NYT: Portugal, a máquina de lavar dinheiro angolano

  • ECO
  • 22 Agosto 2017

Na preparação das eleições presidenciais angolanas, o jornal norte-americano faz o retrato da evolução da relação estratégica entre Portugal e Angola.

De colonizador a colonizado, de dominador a máquina de lavar dinheiro. É assim que o New York Times define a evolução da relação estratégica entre Portugal e Angola, com Portugal a assumir o papel principal. Na preparação das eleições presidenciais angolanas, a decorrerem esta quarta-feira, o jornal norte-americano faz o retrato (acesso condicionado) desta relação, não deixando de fora nomes como Isabel dos Santos e Álvaro Sobrinho.

Na reportagem Portugal Dominated Angola for Centuries. Now the Roles Are Reversed, o jornal aponta dados que mostram Angola como um dos países mais corruptos do mundo e Portugal como um país “relaxado” no que diz respeito ao branqueamento de capitais. É feita depois a ligação entre ‘a fome e a vontade de comer’: “as condições dos dois países criaram uma combinação perfeita”, pode ler-se na reportagem. Condições que se estendem também à situação socioeconómica dos países, com Portugal a recuperar da crise financeira e Angola a prosperar com o dinheiro do petróleo.

"As condições dos dois países criaram uma combinação perfeita.”

The New York Times

Portugal Dominated Angola for Centuries. Now the Roles Are Reversed

Em declarações ao jornal, Ana Gomes, eurodeputada do PS, afirma que “em Angola, chamam Portugal a lavandaria” e Mira Amaral, antigo gestor do BIC e do BFA, garante que “é fácil de justificar o dinheiro” que Isabel dos Santos põe em Portugal, “porque tem várias e grandes empresas em Angola”.

Falar de Angola é falar de Isabel dos Santos

Os negócios da filha do presidente angolano em Portugal não são deixados de lado. O New York Times sinaliza a variedade de áreas em que está envolvida: “A filha mais velha do presidente de Angola, Ms. dos Santos, 44, tem comprado posições ou controlado os diamantes, os telemóveis, a banca e outras indústrias angolanas ao longo dos anos”, escreve o jornal. E ainda que em Portugal, Isabel dos Santos passe a imagem de selfmade woman, em Angola isto não é assim.

“Em Angola, a história dos ovos [que Isabel dos Santos tinha começado a vender ovos aos 6 anos] alimentou escárnio e ira”, continua. A presidência da Sonangol, a presença em eventos mundiais e as constantes campanhas de marketing de imagem também são focadas nesta peça.

Por fim, a ligação entre Portugal e Angola é feita através do “respeito” que em Portugal, “alguns angolanos encontraram”, e “perderam”. É assim referida a passagem de Álvaro Sobrinho pelo BESA, que culminou na investigação por apropriação indevida de fundos e gestão danosa.

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