Da dança do urso à deusa do mar: como o mundo festeja a chegada de 2018
O que vai fazer na passagem do ano? Há quem parta pratos, se vista de urso, mergulhe em águas geladas ou homenageie a Deusa do Mar. As tradições são muitas; o ECO reuniu as mais curiosas.
Com loiça partida, flores no mar ou mergulhos gelados, não há duas celebrações iguais. Do Brasil ao Japão, passando pela Dinamarca e pela Roménia, cada país acolhe o Ano Novo com rituais diferenciados e cheios de significado.

No Brasil, entregam-se ao mar flores, barcos e pequenos presentes. “Mandam-se oferendas e a deusa abençoa-nos para o ano novo”, conta ao ECO uma mineira. Na Roménia, recriam-se histórias de ursos e ciganos. “As pessoas continuam a fazê-lo, apesar de ser uma dança muito antiga”, explica uma jovem do país, em conversa com o ECO. Na Escócia, brinca-se com o fogo… tradição que é também espelhada no norte português: “É o fogo da purificação”, esclarece uma representante do Ponto de Turismo de Bragança. No Japão, as badaladas não são 12 mas 108 e na Sibéria colocam-se árvores sob a superfície gelada. Já no norte da Europa, a popularidade é medida em cacos.
Para que conheça alguns dos muitos rituais que assinalam, em todo o mundo, a chegada de mais 12 meses, o ECO reuniu-os numa lista repleta de curiosidades.
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Brasil
Na praia, vestidos de branco e prontos para atirar flores, velas ou pequenos barcos ao mar. É assim que os brasileiros escolhem dar as boas-vindas ao novo ano.

Segundo explicou ao ECO a mineira Luísa Renó, existem duas religiões de origem africana ligadas a estas celebrações: o candomblé e a umbanda. “Cada uma tem os seus deuses, que são chamados de orixás”, esclarece. É em homenagem a essas entidades que os brasileiros se vestem de branco (que simboliza paz), nesta ocasião, e é em honra da Deusa do Mar — conhecida como Iemanjá — que entregam ao mar várias oferendas. “Gosta de flores, barcos e pequenos presentes como perfumes e espelhos. É muito vaidosa. Mandam-se oferendas e a deusa abençoa-nos para o ano novo”, sublinha a brasileira.
Além destes rituais religiosos, há também os “trabalhos na areia” com velas, bebidas e animais chamados de macumbas. “São ofertas para outros orixás”, acrescenta Luísa.
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Escócia
‘Hogmanay’ é a palavra escocesa para o último dia do ano e o nome do festival que celebra a chegada dos 12 meses seguintes. Pouco antes da meia-noite do dia 31 de dezembro, os escoceses dançam com bolas de fogo, que depois depositam no mar.

Com mais de um século de existência, o ritual tem origens pré-cristãs e acredita-se ser sinónimo de purificação. Por cá, no nordeste trasmontano, repete-se a celebração. Aí acendem-se fogueiras para celebrar o Ano Novo. “É um ritual pagão ligado ao solístico do inverno. Começa em novembro, acaba no carnaval e tem o seu período mais importante de 25 de dezembro a 6 de janeiro”, conta ao ECO Anabela Pereira, do Ponto de Turismo da Câmara Municipal de Bragança.
Segundo Anabela, o fogo representa fertilidade, abundância e fecundidade. “É o fogo da purificação e serve para afugentar os maus espíritos do ano anterior”, reforça. O ritual — que no norte português acontece, geralmente, nos adros das igrejas, juntando-se assim o profano ao religioso — varia de aldeia para aldeia, de país para país, mas mantém a sua essência.
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Roménia
Vestidos de ursos ou ciganos, os romenos festejam o fim de um ano e o início do outro com um ritual pagão que pretende afastar os “maus espíritos”.
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Romenos fazem-se passar pelos ursos tradicionais das suas florestas. Ben Thomas / Twitter -
Além de ursos, há também ciganos e outros trajes coloridos. Ben Thomas / Twitter -
Este é um ritual pagão. Ben Thomas / Twitter -
Romenos dão assim as boas-vindas ao novo ano. Ben Thomas / Twitter
Durante a “dança do urso”, os romenos disfarçados de ciganos acorrentam os romenos que se fazem passar pelos ursos típicos das florestas desse país para representar a morte do ano que se vai e o nascimento do novo. “As pessoas continuam a fazê-lo, apesar de ser uma dança muito antiga”, comenta a romena Stefania Matache, em conversa com o ECO. “Este ritual é próprio de uma parte específica do país”, acrescenta a jovem. É, de facto, particularmente na região da Moldávia que se assim celebra a chegada de mais 12 meses.
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Sibéria
Com um mergulho polar, os siberianos dizem ‘olá’ ao novo ano. Os mais corajosos mergulham nas águas frias da Sibéria e colocam uma árvore do Ano Novo ou yolka sob a superfície gelada.

Depois de saltarem, os mergulhadores partilham um brinde e dançam à volta da árvore, antes de voltarem à superfície. Este ritual reflete os novos começos trazidos pelos 12 meses que se adivinham.
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Dinamarca
Na Dinamarca, partir vidros, porcelana ou cerâmica é sinal de boa sorte. Por isso, na despedida do ano velho, partem-se loiças (já danificadas previamente ou até nunca antes usadas) para entrar em janeiro com um estrondo.

Os pratos são arremessados contra os degraus da casa dos amigos para lhes trazer boa sorte, no ano que chega. A acumulação de fragmentos de porcelana acaba, deste modo, por constituir uma medida de popularidade. Os dinamarqueses dizem mesmo sentir conforto ao varrer os estilhaços.
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Japão
Cento e oito. É esse o número de vezes que os japoneses tocam o sino para assinalar a chegada do novo ano. A tradição está ligada ao budismo e representa a expurgação dos desejos mundanos e dos pecados.
O ritual designado de Joya no kane toma lugar, geralmente, nos templos budistas à meia-noite do dia 31 de dezembro: são 107 badaladas no ano que acaba e uma no ano que começa. Os japoneses acreditam que, deste modo, se conseguem livrar dos pecados dos 12 meses que se encerram. Além disso, trabalhar no primeiro dia do ano é considerado sinónimo de má sorte.
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