Sim, os meus investimentos também podem salvar o planeta
A dimensão dos investimentos é frequentemente posta de lado, apesar do papel vital que cada um de nós pode assumir ao escolher de forma consciente os ativos em que investe.
Apesar do consenso científico de que é preciso uma redução urgente das emissões de carbono, em 2023, as emissões globais deverão atingir as 36,8 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que, de acordo com o relatório “Global Carbon Budget 2023”, representa um aumento de 1,1% em relação a 2022.
Face a este cenário, torna-se impossível não compreender que é cada vez mais necessária uma ação coletiva, tanto da Administração Pública, como das empresas e dos cidadãos para promovermos o caminho para um futuro mais sustentável, não só para nós, mas também para as gerações vindouras.
Embora as formas mais convencionais para assegurarmos um planeta mais verde sejam relativamente bem conhecidas, a dimensão dos investimentos é frequentemente posta de lado, apesar do papel vital que cada um de nós pode assumir ao escolher de forma consciente os ativos em que investe.
Não nos podemos esquecer que o principal objetivo de um investidor passa sempre por arrecadar lucros que proporcionem uma fonte estável e segura de rendimentos. Mas também é ingénuo afirmar que essa meta e a defesa do planeta não podem andar de mãos dadas.
Um dos exemplos que melhor demonstra essa simbiose é o crescente investimento em ETFs ESG. Estes produtos conseguem aliar as principais vantagens dos ETFs, “nomeadamente pela facilidade de negociação e pelo aumento da liquidez associados a estes produtos, e dos ativos ESG, que representam o desempenho de empresas com elevados ratings Ambientais, Sociais e de Governance.
Este tipo de produtos é uma das ramificações que começaram a surgir graças à relevância que os ETFs têm vindo a ganhar nos últimos tempos, o que tem permitido a estes ativos atingir novos recordes de forma recorrente. Só em fevereiro, os ETFs negociados na Europa atingiram a marca dos 1,9 biliões de dólares. Este foi o 17º mês consecutivo em que foram atingidos novos máximos na negociação de ETFs.
Esta tendência, por sua vez, tem levado o mercado a diversificar a oferta destes produtos, adaptando este modelo de investimento a diferentes produtos. Foi o que aconteceu com os ETFs ESG, que aplicam a forma de investimento dos ETFs a soluções que permitem promover investimentos que contribuam para acelerar uma transição energética e uma descarbonização da economia sustentáveis.
Esta possibilidade tem resultado na promoção de novos investimentos. Prova disso são os valores registados em fevereiro de 2023, quando o investimento global em ETFs ESG atingiu os 449,5 mil milhões de dólares. Foram precisos menos de 10 anos para que os 4,7 mil milhões que estavam aplicados a estes produtos financeiros em 2014 crescessem 100 vezes.
Portugal também não escapa a esta tendência. Em 2023, os ETFs afetos a maior desempenho dos valores ESG foram o segundo produto financeiro a receber uma maior fatia do investimento total dos clientes da XTB em território nacional, ultrapassando mesmo as aplicações em ETFs com exposição às maiores empresas tecnológicas. Já nos primeiros meses de 2024, 17% dos novos utilizadores da XTB incluíram ETFs ESG nos seus Planos de Investimento, de forma a garantirem uma aplicação constante e adaptada à sua capacidade de investimento neste tipo de ativos.
Para ter uma ideia mais clara do crescimento destes produtos, a XTB fez recentemente uma análise aos 15 ETFs mais comercializados em Portugal nos últimos três anos, classificando de 1 a 5 a sua exposição aos valores ESG. Rapidamente se concluiu que os produtos com nível 3 ou superior têm ganho uma massa de adeptos considerável em Portugal. Em 2022, apenas 9 dos 15 produtos mais vendidos chegavam atingiam esta classificação, ao passo que, em 2023 e 2024, eram registados 12 produtos com nível 3 ou superior.
Ao mesmo tempo, o número de ETFs de nível 4 e 5, ou seja, mais afetos à responsabilidade ambiental e social das empresas, tem aumentado de forma consistente ao longo desses anos, passando de apenas dois em 2022 para cinco em 2023 e para seis em 2024.
Apesar de os dados referentes a 2024 serem apenas provisórios, uma vez que o ano ainda se encontra numa fase inicial, esta evolução é sinal da maior confiança na rentabilidade que estes ativos têm registado na última década. Os ETFs ESG não só permitem responder a uma das principais preocupações atuais – a necessidade de direcionar fluxos de investimento para ativos com um alto desempenho em parâmetros de responsabilidade social e de sustentabilidade – como também representam uma fonte viável de aplicar os investimentos de cada um. Os investimentos do futuro são sustentáveis, mas não por isso menos rentáveis.
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