Aicep reforça rede na China e na Irlanda

A Aicep vai reforçar a presença física na China e na Irlanda, para além de aumentar o número de scouts na Europa, no Estados Unidos e Brasil.

A Aicep vai reforçar a presença física na Irlanda e na China e manter o posicionamento que já tem nos 66 mercados onde já está presente, revelou Luís Castro Henriques na apresentação do Plano Estratégica da agência, que passa também por uma aposta mais significativa no espaço CPLP.

“Estamos bem onde estamos, são os sítios onde devemos estar”, disse o presidente da Aicep, numa apresentação do Plano Estratégico aos jornalistas. “A Irlanda é um exemplo onde vamos ter de reforçar assegurando uma presença física, porque agora é diminuta”, precisou. E, na China, a agência vai aproveitar o facto de Portugal estar a abrir um consulado em Cantão, alargando a atual presença em Pequim, Xangai e Macau. “Estamos a construir com base em algo que já foi feito. As alterações são cirúrgicas”, garantiu.

Outras das alterações passa por aumentar a rede de scouts — quadros da Aicep formados especificamente para se concentrarem apenas na captação de investimento — no Brasil, Estados Unidos e Europa. “O Brasil apareceu no radar onde devemos ter uma presença totalmente dedicada ao investimento”, explicou o responsável da agência precisando que a atual presença servia agora investimento e comércio externo. “Devemos ter um elemento na Europa e nos Estados Unidos onde já temos um scout, mas as diferenças entre costa leste e oeste obriga a que tenhamos outro”, frisou.

Este scout para o mercado europeu deverá assumir funções já em 2018, mas os outros dois só deverão ser implementados em 2019 e 2020, explicou Castro Henriques, justificando este calendário com o facto de a Aicep não ter orçamento para mais. Este plano estratégico para 2017-19 pressupõe a contratação de 31 novos quadros, revelou, uma ambição que tem luz verde da tutela. Atualmente, a Aicep tem cerca de 450 colaboradores, tanto em Portugal como no estrangeiro.

O presidente da agência disse ainda que o orçamento da Aicep, em 2018, será idêntico ao de este ano, ou seja em torno dos 40 milhões de euros. De salientar que em 2017 a agência também foi alvo de cativações — “que ainda não foram descativadas” — em torno dos dois milhões de euros.

Investir um milhão na transformação digital

Outro dos pilares do plano apresentado esta quarta-feira passa por operar uma “transformação digital da Aicep”, um objetivo conseguido através da criação de uma plataforma para promover as exportações e a angariação de investimento, mas, sobretudo, disponibilizar novos serviços de apoio às empresas.

Em causa estão serviços como fazer uma avaliação online para a internacionalização, desenvolver e disponibilizar soluções de e-learning.

Na tentativa de prestar um melhor apoio às empresas está também previsto a realocação das carteiras de clientes, o reforço da equipa de gestores de clientes e ainda a consolidação do modelo comercial por setor. Angariar PME que estejam identificadas como prioritárias, mas que ainda não integram a carteira da agência, é outro dos objetivos.

A Aicep quer assumir a dianteira do comércio eletrónico em Portugal, até porque o potencial deste tipo de trocas comerciais é enorme, nomeadamente de exportações para as empresas nacionais.

Investimento de 1,5 mil milhões garantido

Com um aumento de cerca de 300 projetos no pipeline da agência, Castro Henriques sublinha o número significativo de reinvestimentos e o facto de não terem perdidos clientes. O rácio 80/20, ou seja, 80% são reinvestimentos de empresas e 20% novos projetos, precisa o presidente da Aicep, sublinhando que têm surgido angariações interessantes na Índia, Japão e Estados Unidos.

É por isso que o mercado norte-americano foi um dos escolhidos para ter um FDI scout, até porque sendo os EUA um dos principais emissores de investimento estrangeiro, ainda “investe pouco em Portugal”, constatou o responsável. Os campeões do investimento em Portugal são Espanha e França, nomeadamente no setor automóvel, componentes auto, aeronáutico e farmacêutico. Isto faz com que dos investimentos realizados em Portugal haja quase uma paridade em termos de nacionalidade. Ou seja, se forem tidas em conta as participações cruzadas. Caso contrário o rácio será 60/40, com uma predominância do investimento nacional, revelou Castro Henriques.

Beneficiando de uma saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo e mais recentemente de uma revisão em alta do rating da República por parte da S&P, os investidores estão mais despertos para a possibilidade de investir em Portugal. Alguns até estavam impedidos de o fazer porque o país não tinha investment grade. Castro Henriques explica que a agência vai “capitalizar” estes “momentos-chave” e está confiante que em 2018 terá um nível de investimento acompanhado pela Aicep idêntico deste ano.

Em causa estão mil milhões de euros em investimento apoiado pela Aicep através de fundos comunitários do Portugal 2020, aos quais acresce mais meio milhão de projetos que beneficiam de outro tipo de apoios como benefícios fiscais e que são acompanhado em permanência pela agência. Se a análise for feita desde o QREN — o quadro comunitário anterior –, em 2007, só mesmo em 2015, o valor de investimentos apoiados pelos fundos estruturais foi mais elevado (1,3 mil milhões). Castro Henriques não deu dados para os outros anos sobre os investimentos que a agência acompanha, mas que não são beneficiárias de fundos europeus.

Acordo na Autoeuropa é possível

A Autoeuropa é “o maior cliente” da Aicep atesta Castro Henriques e por isso a situação naquela que uma das maiores exportadoras nacionais está a ser acompanhada de perto. O presidente da agência considera que “a perspetiva é positiva e que se vai chegar a acordo“. “Vai haver convergência entre as partes, positiva e pacífica”, acrescentou quando questionado de que forma estava a Aicep a acompanhar o braço de ferro entre os trabalhadores da Autoeuropa e a administração por causa do alargamento do horário de trabalho na sequência da produção mundial do novo modelo — o T-Roc.

Na terça-feira foi eleita a nova comissão de trabalhadores que irá negociar com a administração a compensação pela implementação dos novos horários de laboração contínua. Em causa estão os novos horários que tinham sido pré-negociados entre a CT e a administração da empresa, que acabaram por ser rejeitados pela maioria dos trabalhadores da fábrica. Para além de três turnos, o acordo previa o trabalho ao sábado, mediante uma compensação financeira de 175 euros mensais e mais um dia de férias e outras regalias previstas na legislação.

Castro Henriques sublinhou “a importância de se perceber o investimento que está a ser feito”, já que “aumenta para 10%” a produção da Volkswagen em Portugal, quando anteriormente era de 5%. Em causa está um investimento que ronda os 700 milhões de euros e que já está prestes a ser concluído já que o modelo vai entrar em laboração em novembro.

Principais medidas do plano estratégico:

  • Aposta na capacitação e formação de valor acrescentado, com foco nas PME.
  • Consolidação do modelo comercial por setor
  • Reativação do Conselho Consultivo da Aicep
  • Reforço da presença em mercados prioritários
  • Aumento da rede scouts
  • Realização de missões de captação de investimento específicas
  • Programa de cross-selling
  • Valorização da CPLP
  • Transformação digital da Aicep, incluindo a disponibilização de novos serviços e novas plataformas para as exportações e investimento

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