Um momento na História

  • Paula Rios
  • 30 Maio 2021

Paula Rios, Editora Chefe da revista FULLCOVER, apresenta uma edição marcante que retrata um momento na história, cujas lições retivemos mas, segundo a autora, queremos, muito, esquecer.

A História da Humanidade é feita de momentos, uns magníficos, de feitos de grandeza, outros mesquinhos; uns de paz e prosperidade e outros ainda de grandes calamidades e guerras. E os seres humanos, persistentes e resilientes, a tudo têm, de uma forma ou outra, com maior ou menor dificuldade, resistido.

No último ano temos estado a viver um destes últimos períodos: de calamidade, porque se abateu sobre nós – o mundo todo, sem excepção – um verdadeiro “cisne negro”: algo violento, inesperado (pelo menos na sua ordem de grandeza), devastador; e de guerra, porque creio que por estas alturas já ninguém duvida de que estamos a combater um inimigo assustador, insidioso, muitas vezes silencioso, e de comportamento altamente imprevisível, o SARS-Cov2. Sendo que “Covid-19”, a palavra que define a doença por ele causada, será certamente a mais odiada de todas mas, ainda assim, é a que ouvimos e proferimos incessantemente, talvez num esforço inútil de a exorcizar.

Muito se tem escrito, falado, e debatido, sobre este momento na História. A verdade é que há tanto a dizer, e são tantas as perspectivas, tantas as vertentes da nossa vida em sociedade que esta doença afetou e está a afetar, que a informação assume uma papel indispensável , porque só com ela podemos aprender a defender-nos. Por isso também nós, Grupo MDS, através da nossa revista FULLCOVER, decidimos retratar, de alguma forma, este momento, olhando para o ano de pandemia que já vivemos e, sobretudo, para como vai ser o futuro – the day after, ou “o novo normal”, como agora se diz.

Assim, fizemos uma FULLCOVER diferente. Desde sempre focada em risco e seguros, porque essa é também a nossa vocação enquanto Grupo, esta revista de 2021 é, claramente, muito mais sobre risco do que sobre seguros. Damos uma visão de 360 graus sobre este “novo” risco de pandemia através da visão de especialistas conceituados de inúmeros setores da sociedade, e muitos outros haveria para incluir porque, na realidade, nada nem ninguém sairá ileso deste momento na história.

Seria impossível referir aqui todos os temas tratados nesta edição, mas ouvimos especialistas em geopolítica, medicina e saúde, cidades e urbanismo, aviação, risco cibernético e, claro, também seguros. Aprendemos – ou talvez já soubéssemos – que a boa ou má gestão da pandemia teve – – quase tudo – a ver com liderança; que a vacina vai ser, está a ser, a solução; que o teletrabalho veio para ficar, embora possa revestir várias modalidades e intensidades; que a saúde mental, sendo já um problema antes da pandemia, hoje assume uma gravidade nunca imaginada, não podendo mais ser ignorada e considerada uma “vergonha”, como antes, mas sim necessitando de ser enfrentada a nível global, assumindo as empresas um papel decisivo nesse combate; como as cidades têm de mudar radicalmente, ser mais humanas e próximas dos seus cidadãos; como o risco cibernético, num mundo que só conseguiu sobreviver cada vez mais conectado, aumentou exponencialmente, e quais as formas de o prevenir; como a aviação, um dos setores devastados pela pandemia, se irá reinventar, de forma mais sustentável; e, no fim, como o setor segurador estará lá para o apoiar, assim como no caso da distribuição das vacinas que, tudo indica, são a melhor arma de combate contra este novo inimigo.

Também nesta edição ouvimos o líder do maior grupo segurador português referir como, num momento de grande dificuldade e incerteza, a empresa que representa alargou o âmbito das suas coberturas, apoiando incondicionalmente os seus clientes, algo que contrasta totalmente com as críticas, muitas vezes resultantes de deficiente informação, que ouvimos contra o setor. Ficámos igualmente a saber como nunca é tarde para reiniciar um novo projeto de vida, porque a juventude está, maioritariamente, no espírito e há chamas que nunca se apagam. Finalmente, num momento em que provavelmente estaremos a viver o maior “sinistro” da humanidade, se pensarmos em termos de consequências humanas e materiais, recordamos alguns dos sinistros mais icónicos da nossa história.

E lembrar esses sinistros, gigantescos, devastadores, que ceifaram vidas e destruíram regiões inteiras, faz-nos voltar à resiliência e persistência dos seres humanos, porque, a seguir a cada um desses sinistros, sempre se reergueram, e voltaram à luta, e tudo reconstruíram. Como disse o Marquês de Pombal, após o terrível terramoto de 1755 que destruiu Lisboa, “Enterrem-se os mortos, cuide-se dos vivos”. E assim foi, e também mandou reconstruir a cidade, e o seu legado mantém-se até hoje na denominada “baixa pombalina”.

Os nossos contribuidores deixam-nos, invariavelmente, uma mensagem de esperança. Esperança de que saibamos aproveitar as lições aprendidas ao longo deste ano para que possamos reconstruir mundo mais justo, mais equitativo, mais saudável, mais sustentável. Esperança numa nova economia, num novo contrato social, num capitalismo que coloque todos os stakeholders no centro da equação e não apenas os acionistas; na colaboração, em geral, entre estados, através da diplomacia, e entre estados e privados, com um espírito de verdadeira missão; num futuro digital seguro e transparente; e em tantas, tantas outras oportunidades que estão aí mesmo, ao virar da esquina. Assim as saibamos agarrar, aproveitando este tempo dramático que nos tocou viver para aprender a fazer, e a viver, de outra forma, melhor para todos.

Muito mais haveria a dizer, porque muito mais irá encontrar nas páginas da FULLCOVER 14 – mas não queremos contar-lhe tudo! Tentámos, pelo menos, com esta edição, quase totalmente dedicada à pandemia, contribuir para o seu melhor conhecimento, porque a informação é uma das melhores, e mais eficazes, armas nesta guerra que todos travamos.

E, porque, como diz um dos nossos contribuidores, Bernardo Pires de Lima, “…the best may be yet to come”, acreditamos que, daqui a uns anos, quando tudo tiver passado, e pegarmos nesta edição da FULLCOVER, vamos sorrir e folheá-la com carinho, mas sem saudade, porque ela nos retrata um momento na história, cujas lições retivemos mas que queremos, muito, esquecer.

 

 

  • Paula Rios
  • Senior Advisor to MDS Group CEO, FULLCOVER Editor in Chief

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