Crescimento económico abaixo do limiar de recessão, avisa OCDE

A OCDE atualizou a previsão de crescimento da economia global em 2017 para 2,9%. O valor é "dramático", classificou Catherine L. Mann, economista-chefe da organização internacional.

Baixo crescimento económico, baixas taxas de juro e baixas trocas comerciais. Resultado? Uma revisão em baixo do crescimento para valores que, embora positivos (2,9%) já entram naquilo que os economistas consideram ser uma recessão. Os economistas consideram-se que sempre que a economia mundial cresce menos de 3% se está perante um período de recessão. A economista chefe da organização internacional, Catherine L. Mann, disse, em conferência de imprensa, que com um crescimento económico global de 3% não é possível melhorar as condições de vida.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico retira assim uma décima ao crescimento previsto em junho. Esta revisão surge na avaliação intercalar das perspetivas para a economia mundial. Este é o valor mais baixo desde, pelo menos, 2011, o último ano em que o crescimento económico foi superior a 4%.

A organização liderada por Angel Gurría prevê uma recuperação em 2017, superando a barreira dos 3%. Em novembro há novo relatório sobre a economia global divulgado pela OCDE.

A principal revisão do crescimento económico prevista pela OCDE é nos EUA e Canadá: 1,8% em junho e agora 1,4% e 1,7% em junho e 1,2% agora, respetivamente. As más previsões alastram-se à Zona Euro e ao Japão, com reduções em 0,1% em relação às estimativas de junho. Isto coloca a previsão da Zona Euro em 1,5% e do Japão em 0,6%.

A OCDE mexeu as previsões no sentido positivo para o Brasil, a Alemanha e o Reino Unido. Os brasileiros vão continuar em recessão, mas a previsão melhorou de -4,3% para -3,3%. A previsão da Alemanha foi revista em alta para 1,8%, a mesma taxa de crescimento prevista para o Reino Unido.

Crescimento económico em 2017 supera limiar da recessão com 3,2%

As perspetivas do Reino Unido (RU) para 2017 são piores do que as previsões para 2016. No próximo ano, possivelmente já com os efeitos do Brexit a terem consequências na economia inglesa, a OCDE prevê que o RU só cresça 1%, tendo diminuído um ponto percentual em relação à previsão de junho. O efeito Brexit prejudica também a Zona Euro, apesar de o Reino Unido não estar incluído. É que a OCDE diz que “efeitos mais negativos na Zona Euro provavelmente vão tornar-se reais em 2017”.

As economias emergentes também não estão a ajudar. A OCDE nota uma desaceleração do crescimento económico de países como a China e a Índia, os dois motores da economia mundial atualmente. As projeções atualizadas dão um aumento do PIB de 6,5% e 7,4% na China e na Índia. O alerta vai para a China que está neste momento a balancear a falta de investimento com estímulos fiscais e monetários. A puxar para baixo a economia mundial está também a recessão no Brasil e na Rússia, para além de um crescimento quase anémico do Japão (0,6%, corrigidos dos 0,7% previstos em junho).

As trocas comerciais, o investimento e a produtividade são três fatores fracos que atualmente se verificam na economia global, avisa a OCDE. Além disso, apesar de existir um aumento do emprego, este “não tem sido acompanhado com um aumento significativo dos salários”. O atual cenário global desaponta as expectativas de tal forma que, para a zona da OCDE, o crescimento do PIB potencial está em 1% em 2016, “metade da média das duas décadas que precederam a crise”.

OCDE vaticina esgotamento da política monetária de ‘quantitative easing’

A política monetária está “sobrecarregada”. E está a criar “distorções financeiras”. A conclusão da OCDE é que, com a estratégia de ‘quantitative easing’ para reanimar a economia, os bancos centrais podem estar a arriscar consequências nefastas no futuro. As taxas de juro são baixas, muitas até negativas, e a opinião do organismo internacional é que estes níveis criam riscos.

“Há riscos de volatilidade financeira e de inversões abruptas nos mercados de activos”, refere a OCDE. Por isso, o conselho é para os Estados reduzirem a dependência dos bancos centrais, como é o caso de Portugal em relação ao BCE. Além disso, deixa um alerta para os crescentes preços no mercado imobiliário para níveis parecidos aos pré-crise, o que pode indiciar uma bolha. No entanto, a OCDE ressalva que esta subida de preços não tem sido acompanhada por um rápido aumento da dívida para habitação.

Editado por Mónica Silvares

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