The Great Resignation: como podem as empresas combater este fenómeno?

  • Cláudia Cerqueira
  • 17 Outubro 2022

Para uma empresa ser capaz de combater a tendência do The Great Resignation e reter o talento mais qualificado, tem, principalmente, de colocar as suas pessoas no centro.

The Great Resignation – ou Big Quit e The Great Reshuffle, como também é conhecido o fenómeno, é uma tendência com origem nos Estados Unidos da América e que consiste numa grande massa de colaboradores abandonarem voluntariamente os seus empregos – algo que nos últimos tempos muito tem marcado o mercado de trabalho. No entanto, embora se possa pensar que o fenómeno tenha nascido na pandemia, potenciado pelas novas prioridades dos profissionais que foram surgindo neste momento de crise, a realidade é que este já se tem vindo a instalar na última década, e apenas se intensificou durante a Covid-19.

Nesse sentido, só nos Estados Unidos da América, todos os meses, cerca de três milhões de colaboradores pedem demissão para procurarem melhores oportunidades profissionais. Porém, isto não se fica por este mercado. Este fenómeno tem-se vindo a globalizar e está cada vez mais presente no mundo corporativo, tendo assim feito com que mais empresas, globalmente, estejam centradas em contornar esta tendência, ao focarem-se na retenção das suas equipas. Dessa forma, instalam-se na mente de líderes questões como “O que se pode fazer para reter o talento existente na empresa?”, ou mesmo, “Como tornar a organização atrativa, de forma a responder às necessidades dos profissionais?”.

A realidade é que cada vez mais o motivo para um trabalhador se manter ou escolher mudar para uma empresa já não passa apenas pela remuneração ou o cargo que desempenha. Os colaboradores querem fazer parte de uma empresa onde se sintam valorizados, onde exista oportunidade de aprendizagem e progressão, e que tenha um ambiente organizacional com o qual se identifiquem. Com base nessa premissa, existem diversas estratégias que podem e devem ser implementadas pelas empresas para combater esta tendência, sendo importante destacar as cinco principais.

De forma a reter os seus profissionais, as organizações devem em vez de chefes, ter líderes. Estes são profissionais com uma visão clara do presente e do futuro, que fazem com que os que estejam à sua volta saibam qual é a sua direção e se sintam confiantes. Além disto, um líder tem em consideração as pessoas com quem trabalha e as suas diferenças e particularidades, vendo-as como um ativo muito importante e extremamente impactante em todas as dinâmicas organizacionais, sendo esta a abordagem que inspira e motiva os profissionais a “vestir a camisola”.

Outro ponto é a implementação de um bom clima organizacional. Um ambiente corporativo saudável pode-se expressar nos mais diversos aspetos: seja na promoção de um trabalho estimulante e produtivo, atividades que desenvolvam o espírito de equipa, sentimento de entreajuda ou até mesmo na flexibilidade laboral. Tendo isso em conta, importa conhecer os colaboradores e compreender que tipo de benefícios se torna mais atrativo no que toca a este parâmetro.

Apesar de não ser já o único fator de retenção, não há como negar que o salário é ainda fundamental para este efeito. Isto porque, a estabilidade financeira, embora não possa ser vista de forma isolada, motiva os colaboradores a permanecerem num projeto profissional, principalmente quando é acompanhada por desafios estimulantes. Tal leva a outra estratégia essencial a adotar – a promoção da formação e de uma cultura de aprendizagem. Uma empresa que potencie este tipo de iniciativas e uma estrutura orientada para a educação e crescimento dos seus colaboradores, ajustada às necessidades corporativas, mas também individuais, não só vai garantir que estes alcançam um melhor desempenho, como também a sua maior satisfação. Nesse sentido, é preciso oferecer aos colaboradores um ambiente onde estes possam aprimorar as suas competências e sentir que ainda têm espaço para crescer.

Por último, mas não menos importante, a promoção de bem-estar e saúde mental dos profissionais é um ponto a não esquecer. Ouvir e integrar no contexto organizacional as necessidades e pontos de desentendimento e alinhamento entre colaboradores e empresa é fundamental. Além disto, para um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, as empresas deveriam considerar que os seus trabalhadores invistam parte do seu tempo laboral numa atividade que gostem, potenciando assim o seu bem-estar e criatividade.

Por tudo isto, para uma empresa ser capaz de combater a tendência do The Great Resignation e reter o talento mais qualificado, tem, principalmente, de colocar as suas pessoas no centro. É, por isso, necessário que os líderes ouçam os colaboradores e estejam atentos às suas necessidades e prioridades, para serem capazes de criar uma proposta de valor que vá ao encontro daquilo que estes precisam e procuram.

  • Cláudia Cerqueira
  • Customer success manager e coach da GoodHabitz

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