PeopleInBest chegou ao mercado em março e o seu diretor está confiante de que fechará o ano com dez mil utilizadores. Ao ECO, Pedro Lopes explica que benefícios podem ser carta para atrair pessoas.
Entre uma empresa que ofereça um salário maior ou uma que ofereça um salário inferior, mas acompanhado de benefícios flexíveis, qual tende a ser escolhida pelos trabalhadores portugueses? Pedro Lopes acredita que a segunda está neste momento em vantagem, até considerando a atual carga fiscal. Em entrevista ao ECO, o diretor da nova plataforma PeopleInBest defende que os benefícios flexíveis podem ser um trunfo para atrair e reter profissionais.
A PeopleInBest é uma plataforma de benefícios flexíveis criada pelo Grupo Rego, uma das entidades do setor segurador “com expressão mais relevante na Península Ibérica”. Iniciou a sua operação em março deste ano com uma multinacional como cliente e, salienta o diretor, tem o objetivo de chegar ao fim deste ano com dez mil utilizadores.
Pedro Lopes adianta também que esta plataforma é diferente porque, ao contrário das restantes, não tem um fornecedor particular para cada benefício (como seguro de saúde ou vale de infância). Antes, funciona como um marketplace, que permite às empresas criarem o seu plano personalizado.
Neste momento, a PeopleInBest opera em Portugal e em Espanha, mas já sonha com a expansão para outros mercados, sinaliza o responsável, em conversa com o ECO.
A nossa plataforma traduz-se num marketplace. O objetivo é que as empresas criem o seu próprio plano personalizado de benefícios dentro da plataforma.
Sei que têm uma longa história no setor dos seguros. Mas de onde partiu a vontade de criar esta nova plataforma de benefícios flexíveis, a que chamaram PeopleInBest?
A área dos benefícios flexíveis já era trabalhada há alguns anos, mas com as mudanças no mercado de trabalho — nomeadamente, a dificuldade no recrutamento e retenção de talento — esta foi uma área que começou a ser vista um bocadinho por si só. O grupo percebeu que valia a pena apostar. Resolveu criar uma empresa independente, a PeopleInBest, que está só focada na área dos benefícios. É uma marca que funciona em Portugal e Espanha.
Sei que há outras empresas de benefícios flexíveis que têm aplicações móveis e plataformas digitais. No vosso caso, o que disponibilizam?
O nosso software já existe na Península Ibérica há cerca de 13 anos. Portanto, já foi bastante testado, principalmente em Espanha. Já conta com mais de mil empresas aderentes e, portanto, já tem uma experiência bastante significativa. A nossa plataforma traduz-se num marketplace. O objetivo é que as empresas criem o seu próprio plano personalizado de benefícios dentro da plataforma. Trabalhamos com as empresas os planos personalizados para que possam oferecer aos seus colaboradores a melhor solução.
Portanto, em vez de haver um fornecedor para cada benefício, há várias opções?
Não trabalhamos especificamente só com um ou com dois fornecedores. Estamos abertos ao mercado. Conseguimos ter uma excelente oferta a nível de seguros de pessoas, mas também temos outros benefícios, nomeadamente ao nível de subsídio de transportes, e de vales infância e educação. Por exemplo, no ginásio, trabalhamos numa lógica de livre escolha. Não exigimos que os colaboradores estejam fidelizados a nenhuma rede de ginásios. Funciona como reembolso.
Essa flexibilidade e diversidade são, assim, diferenças do vosso serviço face a outras plataformas de benefícios flexíveis?
Exatamente. Cada concorrente tem um modelo operacional próprio, portanto, penso que não deverá existir propriamente uma comparação. Também não temos nenhum cartão físico. Somos um intermediário 100% digital. E não exigimos qualquer transferência de fundos para a PeopleInBest.
Quais são os benefícios mais populares entre os vossos clientes?
O vale infância continua a ser uma grande estrela ao nível dos benefícios flexíveis. Tudo o que seja despesas de educação do colaborador ou do agregado. Penso que o seguro de saúde extensível ao agregado familiar também é outra das grandes estrelas. Temos benefícios que, se calhar, são mais sensíveis a jovens, como o ginásio e a tecnologia. Mas estas estrelas são constantes na vida dos trabalhadores e adaptam-se a qualquer empresa.
O nosso foco é chegar ao final do ano com dez mil utilizadores. Iniciamos em março com uma multinacional. Já temos três clientes grandes, multinacionais.
Sei que começaram há pouco tempo a vossa operação, mas quantas empresas já utilizam a PeopleInBest? Quantos trabalhadores estão abrangidos?
O nosso foco é chegar ao final do ano com dez mil utilizadores. Iniciamos em março com uma multinacional, e estamos a seguir por esse caminho. Já temos três clientes grandes, multinacionais. A nível de utilizadores, não consigo já revelar, para já.
Mas estão confiantes de que vão conseguir cumprir a meta dos dez mil utilizadores?
Sim. Muitas empresas começam nesta altura a estudar estes planos de benefícios. Isto demora tempo. Em média, uma empresa que já tenha a análise interna muito bem estudada, para ter aprovação da administração, demora em dois ou três meses a implementar connosco um plano personalizado. Muitas empresas já estão a contar iniciar depois do verão connosco estes planos.
Estão, neste momento, em Portugal e em Espanha. Planeiam expandir-se para outros países?
Também temos clientes internacionais. O nosso objetivo é ter um crescimento sustentável e, portanto, no curto prazo estamos focados na Península Ibérica. Mas também já consideramos a expansão para outros mercados, tendo em conta que temos muitos clientes internacionais e faz sentido alocar também a esses clientes estes benefícios.
Se lhe perguntar onde vê a PeopleInBest daqui a cinco anos, o que responde?
Em cinco anos, acho que ainda estaremos no mercado da Península Ibérica. Estamos a fazer um crescimento muito sustentável. Isto é um tema que não é de um dia para o outro que as empresas implementam. São coisas que têm de amadurecer. Também queremos ter a experiência bastante sustentada de como é que as empresas, em Portugal e em Espanha, estão a reagir à PeopleInBest. Queremos ter indicadores de quais são os melhores benefícios e quais as melhores formas de os implementar.
Disse que têm clientes internacionais e que fará sentido ponderar essas geografias para a expansão da PeopleInBest. De que países estamos a falar?
Não consigo identificar, neste momento, mas sei que temos clientes em vários países da Europa.
Penso que a grande alavanca foram mais os setores tecnológico ou dos serviços, mas hoje já está transversal a todo o tipo de setores.
Disse que os próximos cinco anos serão para refletir. Da experiência que já tem tido, que setores estão mais abertos a implementar estes planos de benefícios?
Penso que a grande alavanca foram mais os setores tecnológico ou dos serviços, mas hoje já está transversal a todo o tipo de setores, até industrial. Das reuniões que temos tido com clientes nesses setores, estão a começar a ficar preocupados com este tipo de benefícios e quererem oferecer estas suas soluções aos colaboradores.
A escassez de profissionais e mão-de-obra que se sente em todos os setores pode estar a impulsionar essa abertura para os benefícios flexíveis?
Sim. Hoje as equipas de recursos humanos estão a ter muitas dificuldades em contratar. As empresas, com esta preocupação da falta de talento, estão a procurar outras soluções para atrair e reter as pessoas. Os benefícios flexíveis são uma forma de diferenciação bastante grande.
De que modo?
Se houver uma empresa que até pode oferecer um salário bruto um bocadinho mais alto, mas, depois, a nível fiscal há um impacto grande a nível da liquidez… E se houver uma empresa que me oferece um salário menor, mas que me oferece benefícios que valorizo, acho que o candidato tem logo a tendência para ir para a empresa que oferece um conjunto de benefícios alargado. É uma carta muito grande que as empresas têm na gestão de recursos humanos. Os benefícios são um fator de diferenciação.
Tendo em conta que Portugal é um país de salários baixos, os trabalhadores estão realmente atentos aos benefícios, ou ainda é apenas um adicional interessante?
Acho que, devido à carga fiscal, as empresas tentam procurar soluções para os colaboradores terem maior liquidez no final do mês. Todas essas componentes — a creche, o seguro de saúde ou a compensação flexível –, parecendo que não, no final do mês e no final do ano, trazem mais a liquidez que os trabalhadores podem gastar noutras necessidades. Para a própria empresa, ter uma otimização fiscal também pode permitir investir esse valor noutras soluções, como por exemplo aumentos do subsídio de refeição.
Terminamos com um desafio: qual é o futuro da compensação?
É uma pergunta difícil. Acho que o futuro da compensação está muito ligado àquilo que o Estado decidir relativamente às questões fiscais. Infelizmente não temos muitos benefícios fiscais nas empresas. A fiscalidade em Portugal não ajuda muito nesta questão dos benefícios. As empresas estão a tentar arranjar soluções dentro daquilo que é possível, mas acho que poderia evoluir mais a compensação se o Estado tivesse mais abertura para ter mais benefícios fiscais, tanto para as empresas como para os colaboradores.
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“Empresas querem atrair e reter pessoas. Benefícios flexíveis podem ser fator de diferenciação”
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