A importância do mundo digital para os nossos territórios

É nossa responsabilidade coletiva garantir que o digital é, não uma fonte de desigualdade, mas uma alavanca de desenvolvimento, coesão e integridade.

Vivemos num tempo em que o digital deixou de ser apenas um complemento das nossas vidas para passar a ser um elemento central do quotidiano, das economias e das instituições. O espaço digital não é mais um território sem dono e sem lei: é, cada vez mais, um terreno onde se joga a segurança das pessoas, das comunidades e dos territórios, a competitividade das empresas, a confiança dos cidadãos e o futuro das comunidades locais. Neste contexto, a realização dos Congressos da Segurança e Integridade Digital, que já passaram por três territórios do nosso país, revela-se não apenas pertinente, mas absolutamente essencial.

Estes congressos são, antes de mais, espaços privilegiados de encontro e de debate. Permitem reunir académicos, especialistas, decisores políticos, empresários e sociedade civil para, em conjunto, refletirem sobre os desafios e as oportunidades do ciberespaço. Debatem-se temas centrais como a segurança digital, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), o Regulamento Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC), a inteligência artificial, os bairros comerciais digitais, as aceleradoras digitais e a transição digital como motor de desenvolvimento territorial.

Num país como Portugal, onde muitas regiões ainda enfrentam desafios significativos no acesso e na utilização plena das tecnologias digitais, iniciativas como esta são fundamentais. O Congresso não fica confinado aos grandes centros urbanos: leva a discussão e a capacitação técnica a diferentes territórios, promovendo uma verdadeira democratização do conhecimento e das ferramentas digitais. Esta itinerância é, por si só, uma afirmação de que a transição digital não pode ser apenas um fenómeno dos grandes centros urbanos, das Áreas Metropolitanas de Lisboa ou do Porto; tem de ser um projeto nacional, inclusivo e coeso.

Um dos aspetos mais relevantes destes encontros é a forma como conseguem ligar a inovação tecnológica à integridade e à ética. A digitalização não pode ser feita a qualquer preço. Exige respeito pela privacidade, pela segurança dos dados, pelo cumprimento das normas europeias e nacionais, e pela preservação da confiança dos cidadãos. Da mesma forma, a inteligência artificial e os sistemas automatizados só terão sucesso se forem acompanhados de um compromisso firme com a transparência e a responsabilidade. É precisamente esta dimensão ética que torna os Congressos da Segurança e Integridade Digital tão relevantes: eles não são apenas uma montra de tecnologia, mas também um espaço de reflexão crítica.

A importância deste debate vai ainda mais longe ao lançar pontes entre o setor público e o privado. Num tempo em que os ataques cibernéticos afetam tanto instituições públicas como empresas privadas, a construção de redes colaborativas torna-se indispensável. O combate às ameaças digitais exige partilha de informação, cooperação e alinhamento estratégico.

Além disso, esta reflexão é também uma oportunidade para conhecer boas práticas internacionais, explorar novos modelos de negócio, debater políticas públicas mais eficazes e encontrar soluções para problemas concretos que afetam os nossos territórios, seja no comércio, na indústria, na administração local ou nos serviços.

O Instituto Francisco Sá Carneiro acredita que a defesa da democracia e o reforço da coesão social passam, cada vez mais, por garantir uma transição digital inclusiva, segura e ética. Congratulamo-nos, por isso, com este debate. Estamos certos de que o futuro de Portugal passa por iniciativas onde o conhecimento e a inovação se colocam ao serviço das pessoas e dos territórios.

É nossa responsabilidade coletiva garantir que o digital é, não uma fonte de desigualdade, mas uma alavanca de desenvolvimento, coesão e integridade.

O Mundo Digital já não é uma opção a ter em conta. É uma certeza. É a forma como se constrói o futuro.

  • Colunista convidado. Vice-Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro

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