classe, com críticas públicas àquela designação (incluindo de titulares de órgãos da Ordem), apresentação de recursos daquela deliberação e ameaças públicas de ações judiciais. A Ordem dos Advogados não pode viver refém de controvérsias internas, litígios judiciais ou debates infindáveis sobre a regularidade de atos administrativos. O cenário atual não só cria desconfiança e insegurança quanto aos atos praticados pelo Conselho de Supervisão, como compromete a capacidade da Ordem de se focar nos verdadeiros desafios da advocacia”, acrescentava.

Isto deixou os futuros candidatos com apenas três meses – com período de Natal e final do ano pelo meio – para recolher assinaturas suficientes e elaborar as listas de candidatos. Certo é que acabaram por ser apenas quatro os candidatos a bastonário, ao contrário dos atos eleitorais anteriores que contavam com mais de seis candidatos ao cargo. Nas semanas que se seguiram, Fernanda de Almeida Pinheiro foi alvo de críticas pelos seus opositores. A polémica atingiu o ponto máximo quando um grupo de seis advogados chegou a interpôr uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa, alegando que a marcação das eleições era ilegal e que as mesmas deveriam ser suspensas. Embora o Tribunal tenha acabado por permitir a realização das mesmas – não apreciando a questão jurídica em si mas admitindo que não era competente para essa decisão e sim o Conselho Superior da própria Ordem – semanas e dias antes da primeira volta de 18 de março ainda pairava no ar a dúvida sobre se as eleições se realizariam, de facto.

O mês de março tem sido profícuo em publicações, vídeos, críticas e apoios formais nas redes sociais de ambos os candidatos e equipas respetivas. A campanha da lista U , encabeçada por Fernanda de Almeida Pinheiro e com uma equipa idêntica à que foi eleita em dezembro de 2022, com o mote de “Juntos Pela Ordem que Queremos” tem atualmente 1,4 mil gostos e 1,9 mil seguidores só no facebook. João Massano – que escolheu o mote “Juntos Podemos Mais” para a sua lista R – tem site e um perfil no Instagram com 7.200 seguidores, uma página de Linkedin com mais de 21 mil seguidores e 8,2 mil seguidores na rede social Facebook.

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida PinheiroHugo Amaral/ECO

 

E se a candidatura da atual bastonária arrecadou mais votos, na primeira volta, na zona do distrito judicial do Porto, a de Massano arrecadou mais votos no de Lisboa, área onde aliás Massano exerce o cargo de presidente do CRL da OA desde 2019. Mas não é apenas isto que diferencia estas duas candidaturas. É público e notório que a relação de ambos está apetrechada de divergências que incluiu um conflito que foi parar ao Tribunal Administrativo de Lisboa no ano passado, relativamente à elaboração de um regimento para os trabalhadores do Conselho Regional de Lisboa (liderado por Massano) sem alegadamente ter competência estatutária adequada. Recentemente, os candidatos trocaram acusações no Facebook sobre a questão da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS), um dos temas mais fraturantes da campanha. Massano chegou a ser alvo de três processos disciplinares, na sequência de queixas do Conselho Geral de Fernanda de Almeida Pinheiro.

Fernanda de Almeida Pinheiro tomou posse no dia 9 de janeiro de 2023 como bastonária dos Advogados. Tem 55 anos, é licenciada em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa, tendo exercido a profissão como advogada de empresa entre 2002 e 2007 e como Diretora de Recursos Humanos, junto de sociedades da área das Tecnologias de Informação. Foi Vice-Presidente da APAPI–ADV – Associação Portuguesa da Advocacia em Prática Individual entre maio de 2020 e 2022. Autora de diversos artigos de revistas e plataformas ligadas ao Direito, é também autora do livro de Poesia “Que Côr tem a Paixão” que foi publicado em dezembro de 2016 e comentadora residente do canal NOW.

Contratou, em fevereiro, pela terceira vez, serviços de assessoria de imprensa in-house (a primeira saiu ao fim de uns meses, a segunda esteve a cargo da Lift). Na última semana publicou vídeos contra o seu oponente – em que referia um alegado contrato ilegal realizado por João Massano em investigação no Tribunal de Contas – e usou e abusou das redes sociais (pela página da campanha ou através da sua equipa) para apontar o dedo a Massano, a José Costa Pinto (ex-candidato que alcançou o terceiro lugar) e até jornalistas da área, acusando-os de serem parciais e tendenciosos.

Mas o momento que mais críticas gerou ocorreu a 27 de março – em que, perante o apoio formal a Massano por parte de José Costa Pinto, enviou um mail à classe com o título “A verdade veio ao de cima! Depois não digam que não avisámos! SADT, CPAS e a Associação das Sociedades de Advogados (ASAP): a peça que faltava no puzzle destas eleições!”. Para enviar esse mail, a bastonária terá usado a base de dados a que tem acesso enquanto bastonária dos quase 40 mil advogados.

“Como já tínhamos alertado, a candidatura do Dr. João Massano está repleta de membros ligados a grandes sociedades de advogados e à ASAP – Associação das Sociedades de Advogados de Portugal”, diz o mail. Listando de seguida nomes como Eduarda Proença de Carvalho (ex- Uría e atual Proença de Carvalho Advogados ), Manuel Protásio (da VdA), Paula Ponces Camanho
(Morais Leitão) e André Matias de Almeida (atual Proença de Carvalho, ex- Albuquerque e Associados mas que a candidata, por lapso, o coloca como ex sócio da Uría Menendez). E relembrando a posição de José Moreira da Silva, líder da ASAP, relativamente ao que chama de “temas cruciais” como o SADT (em que as sociedades querem “repensar” o acesso ao direito, considerando o atual sistema “manifestamente pernicioso” e “incapaz de garantir uma assistência jurídica de qualidade”) e a CPAS (“a atual caixa de previdência é o melhor regime para os advogados”), citando artigos da imprensa.

Continuando, a bastonária admite que Massano “não ficou por aqui!” descrevendo, de seguida, que a lista liderada por José Costa Pinto, agora fora da corrida, “também incluía vários membros de sociedades associadas da ASAP – incluindo o próprio candidato. E o que fez essa lista depois? Apoia agora o Dr. João Massano”, diz a bastonária. Referindo-se a José Costa Pinto, Gonçalo Gama Lobo, Félix Bernardo, Joana Whyte, João Martins Costa, Paulo Saragoça da Matta. “O puzzle está completo! “, dizia.

O tiro acabou por lhe sair pela culatra porque, desde então e até esta segunda-feira, a página de João Massano encheu-se de apoios de alguns dos nomes mais sonantes da advocacia portuguesa que, até então, não tinham ainda anunciado o apoio formal ao advogado.

Exemplos disso são os penalistas Paulo de Sá e Cunha, Paulo Saragoça da Matta e Manuel Magalhães e Silva. Bem como Agostinho Pereira de Miranda, sócio fundador da Miranda, Artur Marques ou António Garcia Pereira. Na quinta-feira, o também antigo bastonário, Guilherme de Figueiredo, demonstrou o seu apoio público a João Massano. António Schwalbach, Rogério Alves, Angelo D’ Almeida Ribeiro e Artur Marques seguiram-nos. Maioria destes advogados que, a 18 e 19 de março, votaram em José Costa Pinto.

João Massano, 54 anos, concluiu a licenciatura, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1994. Em 2004 tornou-me sócio fundador da ATMJ. Mestre em Direito em 2006, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Manteve uma carreira académica durante cerca de 17 anos, como docente universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Universidade Lusófona e na Universidade Moderna. Agora trabalha em prática individual, com escritório próprio.

Ligado ao Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados (CR Lisboa) desde 2011, primeiro, como Vogal Tesoureiro do CRL (triénio 2011-2013) depois, nos dois mandatos seguintes, como Vice-Presidente responsável pelo pelouro da Formação (triénios 2014-2016 e 2017-2019) e, finalmente (desde 2019), como Presidente do CR Lisboa.

Massano – que optou durante a campanha eleitoral por uma postura menos crítica e mais virada para as linhas do seu programa – não deixou de admitir que foi alvo de campanhas de assassinato de caráter. “Na campanha, atacaram-nos sem parar. Insultos, humilhações, ataques pessoais — a mim e à minha equipa. Mas não temos medo. Estamos aqui e vamos continuar a avançar.
Cada ataque só reforça a nossa determinação. Porque acreditamos que somos a melhor opção para o futuro da Advocacia.
Porque é tempo de mudar”, dizia no arranque de 2025. Para assessoria de imprensa, o advogado conta com uma das maiores agências de comunicação do país, liderada por António Cunha Vaz.

Advocatus Summit Porto - 22SET20
João Massano, presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

 

Propostas de Fernanda de Almeida Pinheiro e João Massano. Descubra as diferenças

Fernanda de Almeida Pinheiro, a CPAS e a atualização das tabelas dos advogados oficiosos

Sob o lema “Juntos pela Ordem que queremos”, a atual bastonária recandidata-se para assegurar uma “resposta firme” que garanta que as reformas em curso, com a da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) e do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT), não sejam interrompidas. No seu anúncio de candidatura, nas redes sociais, defendeu que “a Advocacia portuguesa enfrenta hoje desafios que exigem coragem, determinação e, acima de tudo, continuidade. Continuar as reformas que já estão em marcha, continuar a dignificar a nossa profissão e continuar a construir uma Ordem mais moderna, mais inclusiva e mais próxima de todos os Advogados “.

Fernanda de Almeida Pinheiro compromete-se a resolver de forma definitiva o problema da CPAS, garantindo direitos sociais, contribuições ajustadas à realidade económica de cada profissional e direitos adquiridos, e a avançar com as revisões periódicas da tabela da SADT.

Entre as medidas apresentadas está ainda a ampliação dos benefícios, com mais ferramentas tecnológicas, formação especializada e redes de apoio à jovem Advocacia, o reforço da inclusão e igualdade, garantindo que a OA seja representativa e acessível a todos os Advogados e continuar o trabalho de valorização pública da profissão e representação ativa através de uma participação constante em processos legislativos e em fóruns institucionais, com vista à defesa firme dos direitos, prerrogativas e interesses da Advocacia.

Na mesma publicação nas redes sociais, assumiu que “o nosso compromisso é claro: não subiremos quotas, continuaremos a lutar por uma Ordem forte e transparente, e avançaremos com as reformas em curso. Juntos, faremos da Advocacia portuguesa um exemplo de modernização, dignidade e inclusão”.

Propostas de João Massano

Sobe o mote “Juntos Podemos Mais”, o atual Presidente do CR de Lisboa lançou a candidatura porque acredita “que há outro caminho – um caminho melhor – para a OA. Um rumo que permita devolvê-la ao seu posicionamento original, de instituição que tem competências fundamentais”, tais como, “defender o Estado de Direito e colaborar na administração da Justiça, representar a profissão de Advogado e reforçar a solidariedade entre os Advogados, promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica e ser ouvida na construção legislativa relevante para o exercício da Advocacia e colaborar na sua alteração para melhor”.

O mesmo acredita que, nos últimos anos, “estas competências têm sido descuradas, com efeitos perniciosos para a credibilidade da Ordem e para a reputação da Advocacia e de todos os Advogados”. Massano defende ainda que esse posicionamento, que considera errado, tem tido consequências nefastas para a profissão, tais como, “um clima de desunião e mal-estar na classe, que tem afastado os Advogados da vida da Ordem (…)”, bem como “uma erosão da reputação e da notoriedade da Ordem e da Advocacia, levando mesmo a que algumas portas se venham fechando ao seu contributo para construir uma Justiça melhor”.

Na apresentação pública da candidatura, João Massano apresentou os principais pontos da sua candidatura:

  • Dignificar: recuperar a dignidade da profissão e o papel institucional da Ordem dos Advogados;
  • Defender: unir os Advogados à sua Ordem, com medidas como: (i) lutar pela dignificação dos atos próprios, (ii) negociar a reversão ou adequação à realidade da profissão das alterações ao Estatuto, (iii) criar uma Comissão Contra o Isolamento da Advocacia, etc.;
  • Dotar: (i) resolver o problema da proteção social dos Advogados, considerando uma terceira via entre CPAS e Segurança Social, (ii) continuar a programar e desenvolver a formação contínua e diversificada, (iii) pugnar pela dignidade dos Advogados inscritos no SADT, etc.;
  • Desafiar: (i) colocar o cidadão no centro do SADT, (ii) resolver o problema das custas judiciais como obstáculo ao acesso à Justiça, (iii) pugnar pela implementação da taxa reduzida de IVA para a prestação dos serviços jurídicos e (iv) continuar o combate à procuradoria ilícita.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sem comprador, TikTok tem uma semana de vida nos EUA. Rede social é “joguete” na guerra comercial

Prazo para comprar posição aos chineses da ByteDance acaba no próximo sábado. Trump propôs desconto nas tarifas sobre as importações chinesas em troca da venda da rede social, mas Pequim recusou.

O TikTok está a ser utilizado como arma de arremesso na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, a uma semana de terminar o prazo para a venda da rede social: 5 de abril de 2025. Donald Trump propôs esta semana um desconto nas tarifas sobre as importações chinesas caso a China desse o braço a torcer no acordo relacionado com a rede social de vídeos, o que Pequim depressa rejeitou.

O processo arrasta-se há meses e tem apenas uma proposta de compra concreta em cima da mesa, que poderá não ser suficiente para mudar o futuro – e suspensão – da tecnológica nos Estados Unidos, onde tem 170 milhões de utilizadores.

Nuno Mateus Coelho, especialista em cibersegurança, considera que os Estados Unidos estão a “manietar” a China através da tecnologia. “Temos aqui duas visões antagónicas. Os Estados Unidos precisam de fazer uma espécie de mostra interna de que estão decididos a seguir a política America First, mas já perceberam que tecnologicamente a China chegou ao ponto de não retorno”, começa por explicar o professor académico de Segurança Informática, em declarações ao ECO.

“Nesta altura do campeonato, a China atingiu uma evolução que a América ou tenta a todo o custo impedir ou já perdeu o comboio, o que obriga os Estados Unidos a terem uma política extremamente dura com a China sem ser belicista. Por sua vez, a China já percebeu que os Estados Unidos estão a tentar dividi-la da Rússia, portanto também não vai ceder no TikTok”, diz Nuno Mateus Coelho, acrescentando que o país asiático está “assustadoramente” à frente nos microprocessadores, computadores, softwares, câmaras de videovigilância, baterias ou automóveis e não vai vender o TikTok de “mão beijada”. “O TikTok é o elo mais fraco, o joguete no meio da guerra tática entre duas potências”, conclui.

"O TikTok é o elo mais fraco, o joguete no meio da guerra tática entre duas potências”

Nuno Mateus Coelho

Professor de Segurança Informática

Na lista de interessados em ficar com a posição da chinesa ByteDance surgiram nomes como Microsoft (que em 2020 tentou comprar o TikTok, mas as conversas fracassaram) ou a Oracle (embora Donald Trump não tenha confirmado), contudo só a startup de inteligência artificial (IA) Perplexity AI apresentou uma oferta formal na semana passada.

A Perplexity AI pretende fundir-se com o TikTok e implementar várias mudanças, nomeadamente: reconstruir o algoritmo a partir de informação vinda de data centers dos EUA controlados por norte-americanos, tornar o sistema de recomendação “transparente” e de código aberto (open source) e construir a infraestrutura de IA com chips Nvidia Dynamo.

Ou seja, americanizar a app. “A Perplexity está singularmente posicionada para reconstruir o algoritmo do TikTok sem criar um monopólio, combinando capacidades técnicas de classe mundial com a independência de Little Tech [das pequenas tecnológicas]”, justificou a empresa com sede em São Francisco.

O presidente dos EUA chegou a informar que estava a negociar com “quatro grupos diferentes”, era favorável a uma “guerra de propostas” e que “muita gente queria” o TikTok, mas… “It’s up to me”, como quem diz “eu é que decido” quem ficará com a rede social, porque é a segurança do país que está em causa.

O advogado Mário João Fernandes acredita que a venda “forçada” do TikTok vai beneficiar a quota de mercado das restantes tecnológicas com base nos EUA, além de levantar questões jurídicas “complexas” quanto à restrição do direito de propriedade (para proteger interesses de segurança nacional) e liberdade de expressão. “Como alega, sem sucesso, a empresa perante o Supremo Tribunal“, diz, referindo-se aos argumentos da ByteDance de que a legislação que proíbe o TikTok nos EUA é inconstitucional porque viola a liberdade de expressão.

“Do ponto de vista regulatório, e depois de realizada a venda, há que acautelar eventuais problemas de concentração excessiva (concorrência) e, eventualmente, de conflito de interesses, caso se verifique alguma intervenção por parte de membros da nova Administração Trump num procedimento em que possam ter interesse”, explicou o consultor da Abreu Advogados.

"Do ponto de vista regulatório, e depois de realizada a venda, há que acautelar eventuais problemas de concentração excessiva”

Mário João Fernandes

Consultor da Abreu Advogados

 

Para o vice-presidente da Junitec – Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Vicente Megre, “a transição suave das operações ocidentais do TikTok para um consórcio de empresas ocidentais seria o desfecho mais positivo”. “No entanto, apesar de a interrupção abrupta do funcionamento do TikTok não servir a ninguém, poderá mesmo ser inevitável”, antecipa.

Na opinião de Vicente Megre, os europeus devem estar atentos a este tema, pois não pertence a “uma realidade distante”, como se viu com a polémica nas eleições romenas. Mais: “A verdadeira questão para os europeus prende-se agora com o facto de devermos ou não estar confortáveis caso as operações ocidentais do TikTok passem para mãos americanas. E todas as outras redes sociais de ADN americano”, adverte.

TikTok, a crónica de um regresso anunciado

Manter a rede social TikTok operacional nos Estados Unidos foi uma das primeiras medidas de Trump assim que tomou posse. E, mesmo na véspera da chegada à Casa Branca, quando a aplicação ficou inacessível mais de 12 horas para os utilizadores norte-americanos, o presidente norte-americano escreveu na Tuth Social “salvem o TikTok”, mostrando-se preparado para agir e reverter a suspensão que antes caracterizou como “expectável”.

O comentário aconteceu logo após a decisão do Supremo Tribunal de ‘chumbar’ o recurso do TikTok e manter a lei que o proibia nos Estados Unidos a partir de 19 de janeiro, caso a empresa não fosse vendida pela casa-mãe, a chinesa ByteDance. Na véspera do bloqueio, multiplicaram-se as mensagens de despedida dos criadores de conteúdo locais e o TikTok esteve mesmo com os ‘dois pés de fora’ da maior economia do mundo, mas uma conversa frutífera com Xi Jinping mudou o desfecho desta história.

“Acabei de falar com o presidente da China, Xi Jinping. A chamada foi muito boa tanto para a China como para os EUA. Espero que resolvamos muitos problemas em conjunto, e começando imediatamente. Discutimos o equilíbrio entre comércio, fentanil, TikTok e muitos outros assuntos. O presidente Xi e eu faremos todo o possível para tornar o mundo mais pacífico e seguro”, garantiu Trump, poucos antes de o Tik Tok sofrer manobras de reanimação.

Trump foi mais além e deu detalhes sobre o que espera desse potencial negócio: que os Estados Unidos tivessem uma posição acionista de 50% na sociedade conjunta (joint venture) que, idealmente, seria criada para a transação. Porquê? Para o “manter em boas mãos” e assegurar que se mantém online. Bastaram então pouco mais de 24 horas para que rubricasse uma ordem executiva que atrasa a aplicação da lei e dá mais tempo para fechar essa venda: 5 de abril de 2025.

"Marketing com PME mostra que ByteDance não quer ceder nesta venda, assim como não quis no prazo inicial.”

Vicente Megre

Vice-presidente da Junitec

“Se esta foi ou não uma boa decisão, só os próximos dias poderão responder, mediante a capacidade de Trump em efetivamente fazer este negócio acontecer. No momento em que escrevo [28 de março], nada parece favorável. Nos últimos meses, o TikTok tem investido fortemente em campanhas de marketing que exibem testemunhos de donos de pequenas e médias empresas, explicando o quão importante o TikTok tem sido para os seus negócios. Isso reforça a posição da empresa de não querer aceder a esta venda, assim como não quis no prazo inicial”, assinala o porta-voz da Junitec.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Apoio à compra de veículos verdes abre hoje. E não exige compra antecipada

O novo aviso permite que o beneficiário tenha a candidatura aprovada antes de fazer a despesa, de forma a não ter de tomar o risco.

As candidaturas aos apoios a veículos sem emissões abrem esta segunda-feira. O Governo tem 13,5 milhões de euros para apoiar a compra destes veículos, e lança os incentivos com uma “inovação”: os consumidores já não têm de avançar com a compra sem saberem se irão ter direito a um incentivo. Primeiro, a candidatura é aprovada, e só depois é necessário apresentar fatura.

As candidaturas já podem ser apresentadas através de um formulário disponível no site do Fundo Ambiental, por um período de 45 dias corridos que começa a contar a partir de 31 de março, ou até que se esgote o número de incentivos na tipologia a que se candidata. No ato de candidatura não é necessário apresentar o comprovativo de aquisição do veículo.

Se a candidatura for aprovada, o beneficiário dispõe de um prazo de 90 dias para entregar os documentos exigidos, nomeadamente a fatura e recibo de compra do veículo, através do formulário disponível no site do Fundo Ambiental. “Dessa forma, o candidato pode saber, com antecedência, se terá direito ao apoio financeiro disponibilizado pelo Fundo Ambiental”, lê-se no comunicado onde o Ministério do Ambiente anunciou a abertura do aviso. São aceites despesas com data a partir de 1 de janeiro de 2025.

Veja abaixo as categorias abrangidas por estes incentivos e a dotação disponível para cada uma delas.

Uma das novidades do aviso é a subida do teto do preço máximo dos veículos ligeiros que dão direito a apoio: o “cheque” de 4.000 euros pode ser entregue para ajudar na compra de um veículo ligeiro de passageiros até 55.000 euros, desde que tenha cinco lugares.

No entanto, também foram acrescentadas condições, face a avisos anteriores: para se beneficiar do cheque é necessário apresentar um documento que comprove o abate de um veículo da mesma categoria com mais de 10 anos, tendo o abate ocorrido desde 2023.

O incentivo relativo a carregadores para veículos elétricos consiste na atribuição de 80% do valor de aquisição do carregador, até ao máximo de 800 euros, correspondendo um carregador a um lugar de estacionamento. A este pode acrescer 80% do valor da instalação elétrica associada ao carregador adquirido, até ao máximo de 1000 euros.

No que diz respeito às bicicletas, não são apenas as elétricas que podem usufruir dos apoios, mas também as convencionais ou de carga.

Por fim, é lançado também um aviso para veículos de mercadorias, que além de acesso a bicicletas de carga também dá direito a ajuda na aquisição de ligeiros de mercadorias 100% elétricos e novos, sem definir um teto para o valor despendido.

A aprovação de candidaturas ao incentivo é efetuada pelo Fundo Ambiental, através da atribuição do número sequencial de candidatura para a tipologia a que se destina, correspondente à ordem da data e hora de submissão da candidatura.

Há ainda referência no aviso a uma segunda fase de candidaturas, que ocorrerá consoante a procura verificada no primeiro aviso. Nessa segunda fase, que teria o dia 30 de novembro como limite para o pedido de pagamento, o Fundo Ambiental analisa o saldo disponível em cada uma das tipologias apoiadas e pode, em função disso, abrir o segundo aviso em função não só desse saldo como também da procura verificada no primeiro aviso.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal vai ter ‘cloud’ soberana em 2027

A IP Telecom vai avançar com a montagem do centro de dados que irá albergar a 'cloud' soberana de Portugal. Sistema garante que informação e suporte ficam sempre no país.

Portugal irá dispor de uma cloud soberana, uma infraestrutura dedicada e construída no território português, operada sem equipas globais de operações e suporte. A responsabilidade pela construção caberá à IP Telecom, uma empresa detida pela Infraestruturas de Portugal, e deverá estar concluída em 2027, segundo apurou o ECO.

A cloud soberana visa garantir a autonomia estratégica tecnológica, operacional e de dados, segundo uma apresentação da IP Telecom. Ou seja, a infraestrutura garante que os dados ficam em Portugal e a operação é gerida por colaboradores em território português.

A mesma apresentação assinala ainda que a cloud permitirá oferecer “serviços de inteligência artificial generativa num ambiente controlado soberanamente, eliminando a necessidade de movimentação de dados para ajuste fino e inferência de modelos, e adequados até mesmo para os dados mais restritos”.

Além de entidades públicas, como as Forças Armadas, o objetivo é disponibilizar serviços de cloud a PME, contribuindo para que este tipo de tecnologia chegue a 75% das empresas.

A Estratégia Digital Nacional, aprovada pelo Governo em dezembro, contempla a definição de “um plano de desenvolvimento de infraestrutura de cloud soberana”, no âmbito do Grupo de Trabalho de Cloud do Conselho para o Digital para a Administração Pública. A entidade responsável é a Agência para a Modernização Administrativa e envolve, além da IP Telecom, o Centro Nacional de Cibersegurança. Segundo o calendário apresentado, o plano deverá estar concretizado este ano. A montagem deverá levar cerca de dois anos.

A soberania dos centros de dados ganhou força com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, devido ao desalinhamento na política externa e comercial com a União Europeia. A Cloud Infrastructure Services Providers in Europe, uma associação que representa empresas do setor, divulgou na semana passada um comunicado onde defende que a Europa necessita de serviços cloud “à prova de Trump”, com infraestruturas que sejam “imunes a disrupções, acesso e potencial remoção por atores estrangeiros”. Os principais fornecedores deste tipo de tecnologia continuam, no entanto, a ser as big tech americanas.

A situação geopolítica veio (…) colocar em maior destaque a importância dos temas da cibersegurança e da segurança em geral, bem como a importância do papel de uma empresa de natureza pública como a IP Telecom, e ainda dar um destaque acrescido ao tema da resiliência das infraestruturas.

Miguel Cruz

Presidente do conselho de administração da IP Telecom

No Relatório e Contas de 2024, divulgado na sexta-feira, o presidente do conselho de administração, Miguel Cruz, assinala, a propósito dos conflitos na Ucrânia e Médio Oriente, que “a situação geopolítica veio (…) colocar em maior destaque a importância dos temas da cibersegurança e da segurança em geral, bem como a importância do papel de uma empresa de natureza pública como a IP Telecom, e ainda dar um destaque acrescido ao tema da resiliência das infraestruturas”.

Há outros países europeus a avançarem com iniciativas de cloud soberana, como a Alemanha e França. O Mónaco reclama a criação da primeira infraestrutura deste tipo na Europa, em 2021.

A IP Telecom, que nasceu com a fusão entre a REFER e a Estradas de Portugal que deu origem à Infraestruturas de Portugal, tem já três centros de processamento de dados, localizados em Lisboa, Porto e Viseu, associados à rede de infraestrutura de fibra ótica no domínio público ferroviário e no canal técnico rodoviário. Os centros têm credenciações NATO Secret e EU Secret.

Outro dos projetos que a IP Telecom tem em mãos é o Anel de Cabos Submarinos Continente-Açores-Madeira (Anel CAM), cujo levantamento do traçado provisório foi concluído em dezembro, tendo sido sondados 4.463 km de rota. Foram também já realizados os levantamentos dos locais de aterragem do cabo e definidas as seis estações de amarração. O investimento total do projeto é de 154,4 milhões, dos quais 35,5% são cofinanciados por fundos comunitários. A implementação, contratada à Alcatel Submarine Networks, prolonga-se até 2027.

A IP Telecom apresentou em 2024 um volume de negócios de 23,6 milhões de euros, mais 8,7% do que no ano anterior. O Relatório e Contas refere que o crescimento da receita resulta “essencialmente do aumento do negócio nos data centershousing, cloud e software as a service (+822 mil euros), no Canal Técnico Rodoviário (+444 mil euros), na fibra ótica (+347 mil euros) e no Centro de Operações e Monitorização NSOC e Cibersegurança (+338 mil euros)”. O resultado operacional subiu 9,8% para os 3,6 milhões e o resultado líquido 11,4% para 2,7 milhões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 31 Março 2025

O INE vai publicar diversos dados económicos, como a estimativa rápida da inflação para o mês de março. Já a Direção-Geral do Orçamento vai divulgar a síntese de execução orçamental até fevereiro.

Esta segunda-feira, o INE vai publicar diversos dados económicos, como a estimativa rápida da inflação para o mês de março. Já a Direção-Geral do Orçamento vai divulgar a síntese de execução orçamental até fevereiro. Termina também esta segunda-feira o prazo para os contribuintes corrigirem as despesas gerais para o IRS. A marcar o dia está ainda a abertura das candidaturas aos apoios a veículos sem emissões e a subida dos preços dos combustíveis.

INE divulga inflação de março

O Instituto Nacional de Estatística vai publicar a estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor para o mês de março. A inflação desacelerou para 2,4% em fevereiro, 0,1 pontos percentuais abaixo da taxa verificada em janeiro. Esta desaceleração deve-se, sobretudo, à diminuição do agregado relativo aos produtos energéticos para 1,5%, o que equivale a uma queda de nove décimas face aos 2,4% registados no mês precedente. O INE divulga ainda esta segunda-feira o índice de produção industrial e as estimativas mensais de emprego e desemprego, ambos relativos a fevereiro.

Como evoluem as contas públicas?

A Direção-Geral do Orçamento (DGO) vai divulgar a síntese de execução orçamental até fevereiro. O Estado registou um excedente de 1.672,1 milhões de euros em janeiro, uma subida face ao período homólogo. As Administrações Públicas registaram um saldo global positivo de 1.672,1 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 461,9 milhões de euros face ao período homólogo. Esta evolução face a janeiro de 2024 deve-se a um crescimento da receita (11,8%) superior ao da despesa (7,3%).

Termina o prazo para corrigir as despesas gerais para o IRS

Antes do arranque da campanha do IRS, a 1 de abril, os contribuintes podem consultar as faturas apuradas pelo Fisco e, se detetarem alguma omissão ou erro, têm até esta segunda-feira para corrigir as despesas, no portal das Finanças. No entanto, é preciso ter em conta que só os encargos gerais e familiares e os elegíveis para dedução à coleta por exigência de fatura são passíveis de ser retificados antecipadamente. Todas as restantes despesas, relativas a saúde, educação, juros ou rendas de imóveis, lares e salários pagos a trabalhadores domésticos apenas podem ser alteradas durante o preenchimento da declaração de IRS, entre 1 de abril e 30 de junho.

Início das candidaturas ao apoio à compra de veículos verdes

As candidaturas aos apoios a veículos sem emissões abrem esta segunda-feira. O Governo tem 13,5 milhões de euros para apoiar a compra destes veículos e lança os incentivos com uma “inovação”: os consumidores já não têm de avançar com a compra sem saberem se irão ter direito a um incentivo. Primeiro, a candidatura é aprovada, e só depois é necessário apresentar fatura. As candidaturas podem ser apresentadas através de um formulário disponível no site do Fundo Ambiental, por um período de 45 dias.

Gasolina vai subir quatro cêntimos e o gasóleo dois

Esta semana os preços dos combustíveis vão sofrer um forte aumento. A gasolina deverá subir quatro cêntimos e o gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá aumentar dois cêntimos. Quando for abastecer, passará assim a pagar 1,601 euros por litro de gasóleo simples e 1,748 euros por litro de gasolina simples 95.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ayuso, Montero e Nogueras, entre as dez mulheres mais influentes da atualidade política espanhola

  • Servimedia
  • 31 Março 2025

O Instituto Coordenadas elaborou uma análise das dez mulheres políticas que encarnam “uma liderança forte, com influência, visão estratégica e peso político” para marcar a agenda em Espanha.

O Instituto Coordenadas de Governação e Economia Aplicada analisou o perfil, a trajetória, a influência e a projeção de várias mulheres que ocupam posições-chave no atual panorama político espanhol e colocou num top 10 aquelas que atualmente encarnam um forte papel de liderança.

“As líderes que compõem este grupo destacam-se não só pelo cargo que ocupam, mas também pela sua capacidade de gestão, pelo seu peso e poder político, pelo seu carisma, personalidade e influência”, explicou Jesús Sánchez Lambás, vice-presidente executivo do Instituto Coordenadas.

A análise sublinha que, a partir de diferentes posições ideológicas, estas dez mulheres participam ativamente na redefinição das regras do jogo político e têm a capacidade de definir a agenda institucional, tomar decisões ou submeter a debate questões que representam uma mudança ou transformação nas suas respetivas esferas de ação.

O pódio é encabeçado pela presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso; a primeira vice-presidente do Governo, María Jesús Montero; e a porta-voz de Junts no Congresso dos Deputados, Míriam Nogueras.

“Desde a firmeza de Ayuso, à experiência de Montero, à determinação de Nogueras, todas elas encarnam diferentes formas de exercer o poder, demonstrando uma liderança plural e efetiva”, salientou Sánchez Lambás.

Este trabalho do Instituto Coordenadas analisa a trajetória destas mulheres ao longo do último ano, o seu papel e as decisões que promoveram, e confirmou que elas representam a verdadeira consolidação do talento feminino e a vontade de alcançar uma sociedade mais moderna.

O VALOR DAS 10 MULHERES

De Ayuso sublinha que é “uma das líderes mais influentes” no espetro do centro-direita. Enquanto presidente da Comunidade de Madrid, o seu estilo deu-lhe “um enorme peso no PP e na oposição a Pedro Sánchez”. Além disso, a região tornou-se um pólo de atração para empresas e investidores, um desenvolvimento que se deve, em grande parte, ao seu modelo económico e a políticas que promovem a liberdade empresarial, impostos mais baixos e a eliminação de obstáculos burocráticos.

María Jesús Montero afirmou-se como “uma das mulheres mais importantes do governo”. É titular da primeira vice-presidência e da pasta do Tesouro, a partir da qual gere o orçamento geral e as finanças públicas. Montero destaca-se pelo seu “espírito de negociação” com a Catalunha e afirmou-se como uma “figura-chave do partido” como vice-secretária-geral do PSOE e, desde janeiro de 2025, como secretária-geral dos socialistas andaluzes.

Míriam Nogueras, porta-voz da Junts no Congresso, sublinha que se tornou a política com “mais poder ao dar o tom para que o governo aprove ou anule os principais decretos-lei ou outras medidas importantes”. Considera que Nogueras aproveita a força dos sete deputados do seu partido e destaca-se pela sua “grande capacidade de trabalho e de negociação, que exerce com determinação e colocando sempre os interesses da Catalunha em primeiro lugar”. Recorda que é um membro-chave do seu partido e que se afirmou como um dos políticos com maior influência real e com uma liderança e progressão firmes.

Relativamente à segunda vice-presidente e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, salienta que tem “um grande protagonismo na cena social e levanta a bandeira do diálogo” como forma de conseguir progressos e reivindicar o seu peso na coligação governamental. No seu próprio partido, Sumar, afastou-se do cargo de coordenadora geral, embora mantenha um papel ativo nos órgãos de decisão para orientar a evolução de um movimento que girava em torno da sua liderança.

A lista analisada inclui ainda dois outros políticos governamentais. Por um lado, a ministra da Defesa, Margarita Robles, que exerce a sua influência a partir de uma pasta que liderou com “grande sentido institucional e vocação de serviço”. O relatório considera que a complexa situação geopolítica atual e a sua experiência lhe valeram a confiança do Presidente do Governo. Robles projeta “autoridade e serenidade” e defende com firmeza as políticas de segurança comum, numa altura em que a indústria da defesa, que promove com determinação, está a afirmar o seu papel na Europa.

A ministra da Educação, da Formação Profissional e do Desporto e porta-voz do Governo, Pilar Alegría, também aparece neste papel, representando uma “nova geração de liderança que está a ganhar peso progressivamente no seu partido, com um estilo sereno que evita a estridência”. O seu papel à frente dos socialistas aragoneses projeta-o também no mapa regional, onde assumiu a liderança da federação.

No PP, a secretária-geral do PP, Cuca Gamarra, destaca-se como uma das vozes fortes da oposição e desempenha “um papel crucial devido à sua capacidade de negociação”. Afirmou-se como uma mulher de partido com um perfil de gestão, construído a partir da sua experiência como presidente da câmara de Logroño durante oito anos. Foi porta-voz e líder do grupo parlamentar no Congresso, destacando-se pela sua “disposição aberta, o seu carisma e a sua capacidade de reunir diferentes sensibilidades” no seio do seu partido. É uma peça-chave no objetivo de recuperar La Moncloa e consolidar o poder territorial do partido.

A análise do Instituto Coordenadas identifica ainda três outros perfis relevantes, como o da ministra da Saúde, Mónica Garcia, forjada como deputada da Assembleia de Madrid e com uma oposição frontal aos cortes na saúde que lhe deu uma projeção que a levou a liderar o Más Madrid. Não vem de uma carreira política tradicional, mas do ativismo na saúde, e assume naturalmente as mudanças que implicam passar da crítica ao modelo para a responsabilidade por ele.

A galega Ana Pontón, que foi a candidata do BNG à presidência da Xunta e obteve o melhor resultado do nacionalismo galego nas últimas eleições autonómicas, lidera o seu partido desde 2016, depois de ter passado por uma grande reorganização interna. Pontón é deputada no Parlamento galego desde 2004 e tem uma longa experiência que quis promover com uma “imagem de modernidade e ligação ao eleitorado e aos cidadãos”.

Por último, a presidente do Congresso dos Deputados, Francina Armengol, representa um perfil institucional com uma “marcada sensibilidade territorial”, tendo sido a primeira mulher presidente do governo das Ilhas Baleares entre 2015 e 2023. Agora, como terceira autoridade máxima do país, destaca-se pelo seu “tom sereno” e por manter posições à esquerda em defesa da “convivência baseada no diálogo”. Foi também reeleita para continuar a liderar os socialistas das Ilhas Baleares.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Innovarisk troca Hiscox pela Liberty Specialty Markets. O CEO explica porquê

Gonçalo Baptista, CEO da agência de subscrição que consolidou a seguradora britânica Hiscox em Portugal, passou essa parte do seu negócio para a Liberty. Explica tudo o que vai mudar na Innovarisk.

Gonçalo Baptista, CEO da Innovarisk, em entrevista ao ECO Seguros: “Uma seguradora, quando delega o trabalho de uma agência de subscrição, não quer estar a lidar com centenas de mediadores locais”.Hugo Amaral/ECO

Gonçalo Baptista, CEO da Innovarisk, uma MGA, (management general agent), ou agência de subscrição de seguros, soube por notícia do ECOseguros que a sua representada Hiscox, seguradora britânica especializada em nichos de mercado como particulares de elevado valor, ia entrar diretamente em Portugal, após mudar a oferta de Arte e Habitação para a gigante Liberty Specialty Markets. A agência de subscrição, com 32 pessoas, para colmatar o que passou a ser uma lacuna de oferta que juntou à australiana QBE para cobrir todas as áreas de risco onde quer estar. Mantendo a vontade de crescer o negócio 15% em cima dos 21 milhões de euros de 2024, Gonçalo Baptista, em entrevista a ECOseguros, explica como ficou o negócio e qual será o futuro a partir daqui.

O que se passou para quebrar um acordo de mais de década com a Hiscox?

O desacordo começou no final de 2023 e acentuou-se em 2024 quanto à estratégia em Portugal para a gestão da questão dos fenómenos sísmicos em Portugal. Nós cooperámos no primeiro ano, implementámos um aumento tarifário importante, e na altura achámos que não seria uma ideia fantástica, atendendo a que seria a única seguradora a aumentar tarifas no seguro de habitação. Mas aumentámos e correspondemos a esse anseio, houve alguma negociação, mas ficámos com a sensação que o assunto tinha ficado bem resolvido. Proativamente perguntámos em 2024, se para 2025 estava sanado, ou se era possível fazer alguma coisa.

E a resposta não foi satisfatória…

Não, era preciso mexer muito mais. Não compreendemos, a nossa principal missão é de oferecer boas soluções aos clientes e a preços competitivos. Achámos que a ideia não ia nesse interesse e dissemos que não podíamos tomar essa decisão sem consultar alternativas. Consultámos alternativas, conseguimos melhor e houve uma rotura com a Hiscox no seguro de habitação.

Acho que há alguma ilusão nas seguradoras estrangeiras. Acham que vão fazer muitos milhões muito rápido e depois percebem que o mercado português é pequeno, é pouco sofisticado e, ligado a ser pequeno, as pessoas cultivam muito as relações.

A abertura da sucursal da Hiscox foi surpresa?

Foi surpresa a Hiscox decidir reabrir a sucursal sem nos dizer nada. Estivemos durante 12 anos a desenvolver uma carteira de clientes que nós comprámos à Hiscox com prémios anuais de 3 milhões de euros por ano e desenvolvemos até 14 milhões de euros, um crescimento interessante e com sinistralidades bastante rentáveis. Acho que não se termina uma parceria dos 11 anos com uma notícia no jornal.

A entrada em Portugal de seguradoras europeias volta a ser moda?

Sim, é curioso. Para nós, que estamos aqui no meio, entre mediadoras e seguradoras, esses ciclos acabam por ter bastante relevância. Vamos assistindo às seguradoras a virem para Portugal e eu acho que há alguma ilusão, vão fazer muitos milhões muito rápido e depois percebem que o mercado português é pequeno, é pouco sofisticado e, ligado a ser pequeno, as pessoas cultivam muito as relações. Não é muito fácil, para alguém que entra no mercado, desconstruir essas relações já tão estabelecidas, como a do mediador que se senta à mesa de jantar com o administrador da grande seguradora.

Está a falar das vantagens de uma seguradora estrangeira entrar em Portugal através de uma agência de subscrição ou MGA (managing general agent) como é a Innovarisk…

…Sou parte interessada, admito que não tenho a opinião mais isenta do mundo, mas acho que o modelo de pensar que de Madrid se consegue gerir Portugal com sucesso do ponto de vista comercial é difícil. Mas são escolhas que estão fazer agora, são muito cíclicas. Ainda assim concordo ser muito importante ter uma estrutura local. Seja MGA, seja o escritório próprio. Sem cultivarem muito as relações e sem terem uma presença cá, acabam sempre por ser uma segunda escolha.

Porque deve ser escolhida uma MGA?

O modelo de negócio da Innovarisk é ser o escritório de seguradoras estrangeiras em Portugal. Quando um corretor ou quando um cliente coloca um risco é de facto a Innovarisk que está a fazer o trabalho todo, ou quase todo. Regularizamos sinistros ao nível de 98% ou 99% o que é um nível de autonomia muito, muito grande. Como agência de subscrição faz sentido fazermos esse trabalho administrativo, até porque uma seguradora, quando delega o trabalho de uma agência de subscrição, não quer estar a lidar com centenas de mediadores locais.

Podem achar que têm negócio suficiente se trabalharem diretamente no país…

A grande mais-valia de uma MGA para as seguradoras internacionais é terem uma presença num país, tendo muito poucos ou nenhuns custos fixos. A MGA agrega todo esse trabalho na parte das operações, na parte financeira, na parte da subscrição, na parte dos sinistros e ainda desenvolvemos as ações de marketing, portanto fazemos praticamente tudo.

“Na arte temos uma quota de mercado muito grande nos principais museus portugueses privados são todos ou quase todos os nossos clientes. Em particulares, provavelmente metade do top 20 dos clientes mais ricos do país são nossos clientes”.Hugo Amaral/ECO

Agora a Liberty Specialty Markets (LSM) vai substituir a Hiscox?

Hoje já somos a Liberty Specialty Market, uma divisão da Liberty Mutual Insurance Group (LMIG), com a ação global diferente da seguradora da Liberty Seguros que a Generali comprou. É uma estrutura para riscos especiais dentro dos quais se engloba também a gestão de patrimónios e esse é um dos muitos produtos desta Liberty, uma seguradora fortíssima.

Como fica a relação com a Hiscox?

um acordo com a Hiscox para renovarmos os continuados de Responsabilidade Civil, mas na área da arte e habitação tornámo-nos concorrentes, temos uma outra oferta.

É uma mudança importante…

Marca uma viragem. Para o bem e para o mal tínhamos uma imagem colada à Hiscox e uma parte importante da nossa faturação, representava mais de metade, 14 milhões de euros de carteira. Mas isto abre uma oportunidade de sermos uma empresa mais independente. Se calhar, tínhamos feito essa viragem já há uns anos, para sermos mais Innovarisk e menos Hiscox e Lloyd’s. Quando começámos a crescer fez sentido desenvolver a nossa marca e, na sequência desse processo, cada vez mais os nossos mediadores, corretores e clientes têm consciência que estão seguros pela Innovarisk e que a seguradora que dá suporte é quase secundária. É na nossa equipa que confiam é nesse serviço que nós prestamos com níveis de autonomia enormes.

A Lloyd’s continua como seguradora representada?

Com o Brexit diminuímos um pouco a atividade em Lloyd’s e passámos esses negócios para as seguradoras continentais, que também têm alguma coisa em Lloyd’s, mas trabalhamos mais com a divisão de retalho. Normalmente os grandes grupos internacionais têm uma seguradora que faz o negócio do retalho, têm um sindicato em Lloyds – para algum tipo de negócio mais específico – e têm uma resseguradora.

Quais são as seguradoras representadas a partir de agora?

Trabalhamos com a QBE, com a Liberty, com a Markel, tudo gente que tem o seu sindicato de Lloyd’s. Neste momento temos a carteira repartida entre Liberty, Hiscox e QBE.

Qual o perfil de clientes?

Cerca de um terço da nossa carteira está nesta vertente de arte e habitação. Na arte temos uma quota de mercado muito grande nos principais museus portugueses privados são todos ou quase todos os nossos clientes. Em particulares provavelmente metade do top 20 dos clientes mais ricos do país são nossos clientes, temos uma quota de mercado forte nesse segmento e quanto mais alto for o segmento mais estamos presentes. A nível empresarial hoje em dia temos uma oferta que chega a quase tudo, temos como clientes muitas empresas nas áreas emergentes e uma oferta muito boa na área consultores de negócio. Alguns exemplos são IT, consultores, e temos uma parte grande também de medicinas alternativas.

Nas empresas qual a oferta?

Já temos muito a vertente industrial porque, hoje em dia, temos uma oferta bastante sólida, tanto para as fábricas e para os bens que estão dentro das fábricas, como também para a vertente da responsabilidade civil. A responsabilidade civil de produtos e a retirada dos produtos é relevante porque temos muitos fornecedores para o segmento automóvel. Temos uma quota de mercado muito grande nos intermediários de crédito, que é um seguro obrigatório em Portugal e que são uma miscelânea muito grande de empresas muito diferentes. Das empresas de eletrodomésticos que vendem eletrodomésticos de crédito, a clínica dentária até ao mediador imobiliário todos eles vendem soluções de crédito de instituições financeiras e portanto todos esses negócios também são nossos clientes.

A Innovarisk é elitista?

O cliente tipo da Innovarisk é o cliente interessado e que quer estar bem seguro, e onde o preço é importante, mas não é o ponto de partida e o ponto de chegada. Quer estar bem seguro, e depois disso vai procurar quais é que são as soluções mais competitivas. Se houver soluções mais baratas é porque tem menos cobertura, o jogo do preço não é o nosso.

Estrangeiros ou portugueses, como é que isso se define? Ou seja, tem uma aproximação aos estrangeiros?

Na vertente empresarial é bastante português. Porque normalmente as empresas estrangeiras que têm presença cá, já trazem os seus programas internacionais e, portanto, já incluem as sucursais portuguesas. Na vertente habitação, temos muitos clientes estrangeiros. Temos uma quota de mercado importante. No Algarve, teremos qualquer coisa à volta de quatro mil clientes, o que já é uma fatia importante. Também em condomínios como na Quinta do Lago ou Vale de Lobo. Agora com a Liberty estamos a falar de uma seguradora no top 10 mundial é um colosso, uma seguradora diferente da Hiscox para o bem e para o mal, incomparavelmente maior, e uma marca muito conhecida de qualquer estrangeiro. Há muitos americanos a vir para Portugal, e americanos com muito dinheiro, e para esses, pronto, a Liberty é uma marca do coração.

Temos vontade de apostar nas renováveis, vai haver muito dinheiro, seja através de fundos comunitários, seja projetos de fundos de investimento ou de investidores privados nessa área.

Qual a importância do nível de serviço pós-venda no negócio Innovarisk?

É impensável estar no segmento private sem ser com os serviços cinco estrelas seja uma companhia de seguros, seja um hotel, seja um restaurante, seja o que for. As pessoas quando têm um determinado estatuto querem ser tratadas de forma exemplar. No nosso caso 98 ou 99% dos processos de sinistros na área da arte e habitação são regularizados integralmente por nós, sem qualquer intervenção da Seguradora, resultado de termos autonomia para indemnizar até a 50.000 euros. Em Portugal não há assim tantos sinistros acima desse valor, já tem que ser um incêndio ou um roubo grande. Mesmo em tempestades aparece muito pouca coisa acima desse valor.

Como fica a carteira de seguros nesta mudança?

Cerca de um terço em arte e habitação, nas chamadas linhas financeiras, que é o Responsabilidade Civil, D&O (RC administradores e diretores) e Cyber, também perto disso. Depois, os seguros patrimoniais, que são os seguros dos escritórios, das fábricas, tanto das estruturas físicas propriamente ditas, como de todo o seu recheio, são cerca de 20% da nossa carteira. Ainda outro grande nicho de RC geral é a vertente mais industrial como produtos da retirada do produto do mercado ou de responsabilidade ambiental, que também representa perto de 20%. Temos depois produtos para instituições financeiras, como bancos, seguradoras, gestores de investimento. Temos produtos específicos para profissionais do mundo da aviação, perda de licença e algumas coisas de contingência como o músico ou o médico que quer segurar as mãos.

E a rede de mediação?

Nós trabalhávamos com um número relativamente reduzido, de 40 mediadores e corretores e, hoje em dia, trabalhamos com quase 400. E descomplicámos muito a venda, fizemos wordings em linguagem mais acessível, fizemos processos de venda simplificados, diminuímos bastante o custo do seguro porque as PMEs compravam muito pouco seguros de D&O, seguros de RC profissional ou, agora mais recentemente, os seguros de cyber. Era muito difícil democratizar isso sem também democratizar a rede com que nós trabalhávamos. Começámos por fazer muitas formações presenciais, depois veio a pandemia, e subsistimos nesse formato pelos webinars, e hoje em dia temos os formatos mistos, alguns em webinar e outros em formato presencial. Demos formação sobre estes seguros mais complicados, não só o produto, como a venda, como também arranjando bons exemplos de sinistros.

Que negócios destaca para crescer no futuro?

Vai entrar muito dinheiro no país para investimentos. Temos vontade de apostar nas renováveis, vai haver muito dinheiro, seja através de fundos comunitários, seja projetos de fundos de investimento ou de investidores privados nessa área que nós achamos que tem futuro, e portanto vamos apostar. Também na área da construção vai haver uma aposta grande em infraestrutura e portanto é uma oferta que nós andamos também a namorar a ver se encontramos o parceiro certo para explorar essa área. Há outros ramos em que as seguradoras nos vão também tentando seduzir para nós entrarmos, desde acidentes pessoais a seguros para cavalos ou para barcos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.