Bom processo de recrutamento, futuro cliente?
Estudos sugerem que pessoas mais satisfeitas com a sua experiência durante o processo de recrutamento têm maior probabilidade de vir a aceitar o trabalho e até de se tornarem clientes da empresa.
Já todos nós passámos por uma má experiência enquanto clientes. E qual é a nossa reação quando isso acontece? Contamos aos amigos, não voltamos a comprar no mesmo sítio, fazemos reviews online e/ou fazemos uma reclamação formal. Este paradigma é muito semelhante à experiência do candidato e, no caso de uma má experiência, a reação é exatamente a mesma. Ainda mais importante se torna nesta era digital em que tudo acaba por estar online e pode muito facilmente afetar a reputação de uma empresa e a sua capacidade de atrair as melhores pessoas.
Candidate Experience tornou-se numa buzzword muito usada nos dias de hoje pelas empresas. Começou sobretudo nas empresas ligadas ao setor das tecnologias, pois devido à escassez de candidatos tornou-se também numa forma de competir com outras empresas pelo mesmo talento. É um mercado candidate driven por isso é normal que assim seja – é a velha lei da oferta e da procura a funcionar.
Mas será que vale a pena o “esforço” noutras áreas em que as oportunidades disponíveis não se equiparam às ligadas ao mundo da tecnologia?
Alguns estudos sugerem que pessoas mais satisfeitas com a sua experiência durante o processo de recrutamento têm maior probabilidade de vir a aceitar o trabalho e até de se tornarem clientes da empresa. O recrutamento deixou de ser um processo unidirecional em que a empresa faz o assessment dos candidatos e os escolhe: o contrário também se verifica e com tendência para se acentuar com a entrada no mercado de trabalho das novas gerações.
Recentemente contratei duas pessoas para a minha equipa na área do recrutamento e encaro este processo como fundamental no sentido em que foi aí que a nossa relação enquanto colegas começou. O facto de proporcionar uma boa experiência durante o recrutamento faz com que comece a ser construída uma relação de confiança e transparência, que depois é mais facilmente transportada para o dia-a-dia de trabalho. Estou convicto de que, na área de recursos humanos, as pessoas são ainda mais suscetíveis à sua experiência durante o recrutamento, ou não fosse em muitos casos essa a sua área de atuação. Assim sendo, torna-se ainda mais importante pensar e desenhar a experiência do candidato na área de RH para que esta possa ser o ponto de partida para o sucesso da colaboração entre pessoas e empresas numa área tão importante no dia-a-dia das organizações. Isto traduz-se na implementação de práticas mais focadas nas pessoas e processos mais ágeis e transparentes.
A candidate experience deve ser encarada como um processo contínuo, não terminando no momento de aceitação da proposta e sendo extensível ao processo de onboarding.
*Jóni Sousa é head of People & Talent na Equal Experts.
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