Bayer vai vender parte do negócio para conseguir comprar a Monsanto

A Bayer vai vender uma parte do seu negócio de proteção de plantas à empresa química BASF por 5,9 mil milhões de euros. Negócio vai financiar a tão adiada compra da norte-americana Monsanto.

A Bayer adiantou esta sexta-feira que vai vender uma parte do seu negócio de produtos fitossanitários à empresa química BASF para financiar a compra da empresa norte-americana Monsanto. A venda vai ser feita por 5,9 mil milhões de euros.

Foi em maio de 2016 que o grupo farmacêutico Bayer lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar a gigante norte-americana Monsanto, pioneira na venda de organismos geneticamente modificados. Negócio esse que foi apelidado de “maior aquisição do ano” pelo Financial Times. Foram oferecidos 62 mil milhões de dólares (cerca de 52,3 mil milhões de euros), até 130 dólares (115,7 euros) por ação na altura, proposta que os acionistas não aceitaram de imediato. Para conseguir concluir esta compra, a empresa alemã adianta que tenciona pagar esse valor através da emissão de dívida e de 16,9 mil milhões de euros de capital próprio.

"Temos o prazer de anunciar a combinação das nossas duas grandes organizações. Isso representa um grande passo para o nosso negócio Crop Science e reforça a posição de liderança global da Bayer como empresa de Ciências da Vida.”

Werner Baumann

CEO da Bayer AG

No entanto, esta sexta-feira, a Bayer anunciou que vai vender uma parte do seu negócio de produtos fitossanitários, que se baseia na proteção de plantas, à empresa química BASF para conseguir avançar com a referida compra. A venda à BASF vai incluir o negócio de glufosinato de amónio, um herbicida, e algumas atividades desenvolvidas com sementes, que geraram, em conjunto, vendas de 1,3 mil milhões de euros em 2016. Este negócio “é importante” para que a multinacional alemã consiga comprar a Monsanto, segundo o comunicado enviado pela mesma. A Bayer comprometeu-se a manter todos os postos de trabalho até, o mais tardar, três anos após a conclusão da operação.

Mas qual é afinal o interesse da Bayer na Monsanto?

Em 2016, a Bloomberg escrevia que esta operação vai permitir à Bayer explorar a crescente procura dos agricultores por meios para aumentarem a sua produtividade no sentido de alimentar os estimados dez mil milhões de pessoas em 2050. Esta compra vai permitir à alemã o acesso a cerca de duas mil variedades de sementes.

“O anúncio de hoje é prova de tudo o que conseguimos realizar e do valor que criamos para os nossos stakeholders na Monsanto. Acreditamos que a fusão com a Bayer traz muito valor aos nossos acionistas“, disse Hugh Grant, presidente e CEO da Monsanto.

Recorde-se que, na altura, a farmacêutica dizia que não tinha a intenção de vender o que fosse para conseguir financiar esta compra. Para além disso, o negócio vai fortalecer a divisão agrícola da Bayer, já que os Estados Unidos são um dos maiores produtores de pesticidas e sementes transgénicas do mundo. A junção destas duas empresas pode representar mais de 30% do negócio de produção mundial de culturas agrícolas, o que corresponde a um volume de negócios anual de 23 mil milhões de euros.

2016 foi um ano positivo para a farmacêutica

Em fevereiro deste ano, a multinacional alemã apresentou os resultados das vendas de 2016, onde registava um acréscimo de 10,2% no resultado líquido de 2016 para 4,5 mil milhões de euros. As vendas do grupo totalizaram 46,77 mil milhões de euros, correspondente a um crescimento de 1,5% face ao ano anterior.

A indústria farmacêutica foi a que mais contribuiu para essa prestação que, para além de ser a maior em volume de vendas (16,4 mil milhões) foi a que registou um maior crescimento. A área da saúde animal foi a segunda que mais contribuiu para estes lucros, com 1,5 mil milhões de euros ganhos. Por fim, a área da proteção de plantas (crop science) registou 9,9 mil milhões de euros em vendas, mantendo-se estável face ao ano de 2015. É nesta área que a empresa procura apostar e aumentar os lucros, daí a compra da Monsanto.

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