#aCulturaÉSegura. E dá lucro

  • Mariana de Araújo Barbosa
  • 1 Dezembro 2020

Sete em cada 100 europeus trabalha em indústrias criativas. Agora imagine: e se a cultura fosse de todos e para todos?

No dia em que escrevo este editorial faltam poucas horas para ir ao teatro. Para voltar ao teatro, melhor escrito. Comprei bilhete para a peça “Todas as coisas maravilhosas”, primeiro, porque me foi recomendada; depois, porque circula nas redes sociais um movimento de incentivo ao consumo de cultura – e quem diz teatro diz música, cinema e outras artes, em geral, popularizado pela hashtag #aculturaésegura; e, em terceiro lugar, porque depois da visita ao dstgroup, empresa de construção e engenharia portuguesa, no início de outubro – cuja reportagem pode ler nesta revista -, comecei a pensar no quanto gosto de teatro e, em contrapartida, no facto de não ir ao teatro há bastante tempo.

Há meses que falamos da importância da cultura e do quanto ela nos “salvou” enquanto estivemos em confinamento, durante esta pandemia. Os argumentos vão desde a ministra da Cultura que, há poucos dias, apelou a que se consumam espetáculos sempre que se possa, até ao artista independente e sem qualquer fonte de rendimento na perante a ausência de público. O que é certo é que, apesar desta mobilização nas redes sociais, os números sobre o emprego na cultura, em Portugal, são díspares: o setor, fragmentado, não tem números oficiais. Sabe-se, no entanto, que 7% das pessoas na Europa trabalham em indústrias criativas: e esse número já pode dar pistas sobre os números que dizem respeito ao mercado nacional, ainda que, no nosso país, as fontes se dividam na disparidade dos números.

Enquanto penso nesta fragmentação, ecoa na minha cabeça uma frase do engenheiro José Teixeira, presidente do conselho de administração do dstgroup, empresa líder nacional em engenharia e construção. “Uma empresa culta é muito mais competitiva”. Por isso é que, no complexo do grupo, em Braga, onde trabalham a maioria dos 2.000 colaboradores da empresa, todos, sem exceção, têm acesso a uma espécie de “museu a céu aberto”: esculturas, pinturas, arte urbana, murais e instalações, convivem com produção industrial pesada, coordenada com a frequência de curso de filosofia por 350 trabalhadores. José Teixeira acredita que o contacto com estas formas de arte e cultura provoca e mexe com os seus trabalhadores. E isso contagia clientes e ajuda, crê, o dstgroup a faturar anualmente 450 milhões de euros.

Imagine-se, agora, se a cultura ganhasse escala.

  • Mariana de Araújo Barbosa

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