Rui Rio vê “traços comuns” nos partidos do bloco central

Na primeira entrevista após a eleição para líder do PSD, Rui Rio afirmou que "há traços comuns" no PSD, CDS e PS. Objetivo é ganhar eleições com maioria, ou afastar a "extrema-esquerda" do poder.

O presidente eleito do PSD, Rui Rio, reiterou esta quarta-feira que acredita que existem “traços comuns” nos partidos do bloco central: “Entre o PSD, o CDS e o PS, eu acho que há traços comuns”, afirmou numa entrevista à RTP3, a primeira desde que foi eleito este fim de semana. O social-democrata defendeu que se o partido não for capaz de ganhar as eleições, deve procurar que “a dependência da governação não esteja na extrema-esquerda, mas no Parlamento como um todo”. Ainda assim, o “primeiro objetivo” é “ganhar as eleições legislativas com maioria absoluta” ou, caso não seja possível, “ganhar sem maioria absoluta”.

Sobre esta nova era no partido, o novo líder reconheceu a dificuldade de unir o PSD depois da fase que atravessou nos últimos meses. “Em qualquer lado, onde se entre e o ambiente não esteja já arejado e transparente, é sempre mais difícil”, afirmou. “O que me seduz, o combustível para este motor, é a vontade de conseguir fazer aquilo que a sociedade quer que seja feito”, apontou Rui Rui.

Aquele que deverá ser o próximo candidato social-democrata a primeiro-ministro negou ainda que vá mudar a sede nacional do PSD para o Porto. “O centro é Lisboa, o centro é a sede nacional”, disse. No entanto, reconheceu que tenciona exercer uma liderança mais descentralizada: “Há um território vasto de Bragança a Faro em que quero estar presente. Para mim, pode ser uma desvantagem em termos das dificuldades que possa ter. Para o partido, é uma enorme vantagem, porque não estou amarrado a nada. Não estou amarrado a interesse nenhum, nenhum, nenhum”, reforçou. E sublinhou: “Não é tudo centrado em Lisboa, mas também não é tudo centrado no Porto por eu ser do Porto.”

Rui Rio assumiu ainda, na entrevista à RTP, que pretende “construir” uma alternativa “com a sociedade toda” e “com o partido ligado à sociedade”. Para tal, recorrerá a “elementos do partido que não têm sido aproveitados”, como alguns jovens, assim como figuras independentes que possam ter “um contributo grande a dar”.

“Não sou do PSD. Sou do partido de Sá Carneiro”

Rui Rio assumiu ainda que se identifica mais com Sá Carneiro do que com Cavaco Silva, ainda que se reveja em algumas características de ambos. “Talvez [seja] mais parecido em personalidade com o Dr. Sá Carneiro e depois tenho para com o professor Cavaco Silva o raciocínio mais económico. Mas prefiro o Dr. Sá Carneiro. Eu não sou do PSD. Eu sou do partido do Dr. Sá Carneiro”, indicou, em resposta a uma questão colocada pela jornalista.

Confrontado com a alegada “desconfiança” em relação à comunicação social portuguesa, Rui Rio rejeitou a ideia, mas assumiu-se como “crítico”: “O que tenho em relação à comunicação social não é desconfiança. Eu sou crítico da comunicação social, não é desconfiança.” Sobre a maior exposição que terá a partir de agora, o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto disse: “Isso é que pode necessitar da minha parte um maior ajustamento.”

“Mais até em Lisboa do que no resto do país, dizem que me conhecem. Dizem que sou uma figura nacional, outros dizem que ninguém me conhece, mas ganho as eleições e, no dia seguinte, há páginas e páginas de jornais sobre mim”, continuou Rui Rio. E afirmou: “Dizem que sou teimoso. Pelo contrário, até cedo com facilidade.”

Como o ECO já tinha noticiado, Rui Rio evitou fazer comentários sobre a manutenção de Hugo Soares na liderança parlamentar do PSD, tendo atirado uma decisão para depois do congresso do partido, agendado para 18 de fevereiro. E alertou: “Tudo o que possam ler relativamente a fontes bem informadas, fontes próximas ou fontes daqui e dali, não é verdade porque não falei com ninguém.” Chegou mesmo a afirmar: “Nem eu sou fonte de mim mesmo.”

Rui Rio ganhou a liderança do PSD no último sábado, após uma campanha de mais de três meses frente a Pedro Santana Lopes. Sobre a campanha, Rui Rio afirmou: “As campanhas eleitorais são decisivas para os graus de liberdade que teremos a seguir. Se prometemos tudo o que eleitorado quer ouvir, ficamos amarrados a isso e não podemos cumprir o serviço público. No sentido figurado é preciso namorar bem para que o casamento dê correto.”

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