“A época das demissões está a chegar”. Como deixar o emprego?
Para o professor universitário Anthony Klotz, regressar ao escritório antes de tomar uma decisão e, no caso de avançar com o despedimento, deixar "a porta aberta" são recomendações a ter em conta.
Está a pensar entregar a sua carta de despedimento no trabalho? Saiba que não é o único. Segundo Anthony Klotz, professor na Texas A&M University, que estudou as saídas de centenas de trabalhadores, estamos a entrar numa espécie de “boom” de demissões. “A época das demissões está a chegar”, diz, acrescentado que, quando há um período de grande incerteza, as pessoas tendem a manter-se no mesmo trabalho. “Por isso, há demissões reprimidas que não aconteceram no ano passado”, explica.
Para o docente, os números de demissões pode crescer ainda mais tendo em conta todos os temas que a pandemia da Covid-19 trouxe para cima da mesa, desde o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional às deslocações, passando também pelos projetos pessoais ou pelas questões de saúde. Tudo isto pode fazer com que os profissionais virem as costas aos mais tradicionais empregos das 9h às 18h nos escritórios e procurem novas oportunidades e desafios, considera Anthony Klotz.
A Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês) falou com o professor na Texas A&M University para perceber o que esperar deste cenário que o docente antecipa. E, no caso de fazer parte do grupo de trabalhadores que se prepara para se despedir, saiba qual a melhor estratégia a seguir.
Para Anthony Klotz, este verão, empregadores e organizações vão estar, novamente, rodeados de “incerteza”. “As empresas estão a descobrir como manter as suas culturas e funcionários, pelo que muitas estão a oferecer múltiplas opções: Querem voltar a tempo inteiro? Trabalhar remotamente? No escritório, três dias por semana? Quatro dias? Um dia? Não será claro se estas opções serão permanentes, tornando difícil aos empregados decidir se querem ficar ou partir”, refere.
A decisão final será, para o docente, influenciada pelo modelo de trabalho que o empregador decidir implementar. “Muitos colaboradores não querem realmente demitir-se. Se as empresas os deixarem continuar a trabalhar a partir de casa ou fazer menos horas, manter-se-ão“, considera.
Já para os que já tomaram a decisão de demitir-se, Anthony Klotz dá alguns conselhos:
1. Reflita sobre as razões
Assegure-se de que está totalmente a par dos planos da sua empresa antes de tomar qualquer decisão. Não assuma simplesmente que não poderá continuar a trabalhar remotamente ou com redução de horário, ou mesmo que não poderá tirar uma licença sabática. “Por exemplo, se todos os colaboradores forem obrigados a voltar ao escritório e os três melhores profissionais disserem que estão a ponderar demitir-se, a organização pode repensar”, diz.
2. Considere voltar ao escritório antes de se demitir
A recomendação do professor universitário é que não se demita imediatamente quando terminar o teletrabalho, pondere, antes, voltar ao local de trabalho, nem que seja por uma ou duas semanas. “Pense nisso como um teste. Os seres humanos tendem a ser muito maus a fazer previsões sobre como se vão sentir”, afirma.
3. Evite comunicar a demissão por meios tecnológicos
Pode ser tentador, mas, segundo a investigação de Anthony Klotz, as organizações e os líderes respondem mal ao envio de um email ou a um bilhete na secretária. Além disso, uma mensagem ou um email são, muitas vezes, mal interpretado, e “vai querer demitir-se da forma mais positiva possível”. Por isso, opte por comunicar a demissão pessoalmente, ou, tendo em conta o atual contexto de pandemia, por videochamada.
4. Seja honesto
No momento de falar com o seu chefe, “diga-lhe que tentou, mas que não está a funcionar para si”. “O seu chefe verá que deu uma oportunidade e não optou por desistir imediatamente. As suas razões devem ser honestas, mas nem todas precisam de ser ditas”, alerta.
5. Tente deixar a “porta aberta”
Já ouvir falar de colaboradores “boomerang”? São aqueles que deixam o seu trabalho, mas que, eventualmente, voltarão. No entanto, só se pode voltar se a saída tiver sido a mais positiva e tranquila possível. “Vamos ver muitos funcionários ‘boomerang’, que deixam o emprego mas, mais tarde, percebem que a sua novela não vai tão bem como esperavam”, remata.
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