Duarte Costa, fundador e Managing Partner da Grosvenor diz que "a obrigatoriedade de reporte de informação de sustentabilidade como parte da gestão começa a ser uma realidade também em Portugal".
Foi distinguida como a primeira instituição financeira B Corp em Portugal — certificação que avalia o desempenho social e ambiental das empresas — e lançou o Fundo de Inovação para a Sustentabilidade, que tem como principal objetivo apoiar projetos e empresas nacionais inovadores, diferenciados e comprometidos com critérios de sustentabilidade. Desta forma, garante Duarte Costa, fundador e Managing Partner da Grosvenor House of Investments, a sociedade de capital de risco quer “contribuir positiva e decisivamente para um ecossistema que tem obrigatoriamente de percorrer este caminho, cada vez mais mandatório e regulado”.
Com um posicionamento centrado em Investimentos Sustentáveis e de Impacto, a Grosvenor atua nomeadamente nas áreas da Economia do Mar, Energias Renováveis, Saúde, Agricultura, Indústria e Ciências da Vida. E marcará presença no ESG Portugal Forum 2021, que o ECO e o Capital Verde vão organizar no próximo dia 29 de junho (assista em direto aqui) e que agregará os contributos de especialistas, empresários, gestores e consultores sobre este tema.
Em debate estarão as estratégias ESG (ambientais, sociais e de governance) de diferentes setores e o estado da arte do respetivo reporte. Este contexto ganha particular oportunidade num panorama de aceleração da transição para a economia verde, em que os governos, sistema financeiro e supervisores tendem a integrar o escrutínio e a verificação de critérios ESG nas empresas. Neste evento serão abordados dois temas centrais em dois painéis diferentes: “O estado do report ESG nas empresas portuguesas” e “A diversidade setorial e regulamentar das abordagens ESG”.
As empresas portuguesas já fazem reporte ESG?
A Comissão Europeia publicou em abril deste ano uma proposta de Diretiva sobre o Relatório de Sustentabilidade Corporativo, o qual exige que todas as empresas partilhem informação não financeira de forma mais transparente e regular. Esta obrigatoriedade de reporte de informação de sustentabilidade como parte integrante da gestão começa gradualmente a ser uma realidade também em Portugal.
Houve, felizmente, uma grande evolução quanto a este tema nos últimos tempos em Portugal. Apesar de atualmente só as grandes empresas de interesse público com mais de 500 trabalhadores e que, ou sejam cotadas, ou sejam entidades financeiras, terem que apresentar relatórios ESG (Environmental, Social & Governance), assistimos hoje a um grande interesse e compromisso por parte de várias empresas portuguesas – desde as grandes empresas às PMEs, que estão já a investir neste sentido, começando a desenvolver os seus relatórios não financeiros. Em Portugal, das 39 cotadas na bolsa de Lisboa, 29 estão obrigadas a reportar informação não financeira.
Há ainda muito a fazer, mas estou certo de que o caminho é este e não estamos a falar de uma tendência passageira. Os relatórios não financeiros e o compromisso do mundo empresarial com as práticas da sustentabilidade terão que se tornar a regra e não a exceção. Só assim criarão reconhecimento sustentável por parte do mercado e seus stakeholders, fidelização da sua base de clientes, uma contínua retenção de talento e consequentemente a sua crescente valorização no longo prazo.
A regulação existente é uniforme o suficiente para facilitar a transição de processos?
Julgo que estão a ser feitos vários esforços nesse sentido. A nova diretiva europeia que referia acima, ao introduzir a obrigatoriedade de se proceder à verificação independente dos relatórios de Sustentabilidade, irá acelerar fortemente esta vertente, sendo que as PMEs, que passarão a estar abrangidas por estes requisitos a partir de 1 de janeiro de 2026, ainda terão aqui um período de adaptação importante.
Em Portugal especificamente, a CMVM criou no início deste ano um modelo de relatório harmonizado – de aplicação voluntária – que pretende uniformizar a informação divulgada pelas cotadas relativas aos temas ESG. Através da divulgação de um modelo de reporte mais padronizado, a CMVM – e nós – acreditamos que, além de facilitar a vida das empresas, pode também ajudar à leitura e comparação desta informação por parte de todos os stakeholders.
Em conjugação com esta Diretiva, o setor financeiro está agora a ser chamado para ser parceiro neste novo mundo de investimentos sustentáveis e de impacto, através da implementação da Taxonomia da União Europeia. A avaliação do desempenho das empresas passa a ser mais complexa, incluindo não só a informação financeira tradicional, mas também informação quantitativa e qualitativa sobre as práticas e impactes da empresa a nível ambiental, social, e de governance.
É preciso investimento das empresas? Se sim, existe disponibilidade financeira em tempos de crise?
O investimento necessário será mais ao nível dos recursos humanos (capacidade e formação) e de sistemas informáticos – automatização de relatórios internos que venham a gerar informação. Preocupa-me bastante mais que o shift em termos de mindset das empresas e dos seus líderes seja feito de forma ágil, do que o investimento (financeiro) que será necessário fazer neste âmbito. Empresas mais sustentáveis são sinónimo de empresas mais valiosas a médio/longo prazo.
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ESG Portugal Forum: “Há interesse e compromisso das empresas em ter relatórios não financeiros”
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