Cuatrecasas Innova: Queremos tornar a inovação no mundo legal mais acessível”

Francesc Muñoz, CIO da Cuatrecasas, e Joana Mota Agostinho, sócia da Cuatrecasas da área de Tecnologia e Meios Digitais, explicaram à Advocatus a nova aposta da firma: a Cuatrecasas Innova. Uma marca que agrupa todas as iniciativas de inovação aberta do escritório para dar resposta às crescentes necessidades do ecossistema empreendedor.

O CIO sublinha que queriam consolidar as iniciativas da firma num ecossistema “maduro” que maximizasse os recursos disponíveis e lhes desse um impacto estratégico mais forte e explica que o objetivo é “otimizar recursos”, “maximizar a eficiência operacional” e “consolidar uma estratégia mais coesa”.

Já a sócia Joana Mota Agostinho assume que a curto e médio prazo querem tornar a inovação no mundo legal “mais acessível”, “ajudar startups e empresas na transformação digital”, “impulsionar colaborações mais profundas em diferentes regiões” e “fomentar uma cultura de inovação dentro da Cuatrecasas”. E garante: querem que vejam a firma como o “aliado perfeito” para enfrentar os desafios legais e estratégicos.

O que motivou a criação da Cuatrecasas Innova?

Francesc Muñoz (FM): A Cuatrecasas Innova é uma marca criada para integrar todo o trabalho que temos vindo a desenvolver em inovação há mais de uma década. Queríamos consolidar as nossas iniciativas num ecossistema maduro que maximizasse os recursos disponíveis e lhes desse um impacto estratégico mais forte. Para além disso, esta criação permite-nos estruturar de maneira coerente os projetos, reafirmar o nosso compromisso com a inovação e adaptarmo-nos melhor aos desafios do mercado jurídico e tecnológico, fortalecendo o nosso posicionamento a nível internacional.

Como surgiu a ideia de consolidar todas as iniciativas de inovação aberta sob uma marca única?

FM: Decidimos agrupar todas as iniciativas sob uma mesma marca, a Cuatrecasas Innova, com o objetivo de otimizar recursos, maximizar a eficiência operacional e consolidar uma estratégia mais coesa. Este reordenamento não só simplifica a gestão, como também reforça a nossa presença tanto interna como externamente, melhora a perceção corporativa ao projetar uma identidade mais sólida e coerente e, acima de tudo, procura tirar o máximo partido das sinergias do ecossistema para impulsionar novos projetos colaborativos.

Que lacunas ou necessidades no mercado jurídico e empreendedor identificaram que vos levaram a avançar com esta iniciativa?

Joana Mota Agostinho (JMA): Percebemos que, com o aparecimento de soluções disruptivas e novos modelos de negócio tecnológicos, integrar estas atividades nas normativas existentes tornava-se cada vez mais complicado. Isto gerou uma necessidade real de acompanhar as startups na validação legal dos seus projetos. As empresas empreendedoras procuravam um aconselhamento especializado e ágil, e nós, que contamos com o conhecimento e os recursos, percebemos que estávamos numa posição privilegiada para as ajudar.

Quais são os principais objetivos da Cuatrecasas Innova a curto e médio prazo?

JMA: A curto e médio prazo, queremos tornar a inovação no mundo legal mais acessível, ajudar startups e empresas na transformação digital, impulsionar colaborações mais profundas em diferentes regiões e fomentar uma cultura de inovação dentro da Cuatrecasas. Queremos posicionarmo-nos como um ator-chave e garantir que o ecossistema nos reconheça como o aliado estratégico de que necessita.

O nosso objetivo é que nos vejam como o aliado perfeito para enfrentar os seus desafios legais e estratégicos, que possam antecipar-se a estes e que criem ou otimizem as suas estratégias legais para ganhar maior competitividade

Pretendem posicionar-se como parceiros estratégicos das startups ou mais como facilitadores de soluções jurídicas?

JMA: Posicionamo-nos em ambas as frentes. Por um lado, somos parceiros estratégicos para as startups, ajudando-as a crescer e conectar-se com fundos de investimento, Venture Capital ou novos clientes. Por outro lado, oferecemos-lhes consultoria jurídica inovadora que as ajuda a adaptarem-se aos novos modelos de negócio e enquadramentos legais. O nosso objetivo é que nos vejam como o aliado perfeito para enfrentar os seus desafios legais e estratégicos, que possam antecipar-se a estes e que criem ou otimizem as suas estratégias legais para ganhar maior competitividade.

Que tipo de colaborações estão a procurar? Apenas com startups ou também com universidades, incubadoras, empresas tecnológicas?

JMA: A colaboração é com todo o ecossistema − startups, universidades e aceleradoras −, mas também com os clientes, organismos públicos, centros de inovação, escolas de negócios, consultoras, meios de comunicação, entre outros. A Cuatrecasas Innova não tem limites no que diz respeito a colaborar com aqueles que acrescentem valor e potencial inovador.

Como irão selecionar os projetos/parceiros com os quais vão trabalhar?

FM: Estamos abertos a qualquer colaboração que esteja alinhada com os nossos objetivos. Procuramos colaboradores que nos possam trazer desafios legais interessantes e que promovam a inovação. Isso inclui, como mencionámos anteriormente, tanto universidades, aceleradoras e empresas tecnológicas, como organismos públicos ou centros de investigação, por exemplo. Realizamos uma análise interna para validar que existe um alinhamento funcional, estratégico e de valor mútuo antes de avançarmos com qualquer colaboração.

É mais um ecossistema do que uma única plataforma, e existem canais, processos e portais internos nos quais se podem encontrar todos os recursos, oportunidades e know-how relacionados com a Cuatrecasas Innova.

Que tipo de apoio concreto a Cuatrecasas Innova vai oferecer às startups?

FM: Se falarmos de startups, estas receberão assessoria jurídica gratuita ao participarem na Cuatrecasas Acelera; o desenvolvimento de provas piloto, para aquelas que participam no programa de Fast Track; mas também ligação a clientes interessados; integração no nosso grupo de startups alumni; mentoria, também gratuita, nos âmbitos em que possam necessitar (comercial, inovação, finanças, etc.); ligação a fundos, entre outros. Colocamos à disposição das startups os recursos da Cuatrecasas, tanto internos como do nosso ecossistema, que inclui universidades, escolas de negócios, hubs, advisors, fundos de venture capital, entre outros.

Existe uma plataforma digital associada? Como será o acesso a esses recursos?

FM: Por enquanto, não existe uma plataforma concreta, mas continuamos a integrar soluções tecnológicas para garantir que as startups e colaboradores tenham acesso a recursos, ferramentas e todo o suporte necessário. É mais um ecossistema do que uma única plataforma, e existem canais, processos e portais internos nos quais se podem encontrar todos os recursos, oportunidades e know-how relacionados com a Cuatrecasas Innova.

De que forma esta nova marca e abordagem impactam a estrutura interna da firma?

FM: Não tem impacto na estrutura da Sociedade, uma vez que é uma abordagem horizontal e de apoio às diferentes especialidades e práticas. O interessante é que reforça o nosso foco na inovação e ajuda as diferentes equipas a desenvolverem e potenciarem as suas práticas.

A Cuatrecasas Innova envolve equipas específicas ou é transversal a toda a sociedade?

FM: Temos uma equipa de gestão dedicada à Cuatrecasas Innova, mas o enfoque é transversal. Colaboramos com profissionais de cada especialidade e escritório para que todos contribuam e beneficiem das iniciativas.

Como analisam a evolução do papel dos advogados num ecossistema cada vez mais tecnológico e colaborativo?

JMA: O seu papel é essencial. Apesar de o mundo ser cada vez mais tecnológico e colaborativo, também está mais regulamentado. O papel do advogado é crucial para definir corretamente os modelos de negócio, estabelecer o enquadramento concreto de atuação e ajudar na gestão de riscos que esses novos modelos de negócio possam associar. Neste contexto, a tecnologia não substitui o advogado, mas complementa-o.

A Cuatrecasas Innova poderá vir a criar soluções jurídicas próprias, como produtos digitais?

FM: Neste momento, não está no âmbito da Cuatrecasas Innova desenvolver produtos digitais, embora seja algo que, naturalmente, surge de forma recorrente em discussões. Temos capacidade para isso, mas, por enquanto, a Cuatrecasas é exclusivamente uma sociedade de advogados.

Que papel querem ter no futuro da transformação digital do setor jurídico?

JMA: O papel é de co-protagonista, mas de absoluta colaboração com todo o ecossistema. Por isso, participamos no Global LegalTech Hub, colaboramos com startups, Unicorn Factory, 4YFN, South Summit, universidades, clientes, etc.