Tecnológica Opensoft fatura 8,2 milhões e vai pagar um salário extra este ano

Negócio cresceu devido aos contratos nos PALOP, onde o CEO antevê mais negócios a chegar este ano relacionados com a tecnologia por detrás dos portais de serviços para os cidadãos.

A tecnológica portuguesa Opensoft vai “dividir” o melhor resultado de sempre com os trabalhadores. A empresa de software, consultoria digital e cibersegurança terminou 2024 com um volume de negócios de 8,2 milhões de euros e decidiu que cada colaborador iria receber um ordenado adicional este ano, avançou o CEO ao ECO.

Rui Cruz explicou que o negócio se desenvolveu devido ao mercado internacional, sobretudo nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de onde projeta mais contratos relacionados com serviços informáticos do Estado. “Cabo Verde, que é onde estamos atualmente com uma maior presença, mas também outros mercados como Moçambique ou Guiné Equatorial, onde também temos em perspectiva oportunidades e contamos ainda em 2025 ter projetos em curso”, conta.

A faturação registada pela Opensoft no ano passado significa um aumento de 30% em relação ao ano anterior e representa a faturação mais elevada em duas décadas de história.

“Foi um ano muito positivo. Este crescimento teve essencialmente a ver com o crescimento nos serviços prestados na área da Administração pública quer nacional quer internacional, bem como nos serviços para a área da banca e outros interligados com a venda de produtos que também temos em termos de licenciamento”, assinala Rui Cruz.

A empresa tem neste momento 105 colaboradores e conta aumentar a equipa técnica em mais 15 pessoas (engenheiros de software, analistas e gestores de projeto) até dezembro e investir em programas de formação para que os projetos além-fronteiras e potenciais contratos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não ‘escorreguem’ para a concorrência. “Temos um compromisso de alargar a base de serviços que prestamos e desenvolvermos soluções e portais com maior complexidade e com um volume grande de utilizadores”, reforça o CEO.

Negócio internacional deverá crescer 15%

Apesar de Portugal ser o país onde (ainda) tem o maior número de contratos e os PALOP estarem bastante longe da inquietação com a Inteligência Artificial (IA), o negócio internacional da Opensoft deverá crescer 15% até ao final deste ano.

A tecnológica com sede em Lisboa foi responsável por criar a “Fatura da Felicidade” para incentivar os cabo-verdianos a pedirem faturas com número de contribuinte e, assim combater a economia paralela e a evasão fiscal. Ademais, implementou a Chave Móvel Digital (CMD) no arquipélago africano, um meio de autenticação e assinatura digital – semelhante à CMD portuguesa – que dá acesso a portais da Administração Pública, como Finanças ou Segurança Social, em permite assinar documentos oficiais online.

No próximo ano, em Cabo Verde e em Moçambique, também teremos novos portais de prestação de serviços ao cidadão, mas ainda não posso adiantar muito, porque estão em concretização”, afirma o CEO, esclarecendo que decorre um processo de “exploração da área comercial” nas restantes geografias.

“Quem sabe este ano também finalizemos alguns projetos que temos em curso nestes mercados internacionais ligados à Administração Pública. Temos serviços relacionados com as trocas internacionais de volume de informação, a faturação eletrónica, os portais transacionais com serviços a disponibilizar aos cidadãos para simplificar o dia a dia das pessoas…”, exemplificou o gestor, em declarações ao ECO.

Em Portugal, a Opensoft instalou uma ferramenta digital chamada Lightweightform durante o processo de atualização tecnológica da aplicação de recolha de declarações de IRS para a Autoridade Tributária.

“Continua a ser onde temos maior presença. O que vemos no mercado português é que o setor tecnológico está neste momento muito focado na IA e nos serviços ligados à segurança da informação. Já desenvolvemos algumas provas de conceito de IA que estamos a utilizar internamente e queremos potenciá-las na nossa oferta nacional”, diz Rui Cruz. Estão e experimentar modelos chineses? Não, de origem ocidental, sem detalhar a(s) marca(s).

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Insatisfação com salários leva jovens a procurar novos empregos. Ouça o podcast “Ao trabalho!”

O podcast "Ao trabalho!" traz-lhe as notícias que estão a marcar o mercado de trabalho, dos salários às novas tendências, todas as quintas-feiras.

Mais de metade dos jovens procuraram um novo emprego por estarem insatisfeitos com o seu salário. Este é um dos temas do novo episódio do podcast “Ao trabalho!”, que lhe leva todas as quintas-feiras os principais destaques do mundo laboral em menos de cinco minutos. Falamos também sobre os novos prazos para os recibos verdes e ainda sobre a mudança de “casa” do Conselho Económico e Social (CES).

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📹 Saiba como corrigir as despesas gerais para o IRS. Prazo termina a 31 de março

Até dia 31, pode retificar no portal das Finanças os encargos gerais e por exigência de fatura para dedução à coleta. As restantes despesas, de saúde ou educação, só no preenchimento da declaração.

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Antes do arranque da campanha do IRS, a 1 de abril, os contribuintes podem consultar as faturas apuradas pelo Fisco e, se detetarem alguma omissão ou erro, têm até 31 de março, isto é, até segunda-feira da próxima semana, para corrigir as despesas, no portal das Finanças.

No entanto, é preciso ter em conta que só os encargos gerais e familiares e os elegíveis para dedução à coleta por exigência de fatura são passíveis de ser retificados antecipadamente. Todas as restantes despesas, relativas a saúde, educação, juros ou rendas de imóveis, lares e salários pagos a trabalhadores domésticos apenas podem ser alteradas durante o preenchimento da declaração de IRS, entre 1 de abril e 30 de junho.

Nesta fase, antes da campanha do IRS, o contribuinte pode então modificar, desde que apresente os respetivos fundamentos, as despesas apuradas pela Autoridade Tributária (AT) quanto aos encargos gerais e familiares, isto é, que dizem respeito ao montante global das faturas que registou como ‘outros’ no portal e-Fatura. Cabem neste pacote as despesas com supermercado, mercearias, lojas de roupa, sapatarias, portagens, estacionamento ou combustível.

As faturas elegíveis para abater ao IRS por pedir recibo com número de identificação fiscal (NIF) também podem agora ser corrigidas, até 31 de março, e abrangem despesas com oficinas de automóveis e motociclos, veterinários, restaurantes, hotéis, cabeleireiros, passes sociais, jornais ou revistas.

Para retificar os valores validados pela AT, primeiro tem de fazer log in no portal das Finanças com o número de contribuinte e palavra-passe ou através da chove móvel digital. É aconselhável verificar novamente as despesas validadas pelo Fisco. Para isso, pesquise, no motor de busca, por “consultar despesas para deduções à coleta”. Caso detete omissões ou inexatidões, pode reclamar mas só para as despesas gerais e as elegíveis para dedução à coleta pela exigência de fatura.

Para isso, procure, no motor de pesquisa, por “instauração de contencioso sobre deduções à coleta” e aceda à página. Depois, insira o ano, neste caso 2024, a que as faturas dizem respeito, selecione o tipo de despesa que quer corrigir e insira o valor que considera correto à frente.

As despesas a colocar no campo “valor reclamado” é a soma do montante já reconhecido pela AT mais o que se encontra omisso. Por exemplo, se o total das despesas gerais e familiares apuradas for de 4.000 euros e faltarem 500 euros, o valor a indicar é de 4.500 euros. A seguir, apresente os fundamentos da correção. Este campo é obrigatório, caso contrário não consegue enviar o pedido de retificação para a AT.

As restantes despesas, relacionadas com saúde, educação, juros ou rendas de imóveis, lares e encargos com o pagamento de salários a trabalhadores domésticos só podem ser corrigidas durante a entrega da declaração de IRS, entre 1 de abril e 30 de junho. Nessa fase, deve indicar que não aceita o preenchimento automático e indicar manualmente o custo que teve com a aquisição desses bens e serviço.

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Hipotecas, vendas e compras continuarão a aumentar em 2025 devido à redução das taxas, preços aumentarão 6%

  • Servimedia
  • 27 Março 2025

De acordo com o relatório da Servihabitat Trends “Mercado residencial em Espanha”.

As hipotecas, vendas e compras continuarão a aumentar em 2025 devido à redução das taxas e os preços aumentarão 6%, de acordo com as previsões incluídas na 13ª edição do relatório sobre o “Mercado residencial em Espanha” elaborado pela Servihabitat Trends, a plataforma de investigação e análise do setor promovida pela Servihabitat.

Indica que o segmento residencial em Espanha se caracterizou em 2024 por uma oferta disponível muito limitada, o que levou a um aumento dos preços. Quanto às transações, estas foram contidas ao longo do primeiro semestre, mas a partir do segundo semestre, a decisão do Banco Central Europeu de reduzir as taxas de juro fez com que os empréstimos para a compra de habitação recuperassem o terreno cedido às transações a dinheiro.

A melhoria das condições, com hipotecas mais acessíveis, mobilizou uma procura crescente que, atualmente, continua a ultrapassar largamente o stock de imóveis no mercado.

Além disso, o relatório indica que, olhando para 2025, haverá alguma continuidade, embora seja necessário prestar atenção às soluções destinadas a equilibrar a construção nova com a criação de casas.

Segundo Borja Goday, CEO da Servihabitat, “os preços de venda e de arrendamento têm estado no centro do debate público, mais polarizado do que nunca, dividindo a opinião entre alarmistas e otimistas”, acrescentando que “se há um aspeto que voltou a ficar claro é que os movimentos ascendentes de ambos os indicadores são, acima de tudo, um reflexo do desajustamento entre a oferta e a procura”.

Quanto à reviravolta da política monetária europeia, Goday admite que “algumas das compras que tinham sido adiadas desde a era pós-pandémica e a febre inflacionista que se seguiu se concretizaram”. Neste contexto, Goday refere também que “o perfil do investidor está a mudar para outro tipo de produtos, como os produtos sem posse”.

No que diz respeito às previsões para 2025, a Servihabitat espera que os preços, as vendas e as hipotecas continuem a subir, embora seja necessário acompanhar de perto a resposta da Europa ao protecionismo económico dos EUA, bem como medir as consequências de uma escalada dos conflitos armados na Ucrânia e em Gaza.

Para não deixar ninguém pelo caminho, será essencial que os setores público e privado trabalhem em conjunto para eliminar os obstáculos e criar condições que favoreçam a atividade”, afirma Goday. O ano de 2025 deverá encerrar com 690.000 a 795.000 vendas e um aumento de preços de 6%. As compras de imóveis ganharam ímpeto à medida que o cenário hipotecário ditado pela Europa melhorou a partir do verão.

GUERRA COMERCIAL

O ano passado terminou com um número de transações entre 625 000 e 720 000, segundo os notários, por um lado, e as conservatórias, por outro. Segundo a Servihabitat Trends, com a intensificação da guerra comercial entre os bancos para atrair clientes com hipotecas, as transações vão aumentar mais de 10%, com um comprador que, após a pandemia, ficou às portas do mercado e está agora a aproveitar a oportunidade, bem como inquilinos que estão a dar o salto para a compra porque a renda é muito superior às prestações da hipoteca.

Quanto aos preços, estão a consolidar a sua subida devido à falta de existências disponíveis e ao reforço do apetite dos compradores após a descida das taxas de juro. No entanto, a retoma será menos intensa do que a registada em 2024, ano em que esta variável aumentou 8,4%.

Assim, a valorização esperada até 2025 é estimada em 6%. Ao avaliar o esforço médio necessário para adquirir uma casa, são necessários 7,1 anos de renda bruta para se tornar proprietário, em linha com o que tem sido exigido desde a pandemia.

As licenças de construção e os projetos aprovados vão moderar o seu entusiasmo, com aumentos homólogos de 6,5% e 5%, respetivamente. As construções de habitação em 2024 cresceram 15% face a 2023, ano que ainda arrastou uma baixa de 0,3%. Mesmo tendo ultrapassado os obstáculos do choque sanitário, este indicador regressará à prudência e caminhará dentro da contenção em 2025, com um aumento de 5,5%.

O estudo indica que, embora seja positivo que a construção nova esteja a aumentar, sem um crescimento de dois dígitos é difícil fazer face ao frenesim da procura. As habitações acabadas registarão um crescimento estável.

Esta produção limitada, acrescenta, tem repercussões no bem-estar social, uma vez que as casas que são criadas só têm como alternativas a segunda mão e o aluguer, sobreaquecendo ambos os mercados. A flexibilização da regulamentação, a aposta na industrialização e a recuperação da segurança jurídica são vitais para que o negócio imobiliário volte a girar, não só na geração de oferta, mas também na implementação de projetos de arrendamento a preços médios, acessíveis e sociais, dando entrada a todos os perfis, acrescenta.

COMPRADORES ESTRANGEIROS

O responsável defende que Espanha é um poderoso pólo de atração para os compradores estrangeiros, que aproveitam também as excelentes condições de crédito hipotecário para se tornarem proprietários de uma segunda habitação no nosso país. De janeiro a setembro de 2024, foram transacionadas pouco mais de 95.000 casas para residentes e não residentes estrangeiros, segundo o MITMA.

Este número é 3% superior ao registado nos três primeiros trimestres de 2023. Num total de 12 províncias, o peso dos compradores estrangeiros é de dois dígitos. As percentagens mais elevadas registam-se em Alicante (43,7%), Santa Cruz de Tenerife (34,8%) e Málaga (33,2%). Em termos de nacionalidades, o Brexit não impediu, por enquanto, que os compradores do Reino Unido fossem os mais interessados em vir viver para Espanha por curtos períodos de tempo.

A idade média do comprador é de 38,6 anos, igualando o valor de 2023. A faixa etária mais dinâmica situa-se entre os 36 e os 45 anos, onde coincidem as primeiras habitações e uma pequena percentagem de imóveis de substituição. No entanto, esta faixa perdeu quota para a faixa etária seguinte, dos 46 aos 55 anos, que já representa uma em cada dez vendas.

O atraso na entrada no mercado explica-se pela demora em atingir as condições financeiras necessárias. No caso dos inquilinos, a idade média aumentou de 33,4 para 34 anos. Os que têm entre 26 e 35 anos são os mais numerosos, mas a sua permanência na casa de família é cada vez mais longa.

De facto, as pessoas com idades compreendidas entre os 36 e os 45 anos estão a subir na classificação, tornando visível a inacessibilidade da compra e venda. A ajuda e as garantias da família estão na origem da ligeira subida dos mais jovens (16-25 anos), enquanto os da faixa etária pré-sénior (46-55 anos), que registam uma ligeira subida, foram afastados do mercado de venda por uma questão de incapacidade financeira.

NPLs

Com os NPLs em um nível recorde, o rácio empréstimo/valor permanece saudável, aumentando ligeiramente de 62,3% em 2023 para 62,6% em 2024. A percentagem de empréstimos com uma dívida em relação ao valor do ativo superior a 80% também aumentou de 6,5% para 7,4% entre 2023 e 2024.

A hipoteca mista está a tornar-se a hipoteca de eleição para os consumidores que, face à incerteza da Euribor, desejam ter alguma estabilidade, indica a análise.

O imóvel médio para arrendamento em Espanha, com uma superfície média de 80 a 90 metros quadrados, ultrapassou a barreira psicológica dos 1.000 euros em 2024. A valorização foi de 8,5%, menos intensa do que a registada em 2023, de 13,4%. O rendimento bruto das rendas em Espanha apenas cresceu um décimo de ponto percentual entre 2023 e 2024, situando-se em 6,8%.

A rendibilidade é atrativa e alguns investidores não hesitam em tirar partido dela. Face à regulamentação, o recurso a mecanismos de proteção como os seguros de incumprimento está a generalizar-se. Mas há também investidores que, perante a insegurança jurídica, procuram alternativas menos expostas às flutuações regulamentares, como o arrendamento turístico e temporário, de acordo com este relatório.

A oferta de arrendamento residencial passou de 62 655 casas em 2023 para 71 702 em 2024. Este aumento não é de fácil leitura. Apesar do aumento, o aluguer está a atravessar uma fase crítica, uma vez que a procura está a crescer a um ritmo muito mais rápido.

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Portugal só deu “resposta marginal” no PRR a recomendação de Bruxelas de apoiar emprego

Agenda do trabalho digno focou-se nos direitos laborais e não no apoio ao emprego e à sua preservação, dando apenas "resposta marginal" a recomendação de Bruxelas, refere o Tribunal de Contas Europeu.

Bruxelas recomendou que Portugal apoiasse o emprego e desse prioridade às medidas que preservem os postos de trabalho, mas o país deu apenas uma “resposta marginal” a essa indicação nas reformas definidas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A conclusão é do Tribunal de Contas Europeu (TCE), que fez uma auditoria à eficácia das reformas promovidas pelos Estados-membros com o financiamento da “bazuca”.

As políticas de emprego são da responsabilidade de cada Estado-membro, mas, durante o semestre, o Executivo comunitário propõe e o Conselho Europeu aprova recomendações específicas por país.

Ora, com o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (no âmbito do qual, cada Estado-membro criou um PRR), Bruxelas ligou, pela primeira vez, o financiamento dos países a reformas económicas e sociais, estabelecendo que os fundos só seriam transferidos se os países prometessem realizar uma série de investimentos e reformas guiadas, nomeadamente, pelas referidas recomendações.

No caso de Portugal, uma das indicações de Bruxelas tinha sido “apoiar o emprego e atribuir prioridade às medidas que visem preservar os postos de trabalho“.

A resposta do país foi a Agenda de promoção do trabalho digno, pacote de mudanças à lei do trabalho desenhado pelo Governo anterior (liderado por António Costa) para combater a segmentação do mercado de trabalho, promover a negociação coletiva e proteger os direitos dos trabalhadores.

Esta sub-recomendação recebe apenas uma resposta marginal, uma vez que a reforma correspondente (a Agenda de promoção do trabalho digno) se centra nos direitos laborais e não no apoio ao emprego ou na sua preservação.

Tribunal de Contas Europeu

Na auditoria agora divulgada, o Tribunal de Contas Europeu considera que a recomendação de Bruxelas recebeu “apenas uma resposta marginal” com esta reforma, uma vez que a Agenda do trabalho digno se centrou nos direitos laborais, e não no apoio ao emprego ou na sua preservação.

Em contraste, a Roménia, por exemplo, deu resposta a 100% à recomendação de Bruxelas para “assegurar a fixação do salário mínimo com base em critérios objetivos, coerentes com a criação de emprego e a competitividade“.

“No seu PRR, a Roménia incluiu uma reforma que visa criar um mecanismo de fixação do salário mínimo em consonância com estes critérios. O Tribunal conclui que a reforma foi concebida de forma a dar uma resposta total à sub-recomendação“, é sublinhado na auditoria.

Portugal não foi, porém, o único Estado-membro a responder apenas “ao de leve” às recomendações de Bruxelas. Aliás, a nova auditoria deixa claro que nenhum país adotou reformas no âmbito da “bazuca” que procurassem resolver todas as indicações sobre o mercado de trabalho, e só quatro (Grécia, Espanha, Croácia e Finlândia) endereçaram essas recomendações quase na totalidade.

Como Portugal, outros 17 países deram apenas respostas marginais às recomendações nas reformas que ficaram definidas nos PRR. Já noutros quatro países (Dinamarca, Irlanda, Hungria e Eslováquia) as reformas não abordaram de modo algum as indicações de Bruxelas.

Agenda do trabalho digno com “resultados limitados”

Na sua nova auditora, o Tribunal de Contas Europeu assinala que, além de não ter respondido na íntegra à recomendação de Bruxelas, a Agenda do trabalho digno teve também resultados limitados.

“Até à data, os dados do Eurostat mostram apenas uma diminuição limitada da percentagem global de trabalhadores temporários entre o segundo trimestre de 2023 e o segundo trimestre de 2024 (ou seja, 1,9 pontos percentuais, de 17,9% para 16%). Além disso, as autoridades não conseguiram fornecer elementos de prova sobre em que medida os trabalhadores das plataformas contribuíram para essa alteração. Por conseguinte, o Tribunal considera que os resultados desta reforma são limitados”, é realçado na auditoria agora divulgada.

As regras do trabalho nas plataformas digitais foram um dos temas quentes da revisão da lei do trabalho, que entrou em vigor em maio de 2023.

Neste âmbito, abriu-se a porta a que um estafeta seja reconhecido como trabalhador dependente das plataformas, desde que sejam reconhecidos indícios de subordinação. Nos tribunais, não tem havido, porém, consenso, sendo que este era um dos pontos que o atual Governo sinalizou que seria para revisitar na lei do trabalho.

Com a queda do Executivo de Luís Montenegro e a antecipação das eleições legislativas, essa reflexão fica, contudo, pelo caminho.

Em contraste, o Tribunal de Contas Europeu destaca que em Espanha a regulamentação do trabalho dos entregadores ao domicílio das plataformas digitais conseguiu cumprir o seu objetivo principal: regular as condições de trabalho desses estafetas, estabelecendo uma presunção legal de uma relação laboral entre o condutor e a empresa.

“Durante o primeiro ano de aplicação, o número de trabalhadores reconhecidos como funcionários duplicou de 5.464 para 10.980“, observa a auditoria.

Milhões da “bazuca” não resolvem todos os problemas

Apesar dos milhões da “bazuca”, os problemas nos mercados de trabalho da União Europeia persistem. “Em certos países, alguns dos problemas estruturais que mais afetam as pessoas continuam sem solução“, observa o Tribunal de Contas Europeu, referindo, a título de exemplo, a integração de grupo vulneráveis no mercado de trabalho e a diminuição dos impostos sobre o trabalho em contrapartida a aumentos noutras áreas.

Além de muitas das recomendações terem ficado sem resposta nas reformas do Mecanismo de Recuperação e Resiliência ou com resposta pela rama, até agora, não há provas de que metade das reformas tenham conseguido “resultados que se vejam ou mudado alguma coisa nos mercados de trabalho dos países“, sublinha a auditoria.

Assim, o Tribunal de Contas Europeu alerta que é difícil avaliar o efeito das reformas, porque, muitas vezes, não há indicadores convenientes. E ainda defende que a Comissão Europeia deve criar “um quadro para avaliar os resultados, garantir que os países dão uma resposta adequada aos principais problemas e verificar que os marcos e as metas do MRR cobrem todas as partes essenciais das reformas”.

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Douro arrisca perder título de Património Mundial da Unesco

CIM Douro receia impacto das alterações climáticas na paisagem e produção agrícola e, por consequência, a perda da classificação de Património Mundial da Unesco, caso não haja plano de gestão hidríca.

O Alto Douro Vinhateiro corre o risco de perder o título de Património Mundial da Unesco, se o Governo e as instituições responsáveis da região não avançarem “rapidamente” com um plano de gestão eficiente dos recursos hídricos, de modo a fazer frente às alterações climáticas. O alerta é deixado ao ECO/Local Online pelo presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, Luís Machado, que se diz preocupado com a situação, principalmente perante a instabilidade política no país.

“Se nada for feito agora, daqui a dez anos não seremos a mesma região. As alterações climáticas terão impacto na paisagem, na vinha e na produção das diversas culturas; o que poderá comprometer a classificação de Património Mundial pela Unesco”, avisa o líder da CIM Douro, também presidente do município de Santa Marta de Penaguião.

Situado na Região Demarcada do Douro — a mais antiga área vitícola regulamentada do mundo –, o Alto Douro Vinhateiro foi inscrito, em 2001, na lista de Património Mundial da Unesco enquanto paisagem cultural, evolutiva e viva.

Se nada for feito agora, daqui a dez anos não seremos a mesma região. As alterações climáticas terão impacto na paisagem, na vinha e na produção das diversas culturas; o que poderá comprometer a classificação de Património Mundial pela Unesco.

Luís Machado

Presidente da Comunidade Internacional do Douro

“Se a nossa paisagem morrer, se as nossas vinhas forem abandonadas por causa da falta de água e da seca, deixamos de ter uma paisagem viva e evolutiva; logo essa classificação ficará em risco. E a desertificação será ainda mais acentuada na região” duriense, reitera Luís Machado. Até porque, argumenta, “a água é essencial para que as pessoas continuem a trabalhar, produzir e, por consequência, gerarem riqueza“.

Mesmo com um Governo de gestão no país, o líder da CIM acredita que o primeiro passo será dado em breve, mediante a constituição de um grupo de trabalho para definição de um plano estratégico de gestão e de preservação dos recursos hídricos do território. Até porque, atira, “as alterações climáticas não esperam por crises políticas“.

“Estamos empenhados em trabalhar com o Ministério da Agricultura, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Instituto do Vinho do Porto (IVP), Casa do Douro e outros agentes locais e estruturas da agricultura para rapidamente desenvolvermos um plano de gestão e preservação da nossa água”, detalha o responsável da entidade representativa de 19 municípios dos distritos de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu.

Presidente da CIM Douro, Luís Machado25 março, 2025

Apesar de os recursos hídricos ainda não serem um grave problema na região do Douro, Luís Machado entende que urge “começar a definir critérios e medidas preventivas” para fazer face às alterações climáticas. Em cima da mesa vão estar soluções para garantir a produção de energia elétrica, o abastecimento de água à população e a utilização na rega das culturas, designadamente da maçã, uva, azeitona e amêndoa. Acresce ainda o estabelecimento de uma solução para a sustentabilidade do turismo fluvial.

Os parceiros deverão comprometer-se com a execução de um “programa em que a água sirva todos de forma equitativa e seja um garante da sustentabilidade socioeconómica da região“. Construir novas barragens e aumentar a capacidade das que já funcionam no território, como a de Vilar, são algumas medidas a solidificar no grupo de trabalho que será constituído.

O reaproveitamento das águas pluviais para possível uso no verão é outra das propostas em carteira. “Temos muita precipitação na época de inverno e é preciso encontrar forma de a reter com novas barragens e tanques de retenção” de modo a evitar o stress hídrico, sugere.

Luís Machado está confiante no contributo do programa do Governo “A água que nos une” — dos ministérios da Agricultura e do Ambiente –, que já prevê a construção de algumas barragens, para ajudar na resolução deste imbróglio que se avizinha. Este plano visa a gestão eficiente dos recursos hídricos.

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Contas da TAP ficam aquém das congéneres da aviação antes da privatização

Estagnação de receitas e forte quebra de lucros deram à TAP um ano pior do que as companhias que a querem comprar. Rentabilidade continua a ser um trunfo.

O ano de 2024 trouxe mais passageiros e receitas às maiores companhias europeias de aviação, mas foi menos lucrativo, com exceção do Grupo IAG, que se destaca em todos os indicadores. A TAP não escapou à tendência e, desta vez, teve números piores do que os grupos que a querem comprar na privatização.

O turismo continuou a crescer no ano passado, contribuindo para impulsionar as receitas da indústria europeia de aviação para novos recordes, embora com um ritmo de crescimento mais contido. A Lufthansa teve o volume de negócios mais elevado, mas o maior aumento pertenceu ao Grupo IAG, dono de companhias aéreas como a British Airways, a Iberia ou a Aer Lingus. Com uma variação de apenas 0,7%, a TAP foi a que menos viu o negócio crescer.

Os lucros contam uma história diferente. Tirando o Grupo IAG, cujo resultado líquido subiu 2,9% para 2.732 milhões de euros, os acionistas das restantes companhias não têm motivos para sorrir.

A quebra registada pela Lufthansa, Air France – KLM e TAP tem causas semelhantes e outras distintas. O grupo germânico atribui a quebra ao impacto das greves do primeiro trimestre nas companhias aéreas, à redução das receitas por lugar-quilómetro voado devido ao crescimento da capacidade no mercado, os elevados custos com atrasos e cancelamentos de voos ou o atraso na entrega de novas aeronaves.

Já as contas da Air France – KLM foram penalizadas pelo impacto negativo de 250 milhões decorrente dos Jogos Olímpicos de Paris, enquanto a TAP viu o seu resultado afetado por provisões para custos laborais e elevadas perdas cambiais.

Igualmente relevantes na comparação das operações das diversas companhias são dois indicadores operacionais muito usados na indústria da aviação: a receita por lugar-quilómetro (RASK) e os custos operacionais por lugar-quilómetro (CASK), que permitem medir o desempenho face à capacidade instalada.

Os dados de 2024 mostram que o grupo dono da British Airways e Iberia foi o que gerou mais receitas por lugar-quilómetro, registando uma evolução positiva de 3,1% para 9,52 cêntimos. No extremo oposto está a TAP, com 7,13 cêntimos, tendo registado uma quebra de 2,3% em termos homólogos.

Os números da companhia portuguesa refletem também uma taxa de ocupação inferior às pares. O chamado load factor foi de 82,3%, abaixo dos 83,1% da concorrente germânica, dos 86,5% do Grupo IAG e dos 87,8% da Air France – KLM.

Os custos por lugar-quilómetro mais elevados estão na Lufthansa, 9,1 cêntimos, seguida da Air France – KLM, com a TAP a ser a que menos despesas tem, conseguindo mesmo uma redução de 1% em 2024. As restantes companhias registaram um agravamento deste indicador.

A TAP mantém uma das melhores taxas de rentabilidade recorrente, com uma margem operacional de 9% e uma margem EBITDA de 20,6%, apesar de ambas terem recuado. A transportadora aérea portuguesa fica apenas atrás do Grupo IAG. Neste capítulo, o pior registo coube à Lufthansa, que se fica pelos 4,4% e 10,6%, respetivamente.

A companhia portuguesa, cujo negócio representa 11% a 14% das pares, tem também uma liquidez disponível no balanço bem mais curta. Com 652 milhões de dinheiro em caixa no final de dezembro (menos 17,4% que em 2023), a TAP fica muito longe dos 9,4 mil milhões do grupo franco-neerlandês, dos 11 mil milhões do germânico e dos 13,36 mil milhões do IAG.

A transportadora aérea liderada por Luís Rodrigues continua também a ser a mais alavancada financeiramente, com uma dívida líquida equivalente a 2,2 vezes o EBITDA, embora nos últimos anos se tenha aproximado bastante das restantes. O balanço mais robusto pertence à dona da British Airways e da Iberia, cuja dívida é quase igual ao EBITDA anual.

Com imparidades crescentes e perdas cambiais elevadas, os resultados da TAP em 2024 não são o melhor cartão de visita para a privatização. As contas do ano passado voltam também a mostrar que, de entre os interessados na companhia portuguesa, o Grupo IAG é o que apresenta os melhores resultados financeiros.

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Certificados de Aforro vão pagar menos em abril. Taxa de juro base baixa para 2,415%

A taxa de juro base dos Certificados de Aforro subscritos em abril ficará abaixo do teto máximo pela primeira vez em dois anos, com as novas subscrições a pagarem uma taxa bruta de 2,41%.

Pela primeira vez desde fevereiro de 2023, a taxa base dos Certificados de Aforro ficará abaixo do seu teto máximo. Segundo cálculos do ECO, as novas subscrições realizadas em abril de 2025 oferecerão uma taxa de juro base de 2,415%, sendo assim inferior à barreira do limite máximo de 2,5% estabelecido para a Série F destes produtos de poupança do Estado.

Este é um momento histórico para os títulos de dívida do Estado para o retalho, que marca o fim de um ciclo de mais de dois anos em que os Certificados de Aforro têm remunerado consistentemente no seu limite máximo. A última vez que esta situação ocorreu foi em fevereiro de 2023, quando as novas subscrições da então Série E apresentaram uma taxa de juro base de 3,4%, ligeiramente abaixo do teto máximo de 3,5% permitido naquela série.

Para os pequenos investidores que planeiam subscrever Certificados de Aforro em abril, esta descida representa uma redução, ainda que ligeira, na remuneração do seu capital. Em vez dos 2,5% que têm sido garantidos desde junho de 2023, os novos Certificados oferecerão 2,415% no primeiro trimestre após subscrição.

Na prática, isto significa que por cada 1.000 euros investidos, o rendimento líquido trimestral passa de 1,75 euros para 1,69 euros, já após a aplicação da taxa liberatória de IRS de 28% e, naturalmente, sem contabilizar os prémios de permanência.

É importante notar que, ainda assim, os Certificados de Aforro continuam a oferecer condições competitivas face à maioria dos depósitos a prazo disponíveis na banca que, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal, apresentam uma taxa de juro média abaixo dos 2% em fevereiro.

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A descida da taxa base dos Certificados de Aforro não surge por acaso. Esta situação é consequência direta da queda consistente das taxas Euribor, que se tem verificado há mais de um ano, mas que se intensificou particularmente após abril de 2024. Os dados mais recentes mostram que a Euribor a 3 meses está nos 2,369% esta quarta-feira, ligeiramente acima dos 2,365% registados na terça-feira, um mínimo de mais de dois anos e muito abaixo dos 3,9% registados em meados de abril do ano passado.

Este declínio acentuado reflete as políticas monetárias do Banco Central Europeu, que tem reduzido gradualmente as taxas de juro diretoras ao longo do último ano, no seguimento de uma política monetária menos restritiva.

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A taxa de juro base dos Certificados de Aforro da Série F — em comercialização desde junho de 2023, quando substituiu a Série E — é calculada com base na média da taxa Euribor a 3 meses observada nos últimos 10 dias do mês no antepenúltimo dia. Uma vez calculada esta média, aplica-se o limite máximo de 2,5%, que tem sido sempre atingido desde a introdução desta série, e assume também como limite mínimo de remuneração 0%.

A Série F inclui ainda prémios de permanência que aumentam progressivamente a partir do segundo ano, atingindo valores superiores a 1% apenas a partir do 12º ano. Isto significa que os investidores precisam de paciência para maximizar o retorno deste produto.

Procura recorde apesar da tendência de queda na remuneração

A descida da remuneração dos Certificados de Aforro ocorre num momento em que os estes produtos atingem níveis de procura históricos. Em fevereiro, as famílias aplicaram mais de 630 milhões de euros em termos líquidos de resgates, marcando o quinto mês consecutivo com saldos de subscrição positivos.

Segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta procura elevou o stock aplicado em Certificados de Aforro para um novo recorde de 35,75 mil milhões de euros em fevereiro.

O interesse contínuo por estes títulos tem sido, particularmente impulsionado, pela pouca atratividade dos depósitos a prazo, dado que há 13 meses consecutivos que os bancos têm cortado remuneração das poupanças das famílias, colocando Portugal como o quinto país da Zona Euro com as piores taxas de juro dos depósitos.

Com a tendência de queda da Euribor a 3 meses a manter-se, é provável que as taxas dos Certificados de Aforro continuem a diminuir nos próximos meses. De acordo com os contratos forward sobre a Euribor a 3 meses, a taxa deverá baixar até aos 2% até ao final do ano, minguando ainda mais a remuneração dos Certificados de Aforro.

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Lucros da Fidelidade caem 4% para 173 milhões de euros. Operação no Peru foi a mais rentável

Os resultados líquidos globais do grupo Fidelidade refletem o negócio positivo de seguros e da Luz Saúde e 85 milhões de perdas no imobiliário. Vendas subiram e quotas de mercado foram reforçadas.

O grupo Fidelidade vai apresentar lucros de 173,5 milhões de euros na próxima assembleia geral a realizar no dia 9 de abril. Depois de terem recebido 400 milhões de euros de dividendos no ano passado, os acionistas Fosun e Caixa Geral de Depósitos podem receber 85% e 15%, respetivamente, dos 85,7 milhões de euros que a administração se propõe atribuir com base na existência nas contas da empresa de uma reserva livre superior a 687 milhões no final de 2024.

No entanto, estes valores representam para o presidente Jorge Magalhães Correia e para o CEO, Rogério Campos Henriques, uma rentabilidade abaixo das “expectativas, refletindo o impacto que a evolução das taxas de juro teve quer na valorização dos investimentos imobiliários quer na rentabilidade do negócio Vida Financeiro”.

Repartindo as áreas de atuação foi o imobiliário que fez perder 85 milhões de euros ao grupo durante o ano passado, com prejuízos em 10 das 16 empresas desta atividade que investem primordialmente na Europa.

A Luz Saúde contribuiu com um resultado líquido positivo de 37,7 milhões de euros para o grupo, representando um crescimento de 21%. As receitas da Luz saúde subiram 10%, para os 730 milhões de euros.

Nos seguros, a adição de resultados líquidos – antes de interesses minoritários – atingiu 221 milhões de euros, com as contas individuais da Fidelidade em Portugal e das suas sucursais em França, Luxemburgo e Espanha, a contribuírem com apenas 11,4 milhões de euros.

A Fidelidade justifica esta quebra de 86% face a 2023, como “reflexo de uma redução não apenas no resultado de investimentos como também no resultado não operacional, e do impacto da diretiva Pilar 2 decorrente de algumas participadas internacionais beneficiarem de um regime fiscal favorável”.

Prós e contras do ano 2024 na Fidelidade

Nas operações, o resultado dos contratos de seguro evoluiu favoravelmente para 366,5 milhões de euros, um aumento de 54,8% face a 2023, refere a Fidelidade no seu relatório. O desempenho foi “motivado pelo aumento dos réditos de contratos de seguro, pela contenção dos níveis de sinistralidade e pelo aumento dos níveis de eficiência com reflexo nos custos alocados aos ramos”.

Com esses fatores, o rácio combinado em 2024 foi de 90,7%, menos 3% – ou seja, melhor que um ano antes –, “demonstrando a robustez das políticas de subscrição de riscos e um elevado nível de eficiência operacional”.

Para além do imobiliário também o resultado não operacional evidenciou um agravamento para -133,2 milhões de euros, “refletindo um aumento nos gastos não atribuíveis, relacionado, entre outros, com os custos decorrentes da emissão de divida que se verificou em 2024”, explica a administração.

O resultado técnico de Vida Financeiro atingiu 35,6 milhões de euros, um aumento de 10% face a 2023, motivado pelo aumento do resultado dos produtos Vida Financeiro com Participação de Resultados, afirma a companhia, enquanto o resultado de investimentos registou um valor de 58,9 milhões de euros, uma diminuição de 15,4%, que reflete “o aumento das taxas garantidas a clientes dos produtos de Taxa Fixa”, explica.

Em consequência, essencialmente, do resultado não operacional, o resultado líquido global registou uma diminuição de 3,8% face a 2023, para 173,5 milhões de euros. No entanto, acrescenta a administração, “se se considerar o desempenho recorrente, ou seja, excluindo impactos não recorrentes e eventos extraordinários relacionados com custos de reestruturação e ativos imobiliários, o resultado líquido ajustado ascendeu a 235 milhões de euros, refletindo um ROE (rentabilidade dos capitais dos acionistas) de 9,4%. Como está nas contas a apresentar corresponde o ROE corresponde a cerca de 7%.

Quase a atingir 10 milhões de clientes

Se a rentabilidade em 2024 não cresceu, o negócio do grupo Fidelidade aumentou 18,5% a nível de global atingindo um volume de prémios de 6.172 milhões de euros. Os ativos sob gestão também subiram 10,3% para 19.161 milhões de euros e produziram 3% de rendimento no ano passado. Também o número de clientes em todo o mundo está em 9,8 milhões.

A nível global o negócio segurador está quase igualmente repartido entre ramos Vida e Não Vida e 70% está em Portugal e 30% em 13 outros países.

Em Portugal, a Fidelidade tem 31% de quota de mercado no ramo Vida e 29,5% nos ramos Não Vida, em 2024 faturou 4.336 milhões de euros, mais 23,7% que um ano antes devido essencialmente à subida de prémios no ramo Vida em 37,6%.

O Peru significa 12% das vendas do grupo através da La Positiva Vida e da Positiva Não Vida em que a Fidelidade entrou em 2019 e tem hoje 93,9% do capital. Neste país, as companhias La Positiva em conjunto resultam no 4º maior grupo segurador em dimensão, com 13,2% de quota de mercado. A contribuição para os resultados líquidos do grupo da operação peruana foi de 155 milhões de euros e, mesmo descontando interesses minoritários, é verificável que foi responsável por 84% de todos os lucros do grupo em 2024.

A Liechtenstein Life Assurance AG é a seguradora Vida que o grupo tem no principado, é a terceira maior geografia com 360 milhões de prémios e significa 5,8% dos negócios globais, mas 12% dos resultados líquidos.

A Bolívia é o quarto maior mercado e o grupo detém 21% de quota de mercado com a Alianza, e é segunda em quota de mercado local seguida, em dimensão de vendas, pelo Chile, França + Luxemburgo, Macau, Espanha, Angola, Moçambique, Paraguai e Cabo Verde, em que é líder de mercado com os 67% de quota da Garantia.

O grupo contava com 14.088 colaboradores no final de 2024, 72% em Portugal – dos quais 6.608 no grupo Luz Saúde – e 28% nas operações internacionais.

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Conselho Nacional do PSD aprova por unanimidade Montenegro como candidato a primeiro-ministro

  • Lusa
  • 26 Março 2025

Na votação, não houve nem abstenções, nem votos contra, com Miguel Albuquerque a saudar a aprovação “por unanimidade e por aclamação”.

O Conselho Nacional do PSD aprovou esta quarta-feira a designação de Luís Montenegro como recandidato a primeiro-ministro por unanimidade. De acordo com os estatutos do PSD, compete ao Conselho Nacional do PSD aprovar a designação do candidato do partido a primeiro-ministro.

Esta votação foi realizada logo na abertura do Conselho Nacional, por decisão do presidente deste órgão, Miguel Albuquerque, na parte ainda aberta à comunicação social. “É muito importante quando o primeiro-ministro está na berlinda e está a ser alvo de grandes pedradas. Só se atira pedras às árvores que dão frutos”, afirmou o líder do PSD/Madeira, que voltou a vencer as eleições na região no passado domingo.

Na votação, não houve nem abstenções, nem votos contra, com Albuquerque a saudar a aprovação “por unanimidade e por aclamação”, já que houve aplausos e gritos “PSD, PSD”.

As eleições legislativas antecipadas de 18 de maio serão as segundas de Luís Montenegro à frente do PSD, depois de ter vencido as de 10 de março de 2024 por uma margem de cerca de 50.000 votos em relação ao PS.

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Trump anuncia tarifas de 25% sobre as importações de carros

  • ECO
  • 26 Março 2025

Todos os carros não produzidos nos EUA vão ter tarifas de 25% a partir de 2 de abril, anunciou Donald Trump. Casa Branca estima encaixe de 100 mil milhões para os cofres públicos.

O presidente norte-americano anunciou, esta quarta-feira, direitos aduaneiros de 25% sobre todos os automóveis que não sejam produzidos nos EUA. Donald Trump reiterou, em conferência de imprensa, que o próximo dia 2 de abril, quando entram em vigor estas tarifas, será o “dia da Libertação”.

O que vamos fazer é aplicar uma tarifa de 25% a todos os automóveis que não sejam fabricados nos Estados Unidos”, anunciou Trump na Sala Oval. “Começamos com uma base de 2,5%, que é onde estamos, e vamos até aos 25%”, explicou o presidente dos Estados Unidos, que acrescentou que estas tarifas seriam “permanentes”. O conselheiro da Casa Branca, William Owen Scharf, estima que esta medida irá gerar um encaixe de 100 mil milhões de dólares para os cofres públicos.

Em 2024, os EUA importaram cerca de 8 milhões de automóveis e camiões ligeiros no valor de 227 mil milhões de euros. México, Japão e Coreia do Sul estão entre os principais fornecedores do mercado norte-americano – o maior mercado, aliás, para marcas como a Toyota, Honda, Nissan, Mazda e Subaru, avança o New York Times.

As importações de peças para automóveis ascenderam a mais de 197 mil milhões de dólares (183 mil milhões de euros), lideradas pelo México, Canadá e China, de acordo com o Departamento do Comércio, citado pela AP.

Com esta medida, Trump pretende incentivar as empresas a instalarem mais fábricas nos Estados Unidos. A decisão vai provocar trazer dissabores ao afetar as cadeias de abastecimento dos fabricantes de automóveis, traduzindo-se numa redução dos investimentos e numa reação do mercado do lado dos consumidores.

 

Bruxelas demorou minutos a responder ao anúncio de Trump. A presidente da Comissão Europeia “lamentou profundamente” a decisão da Casa Branca. “Tarifas são impostos – são maus para as empresas, piores para os consumidores, nos EUA e UE”, escreveu von der Leyen, na rede social X.

As mexidas nas taxas alfandegárias têm sido um pilar da nova administração de Trump, que aponta agora para 2 de abril a entrada em vigor das chamadas tarifas “recíprocas” com os parceiros comerciais.

Desde que chegou à Casa Branca, o presidente dos EUA começou por anunciar tarifas de 25% às importações do México e Canadá a partir de 1 de fevereiro. E depois recuou, duas vezes. Os direitos aduaneiros sobre as importações do México e Canadá foram suspensos em fevereiro por um mês e, de novo, no início de março.

As importações da China tiveram sorte diferente. Desde fevereiro que todos os produtos chineses estão sujeitos a tarifas de 10% à entrada no mercado norte-americano. Beijing retaliou de imediato, com taxas entre 10 e 15% sobre produtos energéticos e outras mercadorias dos EUA. Em março, Trump subiu as tarifas sobre produtos chineses para 20%, e teve nova resposta de Xi Jinping, agora a alargar as taxas a produtos agrícolas e alimentares dos EUA.

NA conferência desta quarta-feira, Trump admitiu cortar algumas tarifas a produtos chineses, sem especificar quais nem quando.

A 12 de março, entraram em vigor tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A União Europeia também prometeu retaliar nesses produtos e incluiu outros, como têxteis, eletrodomésticos ou produtos agrícolas, mas a data de entrada em vigor foi atirada para abril.

Uma vez que Bruxelas ameaçou também aplicar uma tarifa de 50% sobre o bourbon dos EUA, Trump avisou que aumentaria as taxas para 200% sobre as bebidas alcoólicas europeias.

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Elisa Ferreira e Vieira da Silva no segundo dia das sessões setoriais do PS

  • Lusa
  • 26 Março 2025

Na manhã desta quinta-feira, o PS discute Trabalho e Segurança Social e à tarde a sessão setorial será dedicada à Economia.

A ex-comissária europeia Elisa Ferreira, o antigo ministro Vieira da Silva e o ex-secretário de Estado João Neves participam na quinta-feira nas sessões setoriais do PS com vista à atualização do programa eleitoral às legislativas.

O PS iniciou esta quarta, com sessões sobre habitação e SNS, o processo de cinco dias para a atualização do programa eleitoral com a construção do Manifesto Legislativas 2025, com que o partido se apresentará às eleições antecipadas de 18 de maio.

Segundo informação adiantada à agência Lusa por fonte oficial do PS, na quinta-feira à tarde, no painel dedicado à economia, destaque para a participação de Elisa Ferreira, que já foi comissária europeia, eurodeputada, vice-governadora do Banco de Portugal e ministra do Ambiente e do Planeamento.

De manhã, na sessão sobre “Trabalho, Salários e Segurança Social”, o PS recebe os contributos, entre outros, do antigo ministro socialista José António Vieira da Silva e do ex-secretário de Estado Miguel Cabrita.

Carlos Farinha, do ISEG, Renato Carmo, do ISCTE, Ana Paula Bernardo, deputada do PS, Fernando Gomes, da Corrente Sindical Socialista CGTP, ou Mário Mourão, da Tendência Sindical UGT, são outros dos nomes que vão dar contributos no painel sobre trabalho. À tarde, um vasto leque de personalidades junta-se a Elisa Ferreira para discutir a “Economia em Transformação”, entre os quais os economistas Ricardo Paes Mamede e José Reis.

O ex-secretário de Estado da Economia João Neves, o ex-presidente da AICEP Filipe Santos Costa, e os deputados e ex-secretários de Estado João Torres Nuno Fazenda são outros dos nomes presentes.

Da lista de personalidades que vão discutir a economia fazem ainda parte César Araújo, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Vestuário de Portugal, Luis Vieira, presidente da ANCAVE e Mário Jorge Machado, presidente Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. As sessões setoriais do PS para atualizar o programa eleitoral às legislativas arrancaram hoje com debates sobre habitação e saúde.

Durante cinco dias a sede nacional do PS serve de palco para um conjunto de sessões setoriais nas quais socialistas, ex-governantes, especialistas e independentes vão debater e dar contributos para o Manifesto Legislativas 2025, com que o partido se apresentará às eleições antecipadas de 18 de maio.

Fonte socialista adiantou à Lusa que um dos convidados será o antigo comissário europeu António Vitorino – nome que tem sido apontado como possível candidato presidencial –, que participará na sessão de sexta-feira sobre “Relações Internacionais, Europa e Defesa”.

Estas sessões setoriais são fechadas à comunicação social, mas as intervenções iniciais do líder do PS, Pedro Nuno Santos, são abertas, adiantou à Lusa fonte oficial do partido.

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