Do fim das secretárias aos escritórios colaborativos. As previsões sobre o futuro do trabalho no Web Summit

Desde o fim anunciado das secretárias à certeza de um modelo de trabalho híbrido, o Web Summit deu espaço a diferentes previsões sobre como será o futuro do trabalho. Conheça algumas. 

A pandemia deixou os escritórios vazios, colocou milhares de empresas a trabalhar em ambiente remoto, equipas a comunicar através de videochamadas e negócios a prosseguir à distância. A experiência do trabalho dos últimos meses abriu portas para uma nova realidade da forma de trabalhar no futuro.

A realidade remota, com a ajuda da tecnologia, pode ajudar o ambiente, dar mais flexibilidade a quem trabalha, aumentar a produtividade e revolucionar os escritórios.

Por ser um dos temas mais tratados este ano, futuro do trabalho praticamente não saiu dos debates durante os três dias de Web Summit. E há várias ideias a reter.

“Nada se perde, tudo se transforma”

No futuro, os trabalhadores só vão usufruir de cerca de 34% do espaço de escritório que antes utilizavam, revela um estudo da Hubble, plataforma que faz pesquisa sobre locais de trabalho, aos trabalhadores no Reino Unido, apresentado por Nicole Sahin, fundadora e CEO da Globalization Partners, durante a intervenção no primeiro dia do evento.

Para Cal Henderson, CTO do Slack,a forma como nos vamos relacionar com o escritório nunca mais será igual”. Para o responsável de tecnologia da plataforma de troca de mensagens instantâneas, a pandemia vai ditar o fim das secretárias individuais e até da forma como comunicamos, que passará a ser feita por canais de mensagens semelhantes ao Slack.

 

“A maioria das pessoas quer ir ao escritório alguns dias por semana. Ter a flexibilidade de trabalhar de casa. Com isso, a natureza do escritório muda para ser um espaço social e de encontro. O feeling do escritório vai mudar para sempre”, referiu ainda o responsável.

O mesmo defendeu, Eric Zuyan, CEO do Zoom, que acredita que o futuro do trabalho será “híbrido” e os trabalhadores terão a oportunidade de se deslocar apenas alguns dias ao escritório, apesar da evolução das plataformas de vídeo. “[Através do vídeo] Pode encontrar-se com mais parceiros, mais clientes, mais colaboradores. Acredito que as viagens de trabalho serão cada vez menos”, sublinhou Eric Zuyan, durante a sua intervenção no segundo dia do evento.

Os intervenientes deixaram ainda outra previsão: os escritórios serão, mais do que nunca, espaços de colaboração. Cal Henderson, CTO do Slack, lembrou que, no futuro, será mais fácil identificar as tarefas que devem ser feitas em colaboração. O mesmo lembrou Jane Geraghty, CEO da consultora britânica Landor & Fitch, que considera que este é o “momento perfeito” para falar sobre os espaços de trabalho.

Além de um espaço de colaboração, Jane Geraghty reforçou a importância do “propósito” nas decisões e na redefinição dos espaços de trabalho na era pós-Covid, e realçou que “o espaço de trabalho tem sido uma das oportunidades mais poderosas, mas geralmente esquecidas, para demonstrar o valor e o reforço do propósito dos trabalhadores”.

Além disso, os espaços de trabalho são “uma ferramenta útil para ajudar a moldar a cultura e comportamentos e inspirar, atrair e reter talento. É, igualmente, uma oportunidade fantástica para envolver parceiros e consumidores”. “Essencialmente, consideramos que o espaço de trabalho terá um papel num novo modelo de trabalho, que combina os espaços coletivos e o trabalho remoto”, referiu a responsável.

Espaços de trabalho devem ser reflexo do “propósito”

Jane Geraghty, CEO da consultora britânica Landor & Fitch, não acredita no fim dos espaços de trabalho coletivos e assegura que devem estar cada vez mais alinhados com o propósito da organização. Uma “ferramenta de transformação”. É assim que a CEO da consultora britânica considera os espaços de trabalho coletivos e assegura que o momento que vivemos é “a altura perfeita para falar sobre o local de trabalho”, referiu durante a sua intervenção no segundo dia do Web Summit.

Jane Geraghty destacou a importância do “propósito” nas decisões e na redefinição dos espaços de trabalho na era pós-Covid, e realçou que “o espaço de trabalho tem sido uma das oportunidades mais poderosas, mas geralmente esquecidas, para demonstrar o valor e o reforço do propósito dos trabalhadores”, explicou.

Com uma equipa que cresceu em mais mil pessoas desde o início do ano, o CEO do Zoom, Eric Zuyan, lembrou que o mais importante é garantir o envolvimento dos colaboradores e escalar a cultura da empresa ao mesmo tempo que se escala o negócio. “Se quer escalar uma empresa sem escalar a cultura, vai enfrentar todo o tipo de desafios”, alertou.

No pós-pandemia, repensar os espaços de trabalho vai exigir que se transformem num “ativo de transformação“, lembrou Jane Geraghty, que explicou cada um dos seis imperativos para melhorar os espaços de trabalho: cultura, função, interação, sustentabilidade, arquitetura e tecnologia.

Para cada um deles, deve ser colocada uma questão e avaliada a resposta. “Como quer que as suas pessoas se comportem? Como quer que elas trabalhem? Como é que quer que interajam? Como é que a tecnologia pode ser integrada da melhor forma no seu trabalho? Como é que pretende desenhar o espaço, tendo em conta as necessidades da sua equipa? E como quer que as pessoas tenham um impacto positivo no mundo?”, detalhou a especialista.

Fim do espaço físico aumenta oportunidades

Nicole Sahin, da Globalization Partners, acredita que o teletrabalho vai permitir recrutar a partir de qualquer parte do mundo, gerir equipas remotamente e utilizar cada vez menos os espaços de trabalho, o que vai permitir aumentar a produtividade e escalar os negócios.

“Consideramos que esta é a oportunidade para repensar radicalmente o papel do espaço de trabalho e fazer do espaço coletivo uma manifestação do propósito”, acrescentou.

Paula Fernandes, managing director na Accenture Technology, lembrou ainda na sua intervenção que o teletrabalho pode ajudar a atrair mulheres para áreas tecnológicas, devido à flexibilidade que proporciona. Eric Zuyan, CEo do Zoom, prevê também que, no futuro, as viagens de trabalho serão cada vez menos e, nos próximos 50 anos, será possível sentir cheio e energia através do vídeo.

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