Liderança no feminino. É preciso legislação que empurre as mulheres a chegarem lá

Para ter mulheres na liderança é importante tê-las nas empresas desde o início, e mantê-las. Mas uma mulher, se lhe faltar apenas uma competência em dez para um cargo, já não vai a jogo.

Faço parte daquele clube que era: quotas não, nem pensar. Acredito na meritocracia. Enganei-me. Lamento. Tive de rever a minha posição.” Quem o diz é Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde. Uma opinião partilhada por Manuela Vaz, CEO da Accenture Portugal, e Sara do Ó, CEO da Ó Capital e chairwoman Grupo Your que integraram o painel do Mulheres com ECO sobre liderança no feminino.

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“Da mesma forma que acredito que a política pública, na área do ambiente, onde trabalho, é importante para alinhar comportamentos e para traçar caminhos para atingirmos objetivos, como por exemplo temos na Sociedade de Ponto Verde para a reciclagem das embalagens, também acredito que é preciso legislação que defina e preveja numerus clausus e quotas, porque isso é a sinalização de um caminho que é preciso empurrar para se chegar lá”, afirma Ana Trigo Morais, cuja empresa que dirige tem 73% de mulheres.

Reconhecendo que a imposição de quotas nas empresas cotadas até já deu alguns resultados, as três CEO consideram que ainda há um caminho a fazer em outras áreas. “As quotas não são um objetivo, mas são instrumentais para se criar espaço e oportunidade” para as mulheres, diz Ana Trigo Morais.

São uma ferramenta altamente aceleradora”, corrobora Sara do Ó. “A temática veio para cima da mesa, a reflexão foi ponderada, está à vista”, acrescenta.

E mesmo que nas grandes empresas muitas mulheres tenham funções não executivas nos conselhos de administração, a chairwoman do Grupo Your considera que ainda assim é “uma oportunidade para as mulheres estarem sentadas à mesa”.

“Executivas ou não, têm um espaço de atuação, têm uma visibilidade”, acrescentou.

“Acredito muito na meritocracia e digo sempre que, qualquer coisa que nos ponham na mão, temos de a fazer muito bem”, defende Manuela Vaz. A CEO da Accenture Portugal reconhece, contudo, que “ainda hoje as mulheres sentem que tem de provar mais”.

“Só quando se sentem super preparadas é que realmente se candidatam a uma posição de liderança”, diz.

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Hoje 44% da força de trabalho da Accenture são mulheres, mas nem sempre foi assim, até porque continua a haver dificuldade de recrutamento de mulheres nos cursos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Um problema que exige uma sensibilização nas escolas desde tenra idade, diz a CEO. “Fazendo sempre bem, fui sendo sempre capaz de ter mais responsabilidade, naturalmente, porque a queria. É preciso querê-la e ir atrás dela”, diz Manuela Vaz.

As mulheres precisam de querer ter uma missão, ter um sentido de caminho. Precisam de querer ser líderes, precisam de querer gostar de liderar equipas ou acreditar que elas podem fazer diferente”, corrobora Ana Trigo Morais.

Mas as mulheres nem sempre acreditam em si. “Se tenho um lugar disponível para o qual são precisas dez competências, um homem, se tiver oito, acha incrível, candidata-se, e acredita que vai ganhar e que o cargo é seu. Uma mulher, se lhe faltar apenas uma acha que não é tão boa e já não vai a jogo”, conta Sara do Ó, relatando um exemplo do Grupo Your cujos colaboradores são 80% mulheres. “Costumo sempre contar isto porque é algo que temos todos de refletir”, explica.

Para ter mulheres na liderança é importante tê-las desde o início nas empresas, e mantê-las, sublinha Manuela Vaz. “Para empresas como a nossa onde é importante ter paridade, termos uma gestão diversa, com pessoas com backgrounds diferentes, temos de ter mulheres desde o início. Se não, depois quando quisermos que sejam líderes, se não cresceram connosco não as vamos encontrar”, afirma a CEO, rematando que é também fundamental “não as perder pelo caminho”.

Quando voltam da maternidade, é preciso ter mais atenção, ter um olhar atento, explicar exatamente qual é o contributo para a organização, a avaliação de desempenho, porque é aí que pode ser um momento de inflexão e é aí que não as podemos perder”, complementa Sara do Ó.

Resistir ao sentimento de culpa

A decisão de ser mãe é algo que não tem de pesar nas oportunidades, nem no desempenho profissional das mulheres. Manuela Vaz, em tom de brincadeira, diz que “uma das decisões mais importantes de carreira é o parceiro”.

“Tendo a pessoa certa e ajustando-nos e gerindo a agenda complicada de forma partilhada, ou o suporte certo, seja ele qual for, as coisas, naturalmente, são possíveis”, diz a CEO da Accenture Portugal.

“Estou genuinamente convencida que não somos piores mães se tivermos um trabalho exigente”, diz Manuela Vaz. “Antes pelo contrário.” “É um caminho que fazemos”, acrescenta Ana Trigo Morais. “Mas temos de resistir a este sentimento de culpa”, alerta Sara do Ó. Embora reconheçam que a sociedade cobra um modelo de maternidade que, por ventura, já não se adequa aos dias de hoje, a CEO da Ó Capital ressalva: “Cobra se deixarmos”.

“O contexto vem até nós, mas depois somos nós que trabalhamos interiormente para que as coisas nos afetem ou não. Obviamente que temos de trabalhar um bocadinho esta resistência à culpa, o aceitar que não há perfeição. Não somos super líderes, nem super mães. Isso não existe. Existe um equilíbrio que se vai ajustando”, explica.

“O tema da culpa vai-se gerindo ao longo da vida”, afirma Ana Trigo Morais, contando como se sentia “ave rara quando ia colocar a lancheira dos filhos à cantina, às 8h00 da manhã”, já de blazer e saltos altos para enfrentar o dia de trabalho.

A única coisa que ainda sinto é algum preconceito subtil que, à partida, uma mulher bem-sucedida, que se dedica ao trabalho, que se realiza profissionalmente, pode eventualmente ser negligente em casa”, reconhece Sara do Ó, sublinhando que “tempo de presença não é sinónimo de qualidade”.

Um preconceito que é combatido quando os próprios filhos veem as mães como um modelo a seguir. “A minha filha mais velha, que nem é particularmente expansiva, quando assumi esta responsabilidade [liderança da Accenture Portugal], disse-me: ‘Mãe, tu tens noção que temos imenso orgulho em ti, não tens?’”

“As coisas já são realmente bastante diferentes”, admite a CEO da Sociedade Ponto Verde, elencando as mudanças ao nível da “preponderância, divisão de tarefas, papéis”.

Fico muito satisfeita de ver isso e de ver que eles também podem olhar para nós como um exemplo, uma prova de as coisas são possíveis”, remata.

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Hoje nas notícias: EDP, dividendos e uvas sem grainha

  • ECO
  • 21 Março 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Perto de 7% dos trabalhadores da EDP em Portugal foram convidados a sair da empresa. As cotadas do PSI propõem-se a pagar 2,86 mil milhões de euros aos seus acionistas. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

EDP quer cortar até 7% dos trabalhadores em Portugal

A EDP, o maior grupo da Bolsa portuguesa, tem estado debaixo de fogo pela perda de capitalização dos últimos meses. Dentro de portas, o índice de confiança dos trabalhadores na administração deteriorou-se substancialmente no ano passado, em que terminou com menos 3,4% de trabalhadores. É uma redução que não deverá ficar por aqui, já que a elétrica convidou a sair mais de uma centena de trabalhadores em Portugal por rescisões amigáveis e cerca de 300 por reformas antecipadas, num total equivalente a cerca de 7% da sua força de trabalho no mercado nacional.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Cotadas do PSI dão 2,9 mil milhões a acionistas. Dividendos sobem mesmo com lucros em queda

Apesar de os lucros do ano passado das 13 cotadas do PSI terem encolhido, a remuneração acionista vai aumentar em quase 8% face ao ano passado. As empresas do principal índice nacional que já anunciaram as suas políticas de dividendos (as exceções são a Ibersol e a Altri) propõem-se a pagar 2,86 mil milhões de euros, dando continuação à tendência de subida que se tem vindo a registar desde 2021.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Espanhóis ficam com maioria do capital das uvas Vale da Rosa

O grupo espanhol Lucas de Múrcia, fundado por Manuel Lucas González, localizada em El Raal (Murcia), vai ficar com a maioria do capital da Vale da Rosa – Sociedade Agrícola, mantendo-se no capital, com uma posição minoritária, o atual acionista António Silvestre Ferreira. O grupo Vale da Rosa entrou em Processo Especial de Revitalização (PER), com uma dívida à banca que ronda os 17 milhões de euros, somando os empréstimos feitos à sociedade Vale da Rosa e à subsidiária Uval.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Sondagem: AD à frente do PS, indecisos batem recorde e atingem os 39%

A primeira sondagem feita após o debate da moção de con­fiança que ditou a queda do Governo, realizada pelo ICS/ISCTE para o Expresso e a SIC e cujo trabalho de campo foi realizado entre 12 e 17 de março, mostra a Aliança Democrática com 20% de intenção de voto direta, surgindo à frente do PS, que se fica pelos 15%. Mas os eleitores que dizem não saber em quem votar atingiram um recorde de 39%.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Governo quer investir 246 milhões ao ano até 2050 para rentabilizar a floresta

O Governo, ainda que em gestão, vai apresentar o designado Plano de Intervenção para a Floresta, que tem como objetivo principal rentabilizar o setor e mitigar o risco de incêndios e reduzir a área ardida. Além de um investimento médio anual de 246 milhões de euros até 2050 na floresta, o Executivo quer também aprovar medidas relacionadas com a propriedade de terrenos florestais como, por exemplo, estabelecer um período máximo para, depois do óbito do titular de um determinado terreno, ser feita a habilitação de herdeiros.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

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Aeroporto de Heathrow (Londres) encerrado devido a falha de energia. Canceladas 18 ligações em Lisboa

  • Lusa
  • 21 Março 2025

Heathrow, o maior aeroporto da Europa em termos de tráfego de passageiros, vai estar encerrado durante o dia de hoje devido a uma falha de energia após um incêndio numa subestação elétrica.

O aeroporto de Lisboa cancelou 18 das 22 partidas e chegadas de voos de e para o aeroporto londrino de Heathrow previstas para esta sexta-feira, de acordo com o portal da operadora do aeroporto na Internet.

A ANA – Aeroportos de Portugal recomenda aos passageiros com voos para o aeroporto de Heathrow, em Londres, que verifiquem o estado do voo junto das companhias aéreas antes de se deslocarem para o aeroporto.

“Devido a limitações no Aeroporto de Heathrow, em Londres, os voos de e para este aeroporto estão a sofrer alterações”, referiu a ANA, numa informação aos passageiros, enviada à Lusa, onde recomenda a quem tenha voos com destino àquele aeroporto londrino que verifique o estado da ligação “junto das companhias aéreas antes de se deslocarem para o aeroporto”.

Heathrow, o maior aeroporto da Europa em termos de tráfego de passageiros, vai estar encerrado durante o dia de hoje devido a uma falha de energia após um incêndio numa subestação elétrica.

“Heathrow está a sofrer uma falha de energia significativa. Para garantir a segurança dos nossos passageiros e colegas, Heathrow estará encerrado até às 23:59 [mesma hora em Lisboa] do dia 21 de março”, disse a operadora do aeroporto.

Pelo menos 1.350 voos de e para Heathrow já foram afetados, incluindo vários voos de cidades dos Estados Unidos que foram cancelados, informou o serviço de rastreamento de voos FlightRadar 24.

Alguns voos que já estavam no ar foram desviados para o Aeroporto de Gatwick, também em Londres, o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e o Aeroporto de Shannon, na Irlanda.

Num comunicado divulgado nas redes sociais, a Heathrow Airport Holdings recomendou que os passageiros não se desloquem para o aeroporto e aconselhou-os a contactarem a companhia aérea para obterem mais informações.

“Esperamos interrupções significativas nos próximos dias”, admitiu a operadora.

A empresa disse que vai fazer uma atualização das operações quando tiver mais informações sobre a retoma no fornecimento de energia.

A companhia ferroviária britânica National Rail cancelou todos os comboios de e para o aeroporto.

O Corpo de Bombeiros de Londres informou que um transformador dentro de uma subestação elétrica em Hayes, no oeste de Londres, está em chamas, e mobilizou uma dúzia de equipas e cerca de 70 bombeiros “que estão atualmente a combater o incêndio”.

O vice-comissário Pat Goulbourne explicou que o incêndio “causou uma falha de energia que afetou um grande número de casas e empresas locais” e que estão a “trabalhar em estreita colaboração com parceiros para minimizar os incómodos”.

Segundo a imprensa local, a polícia retirou 29 pessoas de habitações situadas junto à subestação e, como medida de precaução, estabeleceu um perímetro de segurança de 200 metros, resultando na retirada de mais 150 pessoas. Devido à quantidade de fumo, os moradores foram aconselhados a manter as janelas e portas fechadas.

“Este é um incidente altamente visível e significativo, e os nossos bombeiros estão a trabalhar incansavelmente em condições desafiantes para controlar o incêndio o mais rapidamente possível”, disse Goulbourne, antes de salientar que a causa do incêndio ainda é desconhecida.

A elétrica Scottish and Southern Electricity Networks disse na rede social X que a falha de energia afetou mais de 16.300 casas.

Entretanto, o ministro da Energia do Reino Unido já descreveu o incêndio como “catastrófico”, adianto ainda que o gerador de reserva do aeroporto também foi afetado pelo incêndio.

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As centrais de dessalinização sauditas promovem a sustentabilidade e a proteção do abastecimento de água

  • Servimedia
  • 21 Março 2025

A prioridade do país é a conservação dos recursos naturais através de iniciativas inovadoras e de energias renováveis.

Por ocasião do Dia Mundial da Água, diferentes projetos em todo o mundo apelam à implementação de novas ferramentas para proteger o ambiente e os recursos hídricos. Neste contexto, a Arábia Saudita, na sequência da sua Visão 2030, reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade e a gestão eficiente dos recursos hídricos através de dois dos seus principais projetos no setor da dessalinização: as centrais de dessalinização de Rabigh e Al-Khafji.

Estes projetos são fundamentais para garantir o abastecimento de água potável do país, sem perder de vista o seu objetivo de reduzir a dependência de fontes de energia fósseis, como o petróleo.

Colocada em funcionamento em 2018 e localizada na parte norte do país, a Central de Dessalinização de AlKhafji é o maior projeto de dessalinização de água alimentado por energia solar do mundo, satisfazendo as necessidades de água da região de uma forma inovadora e sustentável.

Para tal, implementa um sistema revolucionário que converte água salgada em água potável e, ao mesmo tempo, gera energia limpa para o país. A utilização de painéis solares na central permite à Arábia Saudita reduzir as suas emissões de carbono e facilita a transição para uma energia mais ecológica e sustentável.

A central tem capacidade para produzir até 90 000 m³ de água potável por dia e utiliza tecnologia de ponta desenvolvida no país. Trata-se de um projeto que exemplifica a utilização da tecnologia e da inovação com o objetivo de reduzir a dependência das fontes de energia tradicionais e o custo por metro cúbico por dia de água potável. Por sua vez, a central de AlKhafji procura desenvolver novas tecnologias locais de osmose inversa e de células solares.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Na costa do Mar Vermelho, encontra-se uma das principais iniciativas da Arábia Saudita na luta contra a escassez de água, a fábrica de dessalinização de Rabigh, que implementa tecnologias de ponta e procura revolucionar a forma como a Arábia Saudita processa a dessalinização da água.

Em particular, a central destaca-se pela utilização de refrigeração por absorção cristalina à escala industrial, o que não só a torna mais eficiente, como também reduz o impacto ambiental com zero retorno de sal. A Rabigh tem capacidade para produzir até 5.000 m³ de água dessalinizada e 700 kg de sal por dia, tudo isto com um consumo de apenas 3,5 MW de energia térmica e 1,5 MW de energia elétrica.

A Rabigh pretende promover a colaboração a nível global e local para aplicar tecnologias avançadas no processo de dessalinização, apoiando simultaneamente os talentos locais através de várias ações de formação.

A sustentabilidade, impulsionada por projetos como sistemas inovadores de gestão de recursos hídricos, é um dos pilares fundamentais da Visão 2030, a estratégia que orienta o progresso da Arábia Saudita. O país procura reforçar a sua posição de líder mundial, diversificando simultaneamente a sua economia e melhorando a vida dos seus cidadãos, “construindo um futuro em que o bem-estar social é a principal prioridade”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 21 de março

  • ECO
  • 21 Março 2025

Ao longo desta sexta-feira, 21 de março, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“Damsel” de Juan Carlos Fresnadillo é o filme mais visto de 2024 em todo o mundo

  • Servimedia
  • 21 Março 2025

O êxito de bilheteira da Netflix do realizador das Canárias registou mais de 174 milhões de visualizações.

“Damsel”, o mais recente êxito de bilheteira da Netflix, realizado por Juan Carlos Fresnadillo, atingiu um marco sem precedentes na história do entretenimento. De acordo com os números oficiais publicados nos relatórios semestrais da plataforma, o filme registou um total de 174,1 milhões de visualizações, o que o torna a produção audiovisual mais vista do planeta em 2024, ultrapassando qualquer outro filme ou série televisiva lançada no mesmo período.

Este feito confirma o impacto global de “Damsel”, uma história de fantasia protagonizada por Millie Bobby Brown, que lidera um elenco de atores de renome, incluindo Angela Bassett, Robin Wright, Ray Winstone, Nick Robinson, Shohreh Aghdashloo e Brooke Carter. O filme, que estreou na Netflix em 8 de março de 2024, tem mantido uma impressionante corrida na plataforma, consolidando-se como um fenómeno indiscutível de visualização durante quase um ano.

O enredo de “Damsel” segue a história de uma jovem rapariga que é enganada e oferecida como sacrifício a um dragão, apenas para descobrir que tem de lutar pela sua sobrevivência num mundo implacável. A combinação de uma narrativa intensa, efeitos visuais deslumbrantes e uma realização magistral fizeram do filme uma referência no género fantasia-aventura.

Juan Carlos Fresnadillo, conhecido pelo seu domínio do género thriller e fantasia, tem sido elogiado pela sua capacidade de reinventar contos clássicos com uma abordagem inovadora e visualmente deslumbrante. “Desde o início, sabíamos que ‘Damsel’ tinha o potencial de se ligar ao público a um nível universal. Ver que o filme chegou a tantas pessoas em todo o mundo é realmente emocionante”, disse o realizador.

No ranking das produções mais vistas em todo o mundo, divulgado pela plataforma norte-americana nas últimas horas, o filme “Damsel”, de Juan Carlos Fresnadillo, destaca-se em primeiro lugar, com 174,1 milhões. Segue-se-lhe “Equipaje de mano” (Transportar), de outro cineasta espanhol, Jaume Collet-Serra, com 137,3 milhões de visualizações. O terceiro lugar é ocupado por “The Union”, de Julian Farino, com 131,1 milhões de visualizações. Em quarto lugar está o filme “Lift: A First Class Heist”, realizado por Gary Gray, com 129,4 milhões de visualizações. Em quinto lugar está “Rebel Ridge”, com um total de 129 milhões de visualizações. O sexto lugar é ocupado por “Fool Me Once”, com 107,5 milhões de visualizações. E em sétimo lugar está “La sociedad de la nieve” (A sociedade da neve), do catalão Juan Antonio Bayona, com 103,8 milhões de visualizações. É a primeira vez na história do cinema espanhol que três realizadores espanhóis aparecem no ranking dos filmes mais vistos no mundo durante o mesmo período de tempo.

Juan Carlos Fresnadillo estreou-se com “Esposados” em 1996, que se tornou a primeira curta-metragem espanhola a ser nomeada para um Óscar de Hollywood. A sua primeira longa-metragem, “Intacto”, foi também um grande sucesso internacional. A sua primeira incursão na grande indústria europeia foi com a realização de “28 Weeks Later”, seguido de “Intruders”, todos eles com um elenco de figuras internacionais proeminentes e uma produção ambiciosa. O seu último filme tornou-se o maior sucesso da Netflix até à data.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 21 Março 2025

INE divulga dados dos preços das casas, Montenegro apresenta plano para a floresta, ministro da Economia debate desafios da economia, Novobanco aprova dividendos e o reúne conselho do BEI.

No mesmo dia em que o INE divulga os dados sobre a evolução dos preços das casas no último trimestre do ano passado, Luís Montenegro apresenta o plano de ação para a floresta e o ministro da Economia debate sobre os desafios da economia portuguesa no atual contexto internacional. O Novo Banco estreia-se na distribuição de dividendos e reúne-se o conselho de administração do Banco Europeu de Investimento (BEI).

Como evoluíram os preços das casas no final de 2024?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar o índice dos preços da habitação relativos ao 4.º trimestre de 2024. Segundo os últimos dados divulgados, os preços subiram 9,8% em termos homólogos no terceiro trimestre do ano passado e mais dois pontos percentuais acima da taxa de crescimento registada no trimestre anterior. É preciso recuar ao quarto trimestre de 2022 para assistir a um aumento homólogo tão expressivo. O órgão de estatística europeu, Eurostat, vai divulgar os resultados do inquérito comunitário à inovação, de 2022, e os dados das importações comunitárias de produtos energéticos. O Eurostat e o Banco de Portugal (BdP) vão ainda divulgar dados da balança de pagamentos de janeiro da União Europeia e Portugal, respetivamente.

Acionistas do Novobanco reúnem-se em assembleia-geral

Os acionistas do Novobanco devem aprovar, em assembleia geral, os lucros do banco e a distribuição de dividendos de 224,6 milhões de euros ou 60% do lucro do ano passado. O banco tem ainda disponível 3,3 mil milhões de euros para distribuir ao longo dos próximos três anos, pelos acionistas Lone Star (75%), Fundo de Resolução (13,54%) e Estado (11,46%).

Reunião do conselho de administração do Banco Europeu do Investimento

O conselho de administração do Banco Europeu de Investimento (BEI) vai reunir nesta sexta-feira. A presidente do BEI, Nadia Calviño, disse que a instituição está pronta para mais investimentos em defesa, tendo já proposto um alívio nas restrições ao investimento e o fim do limite nesta área. Em cima da mesa estão investimentos dedicados a uso militar, como quartéis e instalações de armazenamento, veículos terrestres e aéreos, drones e helicópteros, radares e satélites, aviónica avançada, entre outros.

Ministro da Economia debate os “Desafios da Economia Portuguesa no atual contexto internacional”

O ministro da Economia, Pedro Reis, irá falar sobre os “Desafios da Economia Portuguesa no atual contexto internacional” durante um almoço-debate que se realiza no Sheraton Lisboa Hotel & Spa. O evento, organizado pelo Internacional Club of Portugal, terá início às 12h.

Montenegro apresenta plano de ação para a floresta

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai apresentar o Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050. A apresentação conta com a presença dos ministros da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho e terá lugar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real.

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Instituto Coordenadas descreve a colaboração da Presvet entre farmacêuticos e veterinários como vital

  • Servimedia
  • 21 Março 2025

O Instituto Coordenadas considera “vital” a colaboração entre farmácias e veterinários promovida pelo Presvet na dispensa de medicamentos.

Como explica o Instituto Coordenadas, a divisão oficial de papéis entre veterinários e farmacêuticos na prescrição e dispensa de medicamentos para uso animal foi estabelecida no início do século, com a Lei 44/2003.

“A chegada do Real Decreto 666/2024 veio reforçar este modelo, com a implementação do Sistema de Prescrição Veterinária Eletrónica (Presvet), que introduz alterações que estão a redefinir a governação da saúde nesta área. Entre elas, o Instituto Coordenadas destaca no seu recente relatório como particularmente relevante “a separação funcional entre os atos de prescrição e dispensa de medicamentos para uso animal, uma alteração regulamentar que consolida as farmácias como um elemento-chave na cadeia de controlo do medicamento e reforça a transparência na prática veterinária”.

Com a entrada em vigor do sistema, a 2 de janeiro de 2025, os médicos veterinários devem passar a emitir receitas eletrónicas validadas pelo microchip do animal, enquanto as farmácias ficam exclusivamente responsáveis pela dispensa de medicamentos, incluindo a guarda de estupefacientes e a preparação de fórmulas magistrais veterinárias. A nova divisão de competências, respaldada por acordos interprofissionais anteriores, proporciona, segundo o Instituto Coordenadas, maior rastreabilidade e controle de todo o ciclo do medicamento, evitando a sobreposição de funções e superando possíveis conflitos de interesse.

“O modelo é um avanço significativo na construção de um sistema de saúde pública integrado e sustentável”, afirmam os especialistas do Instituto Coordenadas. No relatório, reforçam ainda que a plataforma Presvet “permite detetar prescrições inadequadas ou excessivas através da rastreabilidade digital obrigatória ligada ao microchip do animal”.

CONTROLO DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS

De acordo com o Instituto Coordenadas, as farmácias comunitárias estão a consolidar o seu papel de garante da transparência e do rigoroso controlo na dispensa de medicamentos para uso animal. “O novo sistema Presvet coloca as farmácias como atores-chave, responsáveis não só pela entrega dos medicamentos prescritos eletronicamente, mas também pela gestão centralizada do stock e pela correta custódia de estupefacientes e fórmulas magistrais.

Acrescenta que, desde o seu lançamento, a plataforma permite “seguir as prescrições veterinárias, garantindo a rastreabilidade total do medicamento, uma condição essencial para o cumprimento dos objetivos europeus de redução de 50% da utilização de antimicrobianos nos animais até 2030. Este controlo abrangente está em conformidade com a Diretiva 2021/1100, que exige que os Estados-Membros disponham de sistemas centralizados de monitorização dos medicamentos para animais”.

Além disso, a interoperabilidade do Presvet com os sistemas europeus de vigilância sanitária, como o EARS-Vet e a Rede de Alerta Rápido para Alimentos para Consumo Humano e Animal (Rasff), “reforça a posição da Espanha como um país empenhado na segurança sanitária transfronteiriça e na governação sanitária coordenada a nível da UE”, refere o relatório.

Para facilitar a correta implementação do sistema, o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação declarou 2025 como o ano de transição progressiva. Durante este período, está prevista uma moratória na aplicação de sanções e um investimento específico de 15 milhões de euros para promover a digitalização das clínicas veterinárias e farmácias rurais, garantindo que a adaptação ao novo modelo é equitativa em todo o território.

O relatório do Instituto Coordenadas conclui que “a colaboração fluida e transparente entre veterinários e farmacêuticos é essencial para consolidar uma saúde pública abrangente, baseada na rastreabilidade e na prevenção. O Presvet estrutura esta cooperação em torno de critérios objetivos de controlo e segurança, lançando as bases para um modelo de saúde robusto, alinhado com os desafios europeus e globais na luta contra a resistência antimicrobiana e na proteção da saúde pública”, salienta.

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“Ausência de limites aumenta a responsabilidade da agência”, diz Tiago Simões

A estratégia da Betclic Portugal, a centralidade da criatividade para fazer crescer o negócio e a relação com as agências são alguns dos temas abordado em entrevista a Tiago Simões.

 

Em publicidade, o mais importante é jogar pelo seguro ou arriscar? Tiago Simões não hesita. “No caso do Betclic é claramente arriscar. Aliás, o risco faz parte do nosso negócio, é central. O mundo do risco, o mundo dos limites, é muito naquilo que o nosso negócio se centra e é também por isso que faz muito sentido uma marca como esta arriscar”, responde o country manager da Betclic Portugal, cargo que ocupa desde dezembro.

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A minha função tem muito de marketeer. Para além do tema do negócio, o tema do marketing é completamente central naquilo que é a gestão da marca em Portugal”, explica o ex-diretor de marketing da Sonae MC. “Há aqui motivos pessoais, queria muito conhecer uma empresa digital, como é a Betclic. E ter oportunidade de o fazer numa marca com a pujança, criatividade e diferenciação que a Betclic tem tido, é uma oportunidade incrível”, diz sobre as novas funções. “A Sonae é uma empresa espetacular. O objetivo de muita gente em Portugal é trabalhar lá. Comecei aí, mas queria conhecer outros contextos”, conta em entrevista ao +M.

Tenho tido ao longo da minha carreira a sorte de estar sempre em mercados muito competitivos e com marcas que estão numa arena agressiva do ponto de vista de ambição e de competitividade. Aconteceu nas telecomunicações, nos supermercados e agora no mercado betting”, onde, acredita, “será seguramente da capacidade de surfar essa onda da atenção que o setor tem, da capacidade de investimento e, principalmente, de termos concorrentes à altura — que claramente estão com uma postura séria e responsável e também a investir no mercado –, que vai continuar a nascer o sucesso”.

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Na Betclic, “há objetivos grandes do ponto de vista de negócio. O mercado é muitíssimo competitivo e, portanto, faz sentido continuar o trabalho que tem sido feito e defender a posição de liderança”, aponta. Para tal, a aposta na construção de marca e na criatividade são centrais, explica Tiago Simões.

Nestes três setores, telecomunicações, distribuição e gaming, “a parte de marketing, de comunicação, de criatividade, está muito ligada ao sucesso comercial”. Num setor com limitações horárias e geográficas em termos de comunicação, o patrocinador principal da Liga Portugal — e a partir deste ano também do Millennium Estoril Open — aponta a criatividade como fator de diferenciação.

Podemos ser muito irreverentes, podemos ser muito urbanos, muito moderninhos, mas o tema do bom gosto, de conhecer os limites e pisá-los, mas não os ultrapassar, é muito importante.

“É a tal história do blue ocean e red ocean. A nossa capacidade de encontrar blue oceans, sejam eles criativos, sejam eles de meios e de sítios onde estamos presentes, é mais desafiante, no sentido em que são mais difíceis de encontrar. Mas quando os encontramos, e acho que a Betclic tem conseguido, dá-nos um gozo brutal”. “A concorrência está muito nos mesmos registos”, observa.

Com três grandes campanhas lançadas nos últimos dois meses, assinadas pela FunnyHow (marca), pela Coming Soon (jogo) e pela Dentsu (futebol), que começa agora o trabalho com a marca — e salientando o papel da produtora 78 –, Tiago Simões aponta a relação com as agências como crucial para o sucesso da construção de marca e, logo, da operação. “A marca Betlic não seria o que é sem os criativos, sem a produtora que está connosco desde o início, é um caminho que tem sido construído”.

As pessoas quando olham para um filme na televisão, mesmo sem ver a marca, hoje já conseguem suspeitar ou ter a certeza que aquilo é um filme de Betclic e isso é um orgulho grande. É construção de marca à séria”, defende.

O reconhecimento da indústria, que se traduz no número de prémios ganhos, é apontado como sendo “muito sedutor” para as agências. “Há muitas agências a querer muito trabalhar connosco, o que é uma honra para a equipa que o conseguiu. Há uma grande capacidade de atração de talento criativo a querer trabalhar esta marca, porque percebem que aqui não há muitos limites”, conta.

Há limites horários, há outro tipo de limites, mas a marca pode basicamente fazer aquilo que achamos que faz sentido que a marca faça. Tem pisado o risco muitas vezes, mas os resultados têm sido muito bons. É sempre de uma forma muito inteligente, divertida, responsável e com bom gosto, que é uma coisa sempre muito importante. Podemos ser muito irreverentes, podemos ser muito urbanos, muito moderninhos, mas o tema do bom gosto, de conhecer os limites e pisá-los, mas não os ultrapassar, é muito importante”, avalia.

Há filmes, no percurso da marca, “que têm sido desafiantes do ponto de vista da sua aprovação. Quem os aprovou, aprovou-os com coragem”, resume.

Quem está no marketing tem de procurar essa intimidade com as agências. Isso cria-se com informação, com discussão, com abertura para errar, com conversas, com copos, com estarmos em muitas situações diferentes, com muitas discussões e com uma discussão muito séria.

Com três meses de empresa, Tiago Simões acredita que a ausência de limites aumenta a responsabilidade das agências. Nunca é apresentada uma ideia maluca por ser maluca, há sempre um racional, há sempre uma lógica. A exigência que a equipa construiu ao longo destes anos para com os criativos é assim. Não temos limites e por isso vamos lá ser mais responsáveis, vamos lá perceber porque estamos a meter uma pessoa toda nua a correr em frente a um carro ou a correr num campo de padel, como por exemplo acontece nesta última campanha. Acontecem coisas loucas, mas, tipicamente, esta ausência de limites, traz ainda mais responsabilidade”, frisa.

E a agência ideal? “É a agência que está connosco e que sente a marca, que a vive e transpira connosco, que dorme uma sesta connosco. É mesmo essa, porque é aquela que nos vai percebendo todos os dias. É impossível que muitas destas coisas apareçam, sem haver essa intimidade. “Quem está no marketing tem que procurar essa intimidade com as agências. Isso cria-se com informação, com discussão, com abertura para errar, com conversas, com copos, com estarmos em muitas situações diferentes, com muitas discussões e com uma discussão muito séria”, responde. “Não se pense que é por um homem andar a correr nu campo de padel que a conversa é menos séria, porque a conversa sobre isso é muito séria, ainda é mais séria e isso é muito fixe”, conta.

A estratégia da Betclic Portugal, a centralidade da criatividade para fazer crescer o negócio, a forma como se posiciona nos diferentes territórios, a relação com as agências e o desafio dos media, no qual defende que os anunciantes devem estar envolvidos, são alguns dos temas que pode ver/ouvir na íntegra, em vídeo ou podcast.

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Grupos de media “são os maiores inimigos de si próprios”

Tiago Simões, country manager da Betclic, defende que o desafio dos media devia ser discutido entre grupos. "Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos de estar envolvidos na discussão."

A saúde dos media é uma preocupação “gigante” para Tiago Simões. “Sim, acho que os meios de comunicação social conseguem responder” às necessidades dos anunciantes, começa por apontar, mas a sua transformação, até para competir com as plataformas internacionais, constitui “um grande desafio” diz o country manager da Betclic Portugal.

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“Estamos a viver um momento no qual o papel da comunicação social é grande, importante e positivo. O momento é muito negativo, mas ainda bem que há jornalistas que nos ajudam a perceber as coisas que se passam para depois podermos avaliar”, realça.

A preocupação tem a ver com a própria democracia e com questões sociais, mas também com o que os media representam para as marcas.

Precisamos muito desses meios para termos parcerias, para desenvolvermos projetos. Se esses meios não existirem… Acho que também temos de perceber a nossa dimensão à escala de um Netflix, de um Max ou de uma Amazon. É muito pequena. A disponibilidade para se relacionarem com as maiores marcas a operar em Portugal vai ser muito baixa”, concretiza.

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O desafio dos media, defende, é também um desafio dos anunciantes. “Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos de estar envolvidos na discussão de uma solução, que precisamos de encontrar”, diz. Se estão? “Queremos estar, mas não existe uma discussão ainda estruturada, centralizada, organizada. Aí os grupos são os maiores inimigos de si próprios”, atira.

Enquanto marcas grandes e anunciantes, temos que estar envolvidos na discussão de uma solução, que precisamos de encontrar.

Devia-se discutir isto de uma forma organizada, pública e concertada entre todos, Mas, tal como existe nas indústrias grandes em que tenho estado, às vezes, há alguma dificuldade em falar-se com a concorrência. Mas, como neste caso é para a sobrevivência da indústria, parece-me central que isso aconteça”, defende o também ex presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes.

Tiago Simões defende uma espécie de joint venture dos grupos de comunicação em Portugal. “Aquilo que me parece mais óbvio é juntarem-se, para haver uma central de conteúdos portugueses, para que eu pague X por mês e possa ter acesso ao ECO, ao Observador, ao Público e ao Expresso”, dá como exemplo. “Se calhar haver também algum apoio estatal um bocadinho mais independente, através, por exemplo, do financiamento dessa mensalidade para jovens”, acrescenta.

“Para que continue haver jornalismo e dinheiro para os jornalistas e, no caso, os anunciantes — que é o que nos traz aqui –, para conseguirmos ter parceiros, para construirmos projetos editoriais e branded content e chegarmos às pessoas de uma forma diferente”, “acho que a indústria se devia organizar para pensar isto de uma forma mais profunda”, reforça em entrevista ao +M.

A estratégia da Betclic Portugal, a importância da criatividade no negócio ou a relação com as agências são outros dos temas abordados e aos quais pode assistir na íntegra no vídeo.

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Consumo privado foi motor do crescimento da economia, mas contributo vai diminuir

BdP prevê para 2025 e 2026 "um crescimento mais equilibrado", com um aumento do contributo do investimento, em especial da componente pública, e uma redução do contributo do consumo privado.

O consumo privado ganhou um peso no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 que não tem sido tradicional, com o investimento e as exportações a perderem terreno. No entanto, o Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa regresse a um padrão de crescimento mais sustentável.

No “Boletim Económico de março”, divulgado na quinta-feira, o Banco de Portugal (BdP) assinala que o consumo privado (líquido de conteúdo importado) contribuiu 1,1 pontos percentuais (pp.) para o crescimento de 1,9% da economia. Por outro lado, o contributo das exportações reduziu-se para 0,6 pp., devido ao menor dinamismo dos serviços, “expectável com o desvanecimento do impulso pós-pandémico do turismo internacional”.

Ademais, o investimento “permaneceu fraco, num contexto de taxas de juro e incerteza elevadas”, com um contributo de apenas 0,2 pp para a variação do PIB. Perante este quadro, o Banco de Portugal destaca que, em 2024, os fatores de sustentação do crescimento foram diferentes dos do ano anterior e do período entre 2015 e 2019.

Fonte: Banco de Portugal – Boletim Económico de março

No entanto, o Banco de Portugal prevê para este ano e o próximo “um crescimento mais equilibrado”, com um aumento do contributo do investimento, em especial da componente pública, e uma redução do contributo do consumo privado. De acordo com a sua projeção, o consumo privado tem um contributo de um ponto percentual para o crescimento de 2,3% do PIB, as exportações de 0,7 pp. e o investimento de 0,4 pp.

Para 2026, o contributo esperado do consumo privado é de 0,7 pp. para o crescimento de 2,1%, igual ao das exportações, e de 0,5 pp. via investimento. Em 2027, contudo, o contributo do investimento torna-se nulo devido à redução da componente pública com o fim dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A não ser pela dimensão pública, quer a componente empresarial, quer residencial do investimento têm evoluções bastante contidas. Antecipamos que a componente pública venha a assistir a uma quebra muito significativa em 2027, tendo um contributo bastante negativo nesse ano, apenas parcialmente substituída pelas outras duas componentes em especial a empresarial”, alertou o governador do BdP, Mário Centeno, na quinta-feira durante a apresentação do “Boletim Económico de março”.

O Banco de Portugal realça que “o fraco crescimento do investimento no período recente limita a capacidade produtiva da economia”, destacando que a reação da oferta de trabalho às condições da procura não tem sido acompanhada por uma resposta similar da Formação Bruta de Capital Fixe (FBCF).

“A necessidade de reforçar o investimento é crucial para aproximar o stock de capital da economia portuguesa, avaliado em rácio do PIB ou do emprego, ao dos congéneres europeus, o que se deverá refletir também numa convergência da produtividade”, aponta.

A análise do regulador revela que Portugal se situa “no grupo de países da União Europeia (UE) com menor stock de capital excluindo habitação, em percentagem do PIB — próximo, por exemplo, da Alemanha e da Bélgica —, sendo este resultado relativamente estável de 2000 a 2021″.

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Reabilitar, construir de raiz ou comprar casas a privados? Câmaras dão tudo para aproveitar PRR na habitação

A pouco mais de um ano do fim do prazo para terminar as casas pagas pelo PRR, já se sabe que muito dinheiro ficará por gastar. No terreno acelera-se com vários veículos, e apesar do IHRU.

Só construindo de raiz é possível responder à elevada procura que municípios como Oeiras verificam. No novo edifício do Alto da Montanha, o autarca mostra ao ECO/Local Online o resultado de um investimento de 200 mil euros por apartamento novo, valor que beneficia do IVA reduzido a 6%.Hugo Amaral/ECO

A falta de casas em vários pontos do país levou as autarquias a meter mãos à obra com dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), procurando velejar no vendaval de milhões que a “bazuca” trouxe ao país. Uns constroem de raiz, outros escolhem reabilitar os centros das cidades, e também há quem compre casas e até prédios usados.

Isaltino Morais, presidente da câmara de Oeiras, é um dos mais vocais defensores da necessidade de construir de raiz, tendo candidatado 748 apartamentos ao PRR, dos quais 64 acabam de receber os seus primeiros residentes, inquilinos com rendas abaixo dos 500 euros nos 32 apartamentos T2 e inferior a 600 euros noutros tantos T3. Nesta mesma urbanização a ser erguida em Carnaxide, os privados praticam preços de venda em planta acima dos 300 mil euros por um T1.

Na ponta oposta da Área Metropolitana de Lisboa, em Vila Franca de Xira, a ordem é para reabilitar. “Quando foi da negociação do PRR, o Estado português considerou que a habitação era prioritária. A verdade é que são os autarcas que estão a assumir essa responsabilidade da construção e da reabilitação”, diz Fernando Ferreira, presidente do município ribatejano. “No fundo, estamos a trabalhar para os objetivos que o Governo estabeleceu”.

Para comprar um prédio degradado, paga-se 1600 euros por metro quadrado, o que é incompatível com habitação pública, e depois a construção ou reconstrução ainda sai mais cara do que fazer habitação nova.

Isaltino Morais

Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

Construir novo ou reabilitar é uma discussão com intervenientes convictos de um e outro lados. Se Oeiras não privilegia a recuperação de edificado antigo (embora tenha um par de edifícios onde fez esse trabalho), devido ao preço dos edifícios devolutos no concelho, outros, como Vila Franca de Xira, viram-se precisamente para aí.

Isaltino Morais nota que em Oeiras, “para comprar um prédio degradado, paga-se 1600 euros por metro quadrado, o que é incompatível com habitação pública, e depois a construção ou reconstrução ainda sai mais cara do que fazer habitação nova”, assegura.

Posição contrária tem Fernando Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira. Admitindo que em “reabilitações absolutamente de raiz, com cuidados suplementares, o custo normalmente é maior” — sobretudo quando, como sucedeu em Vila Franca de Xira, os trabalhos encontram património arqueológico, neste caso um caminho romano desconhecido até agora –, o autarca defende o modelo para o centro das cidades, como forma de dar o exemplo à sociedade, dinamizar a vida social e económica, ao reavivar um imóvel emparedado, e chamar habitantes ao centro.

A reabilitação de edifícios em Vila Franca de Xira verifica-se, por exemplo, em dois edifícios a que o autarca conduz o ECO/Local Online, a escassas centenas de metros dos paços do concelho. Em execução tem 34,5 milhões de euros — dos quais cerca de 32 milhões do PRR e o restante da responsabilidade da câmara –, repartidos entre 54 fogos, uns em prédios que serão totalmente reabilitados, outros que estão devolutos e necessitam de obras.

Face aos 1.900 euros por metro quadrado da construção camarária nova em Oeiras, a adjudicação das obras de reconstrução na parte oposta da Área Metropolitana de Lisboa está a ser feita a um valor médio de 2.000 euros por metro quadrado, explica o presidente de Vila Franca de Xira.

Neste caso, o município ribatejano vale-se de património próprio devoluto e de outro que estava na esfera do Estado central. Os imóveis do Estado chegam por via do IHRU, do exército, institutos públicos e da Estamo. “Não chegam todos da mesma maneira e isso é uma das razões pelas quais também não foi fácil arrancar com os projetos todos na mesma altura, porque o património foi chegando”, diz Fernando Ferreira, ciente de que o país não aproveitará todo o dinheiro do PRR destinado à habitação. Como possível exceção identifica apenas “reabilitações de frações que já são habitacionais e estavam devolutas”.

Quando foi da negociação do PRR, o Estado português considerou que a habitação era prioritária. A verdade é que são os autarcas que estão a assumir essa responsabilidade da construção e da reabilitação.

Fernando Ferreira

Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

As verbas do PRR para as autarquias não se ficaram pelas câmaras e pelo menos num caso ficaram ao dispor das juntas de freguesia. Em Benfica, Lisboa, o acesso ao fundo europeu está a ser utilizado para aquisição de edificado existente, sejam prédios inteiros, sejam frações autónomas ao longo da freguesia.

Ricardo Marques, presidente da junta, apostou em ir ao mercado comprar apartamentos à venda. A estratégia já permitiu amealhar 80 apartamentos, num total de 182 fogos que o PRR permitirá juntar à habitação pública da freguesia — e, por extensão, da cidade. Deste número, mais de 100 estão em prédios adquiridos para reabilitação. Dezenas de outros apartamentos foram inviabilizados pela inoperância do IHRU, lamenta o autarca.

Em Lisboa, o preço máximo para aquisição de imóveis pelas autarquias está fixado acima dos 4.100 euros por metro quadrado, mas a junta fechou negócios na casa dos 3.000 a 3.300 euros por metro quadrado. “Se uma casa necessitasse de obras, o valor de compra tinha que ser inferior, porque tínhamos de encaixar no modelo de negócio. Se não tivesse obras e fosse chave na mão, obviamente que, não havendo um investimento de obra por parte do erário público, o valor de compra seria superior”, explica Ricardo Marques.

A junta candidatou 272 apartamentos, em diferentes metodologias, uns em construção de raiz com compra de terrenos, outros em compra de edifícios para reabilitação e outros em compra de apartamentos para reabilitação e também chave na mão, com obras feitas”, explica o autarca de Benfica ao ECO/local Online. Comum a todas estas habitações é o destino ao mercado de arrendamento.

Estes 272 fogos “equivaliam, grosso modo, a 1170 novos fregueses. Na prática, recuperava-se metade dos 2000 a 2200 cidadãos moradores perdidos em Benfica na última década”, diz. A negociação com os privados não excedeu os seis meses, período em que foi fechado negócio com esses 272 apartamentos.

Benfica é um caso excecional de uma junta de freguesia a investir na construção e aquisição de casas para habitação municipal. Recebido o aval para se candidatar a fundos do PRR, adquiriu seis edifícios, entre os quais este no Calhariz de Benfica, onde surgirão oito novos apartamentos, prontos a entregar dentro de dois meses.

Contudo, e só desde outubro, a falta de resposta do IHRU na validação da aquisição com o dinheiro do PRR obrigou a junta a travar a compra de quase meia centena de casas que tinha acordado adquirir a privados — as quais, de acordo com a Lei, teriam benefícios fiscais em sede de mais-valias.

Não querendo aguardar mais pela conclusão do negócio, os privados acabaram por comercializar o seu apartamento no mercado imobiliário convencional. “Em todo o processo, foi sempre muito difícil a capacidade de resposta do IHRU na avaliação das candidaturas“.

“Muitos proprietários não estão para esperar. Obviamente, deixamos que os proprietários avancem com a venda no mercado normal, porque nós nem sequer temos resposta do IHRU”. Perdida na ineficácia do IHRU ficou, por exemplo, a oportunidade de adquirir três prédios para reabilitação.

No período de execução do PRR, 46 apartamentos já estão entregues aos novos inquilinos e outros 22 serão atribuídos este ano — mediante um sorteio da responsabilidade do Executivo de Carlos Moedas. Prestes a arrancar está um prédio de 50 apartamentos construído de raiz num terreno comprado à Câmara Municipal de Lisboa por cerca de 1,8 milhoes de euros, montante proveniente do PRR.

Ricardo Marques assegura ao ECO/Local Online que os trabalhos deste novo edifício e entrega das chaves aos inquilinos ocorrerão antes do final do prazo da execução do PRR, em junho de 2026. Para tal, a construção será feita com tecnologia modular. Esta tecnologia já foi empregue na residência universitária recentemente inaugurada em Benfica, um edifício de quatro pisos que em onze meses estava pronto para albergar 120 estudantes.

Privados chamados à construção em solo rústico e à reabilitação

Enquanto caminhamos pela zona mais antiga de Vila Franca, guiados pelo presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Ferreira leva-nos a dois edifícios municipais em obra e nota que “boa parte do património era do Estado central e estava aqui abandonado nos centros das nossas vilas. O PRR foi essencial para se poder avançar para este trabalho”, diz.

“Apostamos muito em reabilitação de imóveis nos centros antigos das nossas localidades, porque o município tinha alguns imóveis nessa situação, degradados ou abandonados. E o Estado também tinha alguns edifícios no centro das nossas cidades e vilas e, portanto, a prioridade foi para a reabilitação desses edifícios”.

“Em Vila Franca, mesmo na cidade, a aposta tem sido na reabilitação de edifícios que estão devolutos ou em ruína, mas também na reabilitação da habitação municipal que precisava de ser recolocada no mercado”, especifica.

Das 1073 frações de habitação camarária, haverá uma evolução para 1300, conta.

Fernando Ferreira defende a reabilitação como forma de levar vida a edifícios que, degradados, escoam a vitalidade dos centros das cidades.Hugo Amaral/ECO

A câmara ribatejana aguarda pelos privados também para o arrendamento acessível, modelo que Oeiras pratica no edifício inaugurado na semana passada em Carnaxide e que Benfica também está a promover.

O modelo de arrendamento acessível difere da habitação social pelos valores praticados.

Já no que toca à renda acessível, Oeiras e Benfica têm uma realidade de valores não muito distinta. No edifício da nova zona de construção para classe média/alta no Alto da Montanha, em Carnaxide, os T2 camarários ficam abaixo dos 500 euros e os T3 abaixo dos 600 euros. Em Benfica, as mais de 40 casas entregues pela junta de freguesia têm um valor médio de 412 euros, num máximo de 610 euros cobrado por um T4 para uma família alargada.

Quando as posses dos cidadãos são mais precárias, a resposta vem pela renda social, que em Oeiras significa, no parque de milhares de casas, valores entre nove e 300 euros. Isaltino Morais diz que precisa de 4.000 casas para responder à procura. A autarquia ribatejana tem mais de 500 pessoas carenciadas em espera para habitação, muitas delas empurradas para esta condição pelo aumento das rendas no mercado livre, a quebra dos contratos pelos senhorios, o desemprego e a a dinâmica familiar com divórcios, descreve Fernando Ferreira. Em Vila Franca de Xira, os valores de renda social são tão exíguos que, nas contas da autarquia, seria necessário mais de um século para que estas rendas paguem os 40% que o Governo pretende imputar aos municípios na construção dos próximos edifícios de habitação pública a serem candidatados a fundos europeusao contrário do PRR, o programa PT2030 não pagará as obras a 100%, mas porventura a apenas 60%, aventou já o ministro das Infraestrutras e Habitação, Miguel Pinto Luz.

“O que o Governo tem dito é que isso não tem problema nenhum, porque esses 40% vão ser compensados pelas rendas recebidas pelos munícipes, uma vez que quem vai receber as rendas são os municípios, não é o governo. Este é o raciocínio. Ora, a renda média aqui em Vila Franca de Xira são 50 euros. Fizemos as contas: para compensar os 40%, estamos a falar de um período de retorno de 130 anos“. O autarca socialista deixa já o aviso ao Governo que venha, a partir de maio, a desenvolver soluções para mais habitação pública: “não é viável que o projeto seja desenvolvido desta maneira”.

A aquisição de apartamentos já construídos, opção mais consistente da freguesia de Benfica, foi seguida pontualmente em Vila Franca de Xira. Ali, vários edifícios construídos por uma antiga cooperativa, Promocasa, de que o Estado era credor, foram comprados ao próprio Estado central pela câmara, com verba do PRR.

Optámos por aproveitar o PRR para resolver alguns problemas, aliás, em articulação com o IHRU, para adquirir o que é um património em vários bairros que foi na altura construído pelo PER, mas não pelo município, por uma cooperativa de habitação, que entretanto entrou em insolvência. O património estava numa massa falida que corria o risco de ser vendido a um privado com as pessoas lá dentro”, diz Fernando Ferreira. “Estamos a falar de 129 famílias”.

Ao todo, o município pagou cerca de quatro milhões de euros, o que lhe permitiu amealhar património a uma média de 30 mil euros por apartamento, ainda que sujeito a investimento adicional na reabilitação (num dos prédios, os elevadores estavam parados), com financiamento proveniente do PRR.

Em Vila Franca de Xira, o custo médio de recuperação de edifícios está situado nos 2.000 euros por metro quadrado, diz o presidente da autarquiaHugo Amaral/ECO

Uma diferença de 300% ao passar a rua

Na ótica de autarcas como Isaltino Morais, a escassez de construção nova contribuiu para uma situação de stress habitacional que já está a fazer ressurgir bairros clandestinos, absolutamente sem condições de habitação, à volta de Lisboa. A realidade estatística comprova, pelo menos, a enorme quebra na construção de novos fogos em Portugal a partir da primeira década deste século.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Na urbanização Alto da Montanha, em Carnaxide, com dezenas de edifícios a serem erguidos, o prédio camarário, com casas para arrendamento acessível, é indistinto dos demais. “A arquitetura não tem estigma”, diz ao ECO/Local Online Isaltino Morais, numa visita ao edifício antes da chegada dos novos inquilinos. Cada um dos 64 fogos, divididos entre T2 e T3, custou à câmara uma média de 200 mil euros, num total de 12,8 milhões de euros, dos quais 12,2 pagos pelo PRR. Numa construção privada, a este valor haveria que juntar 17 pontos percentuais extra de IVA (mais de 30 mil euros adicionais), já que a habitação municipal beneficia de imposto a 6%, contra os 23% da construção particular, o preço do terreno e o lucro do promotor. Talvez por isso, do outro lado da rua deste edifício os T2 superem o dobro deste valor.

Mesmo com um custo de 200 mil euros para um T2 (com IVA a 6%), a fração poderia ficar 15% mais barata, assegura Isaltino: “se tirar o estacionamento e o comércio não fica a mais de 170 mil euros”. As infraestruturas, a garagem e a loja são, note-se, despesa excluída pelas regras do PRR.

“Posso encurtar nas áreas, aquela sala não precisava de ter aquele tamanho, aquela varanda poderia estar fechada”, vai descrevendo ao longo da visita guiada ao edifício. Porta blindada, janelas de alumínio com vidro térmico duplo, varandas, áreas amplas (decorrentes da imposição legal para qualquer construção nova de espaço para circulação de residentes em cadeira de rodas) são características comuns a mais dois edifícios em fase final de construção em Linda-a-Velha, aos quais Isaltino Morais guia igualmente o ECO/Local Online.

O valor da construção é exponencial. Não se vai fazer construção a preços moderados num terreno que custa 600 ou 700 euros. O problema hoje não é falta de casas, não se constroem é casas para a classe média. Os promotores imobiliários não encontram terrenos compatíveis para esse efeito.

Isaltino Morais

Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

Sob o prédio do Alto da Montanha está um terreno que já foi rústico e que chegou à posse da câmara por contrapartida do urbanizador. A preço de mercado, o lote superaria facilmente os 500 euros por metro quadrado. A construção no prédio camarário inaugurado a 13 de março (que Isaltino destaca como o primeiro do país com verbas PRR a estrear) custou 1900 euros por metro quadrado, enquanto “do outro lado da rua é vendido a cinco ou seis mil”, diz o edil.

“O valor da construção é exponencial. Não se vai fazer construção a preços moderados num terreno que custa 600 ou 700 euros. O problema hoje não é falta de casas, não se constroem é casas para a classe média. Os promotores imobiliários não encontram terrenos compatíveis para esse efeito”, diz o autarca, defensor da construção de raiz, para o que tem defendido aguerridamente a possibilidade de transformação de solos rústicos em urbanos, ao abrigo da nova Lei dos solos. “Podemos fazer bairros com 150 ou 200 apartamentos, faz todo o sentido”, considera, assegurando que só permitirá novas urbanizações em espaço contíguo com atual zona urbana. “Vão-se fazer infraestruturas nova para quê? Se temos um terreno intersticial que é rústico, é o primeiro a ocupar, porque já tem infraestruturas”.

A resolução do problema da habitação é o maior fator de combate à pobreza. Somos o segundo município mais rico do país, justamente porque acabámos com certas assimetrias que havia aqui. Isto era uma chaga de barracas, um dormitório de Lisboa, hoje é uma nova centralidade”, descreve Isaltino.

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