“Principal custo de contexto em Portugal é o acesso à rede elétrica”

"Foi uma infelicidade a situação que aconteceu, mas não vejo que isso tenha prejudicado a nossa posição internacional", disse o presidente da Aicep sobre caso da Start Campus em Sines.

O presidente da Aicep elege como “principal custo de contexto” de Portugal “o acesso à rede elétrica”. “Está longe de ser perfeito”, critica Ricardo Arroja, em entrevista ao ECO. “Há um trabalho a desenvolver entre as autoridades locais, centrais, a REN, entre outros”, diz para que a capacidade do país de atrair projetos de “muitos milhares de milhões de euros de investimento” não seja comprometida.

Ricardo Arroja garante que Portugal tem “bastante potencial” para atrair o investimento de data centers e garante que o polémico mega centro de dados em Sines, envolvido na mesma investigação que fez cair o Governo de António Costa, não prejudicou a posição internacional do país. “Foi uma infelicidade a situação que aconteceu, mas não vejo que isso tenha prejudicado a nossa posição internacional”, disse o presidente da Aicep.

A nossa atração de investimento estrangeiro foi afetada de alguma forma pelo caso do data center de Sines ou essa área específica de investimentos nos data centers?

Foi uma infelicidade a situação que aconteceu, mas não vejo que isso tenha prejudicado a nossa posição internacional. De resto, a nossa posição internacional na captação de data centers hoje tem bastante potencial. Desde logo porque temos cada vez mais multinacionais do setor das tecnologias de informação a olhar para Portugal precisamente pela capacidade que temos de dotar esses mesmos projetos de fornecimento elétrico com base em fontes renováveis e, simultaneamente, com preços que são relativamente baixos face ao que é praticado na Europa.

Obviamente, esta vantagem encerra também um desafio que é talvez o principal custo de contexto que temos de ter em consideração no nosso país, que é o acesso à rede elétrica, que está longe de ser perfeito. Há aí um trabalho a desenvolver entre as autoridades locais, centrais, a REN, entre outros, a fim de termos a capacidade de dotar alguns destes projetos que são, de facto transformacionais, de grande dimensão, de muitos milhares de milhões de euros de investimento e que permitiriam ter em Portugal algumas das multinacionais mais conhecidas do mundo de referência que depois, por sua vez, teriam efeitos de arrastamento no que diz respeito à captação de outros projetos adjacentes. A capacidade de captar também e projetar os recursos humanos que fossem trabalhar nesses mesmos projetos e simultaneamente.

Associado a tudo isto, temos hoje também outro aspeto que é importante valorizar a fim de o desenvolvimento de oportunidades de data centers, que é a conectividade de que também cada vez mais beneficiamos em Portugal. Neste momento, temos mais de dez cabos submarinos a entrarem a serem ligados ao território nacional, nomeadamente na Grande Lisboa, e que nos dão essa conectividade intercontinental que podem fazer de Portugal uma plataforma de acesso à Europa, mas também um elo na ligação a outros continentes. E isto pode ser, de forma alguma menosprezado, porque é uma capacidade de gestão de tráfego que é relevante não especificamente para Portugal, que é um mercado pequeno, mas a nível europeu.

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