Os quatro fatores que fizeram a S&P mudar de ideias

  • Marta Santos Silva
  • 15 Setembro 2017

Inesperadamente, a agência de notação financeira Standard & Poor's tirou Portugal do "lixo". No relatório em que explica a decisão deixa quatro motivos principais - e três avisos para o futuro.

A Standard & Poor’s tornou-se esta sexta-feira a primeira das três grandes agências de notação financeira a tirar Portugal do “lixo”, considerando agora a dívida soberana portuguesa investment grade. O que levou a esta mudança, que não era esperada pelos analistas? De acordo com o relatório da agência, houve quatro pontos principais que influenciaram a decisão:

  1. Perspetivas reforçadas de crescimento económico: “A economia portuguesa cresce pelo seu quarto ano consecutivo de crescimento desde 2010, com um crescimento do PIB de 2,8% na primeira metade do ano”, assinala o relatório, “significativamente acima das nossas expectativas”;
  2. Redução continuada do défice: “A consolidação orçamental tem sido outra prioridade nas políticas económicas — o Governo atingiu a sua meta ambiciosa em 2016 e parece preparado para o fazer novamente este ano”;
  3. Melhorias no perfil da dívida do Governo: “Nos últimos anos, o perfil da dívida pública portuguesa tem melhorado significativamente, com a média do devido pelo Governo português a fixar-se num termo de 8,4 anos“;
  4. E a perspetiva monetária do Banco Central Europeu, mais abonatória para Portugal.

No relatório, lê-se que “a perspetiva estável é um equilíbrio entre a nossa expectativa de crescimento económico sólido e consolidação orçamental adicional, assim como a diminuição de riscos financeiros externos durante os próximos dois anos, contra os riscos possíveis de um ambiente de crescimento externo que se enfraqueça e vulnerabilidades que venham das altas, embora em diminuição, dívidas dos setores privado e público”.

Pelo lado negativo, a S&P deixa alguns avisos que poderiam fazer a agência baixar o rating numa próxima avaliação. São três situações que fariam a agência voltar a reverter a decisão:

  1. “Um enfraquecimento marcado no crescimento económico”, por exemplo se as reformas estruturais acabassem;
  2. “O Governo a adotar políticas que possam prejudicar o acesso de Portugal aos mercados financeiros externos”;
  3. ou uma mudança “considerável e negativa na posição orçamental do Governo”.

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