O papel da tecnologia na humanização das organizações
Não devemos ignorar o facto de que a digitalização dos processos do departamento de recursos humanos é um vetor essencial para libertar o verdadeiro potencial dos gestores.
Não é novidade que as pessoas são os seus primeiros clientes das organizações. Por isso, é fundamental criar organizações que valorizem os seus colaboradores, através de uma cultura empresarial forte e com foco nas pessoas, que promovam locais de trabalho com um propósito claro e onde cada indivíduo possa crescer. E, por mais estranho que possa parecer, os responsáveis de recursos humanos são os principais “comerciais” da empresa no que respeita aos colaboradores como um todo. São eles que “vendem” a ideia de que «vale a pena trabalhar aqui» e contribuem para que esta seja adquirida todos os dias, mentalmente.
Como explica Seth Godin, no livro “As Pessoas Primeiro”, que foi acabado de editar em Portugal, «o trabalho é a expressão da nossa energia e dos nossos sonhos. Devemos aos que estão connosco nessa jornada a mesma dignidade e conexão que gostaríamos de receber em troca.» E vai mais longe: «o verdadeiro desejo é o significado. Fazer algo que importa. Fazermos falta se partirmos. O desejo universal de alcançar a dignidade e sermos compreendidos.»
Ou seja, mais do que salário, compreensão. E, talvez mais do que salário emocional, conexão.
Mas afinal, o que tem isto a haver com a tecnologia? Tudo. De acordo com o 2024 HR Maturity Index: The Yardstick for HR Transformation, os departamentos de recursos humanos tendem a ser pouco ouvidos – apenas 48% no momento de investir em soluções de gestão de talento, tempo e processos administrativos de RH.
Estas soluções permitem às empresas recolher informação sobre os perfis e competências dos seus colaboradores, o seu potencial, produtividade, lacunas formativas, histórico de remunerações e prémios. No entanto, as empresas que utilizam a tecnologia para otimizar os processos de gestão de pessoas ainda não são a maioria.
É também um pouco surpreendente que o mesmo número, 48%, se aplique às organizações consideradas digitalmente maduras. Aquelas em que a maioria dos processos dos departamentos de RH são automatizados e em que estes profissionais têm o tempo e a disponibilidade para se dedicarem, principalmente, a valorizar as pessoas das suas organizações e a potenciar o seu empenho e capacidade de fazer mais e melhor, tanto pela empresa em que trabalham como por si próprios. E numa amostra de 740 profissionais de RH em 17 países da Europa, América Latina e América do Norte, de nível sénior ou executivo, de empresas de todos os setores com mais de 500 trabalhadores. Nas PME, a situação adquire uma base ainda mais dependente de processos manuais e os gestores de recursos humanos enfrentam desafios maiores.
A colaboração inexistente ou ocasional dos departamentos de RH com os demais departamentos das respetivas empresas, em 67% dos casos, faz parte do problema. E não se trata de “uma questão de RH”, mas um desafio tecnológico, e em simultâneo de cultura corporativa.
A tecnologia é um pilar fundamental para criar organizações humanizadas e eficientes. Não devemos ignorar o facto de que a digitalização dos processos do departamento de recursos humanos é um vetor essencial para libertar o verdadeiro potencial dos gestores, permitindo-lhes dedicar-se ao que realmente importa: a valorização e o desenvolvimento das pessoas.
As soluções tecnológicas permitem fortalecer a conexão entre equipas, otimizar a gestão de talento e garantir o reconhecimento justo e oportuno dos colaboradores, contribuindo assim para a criação de locais de trabalho com significado e propósito. Portanto, é imprescindível que as organizações, independentemente da sua dimensão, reconheçam a importância de adotar sistemas que promovam tanto a eficiência operacional, como a dedicação ao bem-estar e à evolução dos seus primeiros clientes: os colaboradores.
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