Beleza? Saúde é (funda) mental

  • Mariana de Araújo Barbosa
  • 5 Junho 2020

Em contexto de crise, mais do que nunca, devemos olhar para a saúde mental como “o” benefício: tão fundamental para os trabalhadores como para as empresas.

Escreveu o poeta Vinicius de Moraes que beleza é que é fundamental. Discordo. A saúde mental é que é. A falta dela tem muitos nomes: absentismo, presentismo, baixa produtividade, burnout. Pode manifestar-se na baixa motivação, no desânimo, na pouca ou nenhuma vontade de trabalhar logo de manhã. E, à parte todas as suas manifestações, as suas consequências são medidas a curto, médio e longo prazo: primeiro na pessoa, doente e, tantas vezes incapaz de reagir; depois, nas pessoas que a rodeiam; por fim, na comunidade: sociedade e, claro, empresas, incluídas.

Por ser ainda, um tabu, a saúde mental é encarada como um “extra”, uma espécie de bónus que se dá aos trabalhadores através de aulas de ioga ao final da tarde, serviços de cuidado e beleza e, até, atividades de team building fora das quatro paredes do escritório. E que nem sabemos bem como prevenir.

A saúde organizacional está associada a um desempenho financeiro cerca de 2,2 vezes superior à média e estudos científicos demonstram que os benefícios gerados por programas de promoção de saúde psicológica no trabalho, durante um ano, podem variar entre os 81 cêntimos e os 13 euros, por cada euro gasto nestes programas. No entanto, Portugal tem, a nível europeu, uma das taxas de mal-estar mais altas. Temos a maior taxa de consumo de medicamentos. E temos, mais do que tudo, um estigma face ao tema, sublinham os especialistas.

Nesta edição da Pessoas, neste contexto em particular, fomos conhecer projetos e percursos de gente como nós: moradores num mundo incerto, com um ritmo acelerado que nos distrai e uma espuma de dias que, tantas vezes, não nos permite olhar para dentro e perceber que a saúde vem mesmo daí.

Pode assinar a revista Pessoas aqui.

Na loucura destes dias – nos Manicómios de cada um -, temos de encontrar o equilíbrio que nos permita viver. E que, dessa vida, o trabalho nos faça bem. Afinal, como na história da Alice no País das Maravilhas, “não somos todos loucos, aqui?”

P.S.: A capa desta revista é uma saudável parceria entre os designers da Pessoas e o projeto Manicómio, cuja história é contada em algumas das próximas páginas. Obrigada pela vossa ajuda e, sobretudo, pela dignidade que restituíram aos vossos artistas.

  • Mariana de Araújo Barbosa

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