Trump ainda não está a salvo. Pode haver recontagem de votos

  • Juliana Nogueira Santos
  • 25 Novembro 2016

Jill Stein está angariar fundos para começar o processo de recontagem de votos em três estados chave. Na origem estão suspeitas de manipulação ou ataque informático.

Já passaram duas semanas desde as eleições dos Estados Unidos da América e o presidente eleito, já em período de transição, tem estado a montar a sua equipa para tomar posse no dia 20 de janeiro. Ainda assim, os seus oponentes ainda não baixaram os braços. Jill Stein, do Partido Verde, lançou uma campanha de angariação de fundos para que os votos em três estados chave sejam recontados.

Com o mote #recount2016, Stein pede a ajuda de todos para começar o processo de recontagem no Wisconsin, onde Trump ganhou com uma margem de 1%, na Pensilvânia, que registou uma margem de 1,2% para Trump, e no Michigan, que ainda se encontra em contagem de votos e a situação se mantém “too close to call”, com Trump a liderar por 0,3%.

Jill Stein - Resist Recount
Fotografia oficial da campanha onde se pode ler “Não faça luto, organize-se”.

Serão necessários 2,2 milhões de dólares para o pagamento das taxas de recontagem, acrescentando a isto as comissões dos advogados indispensáveis neste processo, que podem chegar aos 3 milhões de dólares, e das pessoas que precisam de estar a vigiar a recontagem — isto perfaz um total de cerca de 7 milhões de dólares.

Em poucos dias, a campanha já conseguiu angariar 2,6 milhões de dólares, valor suficiente para desencadear o processo no Wisconsin. Ainda assim, o movimento tem de se despachar porque existem prazos a cumprir, prazos esses que se estão a aproximar — no Wisconsin o pedido pode ser feito até esta sexta-feira, na Pensilvânia até segunda-feira e no Michigan até quarta. Além dos fundos, a equipa de Stein pede também voluntários para o acompanhamento do processo.

Uma questão de democracia

O assunto foi levantado por um grupo de especialistas que incluía não só advogados do ramo eleitoral, mas também engenheiros de computadores. Estes afirmam que existem anomalias estatísticas que mostram que os resultados podem ter sido alvo de manipulação ou ataque informático. Embora tenha sido provado que é muito difícil hackear o sistema eleitoral, a única forma que provar que não houve nenhum engano é contar manualmente os resultados.

Um destes especialistas, J. Alex Halderman, publicou um artigo de opinião na plataforma Medium onde explica a possibilidade de ciberataque e a necessidade de que levar este assunto a sério: “Examinar as provas físicas nestes estados vai ajudar a dispersar as dúvidas e a dar uma confiança justificada aos eleitores de que os resultados são precisos. Também vai estabelecer um precedente para exames rotineiros das urnas e um importante dissuasor de ciberataques em eleições futuras“. Também Jill Stein afirma a importância desta recontagem:

Isto vai para além dos resultados desta eleição. É proteger a nossa democracia e garantir que “Nós, as Pessoas” podemos confiar nos resultados reportados.

Jill Stein

Candidata presidencial pelo Partido Verde

Os pedidos de recontagem vêm numa altura em que Clinton continua a liderar o voto popular por mais de 1,8 milhões de votos e que há notícias de cerca de 6 membros do colégio eleitoral que se negam a votar em Donald Trump, mesmo que este tenha vencido no estado que estes representam. A equipa da candidata democrata ainda não prestou declarações acerca deste assunto, mas por toda a internet, são os seus apoiantes a exigirem a recontagem — entre eles a irmã da assistente pessoal de Hillary.

 

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