TAP admite vender a Groundforce. “Todos os cenários estão a ser avaliados”

O self-handling não é a hipótese principal para a companhia aérea, mas o CEO Ramiro Sequeira lembra que a TAP não pode ficar sem estes serviços, especialmente no hub de Lisboa.

A venda da participação de 49,9% da TAP na Groundforce não está excluída, numa altura em que o acionista maioritário — a Pasogal de Alfredo Casimiro, que detém 50,1% do capital — está a negociar a alienação. O CEO da companhia aérea, Ramiro Sequeira, explica em entrevista ao ECO que terá de avaliar o negócio, que poderá ser uma solução de longo prazo para os problemas financeiros da empresa de handling.

As dificuldades financeiras causadas pela pandemia levaram os dois acionistas a acordarem uma operação de sale and leaseback que permitiu desbloquear 7 milhões de euros. Mas estes só cobrem até final de abril o montante necessário para salários, impostos e pagamentos a fornecedores. Ramiro Sequeira garante que TAP e Pasogal estão a fazer tudo para evitar uma nova situação de salários em atraso.

Como está a situação na Groundforce? Há ou não dinheiro para salários?

A TAP é acionista minoritário — existe um acionista maioritário — e, ao mesmo tempo, é o principal cliente da Groundforce. Tem estes dois papéis. Tem ajudado desde o ponto de vista de cliente, através dos adiantamentos de faturação, que iria existir mais à frente, entre agosto até recentemente. A partir desse momento, estão vários cenários em cima da mesa. Obviamente que quem os gere é o acionista maioritário e não o acionista minoritário nem o cliente.

A TAP cliente tem, como em qualquer momento crítico de uma empresa, de analisar vários cenários – que é o que estamos a fazer. O acionista maioritário está a fazer as diligências para avaliar os seus cenários e é importante que haja uma solução a curto prazo e que não se repita a situação que se deu de não pagar salários aos trabalhadores porque é muito difícil. São muitos trabalhadores e com vários membros do agregado familiar. Não é fácil para ninguém, mas diria que cada um, dentro do seu papel, está a fazer as diligências necessárias e a avaliar os cenários necessários para que não volte a acontecer.

"O self-handling não é o principal cenário até porque não é uma solução que se consiga de um dia para o outro, mas temos de avaliar todas as possibilidades porque uma companhia aérea precisa de um serviço de handling.”

Ramiro Sequeira

CEO da TAP

Que vários cenários são esses?

Enquanto clientes, constantemente quando aparece uma crise, qualquer administração tem a obrigação de avaliar cenários. Aguardamos que a Groundforce comunique uma solução para a empresa. É conhecido que esse crédito que tinha sido solicitado não foi aprovado…

Está a falar de self-handling?

O self-handling não é o principal cenário até porque não é uma solução que se consiga de um dia para o outro, mas temos de avaliar todas as possibilidades porque uma companhia aérea precisa de um serviço de handling principalmente no seu hub e em todos os aeroportos que opera. Portanto, quando estas situações se dão, tudo tem de ser avaliado.

Contactaram alguma outra empresa de handling para acautelar uma eventual insolvência da Groundforce?

Isso faz parte da avaliação de cenários e portanto qualquer avaliação cabe ficar no resguardo da administração as diligências que esteve a fazer.

E enquanto acionista, a TAP tem interesse em também vender a Groundforce, se a Pasogal vender?

Se a Pasogal vender a sua parte, teremos de analisar as implicações disso. Todos os cenários estão a ser avaliados também dentro do ponto de vista de acionista maioritário para estarmos preparados seja qual for a solução que venha a acontecer. Nós não temos preferência por nenhuma solução em concreto. Estamos a aguardar.

Foram abordados por algum potencial comprador?

Não é um assunto que eu possa comentar.

"O que a TAP está a fazer é avaliar todo o core business e todos os negócios. Naturalmente que a TAP ME Brasil está a ser avaliada e estão a ser avaliados todos os cenários.”

Ramiro Sequeira

CEO da TAP

Sobre outro ativo da TAP, que é a ME Brasil, concorda com a venda? Faz sentido agora que a empresa teve resultados positivos?

Não está fechado um processo de venda. Convém clarificar. Mais uma vez o que a TAP está a fazer, desta feita no âmbito do plano de reestruturação, é avaliar todo o core business e todos os negócios. Naturalmente que a TAP ME Brasil está a ser avaliada e estão a ser avaliados todos os cenários.

Não há ainda um cenário definitivo e portanto não é uma questão simples. Acontece noutro país, tem especificidades financeiras… Portanto, requer algum tempo de análise. O que quero dizer é que, dentro do âmbito plano de reestruturação, estamos a fazer uma avaliação profunda sobre a ME Brasil, mas não existe ainda uma decisão fechada.

Houve algum tipo de potenciais interessados?

Não posso comentar.

Espera que Bruxelas peça a venda de outros ativos?

Se for, é dentro destas conversas que estamos a ter e que de momento ainda não estão finalizadas. Não há nenhum cenário fechado e estamos neste período de conversas e interações com o intuito de em maio ou junho conseguir ter esta questão fechada. Até lá, muitas perguntas podem surgir.

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