Será Nova Iorque a nova City?

  • Ana Luísa Alves
  • 18 Outubro 2016

Nova Iorque tem mostrado ser a única cidade capaz de ser a "próxima" City, quando o Reino Unido sair oficialmente da União Europeia.

Nova Iorque pode vir a ser a próxima City. Um destino mais longe que um outro país do velho continente, para onde parte dos banqueiros norte-americanos já tinham manifestado desejo de mudar as suas operações. A notícia foi avançada esta segunda-feira pela Bloomberg.

Mais do que a Frankfurt ou Paris, Nova Iorque tem revelado ser a candidata perfeita para atrair o talento do setor financeiro londrino, se as consequências para a indústria forem negativas com a saída do Reino Unido da União Europeia.

Não há hipótese de na União Europeia continuar a existir um centro com as infraestruturas que Londres tem. Só há uma cidade no mundo que pode ser como Londres, e é Nova Iorque.

John Nelson

Presidente do Lloyd's of London

Depois de o ministro das finanças francês ter dito que os bancos Norte Americanos confirmavam a saída do Reino Unido, a maior cidade dos EUA, Nova Iorque, que rivaliza com Londres quanto aos mercados financeiros, pode ser uma substituta da City.

“Não há hipótese de na União Europeia continuar a existir um centro com as infraestruturas que Londres tem”, disse John Nelson, presidente do Lloyd’s of London, numa entrevista citada pela Bloomberg. “Só há uma cidade no mundo que pode ser como Londres, e é Nova Iorque”, acrescentou.

Os CEOs dos bancos já perderam a esperança quanto à possibilidade de a primeira-ministra, Theresa May, poder vir a salvaguardar a posição dos bancos na saída da UE, de acordo com fontes familiares ao assunto, citadas pela Bloomberg.

É pouco provável que as prioridades dos bancos vão ao encontro das prioridades do governo londrino. E ainda é menos provável que a maioria dos reguladores europeus consigam fazer face ao fluxo de pedidos de licenças de bancos de investimento que podem vir a acontecer depois do Brexit.

A transferência da indústria financeira londrina para os EUA traz, segundo a Bloomberg, vários problemas. Um deles, tem a ver com a possível fragmentação da indústria caso tenha de deixar realmente a City, algo que afetará em particular para os bancos norte-americanos, que precisaram de mais de duas décadas a centralizar as suas operações europeias.

Outro dos problemas prende-se com a necessidade de os bancos continuarem a estar dentro da Zona Económica Europeia para vender bens e serviços aos mais de 450 milhões de cidadãos. Um outro problema é o horário: são três da manhã nos EUA quando os mercados europeus abrem.

No entanto, nem todas as empresas querem esta transferência para os EUA. Um banco norte-americano disse à Bloomberg que não vai transferir as pessoas de volta para os EUA depois do Brexit, e um executivos do banco afirmou mesmo que pode vir a ganhar ainda mais por manter em Londres algumas operações financeiras, e por garantir a presença no mercado europeu, quando outros bancos saírem da City.

O Brexit continua a ser motivo de preocupação, ainda que faltem alguns meses para o início oficial das conversações, previstas para março de 2017, segundo Theresa May.

Editado por Paulo Moutinho

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