As vendas da Porsche em Portugal vão atingir um novo recorde. O diretor de marketing da marca para a Península Ibérica antecipa que irá fechar o ano com 500 automóveis vendidos no país.
A Porsche continua a crescer no mercado nacional. As vendas estão a disparar, com a marca alemã a antecipar mais um recorde no final deste ano. Apesar da fiscalidade elevada sobre modelos, da qual os clientes da empresas de Estugarda também se queixam, Nuno Costa prevê alcançar a venda de 500 unidades em 2016. O diretor de marketing da Porsche Ibérica diz, em entrevista ao ECO, que é o reflexo da crescente gama oferecida. Os SUV são os que mais atraem os portugueses. E os híbridos também.
Quantos Porsche venderam este ano?Neste momento estamos já com 415 automóveis entregues, mais 40 a 50 vendidos em novembro. E estamos muito focados em chegar a um novo recorde que são as 500 unidades. Isto apesar de este ano ter sido um bocado atípico porque praticamente não tivemos Panamera nem Cayman, que são duas gamas que nos interessava muito comercializar, mas isto passa muito pelo equilíbrio que a Porsche procura que é o de não ter gamas a serem renovadas todas ao mesmo tempo. Dessa forma, sabemos sempre gerir o equilíbrio e as vendas serem mais regulares. O Panamera que agora lançamos está a ter um êxito incrível. Temos muitos pedidos, muitas encomendas já feitas à fábrica. O Cayman também, mas temos um atraso nas entregas. O Boxster é outro.
Quais os modelos que vendem mais? Os SUV?São. Os SUV acabam por ser quase 60% das nossas vendas. Tentamos fixar um objetivo de ter 70% e 30%, entre quatro portas e duas portas, mas os SUV estão neste momento num circulo virtuoso. As pessoas reconhecem que os nossos SUV são grandes ofertas no mercado. Um Cayenne e um Macan têm um valor de retoma bastante interessante ao fim de três ou quatro anos. E há procura, pelo que os valores de retoma se mantêm.
É uma dinâmica que passa pela nossa equipa. Temos cinco concessionários e dois reparadores autorizados que trabalham muito bem. Mas sobretudo, na parte de venda estamos a conseguir fazer bem a prospeção de clientes. Mas também temos de ter em conta que a gama cresceu. Há cerca de 14 anos tínhamos dois modelos: Boxster e 911. Hoje em dia temos: Boxster, 911, Cayman Panamera, Cayenne e Macan, sendo que ao mesmo tempo temos motorizações diesel e híbridas. A Porsche não ficou estática à espera que as coisas se desenvolvessem.
Agora é mais difícil dizer quem é o cliente da Porsche?É. Mas uma coisa é clara: são sempre pessoas bem-sucedidas. Em termos profissionais, empresariais, do desenvolvimento dos seus próprios negócios. São pessoas ambicionas e que têm um mindset muito diferente: são pessoas que consideram que conduzir um Porsche faz parte de um momento feliz do seu quotidiano. Há um efeito de compensação. Continuamos a não ser a marca mais barata, mais económica ou eficiente, mas há um gozo tremendo em conduzir um Porsche no circuito quotidiano.
O cliente da Porsche paga a crédito? Ou é tudo a pronto?Se há muitos clientes que pagam a pronto? Sim, sem dúvida. Temos imensos clientes que o fazem. Mas os nossos clientes também fazem contas. Mas a dinâmica passa por acharem que é um bom investimento comprarem um Porsche.
Como assim?Há falta de quotas de 911, por exemplo. Lançámos o 911R… esgotou no primeiro dia. O Cayman GT4, aconteceu o mesmo. Há pessoas que já compram Porsche em antecipação, como investimento, para depois revenderem.
Nem sequer são os clássicos...Estamos a falar de modelos com elevados desempenhos, como o 911 GT3 RS, como um Cayman GT4, um 911R, edições limitadas. Um 918 Spyder, que custava 808 mil euros, está à venda em Valência por um valor de 1,1, 1,2 ou 1,4 milhões de euros.
Os automóveis da Porsche são caros, mas a fiscalidade pesa bastante. Como vê o peso dos impostos no setor?Toda a gente se queixa dos impostos… De como isto é irracional. Temos Espanha com IVA mais baixo, com ISV mais baixo… temos um parque automóvel que é constantemente onerado em fiscalidade. Sempre que falta dinheiro, lá vamos “martelar” outra vez.
Qualquer Governo que seja está continuamente a castrar o consumo. Um exemplo prático: uma pessoa quer comprar um VW Golf que custa 32 mil euros. Se ele não tem esses 32 mil, vai comprar um automóvel usado. Promovemos imenso o comércio do usado que não tem incidência fiscal nenhuma… Teve uma vez e foi diluída no tempo. Ou seja, envelhecemos o parque automóvel, não damos às pessoas o que elas ambicionavam e estamos sempre nesta dinâmica de castrar o consumo para obtermos uma grande fatia de impostos. Mas esquecemos sempre que a base de consumo poderia ser muito maior, menos onerada em cada unidade, mas muito maior e promover a satisfação do consumidor a todos os níveis.
O cliente da Porsche queixa-se?Toda a gente se queixa dos impostos… De como isto é irracional. Temos Espanha com IVA mais baixo, com ISV mais baixo… temos um parque automóvel que é constantemente onerado em fiscalidade. Sempre que falta dinheiro, lá vamos “martelar” outra vez. Depois esquecemo-nos do que é essencial: do emprego que o setor gera, a dinâmica que gera na economia. Tivemos uma sangria depois da crise de 2010 que foram reduções em todas as marcas…. quantas pessoas pusemos no desemprego? O mercado simplesmente desapareceu.
Acabaram-se os incentivos aos elétricos, mas há para os plug-in. É bom para a Porsche?"Há pessoas que já compram Porsche em antecipação, como investimento, para depois revenderem. Estamos a falar de modelos com elevados desempenhos, como o 911 GT3 RS, como um Cayman GT4, um 911R, edições limitadas. Um 918 Spyder, que custava 808 mil euros, está à venda em Valência por um valor de 1,1, 1,2 ou 1,4 milhões de euros.”
Nós temos plug-in no Cayenne e no Panamera. O nosso Mission E também vai ser. Estamos sempre expectantes… Neste momento não se paga nada no Mobi.E para se carregar, mas vai-se pagar. A questão aqui é: como é que promovemos a venda de híbridos se não facilitamos todo o processo, se não vulgarizamos todo o processo? Isto vai-nos facilitar… vemos clientes a pedirem informação, mas estamos sempre de pé atrás porque quando falta receita o setor automóvel é sempre penalizado.
Em Portugal o peso dos híbridos nas vendas da Porsche é elevado. Porquê? Pelos consumos?É o consumo, mas é promovido também pela fiscalidade em que um Cayenne híbrido é relativamente mais barato que um a diesel. É um custo à cabeça bastante mais reduzido. Isso é valorizado. Mas trata-se de uma tendência de consumo que é do fato dos portugueses serem ávidos de nova tecnologia. Na Alemanha referem que as vendas estão entre 6% e 7%, nós temos 15%. Eles surpreendidos.
Mas o futuro é elétrico? Como se conjuga com a Porsche?Há muitas portas, mas não sabemos qual é a correta. Estamos muito esperançados que a solução tenha a ver com o conceito híbrido: gasolina com um motor elétrico. A combinação dos dois será a solução do futuro. No Mission E pensamos ter autonomia até 200 km. Vamos ter carregamentos de 80% em 15 minutos.
E o futuro é autónomo? É uma ameaça para a Porsche?Quem compra um Porsche quer conduzi-lo. Se não, não comprava um Porsche. Comprava um Tesla. Não obstante, há muita tecnologia que estamos a incluir nos nossos modelos que oferecem muitas ajudas à condução, ajudas também à segurança e conforto. Quem pensaria há alguns anos que a condução poderia ser adequada à toponímia das estradas, aos sinais de trânsito… Agora isso já existe. Temos uma equipa de 200 pessoas a trabalhar nessa área porque achamos que o futuro tem ainda muito para oferecer.
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“Estamos focados em chegar ao recorde de 500 Porsche vendidos” em Portugal
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