As empresas de IT e os riscos de responsabilidade civil
Ricardo Pereira, Subscritor de Linhas Financeiras da Innovarisk, alerta para as consequências de erros e omissões de profissionais de empresas tecnológicas.
Vivemos na era do digital, onde cada vez mais este se revela fundamental, e, até, indispensável.
Pensemos, por momentos, no que seria de nós sem o mundo digital. É um exercício difícil porque, hoje, mais do que nunca tudo está ao alcance de um clique, seja no telemóvel, no computador ou no tablet. O universo é o infinito e tendemos a estar, no futuro, quase 100% dependentes do formato digital. Isso é bom? Será perigoso? Pelo menos funcional, fácil, rápido e descomplicado, é!
Recuemos na história: quando surgiu o primeiro computador, em 1946, desenvolvido durante a 2ª Guerra Mundial pelas mãos de norte-americanos, ou um pouco mais à frente, quando apareceu a Internet, no auge da Guerra Fria, deu-se, em cada um desses momentos, um enorme avanço para toda a humanidade. No mundo do entretenimento, quem não se lembra de êxitos tão diferentes da sofisticação gráfica de hoje, como Pacman ou o jogo da cobra nos antigos modelos da Nokia? Durante quase 100 anos a tecnologia como a conhecemos hoje foi-se formando, evoluindo, desafiando, foi-nos conquistando. E quem esteve por detrás de todo este desenvolvimento? O humano, sempre o humano, por detrás de todas as criações, dos motores de busca ao software de controlo de máquinas, dos comparadores de preços de viagens aos programas de edição de imagem. O homem, sempre falível, mas ao mesmo tempo sendo ele a alimentar a máquina, o projeto.
Qual a vantagem da máquina perante o humano? É mais rápida a pensar, a processar, não tem emoções. Foi isso que nós, humanos, ensinámos à máquina, e agora é nisso que elas são melhores do que nós, acabando muitas vezes por nos tornar a nós, obsoletos. Mas no meio de toda esta história fantástica sobre a era tecnológica nunca podemos esquecer o homem, o que ensina, o que programa a máquina, aquele que pode errar. E o que esses erros podem provocar.
Deve-se acrescentar também que no mundo atual, todas as empresas vivem sempre com o peso dos prazos. O prazo de entrega, o prazo de pagamento, o prazo legal…… Nos negócios a rapidez é palavra de ordem e as empresas de informática não são exceção. São também os prazos que fazem com que exista um planeamento minucioso por parte destas empresas, para que não percam clientes por mau serviço, para que não lhes criem um prejuízo porque se atrasaram. Mas se houver um atraso? Ou um erro no projeto que o provoque?
Imaginem, por instantes, que surge um problema nacional na rede de caixas automáticas e terminais de pagamento e que o mesmo se estende por dois dias. Como seria a nossa vida? Como seria impactada a vida das várias instituições, financeiras e não financeiras, sem poderem receber ou fazer pagamentos? A uma escala menor, pensemos no que seria um erro ou um atraso na entrega de um software que permitisse a uma empresa importar e exportar. Ou poder controlar a sua base de CRM (Customer Relationship Management), fazendo com que a empresa perdesse temporariamente o acesso a dados importantes, tais como os contactos dos clientes, suas preferências, encomendas anteriores, assuntos pendentes, etc. Que tipo de reclamações e prejuízos poderia isto suscitar? São cenários que podem acontecer, é um facto, e que podem derivar de um simples engano num projeto ou da demora na entrega do trabalho. Situações que podem ser alimentadas por fatores nem sempre fáceis de controlar, como a saída ou a indisponibilidade súbita da pessoa mais qualificada do projeto.
Qualquer empresa de informática estará sempre pressionada por dois fatores: o prazo e o erro. Qualquer erro, face a redundâncias nestes dois pontos pode provocar vários danos aos seus clientes, e, claro, à empresa que terá de responder por eles.
É, portanto, indispensável para uma empresa de informática ter um excelente planeamento, um plano de contingência de negócios, e algo que limite a sua responsabilidade e os possíveis prejuízos que daí possam decorrer, como um bom apoio jurídico e uma boa apólice de seguro.
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