Contorne as reformas da Segurança Social construindo o seu complemento de reforma para dar as boas vinda aos “anos dourados”. O ECO ajuda-o a fazer as contas.
Pensar na reforma a 20, 30 ou 40 anos não é um exercício agradável. Se os portugueses que se reformarem nos próximos 10 anos estão garantidos, com a sua reforma a situar-se num valor entre 74% e 81% do seu último vencimento, a partir daí, são só más notícias. Em Portugal, a sustentabilidade da Segurança Social voltou à agenda mediática por causa da mudança no modelo de cálculo do aumento da pensão, e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), por exemplo, estima que entre 2025 e 2050, a Segurança Social será capaz de pagar, em média, apenas 63% do último vencimento. É, por isso, importante agir já.
O primeiro passado para construir um complemento de pensão robusto capaz de oferecer tranquilidade quando a reforma bater à porta é fazer as contas. Por exemplo, se prevê que venha a necessitar de dois mil euros por mês durante a aposentação, significa que a Segurança Social só deverá pagar 1260 euros (63% de 2000 euros). O remanescente, 740 euros, terá de vir de outro lado.
Depois, é necessário estimar quantos anos de vida terá após a saída da vida ativa. Atualmente, a idade de reforma é de 66 anos e 4 meses e, segundo as últimas estimativas das tábuas de mortalidade do Instituto Nacional de Estatística (INE), a esperança média de vida aos 66 anos é de mais 18,55 anos. Significa que hoje, chegando à idade legal de reforma, em média, os portugueses vivem até aos 85 anos.
Colocando sob a equação todas estas variáveis, um bom ponto de partida para estimar o valor do complemento de reforma a construir passa por multiplicar os 740 euros por 14 (12 meses mais dois, como se tratassem subsídio de férias e de Natal) e, depois, multiplicar por 20 (arredondamento para cima da esperança média de vida na idade de reforma). De acordo com o nosso exemplo, será necessário montar uma estratégia capaz de alcançar 207 mil euros quando a reforma bater à porta. A questão que se coloca é: como conseguir isso?
Um bom ponto de partida para estimar o valor do complemento de reforma a construir passa por multiplicar os 740 euros por 14 (12 meses mais dois, como se tratassem subsídio de férias e de Natal) e, depois, multiplicar por 20 (arredondamento para cima da esperança média de vida na idade de reforma). De acordo com o nosso exemplo, será necessário montar uma estratégia capaz de alcançar 207 mil euros quando a reforma bater à porta. A questão que se coloca é: como conseguir isso?
A resposta está numa estratégia de poupança disciplinada e iniciada o mais cedo possível. Por exemplo, se começar a poupar 90 euros por mês, aumentando este valor em 2,5% todos os anos, no espaço de 40 anos chega aos desejados 207 mil euros, assumindo uma rendibilidade anual do investimento de 5%. Mas se só começar a preparar a reforma a 20 anos da chegada dos “anos dourados”, a poupança mensal terá de ser de 382 euros.
Estas contas ainda podem ficar mais risonhas. Basta que o complemento de reforma se mantenha investido, se bem que correndo um risco mais reduzido, após a reforma.
Por exemplo, supondo que logo no primeiro mês de aposentação, em que recebe a primeira pensão da Segurança Social, resgata o complemento de reforma e coloca-o num depósito a prazo que renderá nos 20 anos seguintes cerca de 0,5% por ano. Mesmo retirando todos os meses 740 euros do “bolo” para complementar a reforma paga pela Segurança Social, chegará aos 85 anos com mais de 43 mil euros na conta.
Os PPR são uma solução para garantir uma boa reforma?
Há no mercado uma panóplia de produtos financeiros para investir para a reforma. De fundos de investimento a fundos de pensões, passando por seguros de capitalização e os famosos planos poupança reforma (PPR), são muitas as opções à disposição dos investidores.
Entre os mais populares estão os famosos PPR que, de acordo com os últimos dados disponíveis, tinham sob gestão mais de 21 mil milhões de euros em 2020. Deste bolo, 80% estava investido em PPR sob a forma de seguros e o remanescente sob a forma de fundos de investimento.
Os PPR têm sido a proposta de vários Governos para o problema das pensões, tendo para o efeito incentivado as famílias a subscrevê-los, concedendo-lhes um benefício fiscal equivalente a 20% das entregas realizadas, até um máximo de 400 euros. Além disso, estes produtos beneficiam também de uma benesse fiscal à saída, com as mais-valias geradas a serem tributadas à taxa efetiva em sede de IRS de 8% em vez dos tradicionais 28%.
À primeira vista, tendo em conta todas as vantagens fiscais que oferecem, os PPR parecem ser uma solução interessante para construir um bom complemento de reforma. Mas estão longe de serem uma solução para todos.
De acordo com uma compilação feita pelo ECO, no final do ano passado estavam ativos 751 PPR, repartidos entre PPR sob a forma de seguros como de fundos de investimento. Contudo, apenas 99 estavam em comercialização (permitiam a entrada de novos subscritores).
O desempenho da maioria destes produtos está longe de ser brilhante. Nos últimos três anos, um dos períodos mais rentáveis para os investidores, os PPR atualmente em comercialização registaram uma taxa de rendibilidade média anual de 3,6%. Houve inclusive três PPR a registaram perdas neste período.
Na sua generalidade, o desempenho dos PPR é bastante precário. E, em cima disso, muitos deles são particularmente caros. Há casos em que é permitida a cobrança de uma comissão máxima de reembolso de 15% em cima de uma comissão máxima de subscrição de 29%, como sucede com o Misto BA PPR, da España Compañia Nacional de Seguros. Num plano de investimento de longo prazo, como pretende ser a construção de um complemento de reforma, todos estes pontos revelam-se danosos para o alcance do objetivo delineado. Mas existem boas exceções no universo dos PPR.
Na sua generalidade, o desempenho dos PPR é bastante precário. E, em cima disso, muitos deles são particularmente caros. Há casos em que é permitida a cobrança de uma comissão máxima de reembolso de 15% em cima de uma comissão máxima de subscrição de 29%, como sucede com o Misto BA PPR, da España Compañia Nacional de Seguros.
É o caso do PPR SGF Stoik, um fundo gerido pela SGF – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões que, seguindo uma estratégia fortemente exposta a ações, alcançou uma taxa de rendibilidade média anual de 10,55% nos últimos três anos (2019-2021), e nos últimos cinco anos ofereceu aos seus subscritores ganhos de 5,59% por ano.
Outra boa exceção é o Invest AR PPR, gerido pela Invest Gestão de Activos há mais de 20 anos. Com uma estratégia mais conservadora, limitada a uma exposição máxima de 40% em ações, este PPR contabiliza uma rendibilidade anualizada média de 7,6% nos últimos 10 anos.
Simplifique a sua reforma e deixe-a em piloto automático
Tendo em conta o desempenho das ações desde o início do ano, são o ativo com maior potencial para delinear uma estratégia de investimento de longo prazo. Jeremy Siegel, professor de Finanças na faculdade de Wharton, da Universidade da Pensilvânia, revela no seu livro “Stocks For The Long Run” que, “no longo prazo, as ações rendem entre 6% e 7% por ano, depois de descontada a inflação”, dando como exemplo o desempenho anual médio de 8,31% das ações norte-americanas de 1802 e 2006.
Um dos casos de maior sucesso no campo do investimento de ações é o investidor Warren Buffett. Através da sua Berkshire Hathaway, este octogenário norte-americano e um dos cinco homens mais ricos do planeta, acumula ganhos médios anuais de 20,1% desde 1965, o dobro do que foi oferecido pelo mercado neste período.
Porém, comprar e vender ações não é a tarefa mais simples para a maioria dos investidores. Palmilhar o mercado na busca de um cabaz de títulos capaz de gerar bons resultados exige conhecimento e muito tempo para investigar e estudar.
Por isso, o mais indicado para construir um complemento de reforma rico em ações pode passar pelo investimento num fundo de investimento de ações que seja capaz de cumprir duas condições: tenha uma carteira suficientemente diversificada por setores e regiões geográficas e permita a realização de reforços por valores reduzidos.
É disso exemplo o Fidelity MSCI World Index Fund P Acc EUR, um fundo de ações global que replica o índice MSCI World (que é composto por mais de 1500 empresas) e que tem como investimento mínimo a subscrição de uma unidade de participação (atualmente está a cotar nos 8 euros).
Outra solução que pode ser considerada para construir um “pé-de-meia” para a reforma são os fundos de ciclo de vida. Desenhados sob uma matriz que permite uma troca automática das posições acionistas por títulos menos arriscados com o passar do tempo, estes fundos têm a capacidade de se tornarem produtos mais conservadores à medida que a idade de reforma se aproxima, conferindo assim mais segurança ao bolo construído.
Com o mesmo princípio da diversificação surgem também os fundos cotados mundiais, como o iShares Core MSCI World ETF USD Acc, cotado na bolsa de Amesterdão. Também replica o índice de acções mundial MSCI World, mas, ao contrário do fundo da Fidelity, é negociado como uma ação e apresenta taxas de gestão mais reduzidas. Contudo, como é negociado na bolsa, está sujeito às comissões de negociação da corretora – e por causa disso deverá exigir reforços mais elevados para justificar o pagamento das comissões.
Outra solução que pode ser considerada para construir um “pé-de-meia” para a reforma são os fundos de ciclo de vida. Desenhados sob uma matriz que permite uma troca automática das posições acionistas por títulos menos arriscados com o passar do tempo, estes fundos têm a capacidade de se tornarem produtos mais conservadores à medida que a idade de reforma se aproxima, conferindo assim mais segurança ao bolo construído.
Isto significa que, por exemplo, se pretender reformar-se em 2040, pode subscrever hoje o Fidelity Target 2040 a partir de 100 euros e fazer reforços também a partir de 100 euros. Depois é só deixar o bolo crescer em piloto automático durante os próximos 18 anos. Ao fim desse tempo estará pronto para recolher os frutos de quase duas décadas de poupança.
Nota: Esta notícia não dispensa a consulta da informação oficial dos produtos financeiros identificados.
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