O que a Geração Z procura no mercado de trabalho
Não quer apenas empregos, quer impacto, liberdade e propósito. Ignorar as suas exigências pode custar às empresas o futuro.
A Geração Z, nascida entre 1997 e 2012, já ocupa um lugar relevante no mercado de trabalho. Em Portugal, enfrenta uma taxa de desemprego juvenil elevada, superior a 19%, mas a sua entrada traz também novas exigências e prioridades.
Esta geração, nativa digital, cresceu num contexto de crises sucessivas, hiperconectividade e valorização do bem-estar, o que molda profundamente a sua relação com o emprego e a forma como o perceciona.
Propósito, flexibilidade e bem-estar
Se para gerações anteriores a estabilidade e a remuneração eram prioridades exclusivas, para a Geração Z o alinhamento com valores e propósito pesa tanto quanto o ordenado. Pesquisas revelam que 86% destes jovens consideram essencial trabalhar em organizações com missão clara e impacto positivo, enquanto 70% rejeitam funções sem esse enquadramento ético. Mais do que um emprego, ambicionam um projeto que faça sentido.
Outro fator determinante é a versatilidade. Cerca de 72% dos jovens já ponderaram sair de funções sem regimes de trabalho flexíveis, e três em cada quatro afirmam que o teletrabalho é um critério decisivo na escolha profissional. Não se trata de falta de compromisso, mas de uma busca por maior autonomia na forma de organizar tempo e espaço, preservando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A Geração Z quer progressão rápida, mas, sobretudo, acesso a oportunidades de desenvolvimento. Um estudo recente mostra que 41% apontam a falta de formação e crescimento como motivo para abandonar funções. Paralelamente, o bem-estar mental surge como exigência inegociável: 40% dizem sentir-se frequentemente stressados, sendo o trabalho uma das principais causas. Por isso, ambientes inclusivos, colaborativos e que ofereçam segurança psicológica são crescentemente valorizados.
Embora os dados específicos sejam ainda limitados, é evidente que muitas pessoas iniciam o percurso profissional através de estágios apoiados pelo Estado, uma realidade que pode alcançar 55% dos jovens desta geração em Portugal. Parte significativa destes estágios realiza-se em áreas ligadas ao turismo, como hotelaria, restauração e eventos, setores onde a procura por experiências autênticas se cruza com a identidade desta geração. Como consumidores, os jovens privilegiam viagens, estadias únicas e momentos memoráveis; como profissionais, visam contextos que reflitam esse dinamismo e que estejam alinhados com valores de sustentabilidade e propósito.
O desafio para as empresas
A Geração Z não quer repetir o modelo dos seus pais. Quer impacto, equilíbrio e significado. Para os empregadores, isto representa tanto um desafio como uma oportunidade. Organizações que não ofereçam flexibilidade, transparência e um ambiente saudável arriscam-se a perder estes talentos num prazo curto, sobretudo, num momento em que algumas empresas recuam no teletrabalho. Mas o ponto crucial não é a defesa do trabalho remoto em exclusivo, é dar ao trabalhador o poder de escolha. O modelo híbrido, quando bem estruturado, pode ser a solução adequada, ao conciliar autonomia com ligação à cultura da empresa.
Mais do que ajustar políticas de recursos humanos, é preciso repensar a forma como concebemos o trabalho. Porque compreender a Geração Z não é apenas ler tendências, é perceber, desde já, como se desenha o futuro do emprego.
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