Investigação da Galp sem “impacto material” nas ações, só se CEO sair

A investigação interna que está a decorrer na Galp, dado um relacionamento pessoal do CEO dentro da empresa, não deverá pressionar significativamente as ações, a não ser que motive a demissão do CEO.

Uma denúncia anónima, que aponta um relacionamento entre o CEO da Galp GALP 0,51% e uma diretora de topo, parece ter feito derrapar as ações da cotada esta segunda-feira, na primeira sessão após a divulgação desta informação. De acordo com os analistas consultados pelo ECO/Capital Verde, o impacto deste evento nas ações não deverá ser material. Contudo, no caso de o processo levar a um afastamento do CEO ou a questões relevantes sobre a respetiva conduta, o impacto nas cotações poderá agravar-se.

A Galp iniciou o dia a desvalorizar 1,45% para 15,595 euros, depois de passada sexta-feira, já depois do fecho dos mercados, o ECO ter avançado que o CEO da petrolífera, Filipe Silva, está a ser alvo de uma investigação interna sobre um alegado relacionamento com uma diretora de topo da empresa, com base numa denúncia anónima. No final da sessão, a cotada fechou a descer 0,73% para os 15,71 euros.

As notícias [sobre a investigação] terão um impacto limitado por agora, mas podem ter impacto em caso de dispensa do CEO”, indica ao ECO/Capital Verde, o analista da Oddo BHF Ahmed Ben Salem. Esta casa de investimento tem uma recomendação “neutral” sobre a empresa e coloca o preço alvo nos 20 euros.

"As notícias [sobre a investigação] terão um impacto limitado por agora, mas podem ter impacto em caso de dispensa do CEO.”

Ahmed Ben Salem

Oddo BHF

“Não é esperado que a notícia que envolve o CEO da Galp venha a ter um impacto muito prolongado no comportamento das ações da empresa, uma vez que se trata de um assunto com baixa relevância material para os mercados financeiros”, entende, por sua vez, o analista Henrique Tomé, da XTB. Mesmo no caso de ser aplicado algum tipo de penalização ao CEO, o impacto a médio e longo prazo deverá ser nulo, continua. No entanto, “a potencial substituição do CEO poderia provocar alguma volatilidade no curto/médio prazo, sobretudo pela incerteza inerente”, considera, embora ressalve que mesmo este impacto deverá ser “moderado e temporário”.

Uma posição também suportada pelo Responsável de Trading do Banco Carregosa, João Queiroz. “A denúncia e investigação em curso poderão gerar uma reação negativa nas cotações da Galp, sobretudo a curto prazo”, tendo em conta o impacto reputacional e incerteza criada por este tipo de situações, observa. Já o impacto material dependerá da evolução do caso.

"A potencial substituição do CEO poderia provocar alguma volatilidade no curto/médio prazo.”

Henrique Tomé

XTB

“Se a investigação não revelar irregularidades graves e se o CEO permanecer no cargo com credibilidade intacta, o impacto tenderá a ser limitado. Contudo, se a investigação tiver como resultado a sua demissão ou a uma perceção de “desgoverno” corporativo, o impacto poderá ser mais significativo”, estima João Queiroz. A volatilidade pode ser agravada pela exposição da Galp como uma multinacional de relevo e pela elevada visibilidade pública do caso, alerta ainda.

João Queiroz assume que, caso se confirmem conflitos de interesse ou má conduta grave, a ação possa sofrer “um impacto negativo elevado”, traduzindo-se numa cotação abaixo do seu valor justo ou intrínseco, dado que pode ser interpretado como um risco de gestão prolongado. Existindo uma demissão ou despedimento, “a saída pode criar momentânea incerteza quanto à liderança futura e à continuidade da estratégia”, um impacto que poderá ser mitigado “se o sucessor for rapidamente identificado e reconhecido”. Neste caso, poderia verificar-se uma queda inicial com impacto adicional dependendo da perceção do mercado sobre a sucessão.

Se a investigação não revelar irregularidades graves e se o CEO permanecer no cargo com credibilidade intacta, o impacto tenderá a ser limitado. Contudo, se a investigação tiver como resultado a sua demissão ou a uma perceção de “desgoverno” corporativo, o impacto poderá ser mais significativo.

João Queiroz

Banco Carregosa

Já num cenário de prolongamento da investigação, sem serem apresentadas conclusões claras, aumentaria a incerteza e a pressão sobre as ações seria mantida. No melhor dos desfechos, em que não se confirma qualquer infração e o CEO se mantém no cargo, “o impacto deveria ser marginal e provavelmente de curta duração. A reação inicial negativa poderia ser rapidamente absorvida”, prevê João Queiroz.

As últimas quatro recomendações emitidas relativamente à cotada, que datam de dezembro, são de “compra” ou “desempenho superior”, de acordo com os dados levantados pela Reuters. A última, publicada a 31 de dezembro pelo Santander, revê o preço em baixa mas coloca-o nos 19 euros por ação, cerca de 4 euros acima do preço atual. Antes, a 20 e a 9 de dezembro, duas casas de investimento que não se encontram identificadas reviram os respetivos preços-alvo em alta, para 22 e 23 euros, respetivamente. A 2 de dezembro, o Berenberg inaugurou a cobertura da ação com um preço alvo de 21 euros.

Na visão do Banco Carregosa, “as perspetivas para a Galp a médio prazo permanecem positivas, sustentadas pelos seus fundamentais sólidos e forte posição no setor energético” e se adequadamente geridos, estes riscos poderão ter efeitos transitórios, não comprometendo as perspetivas de crescimento e rentabilidade da cotada”.

A XTB elabora que “apesar da performance fraca apresentada pela Galp nos últimos três meses, as recentes valorizações do petróleo e do gás natural oferecem uma oportunidade de recuperação a curto-prazo”.

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Grau de conflito de interesse vai decidir investigação interna ao CEO da Galp

Denúncia que está a ser investigada pela Galp coloca afastamento do CEO em cima da mesa. Especialistas em governança dizem ao ECO que grau de conflito de interesse é chave e recomendam celeridade.

O CEO da Galp GALP 0,51% , Filipe Silva, tem estado debaixo dos holofotes após ter sido noticiado, pelo ECO, de que está a ser alvo de uma investigação interna sobre um alegado relacionamento com uma diretora de topo da empresa. Os especialistas em governança consultados pelo ECO assumem que o afastamento do CEO poderá justificar-se, mas ressalvam que depende da gravidade que seja atribuída a eventuais conflitos de interesse.

Olhando a este caso, deve primeiro presumir-se a inocência, sublinha Maria João Guedes, professora de Governança no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). No entanto, “se havia relação, devia ter sido feito o disclosure [divulgação dos factos]”, defende. Agora, está nas mãos da Comissão de Ética da Galp.

O problema pode estar no caso de estar em causa algum conflito de interesses que não foi acautelado. Sempre que se tem consciência que pode haver conflito de interesses, a própria pessoa devia levantar a mão”, assinala o presidente do Instituto Português de Corporate Governance, João Moreira Rato. Um afastamento do responsável pode justificar-se “quando a Comissão de Ética considerar que há uma quebra grave do código de conduta”.

Exemplo de uma quebra grave seriam “decisões condicionadas por questões de conflito de interesse”. Apesar de existir uma componente subjetiva, na sua ótica, as situações que põem em causa os princípios do código de conduta não são difíceis de avaliar.

Se se detetarem conflitos, o CEO deve sair voluntariamente para proteger a empresa.

Maria João Guedes

Professora de governança no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Se se detetarem conflitos, o CEO deve sair voluntariamente para proteger a empresa”, corrobora Maria João Guedes, professora de Governança no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). E, no caso de o CEO não tomar essa decisão, deverá ser o conselho de administração a assumi-la, acrescenta. O maior dano pode verificar-se em termos reputacionais, independentemente dos factos virem ou não a comprovar-se.

Por seu lado, o advogado David Carvalho Martins assinala que existem alguns casos de transição de gestão devido a conflitos de interesse, “designadamente para proteção da imagem, reputação e bom nome da organização”.

Atendendo à sensibilidade do tema e aos riscos associados, as partes chegam, frequentemente, à conclusão de que a mudança, pacífica e tranquila, é melhor para todos os envolvidos e, em particular, para a organização”, explica ao ECO o sócio fundador e administrador da DCM Littler, especialista em Direito do Trabalho e árbitro do Conselho Económico e Social (CES).

Já Duarte Júlio Pitta Ferraz, sócio da Ivens Governance Advisors, consultora especializada em governança corporativa, entende que “as pessoas visadas têm de ter elevado nível de segurança para reportar” este tipo de situações, e isso passa por assegurar que as consequências não serão necessariamente negativas, aplicando-se em primeiro lugar medidas de mitigação, como a mudança de funções dos envolvidos.

Só no caso de não existir qualquer alternativa que possa resolver os conflitos de interesse é que se deve avançar para a saída da esfera da empresa e, ainda assim, o ideal é colocar do lado dos envolvidos a escolha de qual abdica do seu cargo, indica. “Estas situações têm de ser apreciadas caso a caso, e se necessário aplicadas medidas transitórias e depois permanentes”, remata o consultor, sublinhando que também é importante salvaguardar a reputação dos visados, e manter estes casos em confidencialidade enquanto se tiram conclusões.

Na opinião da fundadora e managing director da consultora de liderança Amrop Portugal, Maria da Glória Ribeiro, no contexto das melhores práticas de governança corporativa, o papel de uma Comissão de Ética “é essencial” para promover a integridade, a transparência e a responsabilidade dentro das organizações, ajudar a garantir que as empresas seguem princípios éticos, respeitam as normas regulatórias e mantêm o alinhamento entre os interesses dos stakeholders, mas “é importante que o seu âmbito de atuação seja bem definido, evitando que questões de foro pessoal, que não impactam diretamente a gestão corporativa ou o desempenho da organização, sejam alvo de análise ou intervenção desnecessária”.

Da relação direta ao reporte: as nuances determinantes

No código de conduta da Galp, não há nenhuma referência explícita ao procedimento no caso de existir uma relação interpessoal. No entanto, “mesmo não estando explicitamente definido no código de conduta, pode haver um conflito de interesses”, alerta Moreira Rato, indicando que o código de conduta não tem de ser altamente descritivo. “Os princípios de conduta podem ser quebrados sem estar escrito que constituem uma quebra. Por isso existe uma Comissão de Ética”, explica.

O código de conduta da Galp faz referência apenas à eventual existência de conflitos de interesse. “As pessoas da Galp têm a obrigação de reconhecer quando estejam, possam vir a estar ou possam ser percecionados como estando perante uma situação que configure conflito de interesses. Nas circunstâncias em que identifiquem estar perante um conflito de interesses, devem reportar através da plataforma existente para o efeito, por forma a que sejam tomadas as medidas que permitam eliminar ou gerir tais conflitos”, lê-se no documento.

Mesmo não estando explicitamente definido no código de conduta, pode haver um conflito de interesses

João Moreira Rato

Presidente do Instituto Português de Corporate Governance

Mas então, o que constitui um conflito de interesse? Geralmente, este termo é aplicado em relação a situações de posse de ações em bolsa, ou no caso de compra por parte da empresa de bens dos quais o funcionário é dono.

No que diz respeito a relacionamentos interpessoais, “uma relação de dependência [entre os visados] pode aumentar a situação de conflitos de interesse”, indica Moreira Rato. A professora Maria João Guedes entende que a questão torna-se mais sensível caso exista uma relação direta, na qual um dos membros do relacionamento tenha poder de decisão sobre as funções, tarefas, salário e eventuais promoções do outro.

Em segundo lugar, retoma Pitta Ferraz, é importante perceber porque não existiu reporte por parte dos visados. A regra não estava clara? Não houve oportunidade? Esse reporte ia ser feito brevemente? Estas são algumas das questões que devem ser respondidas antes de haver um juízo.

A especialista em governança do ISEG considera que seria desejável um código mais explícito, na medida em que o da Galp deixa à interpretação o que é um conflito de interesses. O sócio da Ivens Advisors acrescenta que é importante clarificar, neste tipo de situações, que tipo de relação deve ser reportada e a partir de que momento faz sentido reportá-la.

Resolução deve ser breve

Seja qual for o desfecho, é importante que seja rápido e rigoroso, indicam os especialistas consultados pelo ECO/Capital Verde. O processo “requer celeridade” no apuramento de se existiram conflitos de interesse e uma consequente quebra na confiança em relação à liderança, e a decisão a tomar no final tem de ser “muito clara”, defende Maria João Guedes. Para a professora, deveria existir um desenlace “em poucos dias”.

Duarte Pitta Ferraz aponta que a regulação europeia define um prazo máximo de três meses. O presidente do IPCG afere que depende muito da complexidade da situação, mas também “do que se possa achar que seja a gravidade”, pois “se for grave, é normal que se queira agir rapidamente”.

Numa nota mais positiva, Moreira Rato sublinha que a investigação interna que está a ser levada a cabo “é um bom sinal”, pois se a denúncia chega ao ponto de ser considerada com seriedade pela Comissão de Ética, “é porque o sistema interno está a funcionar”.

O caso BP

Em maio de 2022, uma fonte anónima acusou o CEO da BP, Bernard Looney, de manter uma relação pessoal com colegas. De acordo com o Corporate Governance Institute, “foi recebida a confirmação escrita” de que não haveria matéria para discussão. Mas em setembro de 2023, uma segunda investigação revelou que Looney mantinha, de facto, relações que entravam em conflito com o código de conduta. O próprio demitiu-se depois dos factos serem tornados públicos.

O facto de o CEO da BP, num primeiro momento de inquérito, ter omitido informação relevante, “levou a que [o desenrolar do caso] tenha sido mais abrupto”, avalia Duarte Pitta Ferraz. No caso da Galp, não existe informação de que algo semelhante tenha ocorrido.

Na sequência do caso, o código de conduta da BP foi revisto, tendo sido adicionadas alíneas específicas sobre relações íntimas. Todos os gestores devem assinalar relações internas “familiares ou íntimas”, mesmo que não constituam um conflito de interesse. E não é permitido que um gestor tenha como subordinado alguém com o qual mantenha uma relação familiar ou íntima.

Atualmente, Bernard Looney é presidente da empresa Prometheus Hyperscale. “O que não é aceitável para uns, pode ser para outros. Há sítios onde isto não é um tema”, conclui Pitta Ferraz.

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Gripe das aves detetada numa exploração em Sintra

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

O vírus foi detetado numa exploração de galinhas poedeiras no concelho de Sintra. As medidas de controlo e erradicação já foram implementadas.

A gripe das aves foi detetada numa exploração de galinhas poedeiras em Sintra, Lisboa, tendo sido aplicadas medidas de controlo e erradicação, anunciou esta segunda-feira a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV)

“A 3 de janeiro, foi confirmado um foco de infeção por vírus da gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP) numa exploração de galinhas poedeiras, no concelho de Sintra, distrito de Lisboa”, lê-se numa nota da DGAV.

As medidas de controlo e erradicação já foram implementadas e incluem a inspeção do local onde a doença foi detetada, o abate dos animais infetados e a limpeza das instalações.

Foram ainda impostas restrições à movimentação e as explorações com aves nas zonas de restrição (num raio de 10 quilómetros em redor do foco) estão a ser vigiadas.

A DGAV pediu ainda a todos os operadores que comuniquem qualquer suspeita de doença, sublinhando que a deteção precoce dos focos “é essencial para a implementação célere de medidas de controlo”.

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Portugal apela a Mondlane para que seja “fator de reconciliação”

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

"O apelo que fazemos é que ele possa ser também um fator de estabilização, de pacificação e de reconciliação nacional", disse Paulo Rangel.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, apelou esta segunda-feira ao candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane para que seja “um fator de estabilização e reconciliação nacional” ao regressar ao país na quinta-feira.

“Agora, naturalmente, com o anunciado regresso a território moçambicano do candidato presidencial Mondlane, o apelo que fazemos é que ele possa ser também um fator de estabilização, de pacificação e de reconciliação nacional”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, falando à margem da sessão de abertura do Seminário Diplomático, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Paulo Rangel indicou que ainda “está em avaliação” a eventual ida do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no próximo dia 15, à cerimónia de posse de Daniel Chapo, vencedor declarado das eleições presidenciais de Moçambique, um resultado contestado por Mondlane e os seus apoiantes, que se têm manifestado nas ruas há mais de dois meses, em protestos que já causaram quase 300 mortos.

Venâncio Mondlane, que está fora de Moçambique, alegando questões de segurança, desde 21 de outubro, quando foram desencadeadas as manifestações pós-eleições de 9 de outubro, anunciou este domingo que regressa à capital moçambicana, através do aeroporto internacional de Maputo, às 08:05 locais (06:05 de Lisboa) de quinta-feira, 09 de janeiro.

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Presidente são-tomense demite Governo liderado por Patrice Trovoada

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

Carlos Vila Nova critica a "assinalável incapacidade" do Governo e os "períodos frequentes prolongados de ausência" sem "ganhos visíveis para o Estado e para o povo são-tomenses".

O Presidente são-tomense demitiu esta segunda-feira o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, por “assinalável incapacidade” de solucionar os “inúmeros desafios” do país e “manifesta deslealdade institucional”, lê-se no decreto presidencial.

O chefe de Estado, que reuniu horas antes o Conselho de Estado, fundamenta a decisão, “tendo em atenção o contexto interno de São Tomé e Príncipe, caracterizado, presentemente, por inúmeros desafios, particularmente económicos e financeiros e a sua repercussão social, e considerando que a actuação do Governo tem sido marcada por uma assinalável incapacidade em aportar soluções atendíveis e compatíveis com o grau de problemas existentes”.

A isto, acrescentam-se “períodos frequentes prolongados de ausência do primeiro-ministro e chefe do Governo do território nacional sem que disso resultem ganhos visíveis para o Estado e para o povo são-tomenses, e se traduzem, pelo contrário, em despesas injustificáveis para o erário público”.

Carlos Vila Nova salientou ainda “a falta, por parte do primeiro-ministro, de uma clara cooperação estratégica e uma manifesta deslealdade institucional, fatores que vêm entorpecendo a relação institucional que deve existir entre o Presidente da República e o Governo, através do primeiro-ministro”.

O Presidente da República decretou que “é demitido o XVIII Governo Constitucional”, e que “o Partido Ação Democrática Independente (ADI), enquanto partido político mais votado nas últimas eleições legislativas” é “convidado a apresentar, no prazo de 72 horas, outra individualidade para assumir o cargo de primeiro- ministro e chefe do Governo”.

“O presente decreto presidencial entra imediatamente em vigor”, lê-se no documento.

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Comissão do Mercado Voluntário de Carbono tem primeira reunião na terça-feira

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

O Mercado Voluntário de Carbono vai incentivar projetos que reduzam a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) ou de sequestro de carbono.

A Comissão Técnica de Acompanhamento do Mercado Voluntário de Carbono (CTA) reúne-se na terça-feira e vai criar uma metodologia de carbono, que irá depois a consulta pública, anunciou o Governo.

O Mercado Voluntário de Carbono vai incentivar projetos que reduzam a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) ou de sequestro de carbono. Num comunicado em que anuncia a primeira reunião da CTA, o Ministério do Ambiente e Energia cita a ministra, Maria da Graça Carvalho, que considera o momento como “passo importante para ter o mercado plenamente operacional em 2025”.

No comunicado recorda-se também que as entidades que compõem a CTA e que estarão representadas na reunião são a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que coordena, a Agência para a Energia (ADENE), a Direção-Geral do Território (DGT), o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM).

Também fazem parte da CTA quatro especialistas: Sandra Martinho (da Universidade NOVA FCT), Luís Vaz Freire (Instituto Superior de Agronomia), Rita Sousa (Universidade do Minho) e Joana Portugal Pereira (Instituto Superior Técnico). A CTA vai desenvolver e aprovar metodologias de carbono que estabelecem um conjunto de critérios e orientações para reconhecimento dos projetos e dos créditos que estes venham a gerar.

Cabe ainda à CTA avaliar o desempenho do mercado voluntário de carbono, podendo propor alterações que entenda necessárias para o seu melhor funcionamento. O Governo recorda que, com o mercado, pessoas, instituições públicas, organizações privadas ou empresas que queiram compensar emissões de GEE de uma determinada atividade, serviço ou evento, podem investir em projetos de mitigação.

Em outubro passado o Governo já tinha anunciado a operacionalização do Mercado Voluntário do Carbono, com a publicação de portarias necessárias à regulamentação, o lançamento de um portal informativo e a abertura de um aviso para interessados. O Mercado Voluntário do Carbono foi criado pelo anterior Governo e o diploma que o instituiu foi promulgado em 29 de dezembro de 2023.

Em 5 de janeiro do ano passado foi publicado um diploma estabelecendo regras do Mercado. Em outubro foram publicadas as portarias previstas no decreto-lei de janeiro. Para facilitar a participação no mercado, recordou esta segunda-feira o Governo, foi criado um portal informativo dedicado ao assunto em www.mvcarbono.pt.

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Agência Portuguesa do Ambiente abre concurso de comunicação de 6,8 milhões de euros

O concurso envolve criatividade, planeamento de meios e comunicação. É uma coisa à séria, para sensibilizar os portugueses. Um concurso como nunca foi feito em Portugal", diz José Pimenta Machado.

A Agência Portuguesa do Ambiente abriu concurso público para uma campanha de comunicação e sensibilização sobre resíduos. Prevista em duas fases principais, no verão e no Natal, o orçamento é de 6.775.067,75 euros.

É uma coisa à séria, para sensibilizar os portugueses. Um concurso como nunca foi feito em Portugal, uma grande aposta”, justifica ao +M José Pimenta Machado, presidente do conselho diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente. Trata-se de “uma grande aposta financeira, mas temos um grande desafio, que é o tema dos resíduos“, prossegue.

De acordo com o caderno de encargos, o concurso prevê o planeamento estratégico, criatividade, produção e definição de meios; plano de meios, divulgação e publicidade e aquisição de espaço; produção fotográfica, audiovisual e gráfica de todas as peças propostas; assessoria de imprensa; monitorização, avaliação e análise de desempenho; realização de relatório final. Ou seja, criatividade, meios e comunicação. As agências podem apresentar propostas em conjunto.

“O presente procedimento não prevê a adjudicação por lotes, na medida em que as prestações a abranger pelo objeto do contrato a celebrar são técnica e funcionalmente incidíveis. Face à dimensão da campanha entende-se que a gestão de um único contrato será mais eficiente para a entidade adjudicante. A contratação através de lotes poderia atrasar a implementação do projeto, até pelo risco de um dos lotes ser contratado e o outro ficar deserto, não permitindo a implementação da campanha no decorrer de 2025. Adicionalmente afetar a mesma entidade adjudicatária às duas fases do procedimento garante uma continuidade do projeto, sem risco de perda de informação entre cada uma das etapas, garantido também à entidade adjudicante, uma estabilização ao longo do projeto”, explica o documento.

O objetivo estratégico, lê-se no caderno de encargos, “passa pela consciencialização dos cidadãos para o seu papel preponderante na melhoria da gestão dos resíduos, quer a montante para a prevenção da sua produção, através dos seus hábitos de consumo, quer a jusante, através da sua participação mais ativa na separação e recolha seletiva de resíduos, sobretudo no que diz respeito à fração de biorresíduos”.

A campanha deverá incidir, objetivamente, sobre a separação seletiva dos biorresíduos, com foco, também, na separação seletiva do multimaterial, pretendendo também que se dê destaque à promoção das compras conscientes e consumo sustentável, à promoção de uma cultura de reparação e reutilização de bens, ao combate à iliteracia no domínio do ambiente e divulgação e consciencialização sobre os direitos e obrigações dos consumidores.

Publicado no final de 2024, o preço tem uma ponderação de 30% no fator de avaliação, valendo a “qualidade” 70%. Como subfatores de avaliação, o concurso prevê que a adequação da proposta criativa tenha uma ponderação de 30%, o plano de media 28%, a coerência da proposta criativa 24% e a formação e experiência profissional da equipa a afetar à execução do contrato vale 18%.

O contrato estará em vigor até junho de 2026 e o prazo para entrega de propostas termina no final de fevereiro.

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REN propõe investimento de quase 1.700 milhões no transporte de eletricidade

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

O regulador indicou que colocou em consulta pública “a proposta de Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade para o período 2025-2034".

A REN propõe investir 1.691,5 milhões de euros na rede de transporte de eletricidade para o período 2025-2034, tendo a ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos colocado o plano em consulta pública, adiantou, em comunicado esta segunda-feira.

O regulador indicou que colocou em consulta pública “a proposta de Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade para o período 2025-2034 (PDIRT-E 2024), elaborada pelo operador da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade (ORT)”, ou seja, a REN.

De acordo com a ERSE, o ORT “apresenta na proposta de PDIRT-E 2024 um montante global de 1.691,5 milhões de euros a investir no decénio 2025‑2034”. Segundo a ERSE, de acordo com a lei, “o ORT deve, a cada dez anos, proceder à revisão do PDIRT‑E, apresentando à DGEG [Direção-Geral de Energia e Geologia] e à ERSE a respetiva proposta”.

O regulador indicou que “a atual proposta em consulta pública constitui o primeiro PDIRT-E a ser submetido” ao abrigo do decreto‑lei n.º 15/2022, “que atribui aos instrumentos de planeamento da rede elétrica de serviço público a natureza de programa setorial, no quadro do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial”.

Depois da consulta pública, a ERSE emitirá um parecer “onde poderá recomendar alterações à proposta de PDIRT‑E 2024 apresentada pelo ORT”, sendo que “a proposta é aprovada por Resolução do Conselho de Ministros”.

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Brasil anuncia Indonésia como novo membro pleno dos BRICS

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

Apesar do aval ter sido dado em 2023, a Indonésia pediu para entrar formalmente no grupo apenas após as eleições presidenciais de 2024.

A Indonésia é a partir desta segunda-feira o novo membro pleno do grupo BRICS, anunciou o Governo brasileiro, que assumiu a presidência anual do grupo a 1 de janeiro. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro saudou o Governo da Indonésia, “detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático”.

A candidatura da Indonésia recebeu o aval dos líderes do grupo na Cimeira de Joanesburgo, em 2023. Apesar do aval ter sido dado em 2023, a Indonésia pediu para entrar formalmente no grupo apenas após as eleições presidenciais de 2024 e da formação do novo Governo.

“A Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS, que tem como lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, frisou o Governo brasileiro.

O Brasil sucede à Rússia na presidência dos BRICS, termo criado por um analista da Goldman Sachs sobre economias emergentes, e fundado em 2006 por Brasil, Rússia, Índia e China, juntando-se a África do Sul, em 2011, e, em 2024, o Egito, o Irão, os Emirados Árabes Unidos e a Etiópia. O bloco representa mais de 40% da população global e mais de 35% do Produto Interno Bruto mundial.

Agora, após a Indonésia, em 2025 está prevista, mas não confirmada, a entrada de países como Turquia, Nigéria, Argélia, Bielorrússia, Cuba, Bolívia, Cazaquistão, Vietname, Tailândia, Malásia, Uzbequistão e Uganda como estados membros associados, consolidando o bloco como voz relevante do Sul Global.

O combate às alterações climáticas, a utilização de moedas locais, a inteligência artificial e o reforço na integração dos novos membros são prioridades da presidência brasileira dos BRICS, disse, em entrevista à Lusa, no final de dezembro, o embaixador Eduardo Saboia, negociador-chefe dos BRICS.

Ao todo, o Brasil vai acolher 18 reuniões ministeriais que culminarão na cimeira de líderes que está prevista acontecer em julho, detalhou à Lusa a diplomacia brasileira.

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Transtejo Soflusa instaurou inquérito interno ao acidente

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

O ferry fazia a ligação entre o Barreio e Lisboa. "Há duas pessoas desaparecidas nas águas do Tejo e dois feridos graves já recolhidos”, segundo a autoridade Marítima Nacional.

Uma colisão entre um ferry e um barco de pesca no rio Tejo, em Lisboa, pelas 17:05 desta segunda-feira, provocou dois feridos e duas pessoas estão desaparecidas, informou à Lusa fonte oficial da Autoridade Marítima Nacional. A Transtejo/Soflusa determinou “a instauração imediata de um inquérito interno” para apuramento das circunstâncias do acidente.

De acordo com a porta-voz da Autoridade Marítima Nacional, pelas 17:05 foi recebido o alerta para uma “colisão entre um ferry e uma embarcação de pesca, e há duas pessoas desaparecidas nas águas do Tejo e dois feridos graves já recolhidos”. O ferry fazia a ligação entre o Barreio e Lisboa e os feridos estão a ser assistidos pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Nas operações de socorro e de buscas estão envolvidos uma embarcação do Comando-local da Polícia Marítima de Lisboa, uma embarcação da Estação Salva-vidas da Capitania do Porto de Lisboa e uma embarcação dos Bombeiros Sapadores de Lisboa.

Numa resposta enviada à agência Lusa, a empresa explica que pelas 16:55 o navio catamarã “Antero Quental” foi alvo de abalroamento por uma embarcação de pesca. A empresa adianta que o mestre do navio tentou evitar o embate, designadamente com vários alertas sonoros, e que estes foram ignorados pela embarcação de pesca.

Depois do acidente, explica ainda a Transtejo/Soflusa, foi feito o procedimento habitual nestas circunstancias, nomeadamente a realização de um exame de alcoolemia ao mestre do navio, pelas autoridades competentes, “cujo resultado foi de 0,0g/l de álcool no sangue”.

No entanto, acrescenta a empresa, o Conselho de Administração determinou a instauração imediata de um inquérito interno, para apuramento das circunstâncias e responsabilidades desta ocorrência.

A Transtejo Soflusa, empresa responsável pela ligação fluvial entre o Seixal, Montijo, Cacilhas, Barreiro e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, adianta que o transporte de passageiros na ligação fluvial Barreiro-Terreiro do Paço mantém-se ativo e regular.

As buscas pelos dois desaparecidos que seguiam na embarcação de pesca vão decorrer “até que seja possível”, avançou fonte oficial da Capitania do Porto de Lisboa. “Vai descer a maré e as buscas vão decorrer até que julguemos que há condições para as fazer”, afirmou o capitão do porto de Lisboa, Paulo Rodrigues Vicente.

“Não temos previsão em termos de horas [para fazer as buscas], vamos ver as condições, vamos bater a zona, vamos verificar todas as zonas ali perto”, explicou Rodrigues Vicente, acrescentando que o “rio tem características muito especiais, não é mar aberto, a corrente tem uma forte influência no transporte de pessoas” e vão “agarrar nessa experiência e tentar encontrar essas pessoas”.

(notícia atualizada às 21h27 com reação da empresa)

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Socialistas franceses ameaçam Governo com moção de censura

  • Lusa
  • 6 Janeiro 2025

O primeiro secretário do Partido Socialista garantiu que embora não queiram entregar outra moção, pretendem “progressos e um diálogo frutuoso, que não existiu até agora”.

Os socialistas franceses avisaram esta segunda-feira o Governo que apoiarão uma moção de censura se não receberem “concessões significativas” na negociação do orçamento para 2025, numa altura em que o país se debate com dívida pública elevada.

“Se não houver concessões significativas, estamos prontos para assumir novamente a nossa responsabilidade, inclusive com uma moção de censura”, disse o primeiro secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, em declarações à imprensa após uma reunião com o ministro da Economia, Éric Lombard.

Acompanhado por outros líderes parlamentares, Olivier Faure garantiu que embora não queiram outra moção, pretendem “progressos e um diálogo frutuoso, que não existiu até agora”.

Segundo o líder socialista, os contactos vão continuar esta semana e, em função dos “progressos” que possam ser feitos e do conteúdo da declaração de política geral do primeiro-ministro centrista, François Bayrou, em 14 de janeiro na Assembleia Nacional, decidirão sobre a apresentação da moção.

“Queremos que se respeite o que representamos à esquerda”, porque “foi a esquerda que saiu vencedora das eleições legislativas” de julho do ano passado, defendeu Olivier Faure. O socialista advertiu que a França está a sofrer uma “crise política que pode levar a uma crise económica e social”, pelo que “todos devem assumir as suas responsabilidades, tanto a oposição como o Governo”.

Durante a reunião, o Governo apresentou “uma proposta de modificação, uma evolução” da idade de reforma aos 64 anos, aprovada em 2023, disse o senador socialista Patrick Kanner. A troca de impressões teve lugar durante o primeiro dia de contactos, hoje, entre o ministro da Economia, Éric Lombard, e vários partidos, com vista à elaboração do orçamento para 2025.

Lombard, em declarações à rádio pública France Inter, baixou ligeiramente a ambição de reduzir o défice público este ano, avançando que procura um esforço (aumento das receitas e diminuição das despesas) de 50 mil milhões de euros, inferior aos 60 mil milhões de euros pretendidos pelo anterior Governo.

Os ministros do novo Governo tomaram posse em 23 de dezembro, na sequência de uma moção de censura apoiada pela aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e pela extrema-direita União Nacional (RN) que derrubou o Governo de Michel Barnier em 04 de dezembro.

A mudança de Governo anulou o anterior projeto de orçamento para 2025 e o novo Governo de François Bayrou, de 73 anos, nomeado em 13 de dezembro pelo Presidente Emmanuel Macron, pretende aprovar um novo no início de março, o mais tardar.

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Galp vai mudar (outra vez) de CEO?

Os últimos dois CEO da Galp saíram da empresa por alegadas divergências com a maior acionista, pressões de mercado e críticas do poder político. E Filipe Silva, vai ser o terceiro a cair?

A liderança da Galp GALP 0,51% está, novamente, envolta em polémica, com um alegado relacionamento do CEO com uma diretora a ser investigada pelo comité de ética. As consequências desta denúncia, noticiada em primeira mão pelo ECO, são ainda imprevisíveis e sem prazo para serem conhecidas, mas o histórico recente da petrolífera demonstra alguma turbulência na presidência executiva, mesmo na ausência de volatilidade acionista.

Nos dois últimos mandatos da Comissão Executiva, Filipe Silva é o terceiro CEO nomeado pelo conselho de administração liderado por Paula Amorim, encontrando-se em funções desde 1 de janeiro de 2023 e, segundo a lei em vigor, até 31 de dezembro de 2026. O futuro do gestor, que é também vice-presidente do conselho de administração, pode estar nas mãos da Comissão de Ética e Conduta.

O último ‘relacionamento’ de longa duração entre a alta gestão da Galp e a sua estrutura acionista ficou materializado na figura de Carlos Gomes da Silva, que teve funções na gestão executiva durante 14 anos – seis dos quais na liderança da petrolífera. Apesar da longevidade no cargo, Carlos Gomes da Silva acabou por sair antes do fim do segundo mandato, em janeiro de 2021, por causa de alegadas divergências com Paula Amorim, chairwoman e maior acionista em nome da Amorim Energia, que controla 36,7% da empresa.

A ‘sombra’ da filha de Américo Amorim, empresário que tinha escolhido Gomes da Silva para chefiar a empresa, a suposta falta de alinhamento entre as partes, as pressões do investimento em renováveis e os prejuízos de 45 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020 ditaram este desfecho, tal como escreveu o ECO em várias newsletters publicadas na altura.

Os motivos da renúncia de Carlos Gomes da Silva – sucessor de Manuel Ferreira de Oliveira, CEO durante nove anos – nunca foram oficialmente divulgados, havendo apenas espaço para um agradecimento formal da Galp pelos “importantes serviços prestados” e votos de um futuro sucesso profissional.

Brown saiu pelo próprio pé

A escolha recaiu sobre o gestor britânico Andy Brown, que trabalhou 35 anos no setor petrolífero, nomeadamente na multinacional Shell. Caracterizado por “um perfil de liderança dinâmico, foco na performance, segurança, bem-estar e desenvolvimento de pessoas” pela Galp, era a esperança de sol após a tormenta para completar aqueles últimos dois anos de mandato.

De facto, conseguiu levar a Galp a atingir os lucros mais elevados até à data (420 milhões de euros), catapultados pela subida dos preços do petróleo, mas outros fatores negativos sobrepuseram-se, como a instabilidade no setor (crise energética) e a pressão pública sobre os lucros excessivos e o prolongar da polémica sobre o fecho da refinaria de Matosinhos.

A medida, decidida ainda no tempo de Gomes da Silva, resultou no corte de 150 postos de trabalho, mas ainda em setembro de 2021 o então primeiro-ministro António Costa fazia acusações de “total irresponsabilidade social”. Num comício do PS em setembro desse ano, António Costa disse que foi “um exemplo de escola de tudo aquilo que não deve ser feito por uma empresa que seja uma empresa responsável”. “Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade”, atirou, criticando a gestão dos despedimentos por parte da Galp.

Tal como o ECO apurou aquando da renúncia de Andy Brown em outubro de 2022, a decisão de sair terá sido do próprio. E surpreendeu o mercado, que dada a estratégia virada para os recursos naturais, esperava que continuasse por um novo mandato – desta vez, na íntegra. É então nesse contexto que, um mês mais tarde, surge “por unanimidade” o nome de Filipe Silva, Chief Financial Officer (CFO) desde 2012 e, portanto, prata da casa.

Na sexta-feira, veio a público, através de uma notícia do ECO, que a Comissão de Ética e Conduta da Galp está a investigar uma denúncia relativa ao presidente executivo da empresa. FIlipe Silva confirmou a investigação em curso, embora não se tenha pronunciado sobre o conteúdo na mesma. “Sim, tive conhecimento da denúncia, mas não conheço o teor da mesma e assim que tiver conhecimento dela apenas a discutirei com a Comissão de Ética”, escreveu Filipe Silva, numa resposta enviada ao ECO, quando questionado sobre o assunto.

Em análise estarão alegados conflitos de interesse devido a um relacionamento próximo e pessoal, mantido em segredo por Filipe Silva, com uma diretora de topo que é hierarquicamente dependente do CEO da petrolífera.
Durante o fim de semana e esta segunda-feira o tema ganhou expressão nacional e internacional através de agências noticiosas, como Bloomberg e Reuters.

O Código de Ética e Conduta da Galp não faz referência à obrigatoriedade de reportar uma relação íntima com outro membro da companhia, exceto se houver – ou percecionar-se que haja – conflito de interesses.

“As pessoas da Galp têm a obrigação de reconhecer quando estejam, possam vir a estar ou possam ser percecionados como estando perante uma situação que configure conflito de interesses. Nas circunstâncias em que identifiquem estar perante um conflito de interesses, devem reportar através da plataforma existente para o efeito, por forma a que sejam tomadas as medidas que permitam eliminar ou gerir tais conflitos”, assinala o documento.

Ainda assim, em 2023, das 54 participações – das quais 21 sobre assédio moral e cinco com potencial conflito de interesses – recebidas por esta comissão apenas seis levaram à adoção de medidas, de acordo com o relatório e contas analisado pelo Expresso.

Do Euro ao lítio. Outras polémicas da Galp

  • Galpgate
    Caso das viagens a França oferecidas a políticos, com bilhetes para o campeonato europeu de futebol (Euro 2016), que terminou em tribunal. Três anos mais tarde, o Ministério Público acusou 18 dos 26 arguidos por crimes de recebimento indevido de vantagem. Ex-secretários de Estado, assessores e autarcas foram acusados.
  • Refinaria de Matosinhos
    O fecho da refinaria de Matosinhos, apesar da importância no processo de transição energética, gerou o despedimento de centenas de pessoas e acusações de diversas forças políticas, incluindo o próprio líder do Executivo PS.
  • Lítio
    Mais recentemente, em novembro de 2024, a Galp abandonou o chamado projeto “Aurora” para uma refinaria de lítio em Setúbal, dois meses depois de a empresa sueca Northvolt ter feito uma revisão dos planos estratégicos que levou à desistência da parceria com a cotada portuguesa.

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