Millennials: Poupar para a reforma. Qual reforma?
- Ana Luísa Alves, Marta Santos Silva, Rafaela Burd Relvas, Flávio Nunes, Juliana Nogueira Santos, Cristina Oliveira da Silva e Tiago Varzim
- 3 Novembro 2016
Poupar para viajar ou fazer planos a longo prazo? Os descontos mensais, acreditam estes millennials, podem servir para muita coisa. Mas não servirão para assegurar as suas reformas.
Estamos mais velhos, disso ninguém tem dúvidas. Mas para quem ainda está a viver os seus 20 ou 30 anos, a realidade da reforma pode parecer muito distante. Todos os anos a idade de acesso à pensão aumenta e as reformas antecipadas são mais penalizadas, à custa do aumento da esperança média de vida. O Governo prometeu rever as regras em vigor mas até que estes “millennials” cheguem à reforma muita coisa pode mudar. Estarão preparados para o futuro?
Isac Graça, 25 anos, ator
Isac Graça é ator há meia década. Frequentou, durante um ano, o curso de Audiovisual e Multimédia na Escola Superior de Comunicação Social mas, foi na Escola Superior de Teatro e Cinema que se licenciou. Atualmente está, como o próprio diz, num “pré-projeto”, de um filme que vai fazer em novembro.
Nunca desistiu daquela que considera ser uma profissão “de risco” e que não lhe dá a segurança que gostaria, sobretudo a nível económico. “É impossível poupar na minha profissão. Eu faço teatro e cinema, não faço novelas, que é onde se recebe mais e durante mais tempo”, explica Isac. Se conseguisse poupar (mais), investiria o dinheiro em projetos culturais relevantes, que “pudessem ou não ser lucrativos”.
Isac considera que na profissão de ator, e em qualquer outra do mundo do espetáculo, é “ingrato aquilo que se desconta”, porque não existem garantias de subsídios, sobretudo o de desemprego. Não ter reforma pode ser uma realidade daqui a uns anos para Isac, e para tantos outros empregados, que descontam, no mundo do espetáculo ou não. Esta é uma possibilidade “terrível”, e “assustadora”, e reflete a “má gestão do dinheiro que se fez nos anos em que realmente havia dinheiro, no fim dos anos 90”.
Não ter reforma é pagar “o custo das coisas”. Para Isac, aquilo que está a acontecer é, no fundo, estar a “pagar os erros de toda a gente, sobretudo dos nosso pais, não dos patrões como até dos empregados, e de toda a gente desperdiçou dinheiro e só pensou a curto prazo. É claro que nós somos os prejudicados”, explica o jovem ator.
Mas pensar a longo prazo, poupar a longo prazo, é importante? “Sim, claro que sim. As estruturas de emprego estão muito voláteis, as coisas estão a renovar-se, acho que em todas as áreas, muito rapidamente, e as profissões artísticas são voláteis por natureza”, explica Isac, acrescentando que aquilo que é preciso é uma reviravolta económica. Só que, considera, até isso é pouco provável.
“Não estou a ver o PIB a aumentar exponencialmente num país nestas dimensões, ou a termos uma UE a confiar tanto em nós numa altura de queda. Aliás está a acontecer o contrário”, explica Isac.
Embora considere que possam existir casos de exceção nas várias áreas de empresários artistas, de pessoas que “além de conseguirem criar condições para viver melhor mais tarde, têm um efeito um bocado contrário ao dos eucaliptos, que secam tudo a sua volta. Estas pessoas conseguem salvar-se a si e aos outros”, acrescenta.
O sentimento do ator é de que os artistas estão “desprotegidos”. “Somos um grupo desfavorecido. Eu trabalho há cinco anos e tenho um currículo de pessoas com quem trabalhei e sítios onde cheguei, e tenho capacidades de trabalho que se materializam no currículo. E isso não me garante emprego. Assim como fazer uma novela, que pode correr muito bem, não garante que os atores façam mais novelas”, acrescenta Isac.
Mónica Alcobia, 29 anos, assistente Técnica
“Penso sempre a longo prazo“. É assim que Mónica Alcobia, de 29 anos, toma decisões sobre a poupança no presente, a olhar o horizonte do futuro. Começou a trabalhar desde os 16 anos e logo a responsabilidade financeira esteve presente. “Tento sempre pôr algo de parte. Mesmo antes, em criança, os meus pais criaram uma conta poupança onde iam colocando algum dinheiro”, explica ao ECO. Apesar disso, um plano de reforma não está nos seus planos para já.
Até porque para já tem uma casa para pagar, no concelho de Sintra, uma escolha menos habitual atualmente nos jovens da sua idade: “A escolha de comprar casa em vez de alugar é porque consigo ter uma prestação relativamente baixa, mais baixa do que o aluguer de um apartamento e no final a casa é minha. Posso fazer o que quiser dela”, considera. Neste momento trabalha como Assistente Técnica na Escola Superior de Comunicação Social e parte do salário vai direto para a casa: “O pagamento da prestação da casa cai no mesmo dia do ordenado, assim nunca chego a ver aquela parte do dinheiro”.
Essa aposta em comprar uma casa “nunca será um problema”. Caso vá para fora de Lisboa pode “vender novamente a casa ou alugar”. Por fim, desabafa uma certa frustração: “No final o que vai acontecer é que as pessoas que começaram a trabalhar aos 30 anos vão-se reformar com a mesma idade que eu, mas com menos anos de descontos e possivelmente com uma reforma maior”.
Alexandre Fernandes, 28 anos, arqueólogo
Alexandre Fernandes é algarvio mas a ouvi-lo falar de Lisboa parece que sempre foi lisboeta. O percurso de Alex começou como tantos outros e depois… “rebentou assim um fusível, e eu deixei de me preocupar tanto com a carreira profissional”.
Tirou Arqueologia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, recebeu o canudo em 2009, e depois começou a roda viva dos recibos verdes: uma escavação com prazos finais que foram adiados semana após semana durante um ano e meio, um período breve a fazer biscates para uma grande empresa de arqueologia em Lisboa, um projeto que se previa durar seis meses e que acabou abortado ao fim de dois. No total, uns quatro anos e meio a recibos verdes mas a trabalhar na área em que se tinha formado. “Eu queria mesmo fazer carreira naquilo, preocupava-me com encontrar trabalho que me abrisse portas”, relembra.
Depois veio uma altura em que o trabalho não aparecia, e após dois meses à procura Alexandre acabou a vender telemóveis e pacotes de Internet porta a porta, com contratos cancelados e feitos de novo a cada quinze dias. “Foi a primeira vez na minha vida em que eu me sentia angustiado por ir trabalhar”, admite.
Ao fim de uns meses no pior trabalho da vida dele, Alex foi parar ao Castelo de São Jorge a fazer visitas guiadas como guia sazonal. A época alta no Castelo vai desde o fim de março a outubro, mas ainda nem outubro tinha chegado ao fim e Alexandre já tinha planos para o que ia fazer a seguir: Londres. “As pessoas perguntam-me: ‘Por que é que tu emigraste?’ E eu na altura sabia, mas agora já não sei. Fui porque sim.”
E foi, sem enviar currículos, sem procurar casa, e quando apareceu um trabalho num pequeno quiosque de sandes e sopas na City, aceitou, sem pensar duas vezes. “Tive de mentir a muito boa gente”, diz, a rir. “Inclusive à minha mãe, porque me estavam sempre a perguntar: ‘OK, estás aí nas sandes temporariamente, mas tens procurado trabalho na tua área? Tens enviado currículos?'” E Alex dizia que sim, mas na verdade não o fazia. Já não se preocupava com ter uma carreira ou com as portas que precisava que se abrissem. “Sentia-me perfeitamente bem”, diz.
"Não faço a menor ideia do que é que vou fazer no mês que vem, e estou totalmente bem com isso.”
“Depois comecei a ver que lá se ganhava muito mais dinheiro de uma forma muito mais fácil. Mas quando chegou a altura de voltar para cá não pensei no dinheiro. Queria voltar, e vir fazer uma coisa que eu gostasse de fazer, outra vez.”
O regresso começou com um email: tinha surgido uma posição permanente no Castelo de São Jorge, ele estava interessado? Demorou três dias a decidir, quinze dias a pôr os assuntos em ordem, e Alexandre e a namorada rumaram a Lisboa. “Agora estou com um contrato fixo. Mas isso não previne que eu tenha ideias de sair outra vez, não sei”.
Mas está melhor no Castelo agora que se apercebeu que só está porque quer e enquanto se diverte com isso, e que quando deixar de gostar vai partir para uma coisa melhor. “Não é o trabalho da minha vida mas também não sei qual é o trabalho da minha vida”, afirma.
Não se identifica com a “cultura de subserviência” de estar grato por todas as “oportunidades” que lhe derem e, no pequeno apartamento onde vive com a namorada perto da Feira da Ladra, diz não querer comprar casa, nem carro, nem ter uma carreira. “Não preciso disso”, diz. “Não tenho nenhum interesse em passar 40 anos numa empresa, começar por baixo, ir subindo”, continua. “Mesmo se fosse possível, não era algo em que eu estivesse interessado. De todo. Não faço a menor ideia o que é que vou fazer no mês que vem, e estou totalmente de bem com isso”.
“Sara”, 24 anos, engenheira química
Sara pediu que o seu nome fosse alterado neste artigo para proteger a sua posição na empresa onde cumpre um contrato de estágio de 11 meses sem direito a um único dia de férias. Sobre as suas perspetivas profissionais, encolhe os ombros. “Pronto, não me posso queixar muito”, brinca a engenheira química que, curso acabado, está agora a trabalhar numa empresa na área da Grande Lisboa.
O salário — que ronda os 900 euros — está acima da média entre as pessoas da mesma idade, segundo a calculadora do projeto Portugal Desigual da Fundação Francisco Manuel dos Santos, mas não lhe chega para grandes poupanças: a mãe está numa situação prolongada de desemprego e o pai numa de invalidez, o que deixa Sara e o irmão mais velho, que já está casado e com filhos, responsáveis por partilhar as despesas necessárias.
Vive com a mãe num apartamento perto de Lisboa, e independência? “Isso nesta altura nem me passa pela cabeça”, responde. A partilha de despesas da casa onde as duas vivem deixa-a sem muita margem para poupanças. Dos rendimentos, depois da renda, das contas, do supermercado, e do passe de transportes de que depende para ir trabalhar, já sobra pouco para os pequenos prazeres inalienáveis: uma aula semanal de dança, alguns jantares com os amigos, e pouco mais.
Quando lhe é pedido para se comparar com outros da mesma idade, acaba por concluir que não está tão mal como alguns. Acabou o curso a tempo e horas, passou uma temporada de seis meses em França a receber o suficiente para pôr um pouco de parte, e depois demorou apenas alguns meses a encontrar o trabalho na empresa onde se encontra atualmente. “Não é muito tempo de todo tendo em conta a conjuntura atual”, acrescenta.
No entanto, admite que não é propriamente o trabalho que gostaria de ter — não está a realizar funções compatíveis com a sua formação em engenharia química — nem é bem o salário que desejaria. “Mas da maneira que as coisas estão temos que nos sujeitar àquilo que aparece”, diz Sara. Quando o estágio terminar, tem alguma esperança de que lhe ofereçam um lugar permanente, mas só fica se não arranjar nada melhor. Preferia “alguma coisa na minha área, em contexto de fábrica”, esclarece.
Mais tarde, quando tiver mais alguns anos de experiência, espera começar a ganhar mais e poder ficar numa posição sénior. Na sua área, pelo menos, parece ser possível. “Daqui a cinco anos”, responde, confrontada com a questão clássica da entrevista de emprego, “gostava de estar a trabalhar nalguma coisa de que goste, com um contrato bom, e a ganhar um pouquinho mais”, conclui.
Sara Zhou, 25 anos, assistente de bordo
Voar não estava nos planos de Sara Zhou. Não havia muito no seu percurso, todo ele artístico, que o fizesse prever: tirou a licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, estudou na China Academy of Art e chegou a estagiar na área, em Barcelona.
O clique fez-se quando as pessoas mais próximas de si comentaram que voar seria o trabalho perfeito. “Por eu querer sempre ajudar e pelas línguas que falo”, conta a assistente de bordo de 25 anos. Acabou por mudar de área simplesmente porque foi “ganhando interesse genuíno pela aviação e porque tinha mais oferta de emprego”.
As línguas – o português, o mandarim e o inglês – e a vontade de ajudar chegaram para arranjar trabalho numa das maiores companhias aéreas do mundo, o que a obrigou a mudar as bagagens para Londres. “Pode dizer-se que fui obrigada a sair. Se tivesse tido a oportunidade de ter a mesma profissão cá, não teria saído”, reconhece.
É para a segurança social do país onde vive que desconta o salário. Em Portugal, declara os rendimentos obtidos no estrangeiro. E acredita que alguma vez vai ver o retorno desses descontos? “Acredito que poderei ter a reforma da Segurança Social, acho que será mais uma questão de quanto iremos receber nessa altura”, admite.
"Acredito que poderei ter a reforma da Segurança Social, acho que será mais uma questão de quanto iremos receber nessa altura.”
Apesar disso, e apesar de se preocupar com poupar, não tem conseguido fazê-lo tanto quanto gostaria. “As circunstâncias não permitiram, por estar sempre a voltar a casa ou por ter de ajudar com as contas dos meus pais desempregados. E, claro, porque gastei para aproveitar oportunidades, como viagens”.
Um dia, gostava de voltar a Portugal. Para “trabalhar na mesma área” ou para “criar um negócio próprio”, algo que não será para já, porque “os riscos são muitos” e porque não tem orçamento. “Não sei se o país me dá as melhores condições, mas acredito que há visões de melhorar”.
As condições podem mesmo não ser as melhores, mas Sara Zhou vê um copo meio cheio. A sua geração não vai receber tudo o que devia quando chegar a sua vez? Tudo bem. “Descontamos não só para a reforma, mas para tudo o resto: o sistema de educação ou de saúde, por exemplo. Pagamos um valor simbólico por todos os exames e tratamentos que fazemos. Eu estive maioritariamente em escolas públicas. Se a reforma não for tanto quanto espero, pelo menos, que mantenham e melhorem esses serviços”.
Daniela Marinho Pinto, 21 anos, estudante
“Gostava de ter pensão no futuro. Acredito que faz sentido ter pensão no futuro. Mas não sinto que a minha pensão seja garantida”, começa por dizer Daniela Marinho Pinto, estudante finalista de Comunicação Social na Universidade Católica, e com “perspetivas de ingressar no mercado de trabalho no próximo ano”. Com 21 anos, diz acreditar que “a tendência é a de haver uma preocupação cada vez menor com as garantias básicas da vida do indivíduo”. Mas não é um problema “só de Portugal”, reitera.
Enquanto estudante, admite ainda não ter pensado muito sobre a reforma, mas defende que não lhe parece “fazer muito sentido descontar ao longo da vida para um fundo de pensão”. Acredita no sistema. Isso sim. Mas não tem “garantias de que venha a usufruir dele”, assume. Até porque tem “uma visão muito pessimista do futuro” e “os tempos são incertos”.
Daniela Marinho Pinto ainda tenta justificar as origens do problema. “Primeiro, há o óbvio, que é o envelhecimento da população. Torna-se muito mais difícil na geração jovem, um número bastante inferior, sustentar as pensões de uma geração que tem muito maior peso, que é a geração idosa e que está em crescimento”, diz.
A minha poupança é o que se chama mesmo uma poupança: é o poupar todos os meses.
Depois, há também a “tendência ideológica” do Ocidente, que “está cada vez menos preocupada com a proteção do indivíduo, com as garantias básicas de sobrevivência da pessoa e olha cada vez menos para nós como pessoas e cada vez mais como partes de peças de um todo”, critica. Quanto ao fator económico, é “o problema mais fácil de resolver”, garante.
“Eu já tenho uma poupança, mas é estritamente a partir do meu mérito porque os juros são praticamente negativos. A minha poupança é o que se chama mesmo uma poupança: é o poupar todos os meses“, revela. É preciso pensar no futuro, sim, mas Daniela Marinho Pinto fá-lo a pensar nas “eventualidades a curto prazo”.
Mesmo assim, face a isto, está já a apostar em “educação e método”. Poupa, mas “é uma questão de tentar ganhar o hábito cedo, não tanto preocupada com aquilo que vai acontecer no futuro, mas mais preocupada com o criar um método saudável de poupança”, avança. “Claro que não estou a pensar a longo prazo”, conclui.
Mónica Ferreira, 24 anos, investigadora
Após ter terminado o Mestrado em Química Medicinal em Coimbra, Mónica ainda esteve dividida entre ir para o estrangeiro ou continuar à procura de uma oportunidade no seu país. Foi uma decisão difícil mas, depois de muita procura, ficou por cá e mudou-se para Lisboa, para aceitar uma bolsa de investigação na Faculdade de Farmácia.
Em relação à poupança, as perspetivas ainda não são claras: “Teoricamente acho importante poupar para a reforma, mas na prática sei que é muito difícil.” Ainda não pensou na possibilidade de ter uma poupança para essa altura da vida, mas esta parece-lhe uma opção mais válida que a pensão de velhice, visto que “tudo pode mudar muito rápido, de um dia para o outro”.
“Não consigo prever se vou ter direito ou não, mas espero ter fontes de rendimento que me permitam sobreviver e não depender da reforma“, afirma Mónica, reiterando a sua preocupação com o futuro da Segurança Social.
Devido à sua situação profissional e à idade, afirma que, ainda assim, existem questões imediatas que são mais importantes, como as despesas diárias e potenciais viagens: “Pela minha forma de ver e perceber o mundo, por perceber a imprevisibilidade do futuro e por gostar de aproveitar o presente, prefiro poupar para uma viagem.”
Diogo Faro, 30 anos, comediante
Já Diogo Faro, 30 anos, é otimista. “Correndo o risco de estar a ser inocente, quero acreditar que não haverá nenhum colapso tal que seja impeditivo de uma futura pensão”. Comediante de profissão, diz mesmo que a instabilidade financeira atual “é tão grande” que refletir sobre a reforma é uma miragem ainda.
A gestão da poupança é feita a curto e médio prazo, mas tem “quase sempre” um objetivo: viajar. Roupa e telemóveis não são caprichos. “Invisto mais em jantares com os amigos e em viagens. É para isso que poupo o pouco que dá para poupar pagas as contas”, explica ao ECO.
Para já, subscrever um PPR público ou uma oferta privada não está no horizonte. Além disso, nenhuma das opções satisfaz Diogo Faro: “A olho nu, a confiança não é muito grande em nenhuma das hipóteses”. Ponderação vai ser a palavra de ordem na altura de decidir.
Rui Costa, 25 anos, responsável de marketing e inovação
Admite que pode ser preconceito, mas cresceu a não acreditar na política. Rui Costa, de 25 anos, refere os “interesses particulares ou privados” e o “jogo das cadeiras”, sem mudança real, para justificar a descrença num futuro risonho.
“Visto o paradigma das pensões, encaro este desconto como mais uma ação invasiva, que me visa retirar parte da minha remuneração que resultou do meu esforço e dedicação“, explica ao ECO o responsável pelo Marketing & Inovação da Compta. Não acredita que vá ter uma reforma equivalente que reflita os descontos que fez nem nunca planeia poupanças num horizonte superior a dois anos, mas tem essa motivação presente, consoante a quantia e o propósito dos gastos. As viagens para o estrangeiro ou os novos aparelhos tecnológicos que surgem no mercado são coisas que fazem Rui Costa pensar duas vezes.
“Acredito que meu futuro depende daquilo que construir e não daquilo que juntar“, afirma ao ECO. Isto reflete-se no que pensa sobre um PPR Público ou uma oferta privada: “Não são muito motivadores ou geradores da minha confiança ou dinheiro”, classifica. E comprar casa em Portugal? “Nunca foi tão desencorajador“, diz, referindo o imposto adicional ao imobiliário e o próprio IMI municipal.
Rui Costa já não acredita naquilo que chama a uma “falácia” do passado: “As gerações dos meus pais cresceram com o pensamento de que, para ter uma boa vida, tinham de estudar para ganhar o suficiente para conseguir comprar uma casa e, por fim, criar uma família”. Além disso, acrescenta que o dinheiro tem vindo a perder valor pelo que a poupança “deve ser vista como uma forma de prevenção a médio prazo”, conclui.
Texto editado por Mariana de Araújo Barbosa
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