“Se a alternativa vai ser PS ou PSD depende muito mais das decisões dos políticos do que dos eleitores”

"É quase certo, posso estar enganado, que o bloco de direita terá a maioria dos votos. Se o PS for o partido mais votado, os partidos de direita podem fazer o que o PS que fez em 2015", diz Conraria.

O destino político nacional, neste momento, “depende muito mais das decisões dos políticos, do que dos eleitores”, defende Luís Aguiar Conraria em entrevista ao ECO. O novo presidente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho admite que, numa fase inicial, se não for possível encontrar uma solução governativa estável a 10 de março, “o investimento se possa ressentir e, em especial, o investimento estrangeiro”.

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O aumento do rendimento disponível das famílias, porque salários e pensões foram atualizados a uma taxa de inflação mais elevada e o início da descida das taxas de juro será no verão, acaba por ser uma conjuntura mais favorável à continuação de um Governo PS face à aposta numa alternativa de mudança?

Acho difícil responder essa pergunta. Neste momento, se a alternativa vai ser PS ou PSD depende muito mais das decisões dos políticos, do que dos eleitores. É quase certo, posso estar enganado, que o bloco de direita terá a maioria dos votos. Nesse sentido, se o PS for o partido mais votado, os partidos de direita podem fazer o que o PS que fez em 2015…

… uma geringonça à direita

Teremos geringonça à direita. Por outro lado, podem optar pelo contrário. Como disse Nuno Melo, depois veio desmentir, mas as primeiras declarações foram essas: “Consideramos que o que o partido mais votado deve ser o que governa”. Fico com a sensação que isto foge um bocado das mãos dos portugueses. Mesmo que seja o PSD mais votado, então à partida o primeiro-ministro seria do PSD.

Se Pedro Nuno Santos cumprir a sua ameaça de rejeitar qualquer Governo que não seja do PS e se o Chega cumprir a sua ameaça e rejeitar qualquer Governo que não inclua o Chega, então mesmo que o PSD seja o mais votado, vai ter uma moção de rejeição no Parlamento e vai chumbar. E não sei o que virá a seguir. Neste momento, estamos numa situação em que a solução depende muito mais de considerações políticas por parte dos atores políticos do que eu estar a dizer ‘os portugueses preferem o PS ou PSD’.

[se Pedro Nuno Santos e Chega cumprirem as suas ameaças] mesmo que o PSD seja o mais votado, vai ter uma moção de rejeição no Parlamento e vai chumbar.

A economia vai ressentir-se desta instabilidade previsível?

Imagino que numa fase inicial, o investimento se possa ressentir e, em especial, o investimento estrangeiro. E aí veremos qual a maturidade do nosso sistema político. Se funcionar, como funciona o da Bélgica, que teve longos períodos sem Governo, funciona bem na mesma.

Durante a crise financeira, a Bélgica foi dos países que melhor se portou, precisamente porque não tinha Governo. Se tivesse Governo teria aplicado as medidas que outros aplicaram e teriam sofrido mais do que sofreram. Não sei, talvez por ser muito liberal, gosto muito de governos que não fazem nada ou que fazem muito pouco.

Deixam a economia funcionar?

Não estou tão pessimista em relação a isso. Mas imagino que, pelo menos no curto, no imediato, haja impacto no investimento, especialmente no investimento estrangeiro, e que haja algum receio. Depois vamos ver se conseguimos mostrar alguma maturidade e os governos de gestão conseguirem ir gerindo…

Não antecipa que haja grandes problemas?

Acredito muito pouco na ação dos governos. O outro lado da moeda é que a inação também não me incomoda muito.

 

  • Diogo Simões
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