Pensada para facilitar o processo de mudança a trabalhadores remotos, a Rural Move quer ter impacto nas vidas deles mas, sobretudo, combater a baixa densidade populacional nos territórios rurais.
Por um lado, um problema: existem, em Portugal, 165 municípios que são territórios de baixa densidade em Portugal. Por outro, uma nova necessidade: a vontade e a possibilidade, cada vez mais palpável e comum, de sair dos grandes centros urbanos e, trabalhar remotamente, noutro lugar qualquer. Foi a pensar na resolução deste desafio que a Rural Move assentou os seus primeiros passos.
“Tudo surgiu com um propósito social: o nosso primeiro objetivo era criar um impacto relevante na questão do despovoamento dos territórios. Somos um projeto de impacto social precisamente nessa vertente de ligação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: fortalecer as comunidades, reduzir as desigualdades entre os vários pontos do país”, assinala João Carreira, ex-KPMG, sobre uma ideia que surgiu no canal de Slack Tech4Covid — onde centenas de empreendedores desenvolveram projetos tecnológicos no país que permitissem ajudar no combate à Covid-19. Na altura, em abril, foi desafiado por Fernando Belezas, que não conhecia, a trabalhar num projeto comum.
“Queremos levar trabalhadores remotos para o interior do país, para os territórios rurais e de baixa densidade”, explica João Carreira, no mais recente episódio do podcast “Start now. Cry later”.
Lançada em julho do ano passado, a plataforma da Rural Move recebeu mais de 90 contactos de pessoas interessadas em mudar de localização e curiosas por saber que ajuda a startup poderia dar-lhes.
“Começámos a desenvolver a solução e pensámos que o que faria sentido era uma plataforma que faz o match entre os municípios e os trabalhadores remotos disponíveis para irem para esses municípios. Conhecendo quais as políticas dos vários municípios e o que tem surtido efeito, e quais são as principais dificuldades”, recorda João. Para arrancar, foram selecionados três municípios, onde a Rural Move está a desenvolver projetos-piloto: Miranda do Douro, em Trás-os-Montes, por onde começaram, Penela e, por último, São João da Pesqueira, na região do Douro. O plano é, consideram na Rural Move, uma relação win-win: tanto para os municípios como para os nómadas digitais.
“Temos uma plataforma que poderá atrair trabalhadores remotos e, assim, novos residentes para o território. Podemos canalizar essa procura, promovendo o município — se eles forem nossos parceiros –, identificando na plataforma quais são as principais valências do município, o que oferece em termos de serviços, de espaços de trabalho, de ferramentas de lazer, infraestruturas: tudo o que pode ser determinante para uma pessoa poder querer fixar-se num território desses. O nosso objetivo final é fixar as pessoas que conseguimos levar“, assinala João, reforçando: “É possível trabalhar, efetivamente, onde quisermos. E se é o ambiente rural que faz sentido para nós, há ferramentas que o permitem fazer. É só uma questão de vontade e de haver projetos como o nosso, que possam acelerar o processo.”
Pode ouvir o episódio completo “Go remote, stay close” aqui:
O podcast “Start now. Cry later” é um projeto da jornalista Mariana de Araújo Barbosa e da Startup Portugal, que conta com o apoio da revista Pessoas. Pode ouvir os episódios e seguir o projeto aqui.
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João Carreira, da Rural Move: “É possível trabalhar, efetivamente, de onde quisermos”
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