Responsabilidade Social Empresarial: a solidariedade é contagiante

  • Sara Rego
  • 22 Dezembro 2022

Assumir uma gestão socialmente responsável e consciente será o grande desafio da liderança em 2023.

Entre termos amplamente integrados no vocabulário corporativo encontram-se o B2C (Business to Consumer) e o B2B (Business to Business), mas há uma terceira vertente extensível a qualquer modelo de negócio: o B2S, isto é, Business to Society. Apesar de parcamente utilizado, este eixo demonstra os efeitos multiplicadores que uma empresa pode gerar na comunidade e todos os seus efeitos positivos em prol de um equilibrado funcionamento da sociedade.

No âmbito das múltiplas políticas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), um conceito intrinsecamente ligado ao B2S, multiplicam-se as ações de solidariedade, de forma particular, num momento em que nos aproximamos de uma época festiva. Nas divulgações destas iniciativas, repercutem-se os valores humanistas intrínsecos a esta quadra. No entanto, esta atuação corporativa, que não deverá ser circunscrita a este período, ainda não é totalmente consensual.

Deparados com este cenário, os diferentes stakeholders das empresas discutem, legitimamente, o lugar que as práticas de responsabilidade social assumem no seio das Organizações, questionando se as ações levadas a cabo integram uma estratégia reputacional, com o objetivo de minimizar a atenção sobre eventuais práticas menos positivas. Haverá um gap entre as iniciativas que vemos e ouvimos as empresas divulgar e o seu impacto real?

Apesar de certas práticas prejudicarem a verdadeira essência da RSE, o altruísmo nunca conhecerá o significado de publicidade. Neste sentido, a indispensabilidade destas ações reside em duas grandes forças motrizes: sensibilizar e mobilizar. No fundo, o objetivo consiste em almejar a conversão das micro ações desenvolvidas num macro impacto na sociedade.

A montante, numa perspetiva centrada naquilo que representa a Comunicação Interna, acredito que qualquer corporação tem o dever de sensibilizar os seus colaboradores em torno dos seus valores fundadores. Materializar essa responsabilidade deriva, a título de exemplo, de simples e eficazes ações como a digitalização dos processos, workshops sobre práticas positivas em contexto de trabalho, a inclusão de pessoas com deficiência, o apoio a práticas culturais e desportivas ou a integração de refugiados nas equipas.

Na definição das práticas mais adequadas e alinhadas com o setor de atividade de cada empresa, as organizações encontram nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU um importante barómetro e paradigma orientador. A par de uma visão comum para a Humanidade, as dezassete metas corporizam uma matriz para a plena integração das práticas de responsabilidade social no sentido da concretização da Agenda 2030.

Já a jusante, uma organização deverá estar consciente do papel das dinâmicas implementadas como catalisadores da mudança para que as pessoas conheçam e adiram a movimentos ou associações essenciais para a sociedade, ao imputar um selo de credibilidade a todas as entidades parceiras que acelera o processo de apoio. Após este contacto inicial, é possível que, autonomamente e mesmo que de forma externa à empresa, os Colaboradores adiram ao voluntariado ou adotem práticas sustentáveis nos seus hábitos diários, tornando-se embaixadores das causas.

Quando escondidas na sombra do altruísmo anónimo, as iniciativas socialmente responsáveis não permitem desvendar uma efetiva mobilização. A partir deste prisma, emerge uma necessidade urgente de repensar a definição de capital humano, uma vez que o seu calibre não se limita ao valor económico das competências profissionais, compreendendo igualmente o poder conjunto na sociedade.

No ramo segurador, que baseia toda a sua atividade na antecipação de ameaças e respetivo acautelamento e mitigação, as ações de RSE adquirem um peso acrescido. As prementes e novos riscos, como o risco pandémico, os riscos das alterações climáticas ou os riscos cibernéticos, devem corresponder respostas adequadas. Desta forma, o setor tem uma particular responsabilidade para abranger toda a sua rede de partes interessadas numa atividade cada vez mais socialmente desperta e envolvida. Além disso, debatendo-se crescentemente com a escassez de talento, definir uma estratégia de RSE de forma concreta e integrada pode representar o fator diferenciador que permite, antes de mais, reter e atrair Colaboradores, construindo um ambiente de trabalho saudável e uma identidade corporativa com a qual estes se identificam.

A RSE não representa uma mera ferramenta de autopromoção, mas antes o grande propulsor para a edificação do ADN de cada empresa. Antecipando-se um ano inconstante e altamente complexo, assumir uma gestão socialmente responsável e consciente será o grande desafio da liderança em 2023.

  • Sara Rego
  • Administradora e CFO da F. REGO – Corretores de Seguros

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