O associado sénior da Cuatrecasas, Francisco Martins Caetano, contou como está a ser o novo desafio que assumiu profissionalmente: representar Portugal na AIJA.
Francisco Martins Caetano, associado sénior da Cuatrecasas, partilhou com a Advocatus como está a ser o novo desafio que assumiu profissionalmente: representar Portugal na AIJA. O advogado revelou ainda como foi trabalhar uma temporada na Cuatrecasas em Londres e recomendou este tipo de experiências aos colegas. Sobre o setor de M&A, acredita que os setores da Energia e das TMT vão continuar a liderar a atividade em 2024.
Assumiu um novo desafio profissional, em agosto, ao ser eleito representante nacional na AIJA – International Association of Young Lawyers para os próximos três anos. Como surgiu esta oportunidade?
Esta oportunidade surgiu devido ao meu envolvimento ativo na AIJA, à qual me associei em agosto de 2021, tendo já tido oportunidade de participar em várias conferências, tendo também assumido funções de coordenação em algumas iniciativas. Em particular, no final do ano passado falei com o anterior representante nacional para Portugal que me comentou que o seu mandato iria terminar este ano. Comecei de imediato a pensar na minha candidatura e o que poderei contribuir para esta associação.
O processo de seleção é algo complexo e desafiante, uma vez que qualquer membro da AIJA em Portugal se pode candidatar como representante nacional.
Para me candidatar, tive de apresentar um plano de ação detalhado, com as minhas propostas e objetivos para dinamizar a AIJA em Portugal, aumentar o número e a diversidade de associados, organizar eventos locais, e contribuir para a visibilidade e o reconhecimento da AIJA. Foi um processo de seleção bastante exigente e competitivo, pois envolveu uma avaliação rigorosa do meu currículo, do meu plano de ação e das minhas competências e motivações executiva pelo Executive Committee da AIJA. Além disso, tive de contar com o apoio e a recomendação de outros membros da AIJA, tanto nacionais como internacionais, que atestaram a minha experiência, o meu compromisso e o meu potencial para o cargo.
Foi com grande satisfação e orgulho que recebi a notícia de que tinha sido eleito Representante Nacional da AIJA para Portugal. Apesar de apenas me ter associado à AIJA em agosto de 2021, consegui alcançar este reconhecimento e responsabilidade num tão curto espaço de tempo.
Em que é que consiste esta associação?
A AIJA é uma associação que reúne advogados e juristas de empresa de todo o mundo até aos 45 anos e que tem como objetivo promover atividades de networking ao longo do ano, com uma componente educativa e social, facilitando a troca de experiências profissionais. A AIJA está presente em 110 países, cada um com um representante nacional, tem mais de 4.000 membros e é coordenada através de 21 comissões científicas.
E qual vai ser o seu papel?
O cargo de representante nacional é um dos mais importantes na AIJA, pois implica ser a voz e o rosto da associação no país de origem. São os principais pontos de contacto e “embaixadores” da AIJA. Os representantes nacionais devem também ser ativos nos seus países, nomeadamente através da organização de local gatherings, a fim de promover a presença da AIJA, os eventos e a vasta gama de oportunidades para os membros aprofundarem o seu envolvimento e as suas ligações com a AIJA.
Foi com grande satisfação e orgulho que recebi a notícia de que tinha sido eleito Representante Nacional da AIJA para Portugal.
Sente-se preparado para este desafio?
Claro que sim. Considero ter as competências, a experiência e a motivação necessárias para contribuir para o sucesso deste projeto.
Como estão a correr estes primeiros meses?
Estes primeiros meses estão a ser bastante intensos, principalmente devido ao volume de trabalho que temos tido na Cuatrecasas. Por isso, os planos que tinha para estes primeiros dois meses tiveram de ser adiados umas semanas…
Em 2020 foi destacado pela Cuatrecasas para o escritório de Londres. Como foi a experiência de trabalhar fora do país e num novo ordenamento jurídico?
A experiência inicialmente correu bem, mas com a pandemia e o locked down, decidimos que faria sentido voltar para Lisboa e, passados dois meses de me ter mudado para Londres, regressei a Portugal. Diferentemente dos outros escritórios da Cuatrecasas, nos escritórios de Londres e Nova Iorque não praticamos local law, mas tão só direito espanhol ou português. Estes escritórios são uma forma de estarmos mais próximos dos nossos clientes locais.
A adaptação foi fácil?
A adaptação foi muito fácil, principalmente por todo o apoio que a Cuatrecasas nos dá antes de nos mudarmos, mas também porque a equipa da Cuatrecasas em Londres é composta maioritariamente por pessoas em situações similares às que eu estava.
Recomendaria este tipo de experiência a outros colegas? E voltaria a embarcar para outro ordenamento jurídico e viver uma nova experiência?
Claro que sim! Penso que este tipo de experiências nos enriquece a vários níveis, não apenas porque nos desafia a sairmos da nossa zona de conforto e a adaptarmo-nos a uma diferente realidade, mas porque nos permite alargar a rede de contactos. E quem sabe não o farei novamente a breve trecho no âmbito do “universo” Cuatrecasas.
Nos últimos cinco anos tive a oportunidade de participar em alguns dos negócios mais relevantes e desafiantes do mercado português, assessorando clientes nacionais e internacionais em operações de M&A, com especial enfoque em operações de private equity.
Como têm sido estes os últimos cinco anos ao serviço da Cuatrecasas?
Nos últimos cinco anos tive a oportunidade de participar em alguns dos negócios mais relevantes e desafiantes do mercado português, assessorando clientes nacionais e internacionais em operações de M&A, com especial enfoque em operações de private equity. Foi uma experiência muito enriquecedora, que me permitiu desenvolver competências técnicas e transversais, trabalhar em equipa com colegas de excelência, e conhecer diferentes setores e realidades. Também foi uma aventura cheia de imprevistos, negociações intensas, prazos apertados e (algumas) noites em claro, mas sempre com um toque de humor e boa disposição.
Qual é o principal desafio para o setor de M&A neste momento?
Não há um único principal desafio, mas é possível apontar alguns possíveis desafios para o setor de M&A neste momento, dependendo do contexto, da perspetiva e dos objetivos dos envolvidos. Mas os principais desafios reconduzem-se à incerteza e à volatilidade geradas pelo cenário macroeconómico e da subida das taxas de juro, às mudanças regulatórias, políticas, sociais e ambientais que podem impactar as operações de M&A – como por exemplo, medidas de FDI e pressões ESG – e à utilização de novas tecnologias e de inovações disruptivas que podem criar vantagens competitivas.
E quais são as perspetivas para o setor para 2024?
Penso que devemos olhar para 2024 com otimismo conservador, ainda que as expectativas apontem para 2024 como o ano da recuperação da atividade global de M&A, apesar de ser previsível que a recuperação não ocorra em simultâneo em todos os países, nem prossiga ao mesmo ritmo nos diferentes setores e segmentos de mercado.
Para além disso, os temas de ESG e de alterações climáticas irão estar, ainda mais, em destaque durante 2024, com potencial para criar oportunidades no mercado, bem como a transformação digital em resultado da adoção de ferramentas de inteligência artificial será uma das maiores tendências do setor em 2024.
Em termos de setores, é expectável que os setores da Energia e das TMT continuem a liderar a atividade de M&A em 2024. É ainda expectável vermos o (re)aparecimento de operações que tiveram lugar em 2020/2021 e em que o adquirente era um private equity, dado que este tipo de investidor tende a manter os investimentos por um período médio de três a cinco anos, bem como algum desenvolvimento em termos de FDI em Portugal, em linha com as restantes jurisdições europeias.
Com cerca de 16 anos de experiência, como descreve o seu percurso profissional?
Um percurso marcado por uma constante aprendizagem e com possibilidade de trabalhar em operações complexas, desafiantes e por vezes surpreendentes, que envolveram diversos setores, mercados e jurisdições. Nesta área, é preciso ter não só conhecimentos jurídicos sólidos, mas também capacidade de negociação, de adaptação, de gestão de equipas e de stress, e ainda um bom sentido de humor e “jogo de cintura” para lidar com situações imprevistas de forma construtiva, as exigências dos clientes e as peculiaridades dos colegas e contrapartes. Foi uma experiência enriquecedora, que me permitiu aprender muito, conhecer pessoas interessantes e viajar pelo mundo, mas que também me exigiu muita dedicação, disponibilidade e sacrifício pessoal. Tenho tido a sorte de trabalhar de perto com pessoas verdadeiramente inspiradoras e que me “obrigaram” sempre a fazer melhor todos os dias.
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“O cargo de representante nacional é um dos mais importantes na AIJA”, diz Francisco Martins Caetano
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