Bem-estar dos colaboradores, uma prioridade pós-pandemia
Os efeitos da pandemia mostraram como o bem-estar e a saúde dos colaboradores deve ser, mais do que nunca, uma prioridade das empresas – à qual urge uma abordagem holística e personalizada.
Cuidar da saúde e bem-estar dos colaboradores não é um tema novo em recursos humanos. O investimento nestas áreas já era feito, como forma de envolver, valorizar e reter talento, ajudando as pessoas a alcançar o seu potencial máximo – algo que contribui também para um melhor desempenho da organização no seu todo e para a diminuição da exposição a riscos organizacionais.
Estas questões atingiram, no entanto, um significado acrescido durante a pandemia. É fácil perceber porquê. Preocupações redobradas dos colaboradores com a saúde física (perante os riscos da Covid-19), mas também com os seus impactos indiretos: um novo contexto de teletrabalho, o diluir de fronteiras entre a esfera pessoal e profissional, dificuldades na gestão familiar e uma preocupação generalizada em relação ao próprio emprego e à segurança dos rendimentos.
Coloca-se, portanto, a pergunta fundamental: nesta nova realidade, ainda mais complexa, como cuidar melhor das nossas pessoas? O estudo “Workforce Protection”, da Universidade de Oxford e do Grupo Zurich, faz desta questão um tópico recorrente. O documento demonstra como a força de trabalho emerge no pós-pandemia mais fragilizada (com maior perceção de vulnerabilidade em saúde e rendimentos) e que a abordagem holística ao bem-estar é, mais do que nunca, uma prioridade indiscutível. O que implica continuar a criar condições para cuidar e fomentar o bem-estar de cada colaborador nas diversas dimensões – físico, mental, social e financeiro.
Operacionalizar uma abordagem holística
Apesar da importância de uma abordagem holística ser consensual, mesmo antes da pandemia, a sua concretização é muito heterogénea e em diferentes estágios de empresa para empresa. Existem, no entanto, tendências e estratégias que devemos ter em conta. Criar canais de comunicação diretos e monitorizar o bem-estar da força laboral (uma tendência cada vez maior, segundo o estudo já mencionado) permitem obter indicadores de ação e melhoria. A partir daqui, estou confiante de que veremos cada vez mais iniciativas nas empresas, como a flexibilização do espaço e tempo de trabalho, incentivos a um melhor equilíbrio entre a esfera pessoal e profissional ou a disponibilização de acompanhamento psicológico.
Podemos, ainda assim, continuar a evoluir este caminho. Benefícios e regalias desempenham um papel fundamental neste pós-pandemia em que as pessoas e as famílias se sentem tão vulneráveis e procuram soluções concretas para voltar a confiar e sentir-se em segurança nos seus empregos. Mas também a longo prazo, promovendo o bem-estar ao longo da carreira com soluções flexíveis para novas realidades.
Em paralelo com os benefícios mais tradicionais, cabe a cada empresa refletir sobre que outros benefícios podem ser relevantes para as suas pessoas, numa lógica de inovação. Maior flexibilidade laboral nos horários? Iniciativas de formação profissional contínua? Mais dias de férias? Todas as soluções – e combinações – podem ser válidas, desde que adequadas e personalizadas às necessidades reais de cada colaborador (comprovadas também pela monitorização do seu bem-estar).
É ainda importante ter presente que a proteção financeira faz parte do tão ambicionado bem-estar, ainda mais numa altura em que as famílias estão particularmente vulneráveis ao risco de perder rendimentos. Portanto, entre as soluções desenvolvidas, à medida, por cada organização, a literacia financeira tem de ter um lugar cativo. O estudo” Workforce Protection” mostra que já antes da pandemia, as empresas reconheciam o seu papel enquanto prestadores de orientação financeira (68% das empresas inquiridas implementaram programas educacionais). Com o impacto da pandemia, este esforço deve manter-se e ser aprofundado.
Não tenhamos ilusões: cuidar dos nossos no futuro que temos pela frente, com as consequências que permanecerem destes tempos atípicos e com a migração para uma economia digital que requer novas competências, continuará a ser complexo, necessitando de estratégias e abordagens robustas. Mas é também nestes tempos extraordinários que a orientação e o impacto que podemos dar, enquanto empregadores, se torna mais relevante. Saibamos ouvir e cuidar. Pessoas saudáveis e empresas saudáveis disso dependem.
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