Commerzbank diz que Portugal saiu do “lixo” mas alerta que o país está a “retomar uma tendência pouco saudável”
O Commerzbank diz que Portugal está a crescer a um ritmo acelerado, o que vai levar as restantes agências a seguirem a S&P. Mas alerta: o país está a "retomar uma tendência pouco saudável".
Portugal está a crescer a um ritmo acelerado. Um “forte crescimento” que levou a Standard & Poor’s a retirar a notação do país de “lixo” e deverá, em breve, levar as outras duas grandes agências a fazer o mesmo, diz o Commerzbank. Há um círculo virtuoso que pode, no entanto, ser quebrado com o fim da política monetária expansionista do Banco Central Europeu, mas também com o “retomar de uma tendência pouco saudável” do passado, nomeadamente a subida dos salários.
“Depois de anos como uma das ‘crianças problemáticas’ da Zona Euro, Portugal parece agora estar de volta a um estado de saúde frágil. O rápido crescimento económico — o PIB cresceu quase 3% na primeira metade deste ano — ajudou o governo a reduzir o défice. Em resultado, a S&P foi a primeira das três grandes agências a devolver ao país um rating de qualidade [retirou o país de ‘lixo’]”, refere Ralph Solveen, analista do Commerzbank.
“Por agora, não há nada que pare esta tendência positiva”, refere o banco de investimento numa nota obtida pelo ECO, acrescentando que esta mesma tendência “deverá levar as outras duas grandes agências de notação financeira a elevarem os seus ratings para nível de investimento”. No entanto, essa expectativa já está refletida nas obrigações do Tesouro pelo que a margem para a queda das taxas “parece limitada”. A taxa a dez anos está nos 2,425%.
Os fatores que suportam esta tendência positiva do país manter-se-ão durante algum tempo, nomeadamente a política expansionista do BCE que, entre outros efeitos, puxou pela economia da Zona Euro, impulsionando a de Portugal — que deverá crescer 2,5% este ano e 2% em 2018. O “adeus à austeridade”, mas também o resultado das reformas implementadas — aumentando a competitividade — continuarão a puxar pelo país.
"Os ganhos conseguidos em termos de competitividade está já a começar a desaparecer, essencialmente fruto das políticas do governo. Aumentou em 5% o salário mínimo em 2016 e novamente em 2017, retomando assim uma tendência pouco saudável que só foi interrompida durante a crise da dívida”
Mas o Commerzbank alerta que mantêm-se riscos para o país. “É um erro fingir que o país encontrou uma solução duradoura para os seus problemas”, diz o banco de investimento, notando que tanto o governo como o setor privado continuam altamente endividados, o que será um problema quando o BCE começar a subir os juros. “Portugal deverá ser um dos países mais penalizados” pela inversão das taxas de juro.
“Além disso, os ganhos conseguidos em termos de competitividade está já a começar a desaparecer, essencialmente fruto das políticas do governo. Aumentou em 5% o salário mínimo em 2016 e novamente em 2017, retomando assim uma tendência pouco saudável que só foi interrompida durante a crise da dívida”. “Estes excessivos aumentos no salário mínimo” aumentam os custos das empresas, reduzindo a competitividade do país. “Portugal acabará por tornar-se novamente num lugar pouco atrativo para investir” e irá “pagar o preço” na economia.
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