Quase ninguém acertou no PIB. Nem Mendes, nem economistas

Quase todos apontavam para um crescimento igual ou superior a 3%. Mas quase ninguém acertou no número do PIB anunciado pelo INE esta segunda-feira. Lista inclui Marques Mendes e Caldeira Cabral.

Para Marques Mendes não é uma novidade falhar na antecipação aos números do Instituto Nacional de Estatística (INE). O comentador já havia falhado na taxa de desemprego e voltou enganar-se quando este domingo preanunciou que a economia portuguesa teria acelerado ligeiramente acima de 3%. Mas Marques Mendes não foi o único.

E a lista inclui até o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. Afinal a economia não acelerou e taxa de crescimento ficou nos 2,8%.

Os economistas também não fizeram melhor figura. O ISEG foi a exceção.

Começando pelo número oficial: a estimativa preliminar do INE indica que a economia portuguesa cresceu a uma taxa homóloga de 2,8%. Mas o número ficou aquém daquilo que era o consenso dos analistas.

Este domingo, no seu habitual comentário semanal na Sic, Luís Marques Mendes voltou a arriscar e, no uso da sua bola de cristal, deixou uma primeira indicação do que teria acontecido no segundo trimestre: “Ao que sei estes resultados são extraordinários“. E a seguir complementou: “Os resultados apontam para que a economia tenha crescido mais no segundo trimestre face ao primeiro e terá crescido mesmo ligeiramente acima de 3%. A confirmarem-se estes dados, este será um resultado histórico, porque desde o ano 2000 — há 17 anos — que Portugal não cresce acima de 3%”.

Não foi um resultado histórico porque a taxa de 2,8% iguala o ritmo de criação de riqueza observada dos três primeiros meses do ano. Mas os dons de previsão do comentador Marques Mendes obtiveram igual resultado ao de outros economistas, como o do próprio ministro da Economia. No final de julho, Caldeira Cabral encontrava sinais surpreendentes na economia para admitir que Portugal teria crescido mais de 2,8%. “Neste momento estamos com um crescimento, no primeiro trimestre de 2,8%, e há alguns sinais de que o segundo trimestre possa ter um crescimento superior a esse”, referiu o ministro.

Académicos também falharam (com uma exceção)

Entre os economistas da academia, a média das projeções apontava para um crescimento de 3%. Este número resulta essencialmente da opinião de uma poll de quatro analistas ouvidos pela agência Lusa, e cujas expectativas de expansão económica iam até a uma taxa de 3,3%. Em cadeia, o consenso académico situava-se nos 0,4% contra os 0,2% observados.

Entre os mais otimistas estavam os economistas do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica. Mas João Borges Assunção, do NECEP, deixava logo o aviso: “Estas estimativas têm uma incerteza invulgarmente elevada”, sobretudo devido a uma série de efeitos pontuais e de calendário no primeiro trimestre do ano, e admitiu “a possibilidade de um soluço no crescimento em cadeia” que, ainda assim, “será consistente com a continuação da recuperação da economia”.

Já BBVA e Montepio esperavam crescimentos de 3% e 2,9%, respetivamente, previsões que ficaram também ligeiramente acima do observado.

O prémio para previsão certeira vai para o ISEG — Instituto Superior de Economia e Gestão. António Ascensão Costa, professor do ISEG, até antecipava um “comportamento bastante menos favorável” da procura externa líquida e que consumo privado tivesse crescido bastante mais do que no primeiro trimestre, evoluções que o INE veio a corroborar esta segunda-feira.

"Estas estimativas têm uma incerteza invulgarmente elevada, sobretudo devido a uma série de efeitos pontuais e de calendário no primeiro trimestre do ano. (…) Há a possibilidade de um soluço no crescimento em cadeia que, ainda assim, será consistente com a continuação da recuperação da economia.”

João Borges Assunção

Economista do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa

(Notícia atualizada às 11h54)

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