Antigo barco da família Espírito Santo vai transportar turistas no Douro

Fundada em 2007, a operadora duriense de turismo fluvial de luxo Pipadouro tem dois iates dos anos 50 e 60, um deles serviu a Marinha inglesa. Em 2024, recebeu recebeu turistas de 26 nacionalidades.

Licenciado em marketing e apaixonado pelo Douro, Gonçalo Correia dos Santos aventurou-se em 2005 a embarcar sozinho num barco a motor do Porto com destino ao Pinhão. “Foi uma experiência única, fiquei viciado e comecei a fazer a viagem com alguma regularidade até que comecei a explorar o Douro superior até Barca D’Alva, onde o rio é navegável”, começa por explicar ao ECO o empreendedor.

Nessa aventura descobriu uma oportunidade de negócio e em 2007, convidou o Pedro Roquette, primo do administrador da histórica Quinta do Crasto, para juntos começarem um negócio “inovador” direcionado ao turismo fluvial de luxo no rio Douro. “Na altura não existia barcos no Douro, à exceção dos pescadores”, constata Gonçalo Correia dos Santos. E assim nasce a Pipadouro (Vintage Wine Travel) com dois barcos, o FriendshipI, de 1957, que servia a Marinha inglesa, e o PipadouroII, de 1965, que foi construído nos estaleiros de João Brites, em Lisboa. Os barcos têm a lotação de 12 e 16, respetivamente, sem tripulação incluída.

O terceiro barco já está a ser restaurado nos estaleiros de Vila Nova de Gaia, o único sobrevivente dos 13 estaleiros que existiam entre a Ponte Luiz I e a zona da Afurada e é atualmente o único estaleiro do país a dedicar-se à construção de barcos rabelos. O empreendedor, que já está reformado, conta que o barco pertenceu à família Espírito Santo.

Friendship IPipadouro

“É um barco francês dos anos 60 que pertenceu à família Espírito Santo”, comenta Gonçalo Correia dos Santos. O barco, que terá uma cabine presidencial, estará pronto para começar a navegar o Rio Douro em outubro deste ano, revela ao ECO o dono da Pipadouro. Antes de ser restaurado o barco tinha quatro cabines com capacidade para oito pessoas, mas o empreendedor optou por transformar o espaço numa cabine de luxo para duas pessoas. A capacidade do barco será de 14 pessoas, mais tripulação.

Pipadouro recebe turistas de 26 nacionalidades, com americanos a liderar

A Pipadouro registou um aumento de 42% no número de passageiros ao longo dos últimos 12 meses ao receber 2.064 turistas de 26 nacionalidades. À semelhança da tendência do turismo nacional, os norte-americanos reforçam a posição de liderança, passando de um terço em 2023 para mais de 40% (43,4%) de ocupação em 2024, seguido dos portugueses (20%) e dos brasileiros (12,9%).

As rotas que podem ir do Porto até Barca D’Alva e os passageiros têm vários programas à escolha que vão desde passeios de duas horas até estadias de três dias. Os preços começam nos 60 euros por pessoa e não têm limite, depende do serviço e se é personalizado. A título de exemplo, o fundador da empresa conta que recebeu um casal russo e o serviço rondou os 14 mil euros, que inclui 1.500 euros em flores, toalhas e copos personalizado com as iniciais do nome, um almoço exclusivo na piscina da Quinta do Crasto com vinhos servidos a custar 800 euros.

“As viagens podem ser feitas à medida, independentemente dos programas que disponibilizamos“, conta Gonçalo Correia dos Santos, de 59 anos, que foi em outrora praticante de vela.

Gonçalo Correia dos Santos, fundador da PipadouroPipadouro

Assumindo-se como a única empresa de turismo fluvial de luxo no rio Douro, a Pipadouro realizou um total de 415 programas ao longo do último ano, mais 116 que em 2023. Entre os eventos estão celebrações distintas como aniversários, pedidos de casamento, luas-de-mel, eventos com música ao vivo ou passeios corporativos ou até ações de team building.

O ano passado, a operadora duriense de turismo fluvial de luxo venceu o prémio mundial de melhor experiência inovadora em enoturismo nos People’s Choice Awards, promovidos pela Great Wine Capitals Global Network.

Por questões pessoais, Pedro Roquette acabou por sair da empresa, e neste momento é Tomás Roquette (Quinta do Crasto), Pedro Silva Reis (Real Companhia Velha) e Fernando Pereira (GWD, um grupo de investimento) que integram a estrutura acionista da empresa. “Procurei sócios ligados ao vinho que tivessem interesse e paixão pelo Douro”.

O Rio Douro é uma pérola em Portugal, temos o melhor que existe quando comparado com qualquer rio europeu.

Gonçalo Correia dos Santos

Fundador da Pipadouro

“O Rio Douro é uma pérola em Portugal, temos o melhor que existe quando comparado com qualquer rio europeu”, enfatiza Gonçalo Correia dos Santos, referindo “não ter dúvidas que o turismo do Rio Douro vai continuar a crescer”.

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Conheça as marcas de seguros ‘Escolha do Consumidor’ 2025

  • ECO Seguros
  • 12 Janeiro 2025

Entre as marcas na 13.º edição da 'Escolha do Consumidor' estão quatro do setor segurador nas categorias de seguros, seguros de saúde, seguros direto e sistemas de saúde.

A Fidelidade, ok! seguros, Multicare (todas pertencem ao Grupo Fidelidade) e a KeepWeels foram as marcas do setor segurador reconhecidas pelos portugueses na 13.º edição ‘Escolha do Consumidor’.

Esta foi a décima edição consecutiva em que a Fidelidade foi eleita como ‘A Escolha do Consumidor’ na categoria de seguros, com uma pontuação de 83%. Segundo comunicado pela seguradora, os consumidores valorizaram a sua presença digital, clareza e transparência da informação, assim como qualidade do atendimento.

Já a Multicare foi distinguida pelo sexto ano consecutivo na categoria de sistemas de saúde, obtendo uma pontuação de 70%. “A clareza e transparência na comunicação destacaram-se como fatores diferenciadores” indica o grupo.

A ok! seguros foi a que obteve a maior pontuação entre as melhores classificadas no mercado segurador com 88,8%, na categoria de seguros diretos, e está entre as 25 marcas com melhores classificações pelos consumidores em 2025. “O atendimento simples e direto, as diferentes opções de cobertura e a assistência 24h em caso de acidentes ou furto foram os atributos mais valorizados pelos consumidores.”.

“Com a atribuição destes prémios a Fidelidade reforça o seu posicionamento enquanto grupo segurador mais premiado de Portugal, vendo ser reconhecido o trabalho que desenvolve continuamente.”, indica a companhia em comunicado.

A marca número um nos seguros de saúde é a KeepWells que obteve uma pontuação de 80% pelo segundo ano consecutivo. Lançada em 2022 pela Sonae MC, em parceria com a Generali Tranquilidade e a AdvanceCare, a KeepWells apresentou-se no mercado com o objetivo de “democratizar o acesso a cuidados de saúde privados de qualidade, oferecendo soluções acessíveis e transparentes para todas as faixas etárias”.

A “Escolha do Consumidor” é um sistema de avaliação e classificação de marcas com base na satisfação e aceitação que geram junto dos consumidores. Para chegar aos resultados identifica os atributos os consumidores mais valorizam em cada categoria, depois é atribuída classificação aos atributos mais valorizados e, por fim, é feita “avaliação da experiência com as principais marcas da categoria, avaliando-as e pontuando-as em relação ao seu desempenho nos atributos mais valorizados”.

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2024 é o terceiro ano com mais prejuízos para o setor segurador por desastres climáticos

  • ECO Seguros
  • 12 Janeiro 2025

Segundo estudo da Munich Re, as catástrofes meteorológicas dominaram o panorama das perdas, representando 93% dos danos globais.

Os desastres climáticos levaram a perdas económicas totais de 320 mil milhões de dólares (312 mil milhões de euros) em 2024, fazendo dele o quinto ano com mais prejuízos desde 1980. Segundo estudo da Munich Re, citado pelo Insurance Business, do total dos desastres globais, as seguradoras suportam 140 mil milhões de dólares (136 mil milhões de euros): o ano passado foi o terceiro mais caro para o setor segurador.

As catástrofes meteorológicas dominaram o panorama das perdas, representando 93% dos danos globais. Os Estados Unidos da América (EUA) sofrem impactos particularmente graves com os furacões Helen e Milton. O primeiro levou a 56 mil milhões de dólares (54 mil milhões de euros) de prejuízos e o segundo a 38 mil milhões de dólares (37 mil milhões de euros), dos quais 25 mil milhões estavam cobertos por seguros.

“Um recorde após outro – as consequências são devastadoras. As forças destrutivas das alterações climáticas estão a tornar-se cada vez mais evidentes, tal como comprovado pela ciência. As sociedades precisam de se preparar para catástrofes meteorológicas mais graves”, afirmou Thomas Blunck, membro do conselho de administração da Munich Re.

O continente americano foi responsável por cerca de 60% das perdas globais resultantes das catástrofes climáticas, acima da média de 54% registada na última década. Só nos EUA as fortes tempestades provocaram perdas de cerca de 57 mil milhões de dólares (mais de 55 mil milhões de euros), dos quais 41 mil (quase 40 mil milhões de euros) estavam cobertos por seguros.

A Europa também registou catástrofes, tendo a região de Valência, em Espanha, sofrido a catástrofe natural mais mortífera dos últimos 50 anos. A região recebeu tanta precipitação num dia como recebe normalmente num ano, resultando em prejuízos de 11 mil milhões de dólares.

A região da Ásia-Pacífico também registou perdas substanciais, incluindo um forte terramoto no Japão no dia de Ano Novo e o tufão Yagi, que causou cerca de 850 mortos em vários países.

Segundo o relatório, 2024 deverá substituir 2023 como o ano mais quente de que há registo, com as temperaturas a atingirem aproximadamente 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

“Todos pagam o preço do agravamento dos fenómenos meteorológicos extremos, mas especialmente as pessoas em países com pouca proteção de seguros ou apoio público para ajudar na recuperação”, afirmou Tobias Grimm, cientista principal da Munich Re para o clima. “A comunidade mundial deve finalmente tomar medidas e encontrar formas de reforçar a resiliência de todos os países, em especial dos mais vulneráveis.”

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Cerca de 100 carros de bombeiros parados por falta de seguro

  • ECO Seguros
  • 12 Janeiro 2025

As associações "não arriscam circular". A liga dos bombeiros apela "a que mantenham essa posição até a ANEPC entregar um certificado de isenção de obrigação de seguro”.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) não lançou para este ano o concurso para renovação dos seguros das suas viaturas, entregues às associações de bombeiros. Segundo avançou o Correio da Manhã, por causa da ausência de seguro, várias corporações mandaram parar de circular cerca de uma centena de veículos que eram utilizados diariamente, indicou a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) ao jornal.

Segundo o vice-presidente da LBG, Eduardo Correia, a confederação soube das situações “através do contacto de um corpo de bombeiros, que é proprietário de uma viatura de socorro, logo assume o seguro da mesma, e que foi contactado por um comando sub-regional para estar preparado, porque as corporações vizinhas tinham carros parados por falta de seguro”. “As associações não arriscam, talvez por causa do acidente de Odemira. Apelamos a que mantenham essa posição, pelo menos até a ANEPC entregar um certificado de isenção de obrigação de seguro”, explicou o vice-presidente.

O acidente em questão ocorreu a 2 de janeiro quando se despistou um veículo de combate a incêndios florestais na estrada que liga Boavista dos Pinheiros a Saboia, no conselho de Odemira, Beja, quando os bombeiros regressavam do combate a um incêndios. Três bombeiros ficaram feridos e um acabou por falecer.

Eduardo Correia explicou ao Correio da Manhã o enquadramento legal da decisão de parar os veículos. Diz estar “no decreto-lei 291/2007, que regulamenta o uso de seguro automóvel. O artigo 9.º do mesmo decreto define as condições de isenção de seguro”.

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Políticas de saúde da UnitedHealth sob escrutínio. Acionistas querem respostas

  • ECO Seguros
  • 12 Janeiro 2025

Críticos indicam que práticas "atrasam ou restringem o acesso à saúde". Do outro lado, o grupo segurador afirmou que aprova e paga, em média, 90% dos pedidos de reembolso médico apresentados.

Acionistas do UnitedHealth Group solicitaram ao segurador a elaboração de um relatório sobre os impactos financeiros e na saúde pública das suas políticas que alegadamente “atrasam ou restringem o acesso à saúde”, avançou a Reuters.

Um porta-voz do segurador disse que a empresa vai responder às propostas dos acionistas quando a UnitedHealth Group publicar o seu relatório de procuração para a assembleia anual de 2025. Historicamente, a empresa tem divulgado esse documento em abril, com a reunião sendo realizada em junho, mas a data exata ainda não foi confirmada.

Os autores do pedido estão grupos religiosos liderados por Sisters of the Holy Names of Jesus and Mary of Quebec, e Trillium Asset Management.

A proposta pede que a UnitedHealth analise os efeitos de práticas como autorizações prévias e negações de serviços médicos. Essas políticas exigem que os pacientes obtenham aprovação do plano de saúde antes de receberem determinados tratamentos, o que, alegadamente, leva muitos a desistirem do cuidado necessário.

“O padrão de atrasos e recusas de cuidados médicos necessários por parte da UnitedHealth e de outras companhias de seguros prejudica mais do que apenas o próprio paciente”, afirmou Wendell Potter, presidente do Center for Health & Democracy e antigo executivo da Cigna.

Num comunicado de dezembro, a UnitedHealth afirmou que aprova e paga, em média, 90% dos pedidos de reembolso médico apresentados. A empresa classificou as críticas como “altamente imprecisas e extremamente enganosas.”.

O debate ganhou intensidade após o assassinato de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, em dezembro do ano passado, em Manhattan. O caso chamou a atenção para as práticas das seguradoras de saúde nos EUA, com uma onda de pacientes a relatar atrasos ou negações de atendimento e acusando as empresas de práticas enganosas.

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“Há fundamento” para “boa resposta” da APA à impugnação de obras no Aeroporto de Lisboa

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

A ministra do Ambiente considera que "há fundamento" para uma "boa resposta" da APA à ação administrativa avançada pelo Ministério Público sobre obras no Aeroporto Humberto Delgado.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, considera que “há fundamento” para uma “boa resposta” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à ação administrativa avançada pelo Ministério Público sobre obras no Aeroporto Humberto Delgado.

A APA tem 30 dias para responder e vai responder, porque, na verdade, essa obra, embora tenha sido tomada no anterior governo, é uma obra por nós assumida e que já começou: foi assinado o contrato em novembro passado. [A obra] Não aumenta a capacidade [do aeroporto] e, portanto, nesses termos a APA vai responder“, disse a ministra aos jornalistas, à margem da sessão de inauguração da nova ponte de acesso à Praia de Faro, no Algarve.

Em causa está a ação de impugnação entregue pelo Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal Administrativo que pode levar à suspensão das obras que tinham arrancado em dezembro de 2024, como noticiou hoje o Jornal de Negócios.

Na base do processo está a interpretação do Ministério Público sobre a necessidade da realização de uma avaliação de impacte ambiental (AIA) na primeira fase dos trabalhos de melhoria da Portela que prevê, por exemplo, a expansão do terminal 1 e a criação de uma placa de estacionamento de aviões. O Ministério Público sustenta ainda a necessidade de um estudo já nesta fase uma vez que desde 2006 nenhum projeto na Portela foi sujeito a uma avaliação ambiental.

Por sua vez, a APA defende que não é necessária uma avaliação ambiental nesta fase uma vez que não altera o aumento da capacidade da infraestrutura, prevendo realizar um estudo apenas para o aumento da capacidade de voos.

Salientando que essas obras, originadas a partir de uma decisão do Conselho de Ministros de 28 de dezembro de 2023, não pressupunham um aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, Maria da Graça Carvalho afirmou que “há fundamento para uma boa resposta” da APA. “Dado a característica dessa obra, porque essa obra não aumenta a capacidade do aeroporto, é só para dar melhores condições aos passageiros, [o anterior Governo] decidiu que não era preciso um estudo de impacte ambiental“, recordou a ministra.

Segundo Maria da Graça Carvalho, a obra, orçada em 200 milhões de euros, serve “para melhorar as condições dos passageiros” e é “muito importante para dar condições e espaço na gare a quem circula”.

Questionada sobre possíveis atrasos, a ministra do Ambiente e Energia remeteu para a resposta da APA, garantindo que a agência “está a trabalhar com todo o cuidado para responder ao Ministério Público”.

O Ministério Público quer ainda ver anulada a resolução de Conselho de Ministros de maio de 2024, já da responsabilidade do atual Governo, que “prevê medidas para reforçar a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado”, assim como os pareceres favoráveis da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Há uma segunda fase [de obras], que já foi decidida por este Governo, em que a decisão imediata da APA foi fazer um estudo de impacte ambiental. [Para] essa segunda fase, [que] aumenta a capacidade [do aeroporto], seria sempre preciso um estudo de impacte ambiental“, apontou a ministra.

O Ministério Público (MP) apresentou em dezembro uma petição no Supremo Tribunal Administrativo (STA) para “a declaração de nulidade e anulação de diversos atos administrativos” relacionados com obras de modificação e ampliação no aeroporto de Lisboa.

A notícia da ação interposta pelo MP a 12 de dezembro junto do STA foi avançada no dia 9 de janeiro, que esclareceu que o processo se encontra neste tribunal em fase de citação, ou seja, a fase em que “se dá conhecimento às entidades demandadas e aos contrainteressados de que contra eles foi proposta uma determinada ação, e que são chamados ao processo para dentro do prazo legal, se defenderem e pronunciarem”.

Segundo os esclarecimentos deste tribunal à Lusa, segue-se a fase de apresentação de contestações, não tendo sido apresentada qualquer providência cautelar neste âmbito.

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Extrema-direita alemã promete encerrar fronteiras e saída do euro

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

O partido de extrema-direita AfD aprovou um programa eleitoral que inclui promessas de encerrar fronteira, "remigração" de imigrantes, a saída do euro e a reintrodução do serviço militar obrigatório.

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) aprovou este domingo um programa eleitoral que inclui promessas de encerrar fronteira, “remigração” de imigrantes, a saída do euro e a reintrodução do serviço militar obrigatório.

Num momento em que as sondagens lhe dão os melhores resultados desde há um ano e a colocam como segunda força nas eleições de 23 de fevereiro, a AfD aprovou o programa no congresso, que também nomeou a sua co-líder Alice Weidel como candidata oficial a chanceler nas eleições de fevereiro. “Estamos a ficar cada vez mais fortes“, exclamou Weidel no final do congresso.

O programa eleitoral inclui o polémico termo “remigração”, cunhado por extremistas de direita e neonazis para designar a expulsão em massa de migrantes e pessoas com raízes estrangeiras.

A AfD afirma oficialmente que “remigração” se refere apenas à expulsão de imigrantes ilegais por meios legais, mas o termo é frequentemente utilizado nos círculos de extrema-direita como a expulsão de cidadãos de outras culturas.

Apesar do facto de a candidata Weidel ter uma mulher como companheira, com quem é mãe de dois filhos, os delegados votaram a favor da inclusão no programa de que a família tradicional, “pai, mãe e filhos”, é a célula básica da sociedade.

Votaram também contra a vacinação obrigatória para o sarampo das crianças em idade escolar na Alemanha.

O Congresso aprovou ainda a criação de uma nova organização juvenil integrada no partido, depois de terem aumentado as tensões com a Alternativa Jovem (JA), classificada como extremista pelas autoridades alemãs em 2023.

De acordo com as sondagens mais recentes, a AfD está a gozar da sua maior popularidade desde há um ano, com uma subida de dois pontos no último mês para 21-22% nas intenções de voto.

O partido, que conta com o apoio explícito do magnata Elon Musk, um aliado do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ficaria atrás apenas do bloco democrata-cristão de Friedrich Merz, que se situa nos 30%.

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Presidente da Mobi.E quer modelo SIBS na privatização

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

O operador da rede pública de carregamento de veículos elétricos integra a lista de empresas que vão ser avaliadas para uma eventual privatização.

O presidente da Mobi.E encara a eventual privatização da gestão da rede pública de carregamentos de veículos elétricos com bons olhos e, a título pessoal, defende mesmo um modelo semelhante ao da SIBS, disse em entrevista à Lusa. O operador da rede pública de carregamento de veículos elétricos integra a lista de empresas que vão ser avaliadas para uma eventual privatização pelo grupo criado recentemente pelo Governo.

Luís Barroso revelou que já houve uma “troca de ideias [com o executivo] sobre essa possibilidade”. Lembrando que essa decisão é “uma competência do acionista”, sublinha que a gestão da empresa, colaborará “com quem for necessário”. “Não vejo, de facto, grande drama numa privatização”, afirmou.

“Aquilo que defendo do ponto de vista pessoal é uma privatização como o modelo da SIBS”, que tem como acionistas os bancos, comentou o responsável. “Acaba por ser um instrumento agregador e de desenvolvimento tecnológico ao serviço dos bancos para melhorar as experiências de utilização dos clientes dessas instituições financeiras”, referiu.

É nesse sentido que defende, a título pessoal, um modelo do género para a Mobi.E, através da venda de capital quer a comercializadores de energia, quer a operadores de rede. “A mobilidade elétrica é um mercado muito recente, em franca evolução, e já tem esta matriz agregadora tecnológica. Portanto, parece-me que seria uma boa vantagem para todas as partes dar-lhes uma componente mais privada“, acrescentou.

A Mobi.E é a entidade responsável pela gestão da rede pública de carregamentos de veículos elétricos em Portugal que no final de dezembro disponibilizava mais de 5.700 postos de carregamento de acesso público, o que equivale a mais de 10.700 pontos de carregamento, um crescimento anual superior a 36%.

Atualmente, a rede conta com 30 Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) e cerca de 100 Operadores de Pontos de Carregamento (OPC).

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Angola usa dois terços da receita fiscal para pagar dívida, a percentagem mais elevada do mundo

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

Angola vai canalizar 66,4% das receitas para pagar dívida pública em 2025, agravando a situação face aos 64,7% pagos no ano passado.

Angola é o país que vai usar uma percentagem maior da sua receita fiscal para servir a dívida este ano, cerca de dois terços do total, de acordo com a Organização Não Governamental Debt Justice.

Da lista dos 84 países analisados num relatório sobre os pagamentos de dívida em função do total de receita fiscal prevista para 2024 e 2025, Angola vai canalizar 66,4% das receitas para pagar a dívida este ano, agravando a situação face aos 64,7% pagos no ano passado. Na tabela que mostra a dificuldade dos países em servir a dívida que se avolumou nos últimos anos, a Guiné-Bissau também aparece nos 20 primeiros, mas com uma percentagem bastante menor: 23,7% e 21,5% do total de receita fiscal em 2024 e 2025, respetivamente.

No relatório, esta ONG não apresenta valores concretos para o volume de dívida, mostrando apenas o valor em percentagem da receita fiscal, mas a agência de notação financeira Fitch Ratings escreveu recentemente que os pagamentos da dívida de Angola vão chegar quase a seis mil milhões de euros este ano.

Angola vai ter de pagar 6,2 mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros) em 2025, representando 5,2% do PIB, e 5,4 mil milhões de dólares (5,1 mil milhões de euros) em 2026, representando 4,2% do PIB, o que compara com os 5,4 mil milhões de dólares que o país pagou em 2024, diz a Fitch.

Os países de baixo rendimento deverão ter pago uma média de 15% das receitas em pagamentos de dívida externa, no ano passado, e vão gastar pelo menos 14% este ano“, aponta-se no relatório da Debt Justice, que defende um perdão de dívida por parte dos credores que permita a estas economias financiarem o seu desenvolvimento.

De acordo com a classificação do Banco Mundial, do grupo dos países africanos de língua oficial portuguesa só a Guiné-Bissau e Moçambique são países de baixo rendimento, elegíveis, portanto, para financiamento concessional de várias entidades, ao passo que todos os outros estão no patamar dos países de médio rendimento, o que torna o financiamento internacional automaticamente mais caro.

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Luís Montenegro rejeita “candidaturas de amigos” no PSD para as autárquicas

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

O presidente do PSD assegurou em Ovar que o partido "não quer" e "não vai ter candidaturas de amigos" nas autárquicas deste ano, pedindo candidaturas "daqueles que estão em melhores condições".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, assegurou em Ovar que o partido “não quer” e “não vai ter candidaturas de amigos” nas eleições autárquicas do outono deste ano, pedindo candidaturas “daqueles que estão em melhores condições”. “O PSD não quer, não vai ter, candidaturas de amigos. Vai ter candidaturas daqueles que estão em melhores condições de servir o interesse das respetivas populações”, disse Luís Montenegro no 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas, que decorreu no Auditório do Centro de Artes de Ovar, no distrito de Aveiro.

O presidente do PSD garantiu, no entanto, que não irá “adulterar” a base programática do partido, mas admitiu que esta será “adaptada, em cada município, em cada freguesia, à realidade local, às potencialidades e às capacidades de cada comunidade”.

“Estaremos sempre do lado das melhores ideias, das melhores soluções, dos melhores candidatos, das melhores equipas, privilegiando a qualidade e a competência”, vincou. Porém, assegurou que o PSD não fechará a porta “àqueles que não são do PSD” e abrirá as candidaturas “aos melhores e aos mais dinâmicos”.

Assim, Luís Montenegro pediu hoje aos autarcas social-democratas, “agora que está a chegar o momento decisivo da escolha dos candidatos, da formação das equipas, da decisão do projeto, que não deixem de ter em linha de conta, sempre, em primeiro lugar, o interesse das populações, o interesse coletivo”.

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Empresa de Bezos volta a adiar lançamento de primeiro foguetão de carga pesada

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2025

A empresa espacial Blue Origin, do fundador da Amazon, Jeff Bezos, voltou a adiar, para segunda-feira, o voo inaugural do foguetão de carga pesada New Glenn, que estava previsto para hoje.

A empresa espacial Blue Origin, do fundador da Amazon, Jeff Bezos, voltou a adiar, para segunda-feira, o voo inaugural do foguetão de carga pesada New Glenn, que estava previsto para este domingo. A empresa norte-americana anunciou no sábado que a janela de lançamento de três horas terá início às 01h00 locais (06h00 em Lisboa) de segunda-feira à mesma hora, a partir do Cabo Canaveral, no estado da Florida, no sudeste dos EUA.

O novo adiamento (o lançamento estava inicialmente marcado para sexta-feira) deve-se às condições meteorológicas da zona onde a Blue Origin quer aterrar e recuperar o propulsor do foguetão.

A missão pretende que o propulsor do New Glenn aterre em segurança numa plataforma no oceano Atlântico, tal como a rival norte-americana SpaceX, do empresário Elon Musk, faz com os seus Falcon 9.

O foguetão reutilizável, com 98 metros de altura e capacidade para transportar até 45 toneladas, deverá atingir a chamada órbita terrestre baixa, ou seja, mais do dobro da capacidade do Falcon 9, mas inferior à do Falcon Heavy, lançado pela primeira vez em 2018.

A missão, chamada NG-1, ajudará a nova linha de foguetões da Blue Origin a obter as certificações necessárias para realizar missões de segurança nacional para o Governo dos Estados Unidos. “Vamos aprender, refinar e aplicar este conhecimento no nosso próximo lançamento“, disse o vice-presidente sénior da New Glenn, Jarrett Jones, em comunicado.

Há vários anos que a Blue Origin transporta turistas ao espaço durante alguns minutos, no foguetão New Shepard.

A empresa pretende entrar no mercado de lançamento de satélites comerciais e militares, bem como no envio de naves espaciais para a Lua ou Marte.

Este voo inaugural irá representar “um grande passo em frente para a Blue Origin e para a indústria espacial”, afirmou à agência de notícias France-Presse uma analista do setor aeroespacial, Laura Forczyk.

O desafio da empresa é competir com a SpaceX, que atualmente domina o mercado, bem como com o grupo americano ULA e o grupo francês Arianespace. “Nos últimos anos, a SpaceX tem sido praticamente o único interveniente no setor dos lançamentos comerciais e militares”, afirmou o antigo executivo da agência espacial americana e professor na Universidade de Stanford Scott Hubbard.

Se o lançamento for bem-sucedido, estão previstos outros voos do New Glenn este ano.

A empresa de Jeff Bezos já assinou contratos com vários clientes, incluindo com a NASA, para uma missão a Marte, prevista para a primavera, e com a Ártemis 5, para uma missão tripulada à Lusa em 2030.

A Blue Origin celebrou também contratos com o Governo norte-americano para missões de segurança nacional e com operadores comerciais para a instalação de satélites de Internet.

A empresa deverá também ser responsável pelo lançamento de alguns dos satélites da Amazon.

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Como detetar ‘deep fakes’ à solta nas redes sociais? “Não basta ver para crer”

Redes sociais estão repletas de vídeos de políticos e celebridades a dizer o que nunca disseram. IA tem tornado cada vez mais difícil distinguir o real da manipulação. Especialista diz o que fazer.

As autoridades nacionais e europeias estão preocupadas com o aumento de deep fakes a circularem nas redes sociais. Estes conteúdos são sobretudo vídeos em que se recorre a inteligência artificial (IA) para manipular a imagem de figuras públicas. Muitos têm finalidades humorísticas, mas nem sempre é assim: alguns podem ser burlas.

Com os avanços mais recentes na IA generativa, é cada vez mais difícil distinguir o real da manipulação. Num deep fake publicado recentemente no Instagram, o ex-primeiro-ministro, António Costa, e atual presidente do Conselho Europeu, surge a cantar A Garagem da Vizinha, do artista Quim Barreiros. A imagem e o som são realistas, mas tal nunca aconteceu.

Há outros políticos no ativo entre as ‘vítimas’, tais como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; o primeiro-ministro, Luís Montenegro; e o presidente do Chega, André Ventura. A situação já motivou queixas: “Desde que sou primeiro-ministro já apresentei umas três ou quatro queixas porque, de repente, enviavam-me, amigos, intervenções minhas que não eram minhas, mas era a minha cara que aparecia e a minha voz”, denunciou Montenegro em outubro.

A situação também afeta outras figuras públicas, como treinadores de futebol, como Bruno Lage, ou o craque português Cristiano Ronaldo. O principal problema é que o mesmo tipo de técnica pode ser usado para enganar. Um político a fazer uma declaração polémica. Ou um telefonema de alguém que se diz CEO, cuja voz é idêntica ou mesmo impossível de distinguir, abrindo a porta a fraudes, como alertou no ano passado o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS).

“Dentro de muito pouco tempo, [para] nós, seres humanos, seres de hidrogénio e de carbono, vai-nos ser extremamente difícil distinguirmos entre a verdade e a mentira, se consumimos informação só de uma fonte”, declarou no ano passado o contra-almirante António Gameiro Marques, responsável pelo Gabinete Nacional de Segurança. “Gostava que todos vós pensassem no recato das vossas casas, ou quando quiserem, no impacto que isto terá nas democracias“, reiterou.

À luz deste alerta, o ECO contactou Pedro Xavier Mendonça, especialista em cibersegurança e atual coordenador do departamento de desenvolvimento e inovação do CNCS, para conhecer algumas dicas e técnicas que os cidadãos devem saber para melhor identificarem este tipo de conteúdos.

Numa conversa que decorreu em outubro, o responsável lembrou que “o realismo não é necessariamente verdadeiro”. “Tendemos a acreditar naquilo que vemos, porque se parece real, então é porque é real. Temos de nos desligar desse mecanismo. Aplicar na nossa vida online uma regra que se vai aplicando nas empresas, que é a confiança zero”, diz.

Tendemos a acreditar naquilo que vemos, porque se parece real, então é porque é real. Temos de nos desligar desse mecanismo.

Pedro Xavier Mendonça

Coordenador do departamento de desenvolvimento e inovação do CNCS

Assim, um dos primeiros conselhos deixados é verificar sempre tudo. “Sempre que nos fazem um pedido para uma ação crítica, através de telefone ou videochamada, que parece verdadeiro, devemos verificar noutros canais se esse pedido é real. Se nos pedem uma transferência bancária para outro fornecedor, devemos verificar se foi mesmo esse fornecedor que pediu para alterar o IBAN”, diz.

Em suma, “todas as ações sensíveis que impliquem transferências bancárias e partilha de dados sensíveis ou pessoais devem ser verificadas”, alerta Pedro Xavier Mendonça. Esta confiança zero torna-se necessária perante a sofisticação de alguns ataques que chegaram ao conhecimento do CNCS. O especialista fala em “casos ligados a burla” que começam com o “comprometimento do email ou outro contacto profissional” e em que “alguém se faz passar pelo CEO de uma empresa, de forma realista, simulando a voz, convencendo o responsável financeiro a fazer uma transferência bancária para outro IBAN diferente”.

Outra dica deixada pelo especialista, sobretudo no âmbito das redes sociais, é “desconfiar de ofertas demasiado boas e de promoções nas redes sociais feitas por celebridades”. “Ter uma atitude de desconfiança e verificar sempre noutras fontes”, acrescenta. Para criar um deep fake, é preciso treinar o algoritmo com vídeos reais da pessoa em causa, fazendo de celebridades e influenciadores alvos fáceis.

Pedro Xavier Mendonça, responsável do Centro Nacional de CibersegurançaHugo Amaral/ECO

Apesar de a tecnologia estar bastante evoluída, ainda há pistas que os mais atentos poderão encontrar num vídeo e que podem levantar a suspeita de se tratar de um deep fake. Como tal, é importante “procurar pequenas incorreções de imagem”, porque a IA “não é 100% realista, não é infalível”, admite. Sobretudo quando a motivação é a fraude, “é feita muitas vezes por não portugueses, que não têm indicadores culturais, que usam bases de dados com vieses culturais que não se adequam a novos contextos”, diz Pedro Xavier Mendonça.

Alguns desses sinais poderão ser algo que “parece inverosímil dito por aquela pessoa” (como no exemplo dado com António Costa). Outros poderão ser falhas nas leis da física ou até anatómicas: “A questão dos olhos, a forma como a expressão muda, por vezes tem um aspeto mecânico”, indica.

O responsável deixa ainda uma dica para as próprias pessoas se protegerem deste tipo de situações: “Estes deep fakes, de imagem, som ou ambos, são construídos com base em treino que é feito com dados normalmente disponíveis online. Só é possível fazer deep fake da minha imagem se ela estiver disponível em variedade”, aponta. Isso é válido para qualquer fotografia ou vídeo publicado numa rede social.

Em algumas profissões — como a de jornalista — não é possível controlar isso. “Mas é importante que as pessoas também saibam e tenham consciência dos riscos” sempre que optam o fazer, alerta: “Já vemos que a IA pode ser usada de uma determinada maneira. Não basta ver para crer. É isso que está a mudar. É uma mudança social importante. Temos de nos reeducar, sobretudo no campo digital, para não avaliar tudo o que parece real como sendo imediatamente real só porque parece real.”

“Mentira, falsidade e desinformação sempre houve. A história está cheia de enganos. Ultrapassou-se com racionalidade. Hoje, os meios tecnológicos criam novos desafios a esse respeito”, conclui o responsável da autoridade de cibersegurança em Portugal.

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