Os tão ansiados, e merecidos, banhos da silly season
É um facto que meio país está a banhos, em pleno gozo de férias, e, espero eu, em completo detox digital. Será isso silly? Sinceramente, não creio.
Nunca percebi porque se designa a este período do ano como a silly season. É um facto que meio país está a banhos, em pleno gozo de férias, e, espero eu, em completo detox digital, desligados da realidade corporativa que integram, mais conectados com as suas famílias e amigos e mais dedicados aos seus hobbies ou tão somente a aproveitar efetivos tempos de lazer e relax. Será isso silly? Sinceramente, não creio.
Após dois, intensos, anos de vivência pandémica, sinto de forma persistente que as pessoas estão globalmente extenuadas, desmobilizadas e a reagir em modo automático, sem reais ligações emocionais seja a outros seja a instituições. É absolutamente fundamental restabelecer essas saudáveis e voluntárias relações.
A necessidade de parar, de estar consigo e com os seus, a aproveitar, sempre que possível, o dolce far niente, não é apenas um direito, sendo um imperativo a bem da saúde física e mental de todos, pessoas e organizações, tendo que ser respeitado na sua plenitude.
A acidez que vamos constatando nas relações pessoais e corporativas, o egocentrismo emergente e a intolerância não são ultrapassados sem a humanização e a personalização que lhes estão subjacentes e isso também passa por respeitar os períodos de descanso. É urgente viver, na sua essência, a empatia!
Exercício simples: recordem aquela semana em que mal conseguiram dormir porque tinham inúmeras tarefas em curso, com deadlines apertados, onde as 24 horas disponíveis pareciam demasiado curtas para conciliar esses compromissos profissionais, a que acresciam a agenda social das crianças e ainda havia um qualquer jantar de aniversário a meio da semana, que não vinha mesmo nada a calhar, e que atrapalhava mais a gestão da agenda. Infelizmente, não é ficção nem tão pouco uma situação pontual ao longo do ano e, invariavelmente, a exaustão apodera-se e mesmo os momentos que deveriam ser prazerosos, de celebração ou tão simplesmente de acompanhamento dos filhos, tornam-se verdadeiros tormentos porque a cabeça está longe… focada no excel onde está registada a check-list de atividades.
Acreditamos mesmo, de forma consciente e honesta, que os negócios vão florescer quando as suas pessoas estão em modo robot?
Todos apregoamos que, nesta exigente época, a criatividade e a inovação são críticas para o sucesso corporativo. Sendo uma “verdade de La Palice” que a sua concretização estará na dependência das suas Pessoas, não deverão estas estar no seu pleno potencial, mobilizando o talento disponível, com elevados níveis de entusiasmo e energia? E, para esse fim, um dos meios, não deveria ser deixá-las aproveitar integral e plenamente as suas merecidas férias?
Se não respeitarmos o período de banhos, como podemos esperar resultados organizacionais relevantes? Recordam-se do exercício? Imaginem que o vosso Outlook ganha vida nos 365 dias do ano… Será que conseguiremos ser efetivamente produtivos? Não estaremos, aí sim, na qualidade de colaboradores, mas também de gestores, a ser verdadeiramente sillys? Qual será o limite da tão em voga resiliência?
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