Desemprego cai para 7,1%, mas população empregada também recua

No primeiro trimestre de 2021, a taxa de desemprego recuou para 7,1%. Também a população empregada caiu, num período marcado pelo endurecimento das restrições em resposta à pandemia.

Entre janeiro e março, a taxa de desemprego fixou-se em 7,1%, menos 0,2 pontos percentuais (p.p.) do que no trimestre anterior, de acordo com os dados divulgados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O arranque de 2021 ficou marcado pelo agravamento da pandemia e, consequentemente, pelo endurecimento das restrições, que acabaram por prejudicar a economia, mas ainda assim a taxa de desemprego recuou.

De acordo com o INE, no primeiro trimestre de 2021, havia 360,1 mil pessoas desempregadas, menos 3,5% do que entre outubro e dezembro de 2020, mas mais 3,5% do que no trimestre homólogo. A taxa de desemprego foi estimada, assim, em 7,1%, 0,2 p.p. abaixo da registada no último trimestre de 2020, mas 0,3 p.p. acima da verificada entre janeiro e março do ano passado. Isto apesar de o país ter estado em confinamento nos primeiros meses de 2021, o que afetou a economia e obrigou muitas empresas a encerrarem portas temporariamente.

Por outro lado, o endurecimento das restrições fez-se sentir de modo negativo junto da população empregada, que recuou 1%, no primeiro trimestre de 2021, face ao período entre outubro e dezembro de 2020 e caiu 1,3% face ao trimestre homólogo.

O INE detalha que, também por efeito do confinamento, entre janeiro e março, cresceu o universo de empregados ausentes do trabalho. Em causa está um aumento de 49,8% (cerca de 211,3 mil pessoas) face ao trimestre anterior e de 40,5% (cerca de 183,2 mil pessoas) face ao primeiro trimestre de 2020, que, na sua parte final, também ficou marcado pelo endurecimento das restrições em todo o país para evitar a propagação do vírus pandémico. A “redução ou falta de trabalho” por motivos técnicos ou económicos da empresa — nos quais se inclui a suspensão temporária do contrato por via do lay-offfoi o principal motivo por detrás desse crescimento da população empregada ausente.

É importante notar que, por causa do confinamento, aumentou o número de empresas com acesso ao lay-off simplificado — regime que permite aos empregadores reduzirem os horários ou suspenderem os contratos de trabalho –, o que explica a evolução descrita pelo INE.

Aliás, em consequência dessa evolução, o volume de horas efetivamente trabalhadas registou um decréscimo trimestral de 6,4% e uma redução homóloga de 7,9%. Diz o INE que, em média, cada pessoa empregada trabalhou 32 horas por semana, nos primeiros três meses de 2021. E acrescenta que “um quinto da população empregada (967,7 mil pessoas) trabalhou sempre ou quase sempre a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação”, isto é, estiveram em teletrabalho, modalidade que é (e continua a ser) de adoção obrigação em todo o país, desde o início do ano.

Por outro lado, a subutilização do trabalho manteve-se “praticamente inalterada” em relação ao trimestre anterior, abrangendo 746,4 mil pessoas. Ainda assim, aumentou 7,8% face ao período homólogo. A taxa de subutilização do trabalho ficou, contas feitas, em 14,1%, mais 0,1 p.p. do que no trimestre anterior e mais 1 p.p. do que no trimestre homólogo.

Quanto à população ativa, o INE indica que se registou uma diminuição de 1,2%, em cadeia, para 5,04 milhões de pessoas. Face ao período homólogo, a quebra foi de 1%.

Além disso, INE divulgou, esta quarta-feira, uma comparação entre o ano da pandemia (do segundo trimestre de 2020 ao primeiro de 2021) e o ano precedente, indicando que a população empregada encolheu 2,3%, que os trabalhadores ausentes do trabalho aumentaram 59,4% — à boleia do popular lay-off simplificado, que cobriu mais de 800 mil trabalhadores — e que as horas trabalhadas caíram 12,1%.

(Notícia atualizada às 11h36)

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